31 dezembro, 2012

Saber Comunicar: o Glamour da Esquerda…


 
 
Enfim, o foco na “contenção orçamental”, na famigerada “austeridade”, que desta vez até impede a visita aos “…militares portugueses que estão destacados no estrangeiro, como manda a tradição”.

Note-se que os títulos escolhidos para uma notícia são da maior importância, pois sabe-se que muitas pessoas nem lêem o corpo das notícias, limitam-se a assimilar a mensagem veiculada pelo cabeçalho.


O Glamour da Esquerda…

Fosse o Ministro da Defesa de um governo socialista as notícias e, graças ao maior optimismo que o rótulo de esquerda desperta no jornalismo luso, provavelmente destacariam:

“Adopção de novas tecnologias permite a poupança de dezenas de milhares de Euros”

Ou,

“Novas tecnologias aproximam militares portugueses destacados no estrangeiro de Portugal”


Este exercício, embora em jeito de brincadeira, demonstra bem o poder da comunicação social em determinar a percepção dos cidadãos relativamente ao trabalho dos seus governantes.

Um aspecto curioso nas análises aos governos de esquerda (socialistas) por comparação com os de centro direita no nosso País, é a forma como os seus dotes e a sua “eficácia de comunicação” é classificada. De Sócrates dizia-se que era um “grande comunicador”… sobre este governo, por ex.,  diz-se: que a sua capacidade de comunicação é fraca, os ministros são inábeis, inexperientes, etc..

Já vimos e ouvimos, comentadores, “especialistas”, afirmarem que existem algumas boas medidas mas, pela suposta fraca “capacidade de comunicação” deste governo, essas medidas não têm visibilidade. Será!?...

Será que reside nos políticos e na sua “capacidade de comunicação”, o papel determinante no tom das manchetes e dos títulos que as redacções seleccionam para as suas peças e artigos, ou, será que esse papel determinante se encontra “nas mãos” dos jornalistas que as escrevem?

Mas, para falar de outro político de centro-direita, quem não se lembra de Santana Lopes e como este foi fuzilado pelos jornalistas, pela tentativa de montar uma “tenebrosa” central de comunicação, alegadamente, destinada a “controlar” os media.

Compare-se, objectivamente, a forma (histérica) como a comunicação social reagiu a 3 meses de Santana Lopes e ao modo como este terá tentado “dominar” a comunicação social, em comparação com o tratamento dado a Sócrates (principalmente até 2010): como é possível que na boca das luminárias do comentário político português, Santana Lopes passe como o político que tentou controlar os media, e Sócrates, seja recordado como “um grande comunicador”?!

Só poderá existir uma explicação: a falta de afinidade ideológica das redacções com tudo o que não seja de esquerda…

29 dezembro, 2012

A “Refundação” também terá de passar por aqui


Daqui: http://impertinencias.blogspot.pt, podemos constatar alguns dados interessantes sobre o Município de Lisboa.
 
Se ainda existem portugueses que se perguntam "porque raio pago tanto impostos?", aqui encontraram uma parte da resposta...
 
"Se Parkinson vivesse em Portugal teria acesso a um vastíssimo campo de observação a começar pela câmara municipal da capital do país. De facto, à medida que a população da cidade vêm diminuindo há meio século a população dos funcionários da câmara vem aumentando a um ritmo ainda mais rápido até atingir hoje 9.956 funcionários ou seja 1 por cada 55 residentes e o dobro de Madrid ou Barcelona, parqueados em cerca de 300 departamentos e divisões. Entre esses funcionários encontram-se:
  • 330 arquitectos
  • 101 assistentes sociais
  • 73 psicólogos
  • 104 sociólogos
  • 146 licenciados em marketing
  • 260 engenheiros civis
  • 156 historiadores
  • 303 juristas, cujo serviço se supõe que deve ser dar parecer sobre os pareceres que a CML encomenda a gabinetes de advocacia privados, incluindo um a quem a câmara pagou 75 mil euros por um ano e 10 meses. ..."
(recomenda-se a leitura do post na íntegra)

 

Díficil de explicar, com uma comunicação social tão ávida de escândalos, é como não chega esta informação às manchetes. Estivessemos a falar do Município do Funchal ou de outro qualquer ódio de estimação da comunicação social da capital, o que não se falaria e escreveria sobre o assunto!

Mas em Portugal é assim, há uns políticos talhados para polémicas e "trapalhadas" e outros destinados a lideranças rigorosas...
 

28 dezembro, 2012

Comunicação Social, a verdadeira oposição


As constantes insinuações de conluio entre “este governo de direita ” e as empresas privadas, ou o “entregar empresas” aos “amigos do Relvas”, ideias continuamente repetidas na comunicação social, são baseadas em quê?

Vejamos, nunca os sectores privados – seja da área financeira, as grandes construtoras, do sector energético e outras (eólicas, computador Magalhães, etc.) - foram tão beneficiados como sucedeu no consulado socialista de Sócrates. Aliás, existe uma relação directa entre esses benefícios económicos e a pesada factura que ficou para pagarmos durante muitos anos...

Obviamente, e independentemente do partido, ideologia, etc., os Srs. jornalistas devem investigar tudo o que mereça denúncia. Mas, o que não pode continuar, é a repetição desta mensagem subliminar, esta ideia preconcebida própria dos tempos do PREC: a área direita / centro direita está sempre ao serviço dos (obscuros) interesses privados, qualquer coisa que tenha rótulo de esquerda, ou socialista, está ao serviço do Povo. 
Porque será que as redacções e órgãos de comunicação social, colaboram na perpetuação deste preconceito?
 
