22 outubro, 2013

Aldrabice - a sua imagem de marca...

 
Confesso que não li "a" entrevista, apenas colhi (aqui e acolá) algumas passagens. Dessas impressões, o presente post salienta duas que apenas confirmam a ideia geral que já tinha da personagem.

A primeira tirada trata-se da frase mais reproduzida da entrevista nos media:
"Sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter".

Esta tirada deu origem a diversos comentários e reflexões de cariz político (se corresponde a um piscar de olhos à direita, se um posicionamento para as presidenciais ou se os simpatizantes de esquerda, podem ter ficado ofendidos, etc.).

Por “aqui”, o que sobressai dessa afirmação é apenas a confirmação da arrogância, da vaidade e da soberba do “ingenheiro”, imagem que ficou sugerida daquele célebre momento do
“oh Luís, fico melhor assim ou assim?... ”. Momento esse, recorde-se, em que se confirmava o pedido de ajuda externa pelo País, com as contrapartidas e as medidas que os portugueses tão bem conhecem…

 

A segunda frase exprime aquele desconcertante lado de Sócrates, mais concretamente, a desfaçatez e o “à vontade” com que insulta a inteligência das pessoas.

A propósito da nacionalização do BPN, terá respondido não sabia o que aquilo era!”…  

Coitado, ele não fazia ideia (nem sabe o que é um offshore sequer...), se soubesse os prejuízos de tal decisão, subentende-se, a decisão seria outra … se fosse o entrevistador teria perguntado:

“Mas, quando diz que "não sabia", isso não é uma admissão de incapacidade / impreparação, para governar o País?”

Também revelou que achou “…."mais prudente fazer a nacionalização", sublinhando que se estimava que o buraco da instituição fosse de 600 milhões de euros”. Mas, esperem lá, então na altura da nacionalização, Sócrates e T. Santos, não asseguraram aos portugueses que aquela nacionalização não custaria “um cêntimo aos portugueses”?!
 
(Neste caso, não é de excluir a possibilidade de não ter existido contraditório, por receio da jornalista em ser insultada...)

Enfim, pelos enormes prejuízos futuros que acarretam, supõe-se que pelo mesmo efeito “não sabia o que aquilo era!”, Sócrates também não teria tomado outras decisões:

 As PPP rodoviárias…, As PPP na área da energia…., A concessão de barragens hidro-eléctricas à EDP…, As obras do Parque Escolar…, Etc..

Tudo em Sócrates é fabricado e vazio… de verdade. Por isso, não li a entrevista, assim como, não vejo o seu “espaço de comentário” dominical. Ler ou ouvir a personagem, é um “déjà-vu”, e, acima de tudo, é deprimente constatar como em Portugal (leia-se, a sociedade portuguesa) ainda é um campo tão fértil para charlatões: dos falsos padres, passando pelos “professor bambo” (de várias cores) ou os funcionários da S Social impostores que aldrabam velhinhas. 

 
É deprimente constatar como em Portugal (e isto é válido para qualquer organização: uma empresa, por ex.), pode surgir um lunático e vergar à sua megalomania e delírio, toda uma estrutura. T. Santos, em última instância (e pagou por isso...), forçou um resgate que, se tivesse sido negociado 6 meses antes, não teria os erros de concepção deste, feito "em cima do joelho".
 
A este propósito, recordar como Sócrates diabolizou o FMI, ele era o homem que "não estava disponível para governar com o FMI", pois, como começa a sua declaração ao País depois de celebrado o MOu?..."O Governo conseguiu um bom acordo, um acordo que defende Portugal...".   
 
Assim, do dia para a noite, o "péssimo" fmi passou a ser a solução e, claro, ele (Sócrates) o homem indicado para por o memorando em prática... isto não são contradições...
 
  
Enfim, para concluir, republicamos um post de Agosto e deixamos à consideração do leitor, qual será afinal a “imagem de marca” que melhor define Sócrates:

     - Se o, sempre presente, padrão: “optar pelo mais fácil no presente e atirar com os prejuízos para os governos seguintes”;

     - Ou então, este cândido “não sabia o que aquilo era…”.



"...Recordem-se as “imagens de marca” dos governos de Sócrates:
PPP rodoviárias:

Sabiam que estas obras foram lançadas com um período de carência de 5 anos? Ou seja, o empreiteiro com dinheiro emprestado pela banca (bem remunerado claro...), faz a obra e só 5 anos depois o Estado começa a pagá-la... Isto é, injecta-se dinheiro na economia, criam-se um postos de trabalho e cobram-se uns impostos, faz-se uma festarola a inaugurar a obra à hora de abertura dos telejornais...

Cinco anos depois (agora) ficam auto-estradas onde não passa ninguém e é altura de pagar a dívida acumulada!

Isto não é mascarar as contas?!


