29 agosto, 2014

O que têm em comum a Igreja e Israel? Má Imprensa…

 
Já por diversas ocasiões aqui se referiu que uma das maiores falhas do nosso jornalismo, é a forma como a agenda mediática é utilizada - não para tratar os assuntos de “per si”, recorrendo a informação isenta e factual -, mas antes para usar esse espaço como ferramenta de “doutrinação ideológica” dos cidadãos. Como é habitual, a agenda mediática tende a beneficiar a perspetiva e a narrativa da esquerda.
Vejamos dois temas distintos, ambos delicados, mas onde a cobertura noticiosa apresenta traços comuns.

1 Fundamentalismo islâmico

Nos últimos dias, foi dado maior destaque às notícias que dão conta dos atos de barbárie indescritível que os jihadistas do Estado Islâmico vêm cometendo. No entanto, durante as semanas de guerra entre o Estado de Israel e os fundamentalistas do Hamas, semelhantes atrocidades vinham sendo cometidas mas as redações optaram por dar-lhes pouco destaque. Porquê?

Obviamente, porque, sendo o jornalismo militante tão abertamente pró-palestiniano, dar nessa fase destaque às notícias do Estado Islâmico – cujos princípios são partilhados pelos fundamentalistas do Hamas – enfraqueceria a narrativa esquerdista do “Estado agressor israelita”.

Nota: uma coisa é a criação de um Estado Palestiniano soberano e a necessidade de encontrar uma solução que confira e salvaguarde aos palestinianos direitos básicos de cidadania. Outra coisa é o que o Hamas defende, que é a erradicação do Estado de Israel! 


Vendo os telejornais durante o período mais agudo do conflito, a notícia recorrente (acompanhada das imagens de destruição e as vítimas palestinianas da guerra) era “Israel volta a bombardear Gaza”, mas eram claramente subvalorizadas as centenas de rockets diariamente lançadas sobre Israel (sabia que, em cerca de 40 dias, foram lançados 3.600 rockets?...) usando, não raras vezes, o seu próprio povo como escudo humano.

“Foreign correspondents emerging from the Gaza Strip since a cease-fire between Israel and Hamas went into effect two days ago are confirming Israel’s claims that Hamas was firing rockets during the month-long confrontation from residential areas and near UN facilities.”

 
Este é um assunto ultra-delicado. Obviamente, Israel também praticou / pratica “atrocidades” e as suas ações terão de envolver cedências. Mas, se nesta guerra – recordar que é disso que se trata - os israelitas reagissem, não da forma “musculada” e determinada como fazem, mas da forma como a esquerda portuguesa (e europeia, diga-se) entende que seria a resposta “adequada”, será que o Estado de Israel ainda existiria?    

Entretanto, ver em jornais ou na televisão, o Hamas ser apresentado como uma força que luta por uma solução pacífica para a região, nomeadamente, como defendendo a criação e convivência de dois estados. Israelita e palestino, é uma fraude.  

 


2 Os casos de abusos sexuais sobre menores.   

Neste caso, a propósito dos cuidados em não beliscar a narrativa da esquerda, recomenda-se a leitura destes dois posts de Vítor Cunha no Blasfémias, os quais demostram como foram (são?...) encobertos alguns casos de abusos sobre crianças por comprometerem uma das bandeiras tão caras à esquerda: uma dos expoentes do politicamente correto, denominado multiculturalismo, ou uma espécie de “fobia anti-racista”.
O assistente-social-modelo (*)

“By far the majority of perpetrators were described as ‘Asian’ by victims, yet throughout the entire period, councillors did not engage directly with the Pakistani-heritage community to discuss how best they could jointly address the issue. Some councillors seemed to think it was a one-off problem, which they hoped would go away. Several staff described their nervousness about identifying the ethnic origins of perpetrators for fear of being thought racist; others remembered clear direction from their managers not to do so.”

Não são monstros, são só socialistas

Depois de ler os posts, pense porque nenhum dos casos referidos, dessas “polémicas”, chega a um telejornal ou merece a atenção das nossas redações. No entanto, de cada vez que alguma figura ligada à Igreja pede desculpa pelos abusos cometidos sobre crianças, há sempre uma notícia num telejornal a recordar ao cidadão o “cadastro” que esta instituição apresenta na matéria.