Quem veja televisão, folheie os jornais, oiça a rádio, ficará com a sensação que a origem da crise em que estamos embrenhados, é de Passos Coelho e Gaspar. Ainda ontem, apenas 18 meses depois de ter largado o poder, o partido socialista teve a lata de afirmar através de um dos membros do governo que nos levou à bancarrota que o “PS está preparado para novo ciclo de governação"!...

Os factos:
O PS governou de 1995 a 2011 apenas com um intervalo de 2,5 anos. Ou seja, governou, com os resultados que se conhecem, cerca de 80% do tempo nos últimos 20 anos, como é possível dizer que “PS e PSD” têm todos a mesma responsabilidade?!

A memória dos portugueses é curta, mas este jornalismo de “braço dado com a esquerda” (mesmo quando é apenas um rótulo), apenas contribui para ilibar os responsáveis pela fase que Portugal está a atravessar. Alguém que dependa apenas da informação fornecida pelos media terá dificuldade em acreditar que o parágrafo anterior contém apenas factos, mas é são…

A comunicação social, com a sua falta de isenção e o frenesim diário anti-governo, constitui-se como a verdadeira oposição. Promove ainda um clima de maledicência e deprimente. Basta passar pelos comentários dos leitores a notícias publicadas nas edições online de jornais ou nas redes sociais, para ver: indignados aos molhos dizendo as coisas mais ignorantes e boçais, como  de certezas absolutas se tratassem; a facilidade com que se recorre ao insulto, etc.. É uma verdadeira tortura ler essas colunas e verificar o baixo nível de muitos portugueses, uma coisa é discordar - e é possível fazê-lo, mesmo de forma violenta -, mas sem insultos...   

Mas nada mudará, "lets face it", Portugal é um país socialista e não é preciso ter grandes capacidade de análise para o constatar...
 
 
 

27 dezembro, 2012

Notícias que passam ao lado das manchetes...


Este é o caminho...



"O preço médio do calçado português subiu para 25 euros, o segundo valor mais elevado a nível internacional. Desde 2009, o preço aumentou 20%."

Estima-se que, este ano, o valor das exportações de calçado supere os 1.500 milhões de euros (!!).
 
Infelizmente a comunicação social dedica pouco do seu espaço a falar destas empresas, na sua maioria PME localizadas no Norte de Portugal. Talvez pela distância, talvez porque, da capital, eruditos especialistas tenham vacticinado o seu óbito há mais de 20 anos...
 
Será que o País não saíria mais beneficiado se, televisões e rádios - em vez dos eternos especialistas de finíssima veleidade vocabular,  sempre prontos para opiniar sobre a actualidade, a economia ou sobre o penalty do jogo de bola da véspera -, optassem por convidar gestores e outros colaboradores que, dia a dia, no terreno, fazem destas empresas um sucesso?
 
 
 

24 dezembro, 2012

Jornalismo de rigor...



Diversos Orgãos de Comunicação Social, avançaram notícias que nos davam conta da preocupação das Nações Unidas com a "austeridade em Portugal". As notícias e os títulos, na linha do que é incessantemente repetido na imprensa, rádio e tv desde há meses, mais uma vez recordava-nos que "o caminho da austeridade" está a agravar a crise mas, desta vez, era a própria ONU que o afirmava!
 
 
E assim, através de fontes como o Expresso, a TSF, o Público, etc., durante um dia fomos informados, instruidos, na convicção que aqueles chavões usados pela esquerda nos últimos meses: a "austeridade do custe o que custar", a necessidade de "renegociar a dívida e os juros", etc., seriam também a posição da propria ONU...
 
 
 eis senão quando... tudo era uma fraude!
 
"Apresentou-se como coordenador de um centro de estudos das Nações Unidas e foi entrevistado por jornais, rádios e televisões portugueses, propondo a renegociação da dívida. Mas o dito observatório não existe e ninguém na ONU conhece o suposto «economista» Artur Baptista da Silva, que poderá ser um impostor."
 
Enfim, mais um episódio bem demonstrativo da necessidade de "filtrar" a informação que esta comunicação social nos serve. Aliás, esta tese "que a culpa da crise é da austeridade", assenta numa premissa completamente falaciosa, infantil até, pois converte a complexa situação que o País atravessa, numa questão de "bonzinhos" (que querem crescimento) e os "mauzões" (os apaixonados pela austeridade).  
 
Mas, de tão repetida, esta tese (com grande adesão de muitos jornalistas e redacções),  já terá levado quantos portugueses a acreditarem que a crise, e as medidas que forçosamente tiveram de ser tomadas, resultam de uma opção de Passos Coelho e Gaspar, e não uma necessidade, uma consequência, das asneiras cometidas nos últimos 20 anos, com especial ênfase desde 2005?...
 
Outra constatação a retirar deste episódio, e como aqui no blog já se referiu em outras ocasiões, relaciona-se com a facilidade e o voluntarismo do "jornalismo militante" em dar voz, dar palco, aqueles que são alinhados com a sua orientação ideológica, de esquerda e socialista. 

E amanhã, do alto do seu pedestal, lá estarão jornalistas a "apontar" trapalhadas a tudo e todos...
 
