06 maio, 2015

O Humor e o mindset “Esquerda boazinha Vs Direita maléfica”…


Num recente artigo, Rui Ramos debruçou-se sobre o tema “Porque é que todos os humoristas da rádio e da televisão são de esquerda?”
 
 Em jeito de resposta a esta interrogação, deixo outra: 
 
Se, de uma forma geral, políticos, economistas, comentadores, historiadores, etc…, provenientes ou ligados ideologicamente à “esquerda”, gozam de uma benevolência, tolerância e escrutínio público completamente distintos dos que proveem da “direita”, porque raio haveria de ser diferente com os humoristas?!
 
  
Alguns exemplos dessa discrepância no escrutínio mediático e tolerância (vulgo, “Esquerda boazinha Vs Direita maléfica”):
  • Se, em vez de Obama, Bush fosse o Presidente dos EUA, o funcionamento de Guantánamo ao fim de anos e anos de promessas do seu fecho, teria o mesmo tratamento jornalístico / mediático que Obama beneficia?
 
  • Se, em vez de Obama, Bush fosse o Presidente dos EUA, olhando ao barril de pólvora em que todo o Médio Oriente e parte de África se transformou, alguém duvida que veríamos – ao contrário do que sucede com Obama - na agenda mediática frequentes artigos a relacionar tal circunstância com o falhanço da política externa da Casa Branca nos últimos anos?
 
  • BPN Vs BES: Do ponto de vista da proteção dos contribuintes e do erário público, alguém pode duvidar que o atual governador Carlos Costa atuou de forma incomparavelmente superior que Constâncio durante os anos em que a fraude do BPN se desenrolou? Assim sendo, porque vemos C. Costa ser atacado todos os dias enquanto Constâncio acabou por ser premiado com a vice-presidência do BCE?
 
 
  • Previsões económicas: Qualquer erro deste Governo (lembram-se do Excel de Gaspar?) dá aso a um chorrilho de comentários sobre o seu irrealismo, fantasia, incompetência, etc., relativamente às suas projeções. Teixeira dos Santos e Sócrates, apresentavam Orçamentos com um défice de 3% que afinal eram 11% ou 12% e nenhum comentador ou jornalista fazia caso disso.  
 
Enfim, os exemplos são mais que muitos e as categorias “filhos e enteados” ou “daria um excelente escândalo se fosse para malhar na Direita...”, mostram inúmeros casos desta desigualdade de tratamento, designadamente, diferente grau de escrutínio e a tolerância jornalística para com o agente político consoante este é de "esquerda" ou de "direita" (sempre entre aspas....). 
 
Considerando este clima de hostilidade seletiva, admiração, seria constatar igual presença de humoristas de ambos os lados das "barricadas" ideológicas. No fundo é a lei da oferta e da procura a funcionar: Com semelhante condicionamento mediático, humor para ridicularizar a esquerda promete o mesmo sucesso comercial como ir vender mantas polares para as Caraíbas... (veem como "à direita" se faz humor?...)   
 
Pessoalmente, não reconheço a existência de humor de “direita” e humor de “esquerda”, apenas bom e mau humor (sendo este subjetivo, claro). Coisa diferente é um humorista atacar políticos de uma área ideológica ou outra. E essa prática já se insere numa das armas de guerrilha mediática mais usadas por cá: não discutir a mensagem, mas o mensageiro (fragilizando-o).
 
 
Lembrar os casos de Isabel Jonet, Fernando Ulrich ou, mais recentemente, o ataque  movido a José Rodrigues dos Santos. Personalidades que, por opiniões emitidas ou por posições assumidas que comprometem a narrativa de ocasião defendida pela inteligentsia de "esquerda", passam a constar de uma espécie de “lista negra” sendo, a partir daí,  na agenda mediática e nas redes sociais, sujeitos a todo o tipo de críticas e ataques pessoais sem se discutir a substância das suas ideias (a mensagem) ou o que defendem.      


No entanto, recorrendo a um caso real, para demonstrar a (falta de) tolerância para com o humor proveniente da área de “direita” e como é fácil ser objeto de uma campanha de ódio quando não se é adepto de ideologias de esquerda, sugiro a leitura de um post que acaba por se interligar com o artigo de Rui Ramos.

(já agora, aqui deixo a minha solidariedade ao autor e ao seu blog, que visito regularmente…)
 
 
E não matei 5 peregrinos, que seria se o tivesse feito.

O Pedro Reininho fez-me uma entrevista por e-mail com 8 perguntas que, na compreensível necessidade de vender papel, transformou numa capa sensacionalista.
 
