Como não disse coisas como “os gregos são vítimas da austeridade”, “os gregos são vítimas de Merkel” ou “os gregos passam fome porque os credores lhes impõem austeridade”, JRS – tal como sucedeu a Isabel Jonet, Soares dos Santos, F. Ulrich, César das Neves, etc.. - é o mais recente proscrito da linha de pensamento único que domina a agenda mediática.
Admitindo que algumas passagens das suas reportagens podem levar a uma generalização a todo o povo grego de práticas de corrupção ou de fuga aos impostos, será essa “caricatura” mais desviada da "realidade" apresentada por aqueles que repetidamente se referem à Grécia como uma “vítima da austeridade e de Merkel”?!
Não será a narrativa da “esquerda”, que assenta numa ideia chave – a “austeridade” é a origem de todos os males – a maior caricatura de todas?
Dizer, por exemplo, que a Grécia está a passar pela III Guerra Mundial, será menos infeliz que constatar que a corrupção faz parte do dia-a-dia dos gregos?
Em suma, a indignação com as reportagens de JRS decorrem de um mau trabalho jornalístico realizado ou serão apenas fruto de mais um episódio de condicionamento do que é (ideologicamente) aceitável dizer-se no espaço mediático?
Mentiras que, mil vezes repetidas, se transformam em verdades…
Mentiras que, mil vezes repetidas, se transformam em verdades…
A narrativa dominante dos media estabelece uma relação causa / efeito entre as “políticas europeias de austeridade” e a crise. Será mesmo assim?
Por exemplo, o altíssimo nível de desemprego (provavelmente o principal problema europeu), poderá até estar relacionado com as tais "politicas europeias", mas, não decorrerá essencialmente de outro fenómeno, conhecido há mais de 20 anos, a globalização? (nomeadamente, a deslocalização da produção da Europa para Leste, Oriente, Norte de África, etc.)
Será “uma caricatura” dizer que enquanto uns países - com os alemães à cabeça – se prepararam, fazendo as necessárias reformas e ajustamentos para esse embate, outros dizendo que "há mais vida para além do défice" se limitaram a ir "empurrando com a barriga para a frente"?
Há 10 anos atrás, os alemães estavam a limitar salários à função pública enquanto gregos (e portugueses) os aumentavam! Será “uma caricatura” dizer que Portugal e a Grécia (também outros, mas fundamentalmente estes), foram vivendo à custa do crédito que a entrada na Zona Euro lhes possibilitou, mas ignoraram sistematicamente as duas regras essenciais exigidas à permanência nessa mesma zona: défice próximo dos 3% e dívida pública abaixo de 60% do PIB? (Critérios de Convergência de Maastricht)..
Não será que, em larga medida, estas duas posturas e a respetivas sociedades, estão a “colher o que semearam”?
Outra linha de argumentação recorrente é a evocação das responsabilidades dos alemães na II G.M., concretamente, as suas dívidas de guerra à Grécia. Sinceramente, faz algum sentido sugerir uma espécie de “acerto de contas” misturando uma dívida que, essencialmente, é o resultado das asneiras, das megalomanias e da irresponsabilidade dos gregos (que também a houve por cá) com uma guerra de há quase 80 anos?!
Se vamos entrar neste tipo de contabilidade qual é o limite? Por ex. nós portugueses, estaremos na disponibilidade para reconhecer e pagar, as dívidas correspondentes às riquezas extorquidas às nossas antigas colónias africanas, ao Brasil, etc.?...
Aliás, e dentro ainda desta narrativa de "guerra": em vez dos alemães, mais depressa vejo como meus principais inimigos aqueles políticos portugueses que, à custa de dívida a pagar com os meus impostos (e, no futuro, pelos meus filhos e netos...), fizeram as auto-estradas onde ninguém passa, um tgv que não saiu do papel, as obras do parque escolar, etc.! Esses, sim deviam ser vistos como os verdadeiros inimigos (em vez de andarem a meter-se em autocarros para lhes demonstrar solidariedade...)
O mesmo, talvez mais até, não se aplicará ao povo grego?…
Repare, aqui em Portugal, é frequente relacionar os cortes e a austeridade com os submarinos “comprados pelo Portas”. Não é curioso constatar que os mesmos que usam os “nossos” 2 submarinos como arma de arremesso político contra a área de centro direita, acham infeliz, e até apelidam de xenófobos, aqueles que recordam os 6 submarinos comprados pelos gregos como "caricatura" do escandaloso nível de corrupção na Grécia?