 
 

21 dezembro, 2012

Isabel Jonet, um dano colateral na “guerrilha ideológica”


A relevância atribuída no espaço mediático aos que se têm dedicado a combater Isabel Jonet e as interpretações das suas palavras, é bem sintomático do clima de “guerrilha ideológica” que tomou conta da cobertura mediática do debate político em Portugal.


Na verdade, vê-se pouca gente interessa a na discussão do conteúdo dessas declarações, o que suscita o nível de “reacção” às mesmas é o seu significado político, designadamente, a circunstância de tais opiniões suportarem uma das linhas mestras do discurso do Governo – o célebre gastamos, durante anos, acima das nossas possibilidades”.

Vejamos, independentemente das convicções e interpretações pessoais relativamente ao pensamento e às palavras de Isabel Jonet, se abandonarmos esse terreno subjectivo e questionarmos:

     - Portugal está melhor ou pior, em virtude das suas acções?

     - Se I. Jonet não tem responsabilidade no estado de calamidade a que o País chegou, faz sentido  dedicar tanto escrutínio e tanta energia na fiscalização da sua conduta, em detrimento daqueles que, objectivamente, conduziram o país à atual crise?

     - E, finalmente, atendendo aos problemas existentes no País, que vantagens para a sociedade portuguesa advirão da depreciação da sua imagem perante a opinião pública? E desvantagens?

Não é preciso pensar como Isabel Jonet para reconhecer que esta personalidade está “do lado da solução”, e não, “do lado do problema”. Como é possível, com tanta espécie de vilão neste cantinho que é Portugal, ser esta personalidade a suscitar tantos anticorpos, indignação e comentários insultuosos até?!

Porquê tanta polémica se, há anos – ler esta entrevista de2008 - são conhecidas as suas posições e as mesmas nunca tinham suscitadopolémica? Apenas, porque, ao combater I. Jonet e as suas declarações, a "esquerda", com a habitual colaboração do “jornalismo militante”, está apenas a travar mais uma frente na sua batalha contra a "direita" e o governo…

Esta polémica, voltando ao tal sintoma de “guerrilha ideológica”, é apenas mais uma evidência de que nenhum assunto neste País é debatido pelo tema em si, mas pelos contornos políticos do mesmo.

Mas, o que está na origem deste sobressalto constante nos media?

Normalmente, o nível de conflitualidade perceptível no espaço mediático segue um ciclo: quando um determinado governo toma posse, conta com um período de “estado de graça” e o clima nos jornais, rádio, tv, etc., é relativamente calmo. Depois, normalmente, com a deterioração da situação económica, o nível de conflitualidade cresce e, rapidamente, as manchetes na imprensa e as aberturas dos telejornais passam a ser dominados pela “polémica do dia”…

NOTA: Uma evidência que o tratamento mediatico da “esquerda” e da “direita”, não é ideologicamente imparcial, prende-se com a validade desse “estado de graça”… basta recordar o governo de Sócrates que, mesmo nas eleições de 2009, tinha ainda muita comunicação social consigo. Só em meados de 2010, com o abismo já próximo, é que muitos jornalistas acordaram para a realidade… Compare-se o contraditório da comunicação social aos primeiros 4 anos da governação de Sócrates (o pai da bancarrota), por ex., com os do governo de Barroso e Ferreira Leite (isto para não falar naqueles meses caóticos de Santana Lopes…).

Terminada a validade do “estado de graça”, mais rápido para uns que para outros... este clima de sobressalto é mantido por uma agenda noticiosa que, invariavelmente, está focada nas polémicas, em intrigas entre hipotéticos “vencedores” e “derrotados” das mesmas, em vez de na análise objectiva do assunto em questão.

A esta causa de cariz mais ideológica, há que juntar outra causa mais cultural e que torna qualquer debate na sociedade portuguesa numa verdadeira “luta de galos”. (Aviso! Isto vai soar muito moralista…) Dizer mal de algo ou alguém, é o desporto favorito de muitos portugueses… Existe demasiada gente frustrada, com assuntos mal resolvidos e, talvez movidos por alguma inveja, demonstam uma necessidade de dizer mal de tudo e de todos (alguns ataques a Jonet também são um exemplo disto) enfim, de "nivelar tudo por baixo".

Pena é que a dita “elite” - onde se incluem os fazedores de opinião, os jornalistas, i.e., quem tem a responsabilidade de definir a agenda noticiosa e os assuntos discutidos diariamente (as manchetes, as aberturas de telejornal, etc.), não tenha um papel mais pedagógico no sentido de contrariar esta propensão nacional para a maledicência.

Obviamente e assumindo que os cidadãos precisam é que lhes resolvam os problemas e não de embustes ideológicos, este clima de conflitualidade e “guerrilha” só prejudica a tomada das melhores decisões para uma sociedade. Aliás, como se constata em algumas situações enumeradas aqui no blogue, a comunicaçãosocial parece ser a primeira interessada em introduzir ruído nas discussões. A sua acção contribui activamente para um clima onde a substância dos assuntos é o menos relevante, o que lhe importa é destacar quem “recuou”, quem “cedeu”, se foi a “direita” a vencedora ou se foi a “esquerda”.

