01 outubro, 2013

Das Autárquicas (daqui a 4 anos, há mais…)


Como praticamente tudo foi dito sobre os resultados das eleições, partilham-se algumas “curiosidades”...

O povo pronunciou-se! E, como é habitual, por parte de jornalistas e comentadores, há muita “boa vontade” nas leituras e interpretações das opções do "povo". O politicamente correcto manda dizer que o “povo é soberano” (é "sábio", dizem alguns...) e que os políticos "devem saber interpretar" o sentido de voto e a “vontade popular”…

Pois da “cobertura” eleitoral realizada pelo “Jornalismo Assim”, o momento mais marcante da noite autárquica (à parte do fenómeno Moreira no Porto), foi ver um directo de um canal de tv a partir de Oeiras, onde um coro "popular" entoava "Isaltino!, Isaltino!"...  


Pessoalmente, sou muito céptico em relação às razões e ás teses muito elaboradas que os comentadores normalmente apontam para explicar o sentido de voto dos eleitores. Uma larga maioria, suspeito, faz uso do voto – não para, em função da realidade e do contexto nacional, escolherem uma personalidade pelo seu projecto e pelas soluções que propõe – mas, simplesmente, para “castigarem” alguém:

     - votou-se em Guterres para castigar Cavaco; também para castigar Cavaco, numas eleições presidenciais, votou-se em Sampaio;

      - votou-se em Sócrates para castigar Santana Lopes e a fuga de Barroso; e, em 2011, votaram em Passos Coelho para castigar Sócrates;  

Mas, claro, o povo é soberano! Como se não tivessem sido as decisões e o sentido de voto, desse mesmo povo - em sucessivas eleições livremente disputadas nas últimas décadas – o principal motivo que nos trouxe até aqui.
 
Quantas vezes na vida, as coisas que queremos, não coincidem com as que precisamos?

 
Outra “curiosidade” está relacionada com o Bloco de Esquerda (bloquinho? bloquito?...). Já aqui no blog colocamos esta questão, mas, depois do resultado ontem alcançado "por aquela malta jovem", voltamos a questionar:

 
Será que a representatividade da esquerda mais radical no "espaço mediático", não é completamente desproporcionada em relação à sua representatividade na sociedade portuguesa? Será que os seus 5% de votos (ou nem isso...), justificam o “espaço” que as redacções e o jornalismo lhes atribui?  

Por último, voltando à importância de saber interpretar a tal "vontade popular", e até porque é importante lembrar que “O Povo é quem mais ordena”, não podemos – a propósito da apregoada maturidade cívica e democrática da sociedade portuguesa – deixar de reflectir no significado desta notícia:


“"Casa dos Segredos 4" vence em noite de eleições”