19 março, 2015

Lista VIP e a rendição à tirania mediática.

 
Anda tudo indignadíssimo com a “lista VIP” de contribuintes. Aqui e acolá, ouço jornalistas e comentadores dizerem que os cidadãos não aceitam que existam contribuintes de e contribuintes de . Que esta polémica veio abalar a confiança dos portugueses no Fisco…
É mais um caso de ideia implantada.
Vejamos, o caso começou na sequência da seguinte constatação: funcionários do fisco, por mera curiosidade andavam a bisbilhotar a informação fiscal de alguns contribuintes. Pessoalmente, tomar conhecimento que isto pode acontecer com total leviandade, é que abala a minha confiança no fisco...
Mas parece que isto não preocupou ninguém. Aliás, é delicioso verificar que até a comissão nacionalde proteção de dados se manteve sossegada perante este assunto – o sigilo e a reserva da informação fiscal dos portugueses não estava em causa, presume-se -, mesmo com declarações públicas do presidente do sindicato afirmando “…que é uma prática comum os funcionários consultarem as informações fiscais dos contribuintes quando há sinais exteriores de património acima da média” – já agora, qual é a média?...
Caro cidadão, não pense pela sua cabeça, deixe que os jornalistas o façam por si!
Por favor, ponham o mais rapidamente possível, Costa no lugar de PM para que este clima de histeria e constante polémica na comunicação social cesse. O meu sistema nervoso já não aguenta…
Estivesse o PS no governo e, não tenho dúvidas, assistiríamos a um enquadramento e discussão mediática completamente distinto. O drive da indignação seria algo do género:
 
Como é possível que os cidadãos estejam à mercê do voyeurismo dos trabalhadores dos impostos?!
 
Como é possível que o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Impostos se ache acima do direito constitucional dos portugueses à reserva e sigilo da sua informação fiscal?!

 
No plano mediático, bem longe do clima de histerismo e indignação atuais, assistiríamos à abertura de telejornais  dando conta aos portugueses que o governo socialista estava atento à situação e que estava já a preparar medidas no sentido de estabelecer um controlo mais apertado à possibilidade de acesso indevido à informação fiscal dos cidadãos…    
 
 

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