Outro efeito pernicioso deste tipo de cobertura mediática dos assuntos, é o facto de se falar imenso do que é acessório, mas não se chegar a conclusão nenhuma acerca do essencial! Todos os dias há uma polémica nova (hoje é a tap, ontem foram as pensões, anteontem a rtp e antes disso era o fim do ensino gratuito …), passam-se horas a falar de rumores, avanços, recuos, ligações suspeitas, etc., não se fala de nenhum assunto com o mínimo de profundidade e no dia seguinte, tal como os peixes a cada volta ao aquário, acordamos para outra polémica.

Esta circunstância contribui para a criação de uma espécie de amnésia colectiva, favorável a que, por exemplo, alguns governantes possam mudar de opinião sobre qualquer matéria (conforme estejam no governo ou na oposição e ao sabor do que é mais simpático e popular, claro) e até ilibarem-se das suas responsabilidades e/ou má governação. Até conseguem atirar culpas e responsabilidades para quem nunca teve responsabilidades governativas...

E assim, com a cumplicidade de largas franjas da comunicação social, em Portugal é perfeitamente normal ver, quem governa hoje e defende a opção “A”, amanhã caindo na oposição, rapidamente, transformar-se no maior opositor dessa mesma opção… familiar?
P.S.: Ainda sobre I Jonet, recordar que:

 “O que determina verdadeiramente o Homem não são as palavras e sim as acções”

 

19 dezembro, 2012

Eu ainda sou do tempo...


1) Eu ainda sou do tempo em que se exigia o corte nas pensões mais altas. Era uma vergonha, um escândalo, num país com os níveis de pobreza de Portugal, a existência de pensões superiores a 5.000 €! 

Num País em que 90% das pensões são inferiores a 1.000 €, veio um Governo que criou uma sobre-taxa mensal (temporária) de 3,5% para as pensões acima de 1350 €, enquanto criou taxas de 25% para pensões superiores a 5.000 € e 50% para as superiores a 7.500 €. 

De repente, os cortes que se pediam até por imperativo moral, passaram a ser um ataque aos direitos dos cidadãos e uma inconstitucionalidade….



2) Eu ainda sou do tempo em que se exigia aos Governos que cortassem nas Fundações. Estas, não passavam de sorvedouros de recursos públicos, de esquemas para evasão fiscal, locais para instalar os amigos dos políticos. Veio um Governo que, pela 1ª vez, travou a proliferação dessas fundações, extinguiu algumas e cortou no financiamento de dezenas.

De repente, aquilo que era a obrigação de cortar nas Fundações, deu lugar a duas realidades: que os cortes estavam a afectar organizações que, afinal, eram indispensáveis, ou, que os cortes deveriam ter ido mais longe….



3) Eu ainda sou do tempo em que se exigia uma reforma do poder local e se falava da necessidade de fusão ou extinção de Municípios e Freguesias. Já não fazia sentido termos a organização do território idêntica à do Sec. XIX e sempre se cortavam alguns tachos.

Agregaram-se freguesias, afinal não havia qualquer vantagem. Quem perde são as populações e para além disso, trata-se de algo inconstitucional… (claro que esta reforma deveria tocar nos Municípios, mas alguém imagina o que seria fazê-lo “ à porta” de eleições autárquicas?)

Será que tudo o que foi (ou está a ser) feito, é errado?! Será que estas medidas, embora possam acarretar algumas situações injustiça, numa análise global, não aproximam o País de objectivos que eram vistos como consensuais e de importante implementação?!

Seremos uma sociedade bipolar? Ou será que, não tendo sido um governo de esquerda a fazer qualquer coisa nestas áreas, em vez de se destacarem os aspectos positivos (alguns existirão!) das medidas, a Comunicação Social prefere apenas dar voz aos que se sentem prejudicados pelas medidas e realçar os aspectos negativos?

Já cansa tanta indignação e inconstitucionalidade!

18 dezembro, 2012

Jornalismo de intriga...


O "i", assegura:

Ainda à pouco, no Jornal da Noite da SIC, um jornalista (cujas reportagens trazem sempre material para produzir "intrigas das boas") assegurava que a referência aos cortes nas reformas mais altas, feita por PPC na entrevista ao Porto Canal, era dirigida ao Presidente da República.... mais à frente, na mesma peça, garantia que as declarações de Cavaco Silva "não cedo a quasquer pressões" eram dirigidas a PPC...
 
Enfim, parece que as revistas "cor de rosa", pelo menos em alguns casos, vieram estabelecer os actuais níveis de exigência no Jornalismo! Retirem das reportagens e de alguns artigos de jornal, os nomes de "Passos Coelho" e de "Cavaco Silva", substituam por "Luciana Abreu" e "Yannick Djaló", e digam lá se este tipo de títulos e conteúdos não são idênticos à Flash ou a Caras...
 
Obviamente, o objectivo é forçar uma ruptura entre o PR e PM e, por isso, nem se discute o tema em questão (que, como já se referiu aqui no blog, é importantíssimo). Os Srs. jornalistas e os media, têm a obrigação de discutir este assunto seriamente - há anos que pessoas como Medina Carreira, vêm dizendo que Portugal não tem capacidade de pagar as prestações sociais previstas no modelo actual - mas, preferem andar no correrio do "diz-que-disse", dedicam-se a plantar mexericos para tentar recolher declarações "polémicas" ou material para mais uma "parangona".
 
É uma luta!
 
 
 

17 dezembro, 2012

O Jornalismo do Público


Continua a cruzada do Público contra este Governo e Passos Coelho...