Não se defende aqui o branqueamento dos crimes de quem quer que seja, mas o igual tratamento e isenção na informação veiculada nos media. Mas, fica a interrogação: porque será que na comunicação social algumas “instituições” parecem ser poupadas a notícias que as associem a abusos de crianças, "tráfico sexual" e pedofilia, enquanto outras, nomeadamente, as que são ligadas à Igreja, são amplamente denunciadas na agenda mediática? 
 
A quem e a que causas, serve o enfraquecimento de umas instituições (caso da Igreja) e o “controle de danos” e o encobrimento, quando são outros grupos os responsáveis? Será porque as instituições religiosas são (na nossa história em particular) forças da “reação” e inimigas de longa data dos "socialismos"?


Enfim, talvez não se trate de jornalismo faccioso e ideologicamente comprometido, mas a circunstância de algumas instituições ou correntes (Igreja e Israel, por ex.), terem apenas política de comunicação… pois.


Caro cidadão, não pense pela sua cabeça, deixe que os jornalistas o façam por si!


“O espaço mediático atual, será o espelho da sociedade portuguesa e traduzirá de forma isenta as diferentes correntes e sensibilidades existentes?

Ou será que esse espaço, negligenciando a missão de informar de forma isenta e, não raras vezes, menosprezando até o pensamento e as convicções da maioria, empenha-se, suportado nas convicções de uma minoria alinhada com o “wishfull thinking” do jornalismo militante, num exercício diário de doutrinação da “população” com os seus próprios valores?”

 

27 agosto, 2014

O défice, as contas públicas e a coerência do PCP

 
Quando o Governo (este e outros), com o propósito de equilibrar as contas públicas, dá a conhecer as medidas selecionadas, o PCP lá está sempre para denunciar a “obsessão pelo défice”.
 
Diariamente, em cada um dos palcos que lhe é oferecido, alerta para a circunstância de as medidas de corte na despesa, apanágio das “políticas de direita” (mas também seguidas por alguns governos “de esquerda”), serem “más” para a economia já que, inevitavelmente, provocam a famosa “espiral recessiva” (note-se que, sendo o PCP a governar, não existe essa relação direta “cortes & espiral”).

Veja-se, por ex., a “política alternativa” sugerida pelo PCP para o OE 2014, no final de 2013. Em síntese, era a seguinte: “O PCP avança com a necessidade de «aumento dos salários», «aumento das pensões de reforma», «alargamento do acesso ao subsídio de desemprego», «reposição do abono de família», «congelamento do preço dos transportes», «imposição dos preços regulados dos combustíveis», bem como o «estabelecimento de um preço máximo para 2014 num conjunto de bens essenciais básicos alimentares e de higiene».

Do rol de alternativas constam ainda «congelamentos dos preços de serviços essenciais», «congelamento dos aumentos das portagens e eliminação das portagens SCUT», «revogação da nova lei do arrendamento», «reposição do valor das taxas moderadoras» e «reforço da ação social escolar».”



OE 2014 de Passos e ML Albuquerque Vs OE 2014 de J. S. Ribeiro & C.ª. 

Entretanto, quando se constata que o défice é superior ao previsto no OE 2014 - não só, mas sobretudo – fruto das decisões do T. Constitucional que determinaram:     - o chumbo à convergência nas pensões da CGA (ainda em Dezembro de 2013), e;     - a reposição dos cortes nos vencimentos (decisão de Maio de 2014).

Estas decisões do TC vieram, na prática,  introduzir no OE 2014 medidas defendidas pelo PCP para o "equilíbrio das contas públicas". Ora, se a teoria económica de comunistas (e outras fações da esquerda) fosse a correta, não seria expectável uma melhoria dos indicadores económicos?!


Então, se pensionistas e trabalhadores vêm os seus rendimentos aumentarem, de acordo com a CBS (Comuna Business School, instituição de referência para muitos “opinion makers” lusos..), isso não deveria ter resultado na melhoria do défice?
 

Se o PCP fosse coerente, em vez de afirmar que “não está surpreendido com resultados da execução orçamental”, não deveria antes manifestar-se surpreso pelo efeito negativo que as medidas de equilíbrio das contas públicas por si próprio defendidas, estão a ter?
 
