08 fevereiro, 2016

E se, em vez de Costa, tivesse sido Passos a recomendar ao tuga que não se metesse em créditos?...

Muito me tenho divertido a apreciar o tratamento mediático que os desenvolvimentos deste "novo tempo" e deste "virar de página" da austeridade têm suscitado na agenda mediática.

Costa, que, confrontado com um chumbo da Comissão Europeia ao seu OE inicial, se viu forçado a lançar mão de um aumento de impostos no montante aproximado de 1.000 Milhões, é, na boca de jornalistas e comentadores, um negociador exímio...   
Recordem-se as palavras do próprio Costa antes das eleições: "Se o PS ganhar as eleições, os impostos vão descer." Como era o slogan? "Palavra dada, é palavra honrada..." Bem, diga-se em rigor que o PS não ganhou as eleições...

Os profissionais da indignação do "outro tempo", em vez de comporem as peças e os alinhamentos de telejornal para intoxicar e revoltar a turba, no melhor exercício do seu "duplo-critério" perante pérolas como a referida em título, optam pela mansidão... formatados na cátedra da "esquerda boazinha Vs direita maléfica" limitam-se, pacificamente, a reproduzir a propaganda do (novo) querido líder... 

Outro exemplo singelo... Só a "esquerda" pode inscrever num Orçamento medidas como esta "O Governo português comprometeu-se com a Comissão Europeia a reduzir 60 milhões de euros em gastos com subsídios de doença". Fosse um governo de "direita" já um coro de virgens indignadas estaria a ocupar as manchetes e aberturas de telejornal com as "mortes que a austeridade e os cortes cegos iria provocar".

Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...


Portugal, o ano passado, terá tido um défice abaixo dos 3%, mas a boa gestão orçamental - inédita no contexto português - foi mediaticamente eclipsada pela (triste) novela da devolução da sobretaxa.
(já agora, os que justificaram a subida do ISP em 2016 com a quebra do preço do petróleo, bem podiam recordar que a arrecadação de IVA em 2015, pelos mesmos motivos, foi um dos maiores contributos para a devolução zero da sobretaxa...)  

Se alguns rendimentos este governo de Costa pode devolver, isso será mérito de quem?....  

2015, foi ano de eleições legislativas. Como situação comparável mais recente (2011 foram eleições antecipadas, recorde-se) temos o ano de 2009, onde os socialistas se esmeraram e, de um défice previsto inferior a 3%, as contas fecharam-se com um défice superior a 10%.

Será que os portugueses têm noção dos impostos poupados graças às "contas certas" de 2015?  

Com esta comunicação social... claro que não.

Vamos aguardar por Julho, ver como corre a execução orçamental de 2016 e assistir aos próximos capítulos, i.e., que impostos se seguem para continuar a alimentar a despesa do Estado. 


Eu aposto no IVA a 24%...

E, atenção, eu não duvido que a austeridade acabou para alguns...


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É funcionário público e vê o Estado como o grande motor económico? Não hesite, vote António Costa…