Em título, dando a entender que PPC se referiu aos pensionistas em geral, refere que estes "estão a receber mais do que descontaram". Fica assim cumprido o dever do sr. jornalista: o título permite alimentar uma boa polémica e implantar a ideia do costume...
 
Mas, lendo o corpo da notícia, é fácil perceber que o teor das declarações é bem distinto do título, pois as mesmas visavam especificamente as pensões mais altas, também conhecidas por "pensões douradas". E, mesmo relativamente às pensões mais altas, faz a ressalva daqueles que não descontaram na proporção do que recebem (aqui cabem muitos casos imorais, por ex., de políticos, de destacados dirigentes de empresas e organismos públicos, dos que acumularam reformas...):

 
Este assunto é da maior importãncia para os portugueses, pois toca num tema quase tabu em Portugal: a existência de uma enorme desigualdade nos direitos atríbuidos a cidadãos relativamente às suas pensões. Basta recordar que, até há poucos anos, funcionários públicos se reformavam com o valor do último vencimento (alguns com progressões nos últimos anos de activo...), enquanto outros, desde há muito, vêm a sua reforma fixada em função da sua carreira contributiva.
 
Mas esta temática, parece não ter qualquer interesse jornalistico / informativo, preferindo antes o Público fazer uma manipulação das declarações para inflamar mais um pouco os ânimos dos portugueses contra o Governo...
 
Por exemplo, com que direito se exige à geração que agora está entre os 30 e os 40 anos, que pague as reformas da geração que os precedeu, sabendo que as suas serão, para a mesma carreira contributivam cerca de metade?! Não é de elementar justiça encontrar um ponto de equilíbio nos seus direitos? 
  
E, neste País, onde a Constituição "anda sempre na berlinda". Onde, nas tvs, jornais, etc., abundam os paladinos da igualdade, não é no mínimo estranho que existindo estas de diferenças de 30%, 40%, ou mais, no valor de pensão atríbuida a dois cidadãos, do mesmo regime constitucional, com carreiras contributivas equivalentes, nunca se tenha invocado o "sacro-santo" príncipio da inconstitucionalidade?
  



13 dezembro, 2012

Jornalismo de Intriga


No site da RTP, uma peça assinada pelo jornalista Daniel Belo, afirma:
 
 
Esta ilação resulta, no critério de jornalista, de "... visões muito diferentes de ministros do mesmo governo. Assunção Cristas elogia as políticas ambientais europeias, políticas que o ministro da Economia classificou como fundamentalistas."
 
Numa breve pesquisa (abençoada internet!) é possível recuperar as declarações do Ministro da Economia (ASP): por ex. aqui no JN:
 
"O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, defendeu hoje, em Bruxelas, uma política industrial europeia mais "amiga do investimento", defendendo que a reciprocidade é a palavra-chave, e critica o "fundamentalismo" de algumas regras ambientais." e acrescentou... "Em relação aos instrumentos para a reindustrialização da União Europeia (UE), Santos Pereira desejou que "ao nível das regras ambientais e doutras regras obviamente importantes, a Europa não seja mais papista que o papa em relação a outras regiões do globo""
 
ASP, ao referir a "reciprocidade" e mantendo que as regras ambientais são "obviamente importantes", esteve muito bem ao tocar na ferida:  há muito que a Europa deveria ter tomado medidas para estancar a deslocalização do seu tecido produtivo (uma das principais causas da subida do desemprego na Europa) e não faz sentido nenhum que a Europa tenha as suas portas "escancaradas" a produtos que, no seu processo de fabrico, não cumprem nada do que é exigível no espaço europeu. Desde, os aspectos ambientais, de saúde e segurança no trabalho, e até o respeito pelos direitos humanos (trabalho infantil, escravatura, etc.).
 
Mas o critério jornalistico parece não ver interesse em explorar este lado da questão. A RTP no cumprimento do tal "serviço público" optou por esmiuçar bem as declarações de ambos os ministros e, apesar de ASP salvaguardar a importância das regras ambientais, embora ache que algumas serão fundamentalistas, viu aqui uma divisão no interior do governo, um ministro que desautoriza outro, enfim, uma polémica "das boas"!...
 
A esta hora já algum jornalista estará de microfone em punho a perguntar "Álvaro, como reage à desautorização das suas declarações pela sua colega de governo?"
 
Ficamos assim mais bem informados.
 
 

O maior défice em Portugal é a falta de memória.


Curiosa, esta preocupação recente dos socialistas, secundados pelo habitual jornalismo militante, a propósito da urgência e da necessidade imperiosa de Portugal pagar menos juros pelos empréstimos contraídos.

Como se, desde 2000 até 2011, a política portuguesa não tivesse sido caracterizada, precisamente, entre:
     - a “direita” e “centro-direita”, cuja mensagem fundamental era: no futuro não haveria dinheiro para pagar a dívida que se ia acumulando em virtude das políticas socialistas, bem como os juros decorrentes da mesma;

     - a “esquerda” e o PS, que agora, apregoa a absoluta necessidade de pagar menos juros, depois de uma década a “assobiar para o lado” e a responder aos que alertavam para o caminho que estava a ser trilhado, com tiradas célebres como o “há vida para além do défice”, que “o importante não eram os números eram as pessoas” e que era necessário mais “investimento público” para fomentar o “crescimento económico”…

E nesse período, qual foi o papel da comunicação social? Será que cumpriu as suas obrigações na missão de informar os portugueses para as consequências das opções então tomadas?