E nenhum jornalista é capaz de detetar esta óbvia contradição?...

 

22 agosto, 2014

Vencimentos dos médicos, o que é Realidade e o que é Narrativa?

 
Nota introdutória: este post não visa a "classe dos médicos", mas a cobertura mediática que tem sido dada ao assunto nos últimos dias.

O sector da saúde, tem sido um dos mais afetados na "era pós-troika". E, dentro deste sector um grupo em especial – os médicos – tem vindo a perder muitos dos privilégios que usufruía… Este facto, aliado ao perfil do atual bastonário (ideologicamente mais radical que os próprios sindicatos do sector), determina um clima de constante guerrilha contra o Ministério de Saúde e, por arrasto, o atual Governo.

Ora, onde existe uma "força" a lutar contra o governo "reacionário de direita", já se sabe, a solidariedade de uma boa parte da comunicação social não poderia deixar de comparecer na luta… Assim, nos últimos dias, temos assistido a uma verdadeira cruzada na imprensa que nos tem dado conta da vida precária dos médicos fruto, claro está, das "maldades" deste governo.

O Jornal I, apresenta hoje esta peça "Quanto ganham os médicos no SNS?" que pretende caracterizar o que são as condições remuneratórias dos médicos. Desenganem-se aqueles que pensavam que os médicos tinham ordenados chorudos! De acordo com a peça que recorre a 10 "casos reais", o ordenado médio líquido de um médico rondará os 1.500 € / mês.

Enfim, gosto de ver peças jornalísticas que recorrem a casos reais para retratar uma qualquer situação, mas duvido que os elementos utilizados na peça retratem fielmente o que quer que seja e fica a dúvida se a peça - em vez de informar - não visa apenas "fazer opinião" (pré-médicos & anti-governo).

Uma breve pesquisa na net para tentar saber "quanto ganham os Médicos no SNS", fez-me chegar a esta notícia acerca do "Balanço Social do Ministério da Saúde em 2012". Dela, embora não constem informações específicas sobre os médicos, permite a constatação de alguns dados sobre os encargos / custos com o pessoal no sector, dados que pode ser úteis para uma breve reflexão sobre o tema.

Eis alguns informações:

"Ministério tem mais de 126 mil funcionários

[…]

Os encargos com pessoal baixaram de 3.332.546.492 euros, em 2011, para 2.871.830.528 euros, no ano passado [2012].

Os suplementos remuneratórios também baixaram de 601.066.218 euros para 551.105.171 euros."



Ora, com base nestes dados e a preciosa ajuda da matemática (matemática, talvez uma das principais razões que levou tantos estudantes a enveredar pela comunicação social…), rapidamente chegamos a um encargo médio por trabalhador de 27.166 € / ano = 1940 € / mês (valor ilíquido, considerando 14 meses).

Note-se, que este valor de vencimento mensal médio dos 126.000 funcionários do Ministério da Saúde, não é muito distante do vencimento médio de um médico, apontado na peça do Jornal I.

Ainda de acordo com o mesmo relatório: "Em relação às carreiras, os enfermeiros representam cerca de um terço dos trabalhadores do Ministério da Saúde, seguidos dos assistentes operacionais (21,4%) e os médicos (19,3%)."
Estas 3 classes totalizam cerca de 75% dos funcionários do Ministério. Deduz-se que os restantes seja funcionários, por ex., funcionários administrativos.

Considerando os dados extraídos deste relatório e as conclusões apontadas pela peça do Jornal I, pergunta-se: Será que os médicos auferem sensivelmente os mesmos vencimentos que as restantes categorias (assistentes operacionais, administrativos, enfermeiros...)?!
 

Serão os médicos os novos pobres?
Desconheço o que se passa no sector da saúde. Os dados acima referidos resultam apenas dos meus conhecimentos de matemática e poderão ter muitas leituras e falta de rigor. No entanto, as notícias que vou lendo nos jornais são ainda menos rigorosas!

Com certeza muitos médicos terão razão de queixa das políticas seguidas e é obrigação dos governantes tomar as decisões que resolvam os problemas existentes, eliminando eventuais injustiças e salvaguardando - note-se -, os interesses dos cidadãos e... contribuintes.
 
