08 abril, 2015

“Cortam, cortam, cortam, mas a despesa aumenta!”, ouço à mesa durante o almoço…

O desabafo em título, foi ouvido ontem durante o almoço e é uma daquelas ideias que, de tão repetidas na agenda mediática - pelas vozes da oposição, mas também por diversos comentadores -, tornou-se em mais um daqueles casos de “ideia implantada”.

Quando disse (perante a atitude reprovadora da maioria dos presentes…) que essa ideia não correspondia aos factos e que, pelo contrário, a despesa baixou uns largos milhares de milhões de euros, ainda obtive como resposta “Tenho a certeza que não é assim, pois já vi muitos comentadores na televisão a dizê-lo!”.

Enfim… “Uma mentira mil vezes repetida, transforma-se em verdade…” 

Você também está convencido que a despesa aumentou?

A partir do Portal do Governo (que, note-se, recorre a dados oficiais) testemos a adesão à realidade desta “ideia implantada”. 
 
O gráfico seguinte representa a evolução da despesa, mas sem a componente dos juros (despesa primária).

 


Conclusão: ao longo de quatro anos, existiu uma redução acumulada de cerca de 11 500 milhões de euros.


Algumas notas sobre esta evolução:

- outra “ideia implantada” traduz-se na noção generalizada de a despesa ter baixado, exclusivamente, em função dos cortes aplicados a vencimentos e pensões. Isto também não é verdade, já que o peso desses cortes na despesa é muito inferior (menos de metade) dos 11.500 milhões de redução de despesa;

- o efeito ainda desconhecido dos portugueses, da pesada herança das políticas seguidas no consulado de Sócrates (e não falo de questões criminais). O quadro em baixo (fonte INE e Banco de Portugal) permite-nos constatar que em 2005 a despesa com juros era inferior a 4.000 milhões de Euros. 


 
No entanto, fruto de coisas que permanecem como orgulhos do PS”, os portugueses têm hoje de suportar quase 9.000 milhões de euros de despesa com juros! E a este (mais do que) duplicar de encargos com juros, há ainda a somar as rendas com PPP que representarão nos anos vindouros mais 1.500 a 2.000 milhões de euros anuais… 


Povo que vos indignais! Entre 6.000 e 7.000 milhões anuais do vosso esforço, do vosso trabalho, vão direitinhos para o pagar a “visão” socialista que, Sócrates e seus companheiros de partido, executaram entre 2005 e 2010.

Esses mesmos que vos preparais para reeleger…     

“No encontro, em que teceu duras críticas à governação PSD/CDS, António Costa afirmou também que, “ao contrário do que o Governo diz, apesar dos cortes nos salários, cortes nas pensões, cortes das despesas sociais, apesar do aumento da carga fiscal, a verdade é que as finanças públicas não estão melhores do que há quatro anos”.”


Voltando à discussão durante o almoço: como normalmente faço, disse ao "indignado" para ser mais desconfiado em relação às coisas que e ouve na televisão e nos media em geral. Que fizesse uma pesquisa na net, observa-se os dados e, então, retirasse as suas conclusões.    

 
Os media, deviam confrontar aqueles que dizem que finanças públicas estão pior com os factos e não colaborar com a sua estratégia.
 
Em Portugal, os cidadãos não votam em função de factos e de informação objectiva, mas em função de opinião e emoção induzidas em relação ao político A ou B.
 
 
 
 

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