E hoje? Quando, os mesmos que durante décadas cavaram esta dívida e estes juros, que nós contribuintes temos de pagar, aparecem nos telejornais e na imprensa, com o ar mais descomprometido do mundo, a falarem na redução do pagamento de juros para “aliviar os sacrifícios dos portugueses”, será que os jornalistas prestam um bom serviço à sociedade sendo cúmplices do encobrimento da responsabilidade destes Srs?

Definitivamente, o maior défice em Portugal é o de memória!

Um desabafo… tento educar os meus filhos no princípio que as nossas acções de hoje terão consequências no futuro e, por isso, devemos ponderar bem os prós e contras envolvidos nessas decisões. Mas às vezes, lendo jornais, vendo televisão, fico com a sensação que este meu método está muito desactualizado…


12 dezembro, 2012

Bom Jornalismo


Estão de parabéns os jornalistas da TVI que fizeram esta reportagem.


 
 
Um bom exemplo, como o Jornalismo pode ser uma actividade nobre e como a comunicação social pode contribuir para melhorar a vida das pessoas e da socedade como um todo.
 
 
Obrigado!
 
 


11 dezembro, 2012

Jornalismo Engraçadinho




Outro fenómeno interessante relacionado com a forma como alguns jornalistas interpretam o seu papel e missão de informar os cidadãos, é a utilização de uma notícia para ridicularizar, diminuir, algumas personalidades.

Porque não criar uma secção denominada "Jornalismo Engraçadinho" para ser o repositório deste tipo de artigos?

NOTA: Lembram-se, por exemplo, quando o Ministro Álvaro Santos Pereira, habituado aos modos e costumes mais anglo-saxónicos, inocentemente, referiu que gostava que o tratassem por Álvaro?...
 
    

10 dezembro, 2012

Filhos e enteados da Comunicação Social portuguesa…


Os meios de comunicação social, são hoje uma parte integrante da esmagadora maioria dos lares portugueses, são uma espécie de "familiar honorário" lá de casa. Quantos portugueses passarão tanto, ou mais tempo, a conversar e trocar ideias com o seu filho(a), companheiro(a), etc., do que a serem receptores do que está a ser debitado pelos telejornais à hora de jantar?

Isto para dizer que é evidente a enorme influência dos media na percepção que os portugueses têm sobre inúmeros aspectos da sua vida quotidiana. E, se é fácil perceber que os portugueses desconfiam dos seus políticos, desconfiam da justiça, que existe desconfiança nos negócios, etc., o que pensam os portugueses sobre esses meios de comunicação social? É curioso que sendo os portugueses muito desconfiados em relação a inúmeras coisas, relativamente aos jornalistas e aos meios de comunicação social, parece subsistir na mente da generalidade das pessoas uma presunção de isenção e imparcialidade dos mesmos… Pois “aqui” acredita-se que os portugueses devem ser mais críticos, mais “desconfiados”, em relação aos media e à informação que os mesmos produzem.

Por vezes, a falta de imparcialidade e isenção no tratamento de certos assuntos, explica-se pela defesa de grupos de interesse específicos - por ex., a guerra que se viu em várias capas do Expresso relativamente ao processo de privatização da RTP -, mas não nos debruçaremos aqui sobre esses casos (apesar de os mesmos serem prova de que não devemos tomar tudo o que aparece nos jornais, rádio e tv, por verdadeiro) e antes da falta de imparcialidade política e/ou ideológica, nomeadamente, tentaremos demonstrar que em Portugal existe um condicionamento e um critério jornalístico tendencioso, no tratamento da agenda noticiosa e informação que é difundida. 

Este assunto, de fundamental importância nas nossas sociedades - mas, sobre o qual, não há quase debate -, não se constata porque este ou aquele jornalista, peça ou reportagem, assumem uma posição ideológica (de esquerda ou direita) claramente demarcada, são raras as vezes em que tal sucede. Esta “tendência” ou preconceito ideológico das redacções portuguesas pode ser aferida, por exemplo, na forma como declarações proferidas por figuras públicas são tratadas mediaticamente, dependendo esse tratamento, da proveniência das mesmas, i.e., se são associadas à esquerda ou à direita.
 
Nunca se perguntou porque, em alguns casos, se pega numa frase, desta ou daquela personalidade, e transforma-se essa declaração ou opinião, numa polémica nacional e, outras vezes, opiniões ou frases que poderiam suscitar polémica, são dadas como irrelevantes e ficam na “gaveta”?

Se existe personalidade que parece ser imune a polémicas, aliás parece ser uma entidade acima de todas as restantes, será o caso de Mário Soares. Veja-se que, apesar de no currículo do mais destacado político socialista, podermos encontrar episódios bem reveladores do seu caracter como estes exemplos: 

     - Soares apanhado a 199 km/hora: «Estado vai pagar a multa»

     - Ou o episódio, durante a campanha à presidência do parlamento europeu, em que talvez imbuído de ética republicana que tanto apregoa, apelidou a sua adversária, que viria a sair vencedora da mesma eleição, Nicole Fontaine, de “dona de casa”.


Nunca a sua conduta, declarações, parece originar grande polémica. Por ex. lembra-se de ver algum jornalista questionar Mário Soares sobre os casos atrás indicados? Agora imagine que os factos aqui mencionados e imputados a Mário Soares (caso da Emaudio, os amigos de Macau, os “Contos Proibidos” de Rui Mateus, etc.) estivessem antes associados, por exemplo, a Miguel Relvas, imaginam o corropio na comunicação social?...