Nota: não duvido que as maiores injustiças possam ser encontradas - como em muitas outras áreas - entre os médicos que estão agora a aceder à carreira e a geração dos "direitos adquiridos", mas isso é tema que não interessa aos jornalistas e redações... 
 
Mas não podemos aceitar acriticamente esta campanha da comunicação social que visa apenas contribuir para o clima de "guerrilha mediática" instalado entre médicos e governo. Esta campanha, que pretende apresentar na praça pública a classe médica como o "cordeiro a ser sacrificado" às mãos do ministro Paulo Macedo, só prejudica a tentativa de chegar a um desfecho adequado e uma solução equilibrada para os diferentes interesses em jogo (corporativos Vs bem comum).

Para finalizar. Todos nós conhecemos médicos e, usando de algum bom senso e observação do que nos rodeia, podemos constatar através de alguns sinais (o carro, a sua casa, etc.*) que algo "não bate certo" entre a ideia que estas peças jornalísticas nos pretendem oferecer e a realidade. 

Srs. Jornalistas, "isto" não é informação, é doutrinação pura!
 

* nada contra, foram alcançados através de estudo e trabalho.

19 agosto, 2014

Um País, Dois Modelos.

A propósito do falecimento do general Pires Veloso, recomenda-se vivamente a leitura de dois artigos (da autoria de Rui Ramos e Paulo Rangel) que abordam uma das temáticas prediletas aqui do blog e que raramente são abordadas na agenda mediática: o aparente “tabu” do conflito entre dois modelos de sociedade e de desenvolvimento existentes em Portugal, vulgo, “Lisboa Vs Resto do País”.


O norte da democracia, por Rui Ramos   

“…As eleições de 25 de Abril de 1975 foram a primeira grande surpresa. Afinal, os portugueses não queriam todos a mesma coisa. Os distritos a norte do Tejo votaram em massa, e votaram no PS e sobretudo nos partidos à sua direita, o PPD de Sá Carneiro e o CDS de Freitas do Amaral. O PCP, no auge da sua influência sobre as forças armadas e o Estado, teve votações ridículas nalguns dos distritos mais populosos do continente: em Viseu, por exemplo, 5 mil votos (2%), contra 100 mil para o PPD (44%), 50 mil para o PS (21%) e 40 mil para o CDS (17%).

Como se sabe, a votação animou o PS, o PPD e o CDS, mas nem por isso comoveu o PCP e a extrema-esquerda, que, sustentados nos quartéis de Lisboa, prosseguiram a ocupação do país.

[…]

O norte era de facto outro país. Perante um sul de funcionários públicos e de latifúndios e grandes empresas — propriedades de velhas famílias protegidas pela ditadura, e depois nacionalizadas pela revolução –, estava este outro país de pequenos agricultores, pequenos empresários e emigrantes, na maior parte self-made men, ciosos das suas propriedades, ligados desde a década de 60 à Europa ocidental pelas exportações e pela migração, e unidos em comunidades ferozmente independentes, à volta das suas autoridades religiosas tradicionais. E curiosamente, era também a norte que estava a maioria da “classe operária”, não em grandes unidades industriais, mas em pequenas fábricas espalhadas pelos campos.

"1. Morreu Pires Veloso. Não vou aqui evocar o militar, nem sequer o homem. O que me interessa ressaltar em Pires Veloso, mais do que o exacto lugar no processo revolucionário ou a dimensão ética da sua personalidade, é o mundo esquecido, ostensivamente esquecido, que ele representa. E curiosamente o mundo que ele representa, apesar de ele ter sido um militar, é o mundo da sociedade civil.

Uma sociedade civil, resistente, inconformada, organizada numa rede de malha densa. Uma sociedade civil que foi capaz de ousar a mudança e que o fez com plena consciência dos riscos. Uma sociedade civil que, pela sua acção quotidiana e discreta, típica de uma maioria silenciosa, foi capaz de impedir a deriva totalitária do PREC. 


