07 agosto, 2013

Juro que não queria falar mais de SWAPS...


Antes de ir aos mais recentes desenvolvimentos desta novela, partilhar um pensamento que nos últimos dias me tem ocorrido: se, no tempo certo, a comunicação social tivesse "acordado" para este problema da “maquilhagem de contas”, se, durante 6 anos de tanta aldrabice contabílistica, os srs. jornalistas não tivessem mantido (por oposição à hipersensibilidade actual) uma atitude de autêntica passividade bovina, teria sido possível poupar os portugueses a parte dos sacrifícios que agora têm – temos – de fazer… 

Sobre a “caça às bruxas“, “é assim”: no início, os socialistas contrataram estes swaps ruinosos estando este governo, e a ministra, a remediar a situação. Aqui, a questão central eleita pela comunicação social, não foi o apuramento de responsabilidades pela existência de tais contratos, não. Como a Mª L. Albuquerque disse que na transição de pastas não constava informação dos swap (e os socialistas diziam que sim), a responsabilidade da assinatura desses contratos foi considerada uma questão lateral... A questão central passou a ser a conduta da ministra: teria, ou não mentido?

Entretanto, depois de semanas sob fogo, a ministra conseguiu provar que, efectivamente, nada de relevante e concreto tinha sido transmitido relativamente aos “swap tóxicos”… o jornalismo - que nem se preocupou em confrontar os socialistas (quem mentia afinal?) com os elementos apresentados - logo substituiu essa polémica. O alvo deixou de ser a ministra, mas a sua imagem, claro, foi seriamente desacreditada.

Agora, com base em documentos possivelmente forjados, lançou-se na comunicação social a notícia que este secretário de Estado era o responsável pela proposta de swaps tóxicos ao governo de Sócrates. Desta vez, se quem apresentou os documentos mentiu ou não mentiu, parece que é secundário, lateral. A questão central é saber se o secretário de estado – há altura colaborador do CitiBank – estava associado a essas propostas…

Pelo menos, nisto de definir o que é a questão central e a questão lateral, o critério da comunicação social é óbvio e coerente: os “culpados” são sempre os mesmos… a isto chama-se “Jornalismo de Inquisição”. Agora a questão de fundo:
 
A escolha de um Ministro ou Secretário de Estado das Finanças, passa a ficar vedada a pessoas que tenham trabalhado no sector financeiro?


Considerando a polémica em torno do actual secretário de estado – dado como incompatível para o lugar porque “andou enrolado” em swaps -, e, sabendo nós, que todas as empresas do sector financeiro comercializam esses produtos, depreende-se pelos comentários de jornalistas e comentadores nos últimos dias, que “JAIMÉ!” alguém com experiência nesse sector poderá exercer funções das Finanças. 

Saído este sec. de estado de cena, talvez seja melhor começar a recrutar os próximos , por ex., em roulottes de venda de farturas… desde que, claro, nunca se tenham esquecido de passar factura! (já imagino as reportagens com anónimos a relatarem a compra de coiratos à margem do fisco…um escândalo!!!)   

Um governante, deve ser seleccionado pelas suas competências e, posteriormente, avaliado pelo mandato e trabalho desenvolvidos, ou são os jornais, em função do seu critério selectivo e pelo clima criado em torno da escolha, o elemento determinante a observar? Se a comunicação social tivesse ficado silenciosa, como sucede em tantos outros casos, teria existido demissão neste caso?...
 
Mas a própria reacção de Pais Jorge - com as suas hesitações e receios de como as coisas seriam exploradas mediaticamente - é sintomática dos tempos de verdadeira “tirania mediática” em que vivemos. Se estava ao serviço de uma entidade que comercializava esses produtos, é expectável que fizesse o quê?!

Por exemplo, imaginemos que, nos próximos meses, o Estado, através das inúmeras entidades públicas que tutela, passar a comprar mais grades de cerveja à Unicer, como vai ser? Será que se vão levantar questões éticas relativamente ao novo Ministro da Economia?