Mas deixemos o exemplo Mário Soares, que para a comunicação social portuguesa parece tratar-se de um cidadão extra-terreno e falemos apenas de “comuns mortais” para avaliarmos se o tratamento mediático é imparcial caso o emissor seja associado mais “à direta” ou mais “à esquerda”.

Por exemplo, como explicar toda a celeuma e indignação que rodeou Isabel Jonet, aquando do célebre “…vivíamos muito acima daquilo que eram as nossas possibilidades”, ou a crítica aos hábitos, na sua perspectiva, demasiado consumistas da nossa sociedade, senão pelo facto de esse discurso estar alinhado com o do governo e, daí, toda a esquerda, com a cumplicidade da comunicação social, desferir os mais violentos ataques sobre a fundadora do Banco Alimentar contra a fome, alegando que ela ofendia os pobres?  

Como é possível, que essa mesma esquerda e essas mesmas redacções, não se indignem, não se manifestem, quando personalidades da política portuguesa fazem a apologia de um regime norte coreano onde, provavelmente, milhões morrem à fome para manter o maior exército do mundo? Isto faz sentido?

Qual é o critério aqui? A polémica gerada, nasce de uma efectiva preocupação e defesa dos mais pobres e desfavorecidos, face aos autores de tão ofensivas declarações, ou estas polémicas mediáticas servem apenas para condicionar a luta política entre esquerda e direita?

Outro exemplo dos perigos que, em Portugal, incorre quem por declarações coloca em causa a “esquerda”. Alexandre Soares dos Santos foi dos poucos que usou criticar publicamente Sócrates. Quando a Jerónimo Martins transferiu a sua sede para a Holanda, os ataques surgiram de todo o lado! O Sr. era “anti-patriota”, que o grupo JM tinha “desistido de Portugal”, fizeram-se apelos a boicotes ao Pingo Doce etc..

Mas um pequeno pormenor foi omitido, que o grupo JM era a última das empresas do PSI-20 a transferir a sua sede de Portugal. Ou seja, se havia alguma conclusão a retirar daquela decisão, seria que A.S dos Santos foi o mais patriota entre os maiores empresários portugueses… mas não, o que os media durante meses nos transmitiram era que este sr, entre outras coisas, criador da Fundação Francisco Manuel dos Santos, era um pária.

Estes e outros exemplos, são ilustrativos de uma prática discriminatória que, na perspectiva do autor deste blog, ocorre com alguma frequência no espaço mediático português: a censura do pensamento de algumas personalidades, mais conotadas com a “direita” (como Alexandre Soares dos Santos ou Isabel Jonet aqui citados), versus, uma tolerância ou protecção de outras personalidades ligadas à outra barricada: esquerda , socialista.

São os filhos e os enteados da Comunicação Social portuguesa…

07 dezembro, 2012

Notícias que passam ao lado das manchetes...

 
Muito se te falado sobre a necessidade de medidas de incentivo à economia. Nos jornais, radio e televisão, repete-se à exaustão que o (excessivo) foco na “austeridade”, sem olhar para a componente do crescimento, é inútil pois perpetuará a estagnação económica.

Mas no mesmo País, onde diariamente se fala disto e se dá grande importância ao assunto, é, no mínimo estranho, que praticamente não se encontrem nos media de maior relevância esta notícia:

Esta alteração da estratégia é importante pois, finalmente, o discurso dos políticos quanto à importância de “regressar” ao interior, de apostar no desenvolvimento da agricultura ou na re-industrialização do País, parece finalmente passar das palavras aos actos.
 
Será que a pouca visibilidade da notícia é por se tratar de investimento no interior do País em detrimento de investimento nos grandes centros urbanos?...

É da mais elementar justiça a canalização de recursos para o interior, onde, os cidadãos que lá habitam, têm sido tratados como cidadãos de 2ª ou 3ª. Nas últimas décadas, o interior foi esvaziado de serviços, o que acelerou a desertificação.
 
Estes portugueses foram ainda presenteados com o escandaloso "spill over effect". Esta prática, que muitos portugueses desconhecerão, foi apresentada em Bruxelas pelo Governo Central de então e serviu para desviar centenas de milhões de euros que estavam destinados em Fundo de Coesão (o que significa que apenas poderiam ser utilizados nas regiões mais pobres) ao interior, para serem aplicados em Lisboa, a propósito de um argumento, segundo o qual, o dinheiro embora aplicado na capital também beneficiava as regiões do interior…
 
 
Voltemos ao "Programa Valorizar", se esta notícia significar uma efectiva alteração na estratégia de desenvolvimento do País, nomeadamente, de uma aposta no interior e na correcção das assimetrias regionais, é uma excelente notícia. É pena, no entanto, quando se constata no tempo e horas de emissão dedicadas pelos media a assuntos de duvidosa relevância para o País - como as imagens que a psp viu na rtp, por ex. -, em detrimento de assuntos que se revestem da maior importância para o desenvolvimento de Portugal e que são praticamente ignorados pela comunicação social… critérios jornalisticos!

O País só se poderá desenvolver com uma estratégia que olhe para todo o território, não poderá ser “Lisboa e o resto paisagem”. Basta olhar para o que acontece nos países que seguiram esse modelo de desenvolvomento e em que nas respectivas capitais se concentram, às vezes, quase metade da população.