[…]
2. Essa sociedade civil que o mítico comandante da Região Militar do Norte tão bem representa, porque foi em certo momento o catalisador das suas ânsias, ansiedades e anseios, é afinal a sociedade civil que, por via de regra, sociólogos e outros académicos dão por inexistente em Portugal. Sempre me suscitou grande perplexidade que a academia portuguesa, tão empenhada em estudar os grupúsculos de extrema-esquerda e o seu papel antes e depois da revolução, tão dedicada a investigar os crimes da polícia política e o destino posterior dos seus agentes, nunca se debruce sobre os movimentos e fenómenos sociais (ou, mais precisamente, sociológicos) que consubstanciaram o suporte à via moderada e pró-ocidental que saiu vencedora da querela revolucionária. Se fizesse esse estudo e se o fizesse cabal e competentemente, estou convencido que rapidamente se desvaneceria essa ideia feita de que Portugal não tem uma verdadeira sociedade civil ou de que a nossa sociedade civil é frágil, fruste e fraca.

…”



Para terminar, pensemos nestes dois modelos de sociedade: o
 modelo corporizado pela capital – economicamente e administrativamente, centralista e naturalmente propenso aos grandes grupos económicos -, por oposição ao modelo representado pelo Norte e Centro do país, nomeadamente, com os seus pequenos e médios empresários, pequenos e médios industriais e agricultores.


Qual entre estes DOIS modelos melhor serve o “caldo de interesses” que alimenta a corrupção, os BPN e os BES desta vida?!...


Recordar os principais posts sobre a temáticaLisboa Vs Resto do País”:
Portugal, Lisboa e o Resto do País - 1ª Parte.

Há uma parte do País que ficou suspensa na "quimera do 25 de Abril", nos ideais e conquistas que, apesar de muita fé revolucionária, nunca se concretizaram. Essa facção, órfã de uma espécie de “Sebastianismo Abrilista”, está fortemente enraizada na capital e continua a dominar uma parte importante do aparelho centralista do Estado, com o qual se entrelaça e onde angariou os seus privilégios.
..."



“Do "Portugal silencioso"...

À custa desta estrutura, sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo-privada": um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, continuaram com as benesses e os monopólios que só a proximidade (promiscuidade...) com o poder lhes garantiu (e garante)..."


 

18 agosto, 2014

Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita....


Há cerca de 1 ano, publicou-se aqui no blog (via DoPortugalProfundo) este estranho caso entre a CM Lisboa e o BES:

"Como aqui no blog já foi referido, uma das principais formas de censura praticada pelos órgãos de comunicação social portugueses, passa pela selecção daquelas notícias a que se dá visibilidade e grande destaque nos media e (por razões também aqui já discutidas) aquelas que são esquecidas ou “sonegadas” ao grande público… 

Daqui, podemos constatar mais um desses exemplos da “selectividade” das redacções. A matéria em causa diz respeito à CM Lisboa e o eventual favorecimento do BES numa decisão que envolve alguns milhões de euros. No entanto, a nossa comunicação social - talvez pelas figuras que seriam atingidas se o caso fosse elevado à categoria de "Escândalo" - não considerou o assunto relevante para o colocar nas capas dos jornais,  dar destaques e abertura de  telejornais, etc...
 
Enfim, “Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita....”.

NOTA: Sem dúvida interessante neste caso, verificar como os “anti-banca” BE e PCP, não se manifestaram grande indignação com estas manobras …
 
 

Os costados do Costa

As notícias do Sol/Lusa, de 5-5-2013, e do Público/Lusa, de 9-5-2013, sobre uma denúncia anónima relativa a um alegado «favorecimento» da Câmara Municipal de Lisboa «ao Banco Espírito Santo (BES) em detrimento do Santander Totta», numa cessão de créditos no valor de 5,75 milhões de euros, passaram sem grande indignação. Diz o Público que a denúncia alega:
«a autarquia, através da vereadora das Finanças, Maria João Mendes, ter exigido, segundo a denúncia, o visto prévio do Tribunal de Contas apenas no caso de a EPUL assinar o contrato com o Santander. Se o contrato fosse firmado com o BES, a Câmara prescindia desse visto. Ora, segundo uma fonte do Tribunal de Contas ouvida pela Lusa, "as cessões de créditos não estão sujeitas a visto".»
De relevo, o facto de a CM Lisboa ter reagido à notícia pelo vice-presidente, arq.º Manuel Salgado, que detém os pelouros do Urbanismo e Planeamento Estratégico e, dizem as boas línguas, gere a Câmara no dia-a-dia. António Costa escondeu-se..."
 