Desorçamentação generalizada (obras públicas, saúde, educação, etc…):

Talvez o caso mais evidente desta desorçamentação seja a empresa Estradas de Portugal. Até ao consulado Sócrates, a despesa relacionada com manutenção e construção de estradas estava no perímetro orçamental. Com a alteração do estatuto da Estradas de Portugal (EP), todos esses encargos, deixaram de ser contabilizados no Orçamento de Estado e passaram as contas daquela empresa.
Todos os anos, milhares de milhões de €, "desapareceram" do défice mas foram-se acumulando na dívida E. P. – alguém, mais tarde, haveria de pagar. Aqui, podem constatar a dimensão deste truque contabilístico: enquanto, no final de 2007 a dívida da EP era de 1.000 milhões de €, 18 meses depois (em 2009, portanto) essa dívida já ultrapassava os 15.000 milhões! Mas, claro, a comunicação social em nada disso via razão para alertar os cidadãos e, nesse mesmo ano, Sócrates – por pouco – não voltou a ter maioria absoluta…

Para aferir a dimensão da despesa que foi sonegada à contabilidade do défice, podemos ainda consultar
aqui (artigo do Jornal de Negócios), como entre 2008 e 2011, a desorçamentação terá atingido valores entre os 6% e os 9% do PIB! (em média, 8.000 a 9.000 milhões € / ano).

Isto não é mascarar as contas?!


Concessão de barragens hidroeléctricas à EDP:
No mesmo ano em que Sócrates se afirmava o campeão do défice, para além da desorçamentação que era uma prática comum desde o início do seu mandato, encaixou, só em 2007 cerca de 750 milhões de € pela concessão à EDP das novas barragens no Douro. Os portugueses, basta olhar para a sua factura, facilmente percebem quem está agora a pagar esses negócios...
 
Note-se, que falamos das barragens que, mais tarde (2011, 1021) se dizia colocarem em causa o estatuto “Douro Património Mundial”. Imaginam o cenário que resultaria do cancelamento dessas obras, como iria o Estado devolver esse dinheiro à EDP e indemnizar as partes envolvidas (empreiteiros, projectistas, municípios, trabalhadores…)?

Isto não é mascarar as contas?!


A empresa pública Parque Escolar:

Aqui assiste-se a uma prática similar às PPP Rodoviárias, difere apenas na circunstância de o concessionário das PPP rodoviárias serem entidades privadas e, neste caso, o concessionário (a quem as rendas são pagas) ser uma entidade pública.
Um aspecto abordado na comunicação social, foi a chama “festa do Parque Escolar”. Mais uma vez, com recurso a fundos comunitários – mas com uma significativa componente de dívida à banca – foram efectuadas obras faraónicas em escolas pelo País fora (candeeiros Siza Vieira, pedras e mármores de países exóticos, sistemas de ar condicionado apenas usados em hóteis 5*, etc.). No entanto, um aspecto que não foi muito falado, e que explica como essa divida à banca será paga nas próximas décadas, é a circunstância de todas as escolas intervencionadas ao abrigo deste programa, passarem a ter de pagar avultadas rendas à empresa Parque Escolar. Esta, por sua vez e durante os próximos 20 – 30 anos, canalizará para a banca essas verbas de modo a reembolsar dívida assumida…
“Cada escola remodelada paga, em média, uma renda de 320 mil euros por semestre à Parque Escolar. Valores podem chegar aos 113 milhões por ano, quando estiverem prontas 178 escolas.”

Isto não é mascarar as contas?!


A empresa pública Estamo:

(esta é das minhas favoritas) Esta empresa pública foi
criada para gerar receitas extraordinárias através da gestão do patrmónio imóvel do Estado, operava da seguinte forma: O Estado dispoe de um imenso parque de imóveis onde funcionam todos os organismos da sua (mostruosa) estrutura. A Estamo é uma empresa pública criada para adquirir imóveis ao próprio Estado (confuso?), passando os organismos e serviços do Estado que funcionavam nesses edifícios a ser inquilinos da Estamo.
Quem beneficiava com isto? A banca que, para além da assessoria e comissões das operações, emprestava dinheiro à Estamo para as operações de compra dos imóveis, por outro lado. o défice desse ano, com esta receita, lá baixava mais um pouco.
O problema, é que a partir daí, estes organismos - que não tinham despesas por ocuparem esses edifícios -, passam a ter rendas a pagar à Estamo (que, na verdade, é um mero intermediário da banca).

Isto não é mascarar as contas?!


E o que têm comum todas estas manigâncias contabilísticas? Todas elas, através de divida contraída à banca, contaram com a cumplicidade do sector financeiro e este, claro, entre comissões, pareceres e assessorias, elevadas taxas de juro, etc.., graças a quem desgraçadamente nos governou nesse período, encontrou à sombra do Estado – à custa dos contribuintes portugueses – a “galinha dos ovos de ouro”.
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