Como muito bem demonstra este post do Impertinente, os governos português e espanhol, estão longe de serem os grandes opositores a um acordo com a Grécia. Essa é mais uma “ideia implantada” (com o valioso contributo do jornalismo militante) que serve a estratégia de momento do Syriza e os interesses eleitorais dos mesmos de sempre...
"Mitos (188) – Mitologia grega (I)
A esquerdalhada e o jornalismo de causas domésticos têm vindo a apontar o dedinho acusatório à ministra das Finanças por, dizem eles, estar a ser na questão Syriza versus Eurogrupo mais papista do que o papa ...
O certo é que vários dirigentes políticos da Europa de Leste – dos países que foram ocupados pelo Império Soviético e tendo experimentado as fórmulas da esquerda comunista e bloquista ficaram imunizados - não tiveram papas na língua e deixaram muito claro o que pensavam sobre o assunto:
- «Ninguém na Europa quer dar dinheiro à Grécia», Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia
- «A zona euro está mais estável e mais forte do que há cinco anos e a hipotética saída de um dos seus membros teria um fraco impacto», Maris Lauri, ministra das Finanças da Estónia
- «A cooperação com a Grécia só pode ter por base o programa de assistência financeira existente, com condições claras», Janis Reirs, ministro das Finanças da Letónia
- «A política de austeridade foi o único remédio para nós e não vejo motivo para os gregos não a aplicarem … o populismo" grego é perigoso para a Europa», Andrius Kubilius, antigo primeiro-ministro da Lituânia."
Basta olhar ao que governos de outros Estados-membros dizem sobre a postura do Syriza - opiniões que os portugueses desconhecem por "opção editorial" dos nossos media -, comparar a contundência dessas afirmações com o que tem sido a dita posição “mais alemã que os alemães” de M.ª L. Albuquerque e Passos, para constatar, por muitas vezes que essa ideia seja reproduzida na abertura de telejornais, que essa "ideia implantada" é uma falácia …
Dá que pensar, isso sim, é nas razões pelas quais Tsipras e Varoufakis, não usam os seus “camaradas” da agenda mediática para lançar farpas aos responsáveis dos diversos governos que têm uma posição semelhante - até mais dura, como vimos - optando antes por visar apenas os governos português e espanhol…
A resposta, suspeito, é simples: estando os países de leste imunizados da solução socialista (com bem refere o Impertinente) e sendo em Espanha e Portugal onde existem situações económicas mais próximas da situação grega, a estratégia é o recurso aos seus “irmãos” ideológicos. O Podemos, aqui ao lado, e uma hipotética “aliança de esquerda” que poderia nascer em Portugal envolvendo o BE, o Livre & C.ª com o PS (A. Costa, na sua habitual ambiguidade, tem alimentado essa possibilidade).
Ora, isto levanta um novo paradigma na relação entre membros da UE, algo que até agora sempre foi evitado: a utilização das instituições e da “política europeia”, para que algumas famílias políticas e ideológicas, se intrometam de forma aberta nas disputas politicas internas de cada Estado.
Efeitos da "nova forma de fazer política" do Syriza... o apelo ao "nacionalismo ideológico".
Nas últimas horas esta estratégia teve novos desenvolvimentos...
Para quem está sempre a apelar à solidariedade europeia, a assumir-se perante os europeus como uma “nova esperança” e um movimento, esse sim, composto por gente que efetivamente visa a “união dos povos europeus”, brincar com parece-me um precedente muito perigoso…
Mas, tratando-se de extrema-esquerda, o mundo mediático e do comentário político, finge não reconhecer o risco deste radicalismo.
Para alguns portugueses, aliás, parece que um simpatizante ou militante do Syriza, é mais seu compatriota que um cidadão português cuja convicção politica seja distinta da sua…
Recordar aqui a tirada de Louçã – esse grande democrata - quando, há alguns dias atrás, disse:
“Portugal tem pela 1.ª vez um governo que nos representa na Europa, o grego.”
A noção de democracia desta malta vê-se muito nestas tiradas… Como se o atual governo não tivesse resultado de umas eleições onde, recorde-se, o BE de Louçã teve menos de 300.000 votos, face a cerca de 3.700.000 de portugueses que votaram a coligação que, lá mais para o Verão, será escrutinada.
“Portugal tem pela 1.ª vez um governo que nos representa na Europa, o grego.”
A noção de democracia desta malta vê-se muito nestas tiradas… Como se o atual governo não tivesse resultado de umas eleições onde, recorde-se, o BE de Louçã teve menos de 300.000 votos, face a cerca de 3.700.000 de portugueses que votaram a coligação que, lá mais para o Verão, será escrutinada.
Imagine o seguinte cenário: suponhamos (espero que não aconteça) uma vitória de Le Pen em França. Qual seria a reação do nosso jornalismo e do espaço mediático em geral, se surgisse o líder no PNR a dizer:
“Portugal tem pela 1.ª vez um governo que nos representa na Europa, a Srª Le Pen!”?
Tão mau como a vergonhosa estratégia de Tsipras - que, na boa tradição comunista do "inimigo externo" - está a usar Portugal e Espanha como bodes expiatórios para justificar as ilusões e as mentiras vendidas ao povo grego, é observar a quantidade de portugueses disponíveis para - contra os interesses do seu próprio país - colaborarem com essa estratégia por dela retirarem proveitos políticos.
Que triste País este....
Sem comentários:
Enviar um comentário
...