 Dois exemplos: Angola e… a Grécia.

05 dezembro, 2012

Episódios negros da comunicação social portuguesa.


Neste post, recorda-se um dos episódios que melhor demonstram como a comunicação social em Portugal, impunemente, pode cometer os maiores erros na informação prestada e induzir os cidadãos de forma completamente desonesta e manipuladora.

Ao fim da tarde de 15 de Setembro de 2012, dia de uma das maiores manifestações de protesto realizadas em Portugal, todos os órgãos de comunicação social avançaram a notícia: “Manifestante imolou-se em Aveiro”
 

Talvez se recordem que, entre essa tarde de Sábado e o dia de 2ªfeira, esta notícia foi continuamente repetida nas rádios, jornais e tv. O tom (como se justificava, se tal situação fosse verdadeira) era dramático: “como é possível chegar a este nível de desespero? ”, relacionava-se a “imolação” com a “austeridade”, etc.. Seguem-se alguns links (TSF, Expresso, DN).
 
 
 
"Um homem que participava nos protestos em Aveiro contra as medidas de austeridade imolou-se pelo fogo"

Ao fim de 2 dias e, numa pequena reportagem televisiva de um dos canais, envergonhadamente foi referido que o protestante não se teria imolado mas seria, afinal, vítima de um acidente:
 
"o episódio que foi noticiado como uma tentativa de imolação durante os protestos na cidade, foi originado pelo derrame de líquido inflamável quando o jovem, de 21 anos, se preparava para um número circense, cuspindo fogo."

E assim, depois de linhas e linhas na imprensa, milhares de comentários nas redes sociais à volta dos terríveis efeitos da austeridade, depois de horas de emissão dedicadas ao tema, o assunto “desapareceu”. Sem qualquer esclarecimento ou pedido de desculpas pela falta de rigor gritante envolvida na situação.
 
Isto é admissível numa “sociedade da informação”? Nunca se viu ninguém ligado ao jornalismo abordar este episódio, a dedicar-lhe uma reflexão que fosse, sobre o que tinha sucedido. Recordo que dias / semanas depois, ainda ouvia pessoas a falarem no jovem desesperado que se tinha “imolado contra a austeridade”.
 
Foi tão grave a forma como, durante aquele fim-de-semana, foi possível difundir interruptamente uma notícia falsa que, inclusivamente, marcou até emocionalmente, o próprio significado da manifestação, como a forma subrrepetícia como a mesma desapareceu das manchetes sem o esclarecimento que se impunha.

E é por episódios deste é que este blog se chama “Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...”
 

03 dezembro, 2012

Parece que o mundo não vai terminar, mas o fim da gratuitidade no Ensino é o começo!


Nos últimos dias, a propósito das declarações de PPC sobre a “refundação do estado” (nebuloso termo…), designadamente, os novos cortes na área da educação, levou as redacções a fabricar uma nova “polémica”: o suposto fim da gratuitidade no ensino obrigatório. 

Sem que ninguém do Governo tenha avançado tais medidas, tudo os Srs. Jornalistas foram escrevendo, desde co-pagamentos, à criação de propinas para ciclos de ensino que hoje fazem parte do ensino obrigatório e são gratuitos.

Na imprensa, na tv, no habitual tom alarmista pontuado pela palavra “anti constitucionalidade” a cada 17 segundos, a mensagem sugerida é mais ou menos esta: não existe outra alternativa que não seja sobrecarregar (ainda mais) os cidadãos portugueses e que estamos perante (mais um) “retrocesso social”.

 
Mas será mesmo assim? Será que na área da Educação não existe desperdício que pode, e deve, ser combatido em nome (precisamente) da salvaguarda dos contribuintes portugueses? Por exemplo, alguém saberá dizer, quantos milhares de professores trabalham: 
 
     - na sede do Ministério da Educação (ME)?    
     - nas Direcções Regionais da Educação?   
    - nos Observatórios, Gabinetes, Projectos, nas “unidades orgânicas flexíveis” (!?!?) e outras estruturas?
     - e quantos professores têm horário “zero”?
 
Alguém saberá dizer, quantos milhares de professores trabalham “na Educação” mas cuja função não é ensinar? Quantos estão convertidos em burocratas, ocupados unicamente com funções administrativas, que apenas contribuem para sobrecarregar, desmotivar os professores que têm a missão de ensinar alunos com papéis, procedimentos, formulários, etc.

Se a comunicação social se interessasse por investigar e desvendar esta estrutura “monstruosa” do ME e como são absorvidos os seus recursos, se tivesse a preocupação de informar e de dar a conhecer a resposta a algumas das questões acima, talvez ficasse claro que, afinal, talvez seja possível cortar significativamente na área da educação sem prejudicar o ensino e os alunos.

Aliás, os cortes, se aplicados nos locais certos, talvez permitissem aos professores que trabalham nas escolas - muitos deles verdadeiros heróis – centrarem-se mais na tarefa de ensinar que no preenchimento de papéis. É claro que isso implica “mexer no queijo de alguém”…

NOTA: Alguém perante esta notícia: "Oeiras tem 163 jardineiros para seis hectares", sentir-se-ia satisfeito, acharia normal, se a resposta fosse "temos jardineiros a mais pois são jardineiros com horário zero"?!