 
Entretanto, em finais de Julho, o Público dá a conhecer esta interessante notícia que volta a ligar a CM Lisboa e o Hospital da Luz do mesmo Grupo E.S..
 
"Os 12 milhões de euros que a Câmara de Lisboa inscreveu no seu orçamento deste ano como receita prevista para a venda do terreno em que está instalado o quartel dos bombeiros municipais situado ao lado do Hospital da Luz não chegariam para cobrir os 12,3 milhões de euros, pelo menos, que investiu naquelas instalações.
 
Caso consiga vender o lote apenas pelo valor base pelo qual ele irá à praça, o município ficará longe de cobrir o investimento já feito e aquele que terá de fazer para adquirir um terreno alternativo e construir um novo quartel.
 
Tal como o PÚBLICO noticiou, o executivo dirigido por António Costa aprovou no dia 9 deste mês uma proposta que prevê a venda em hasta pública do lote de terreno em que se encontra um quartel da terceira companhia do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB), bem como o museu do regimento e a Sala de Operações Conjunta (SALOC), onde está centralizado o comando de todos os serviços de bombeiros e protecção civil da cidade, que serão demolidos. Embora o orçamento camarário aponte para um encaixe de apenas 12 milhões de euros com essa operação, as avaliações mandadas efectuar pelo município determinaram que a base de licitação da hasta pública venha a ser de 15,8 milhões de euros.

(artigo completo)"
 
Pergunta-se: atendendo aos factos que vêm dominando a agenda mediática nas últimas semanas, que "ingrediente" faltará a estes casos para que o jornalismo e as redações, os façam chegar aos telejornais?!

Que matéria faltará aqui para termos uma boa polémica a alimentar capas de jornais?!..

Será a "cor" dos protagonistas políticos envolvidos, que não é a "mediaticamente correta"?
 
Outra pista para este "mistério": Filhos e Enteados da Comunicação Social.
 
 
 

01 agosto, 2014

Doutrinação ideológica via rodapé...

É sabido como um título influencia a perceção dos cidadãos. Aliás, considerando que segundo estudos realizados, cerca de 2/3 dos leitores de jornais não chegam a ler o corpo das notícias, podemos afirmar que a formação da “opinião pública” é em larga medida formatada através da mensagem veiculada pelos títulos das notícias.

 
Assim, um tópico recorrente aqui no blog, é a forma como as redações utilizam as manchetes e os títulos, para resumirem uma dada notícia. Mais concretamente, denuncia-se por aqui como essa escolha (seletiva, digo eu…) constitui um óbvio exemplo de manipulação ideológica dos cidadãos e da “opinião pública”…
 
 

Um título que, neste caso, é apresentado no rodapé da reportagem, deve (deveria...) resumir ou transmitir a essência da notícia. Ora, o que nos transmite o título / comentário, escolhido sobre a situação argentina?
A culpa é dos fundos especulativos... Enfim, a narrativa habitual - diariamente reproduzida pela “esquerda” e uma vasta maioria da comunicação social -, que, em vez de analisar os erros e as más opções de governação que nos trouxeram aqui, preferem atribuir a “culpa da crise” aos especuladores! Aos mercados! À austeridade. Etc., etc…


O que é um especulador e o que é um caloteiro?

Esta é a 5ª bancarrota da Argentina e a nos últimos 13 anos! Quantos espectadores ao ver esta notícia saberão deste facto?

Será que os empréstimos contraídos – para políticas de “investimento público, certamente – não foram o resultado de uma decisão tomada livremente?

Caramba, à 5ª bancarrota é um pouco “difícil de engolir” aquela célebre máxima: “Pagar a dívida é ideia de criança. As dívidas gerem-se…” 
 
Será que “especulador”, é todo aquele que, concedendo um empréstimo, tem a legítima expectativa (ou será pretensão?…) de ser ressarcido nos termos acordados entre credor e devedor?


“ARGENTINA EM FALÊNCIA: Falta de acordo com fundos especulativos deixa país em falência”
Numa breve nota / comentário de rodapé, todo um programa…
Não pense pela sua cabeça, deixe que os jornalistas o façam por si!