A vida está difícil e eu, para ter os meus 15 minutos e fama, já sabia que me teria que sujeitar a isto.
Publico agora o que eu lhe disse para os estudiosos da comunicação social poderem comparar a fonte com a peça jornalística (ver, A história do professor mais odiado e Portugal).
(Só corrigi o erros ortográficos que seriam un 10, o que é pouco para o meu historial)
1. Esperava a reacção que causou a mera menção ao seu nome, por parte do deputado Duarte Marques? Como interpreta aquele artigo de Francisco Louçã, em que recupera algumas das considerações que o senhor tem publicado no seu blogue?
Como nota prévia, não conheço o deputado Duarte Marques nem ele me conhece e muito menos somos amigos.
O artigo do Louçã não me surpreendeu em nada e já o esperava há muito porque cada vez mais as batalhas políticas travam-se nos blogs. Mostrando eu no meu blog com números e factos que o denominado "outro caminho" anunciado pelos pensadores de esquerda é um embuste, uma história para adormecer criancinhas, sem qualquer viabilidade prática, não lhes sobraria mais do atacar o meu carácter. Pensaram que a palavra "pretalhada" seria a sua oportunidade.

2. A verdade é que, nesses artigos que tem vindo a publicar, emprega termos fortes ("pretalhada", "alienígenas", etc.) para referir-se às pessoas que têm tentado atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa. Até que ponto se trata de uma mera estratégia "comercial", um meio para conseguir mais "público" para os seus artigos?
Não interessa chamar a um pobre "Ex.mo Sr. Pobre e Desgraçado" para, depois, o mandar embora sem esmola.
Essa minhas palavras são um grito de indignação. Agora que foram notadas, queria que o Louçã apresentasse uma solução minimamente credível para o problema das centenas de milhões de pessoas que, desde Moçambique ao Bangladesh passando pela Guiné-Bissau, levam vidas de extrema miséria. Não queria o discurso de que "a culpa é do grande capital" mas antes que fossem aos calhamaços de Economia estudar soluções práticas.
Em certa medida, as palavras são uma estratégia comunicacional, uma forma de gritar no meio da multidão dos blogs.


3. O mesmo se pode dizer das teorias que apresenta para resolver o problema da SIDA, ou para o equilíbrio da Segurança Social. É um inconformado? Um irreverente? Como se define?

Quando falei do abate sanitário como política para acabar com a SIDA também referi que essa política não só não resolveria o problema como ainda o agravaria. O seu uso pelo Louçã só prova a minha tese de que o pretendido não era discutir o problema da SIDA mas lançar um cortina de fumo sobre as incoerências do actual discurso da esquerda.
Eu sou, enquanto figura pública, uma criação do espaço público, livre e não moderado que os blogs materializam. É neste espaço que luto todos os dias para ser livre. Poderia escrever sobe anonimato como fazem, por exemplo, no Irão mas isso seria reconhecer de que não vivemos numa sociedade de livre pensamento. Seria tornar-me prisioneiro das pessoas que se acham as únicas com direito a pensar sobre a miséria que aflige o Mundo (mas que não pensam).

4. Essa forma discursiva tem um preço: as adjectivações mais variadas de que é alvo. Incomodam-no?
Não me incomodam nada porque, de facto, essas adjectivações não são sobre mim enquanto pessoa mas apenas enquanto personagem de um mundo virtual. Quando eu vou à farmácia, ao supermercado, ao café, ou caminhar à beira mar, nesses mundos não existe qualquer ligação com a minha personagem enquanto bloggista.
Cada vez mais as pessoas são multipolares, os momentos em que sou judoca, professor, bloggista, amante da natureza, etc. não se interceptam. Por exemplo, na aldeia onde vivi desde que me lembro até ir estudar para a universidade não sabem que eu sou professor universitário, pensam que eu não tenho emprego e que vivo à custa da reforma da minha mãe. 

5. Licenciou-se em Engenharia de Minas (em 1988, se não estou em erro). Porquê esta área?

Quando eu, em 1983, me candidatei à Universidade escolhi Minas porque gostava das coisas da natureza e não precisava pensar na sua aplicação profissional porque os meus pais, tendo 6 filhos, não tinham recursos mínimos para que eu pudesse frequentar a universidade. Tive sorte de a minha mãe ter lutado para que eu tivesse uma bolsa de estudo. Eu, enquanto licenciado, sou um filho do Estado Social.

6. É filiado nalgum partido?
Não. Em termos políticos defino-me como um liberal e já votei no CDS, no PSD e no PS.

7. É o mais velho de três irmãos. Que importância tem a família? Tem filhos?
Pedro, eu talvez cortasse esta pergunta porque não terá interesse.
Tenho 5 irmãos e não tenho filhos porque os homens não podem ter filhos.

8. Porquê essa ausência de relação com telemóveis?
Telefonar, receber telefonemas ou cartas e falar com pessoas causa-me mal estar.
Deve ser uma doença qualquer."
 
 
 



1 comentário:

  1. O seu blog é absolutamente ilegível. Modere a escolha das fontes, a alternância no tamanho e nas cores, os negritos, os itálicos, as imagens enfiadas a martelo.

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