Qual é o princípio e a coerência?...
Não será que, em larga medida, estas duas posturas e a respetivas sociedades, estão a “colher o que semearam”?
Outra linha de argumentação recorrente é a evocação das responsabilidades dos alemães na II G.M., concretamente, as suas dívidas de guerra à Grécia. Sinceramente, faz algum sentido sugerir uma espécie de “acerto de contas” misturando uma dívida que, essencialmente, é o resultado das asneiras, das megalomanias e da irresponsabilidade dos gregos (que também a houve por cá) com uma guerra de há quase 80 anos?!
Se vamos entrar neste tipo de contabilidade qual é o limite? Por ex. nós portugueses, estaremos na disponibilidade para reconhecer e pagar, as dívidas correspondentes às riquezas extorquidas às nossas antigas colónias africanas, ao Brasil, etc.?...
Aliás, e dentro ainda desta narrativa de "guerra": em vez dos alemães, mais depressa vejo como meus principais inimigos aqueles políticos portugueses que, à custa de dívida a pagar com os meus impostos (e, no futuro, pelos meus filhos e netos...), fizeram as auto-estradas onde ninguém passa, um tgv que não saiu do papel, as obras do parque escolar, etc.! Esses, sim deviam ser vistos como os verdadeiros inimigos (em vez de andarem a meter-se em autocarros para lhes demonstrar solidariedade...)
O mesmo, talvez mais até, não se aplicará ao povo grego?…
Repare, aqui em Portugal, é frequente relacionar os cortes e a austeridade com os submarinos “comprados pelo Portas”. Não é curioso constatar que os mesmos que usam os “nossos” 2 submarinos como arma de arremesso político contra a área de centro direita, acham infeliz, e até apelidam de xenófobos, aqueles que recordam os 6 submarinos comprados pelos gregos como "caricatura" do escandaloso nível de corrupção na Grécia?
Qual é o princípio e a coerência?...
Outro exemplo, atente-se nesta declaração de Roberto Almada, cabeça de lista do BE na Madeira:
“Chegou a hora de aposentar compulsivamente Alberto João Jardim, que nos levou a um beco sem saída, que fez com que a região estivesse endividada até ao tutano, que fez com que os nossos filhos e os nossos netos estejam com o seu futuro endividado"
Claro que nenhum jornalista questionará o bloco, ou alguém da esquerda, se não é demagógico e contraditório, dizer que A.J. Jardim nos “endividou até ao tutano” e comprometeu o futuro “dos nossos filhos e netos” e, simultaneamente, dizer que os gregos são vítimas da austeridade e da “bruxa” da Merkel...
Não digo que a Europa deva abandonar os gregos à sua sorte, mas custa a acreditar na forma infantil como este assunto é tratado na agenda mediática, onde existem: os “bonzinhos da esquerda” que querem crescimento e emprego Vs os “mauzões da direita” que querem a austeridade.
E, confrontados com este contexto e esta narrativa mediática, será assim que os portugueses irão votar nas legislativas aqui a uns meses…
Enfim, Portugal é muito isto…
“Chegou a hora de aposentar compulsivamente Alberto João Jardim, que nos levou a um beco sem saída, que fez com que a região estivesse endividada até ao tutano, que fez com que os nossos filhos e os nossos netos estejam com o seu futuro endividado"
Claro que nenhum jornalista questionará o bloco, ou alguém da esquerda, se não é demagógico e contraditório, dizer que A.J. Jardim nos “endividou até ao tutano” e comprometeu o futuro “dos nossos filhos e netos” e, simultaneamente, dizer que os gregos são vítimas da austeridade e da “bruxa” da Merkel...
Não digo que a Europa deva abandonar os gregos à sua sorte, mas custa a acreditar na forma infantil como este assunto é tratado na agenda mediática, onde existem: os “bonzinhos da esquerda” que querem crescimento e emprego Vs os “mauzões da direita” que querem a austeridade.
E, confrontados com este contexto e esta narrativa mediática, será assim que os portugueses irão votar nas legislativas aqui a uns meses…
Enfim, Portugal é muito isto…
O José Rodrigues dos Santos é um poucos JORNALISTAS que existem neste país.
ResponderEliminarA função do jornalista é não só relatar os factos mas também e
principalmente, explicá-los.
A função do jornalista não poderá NUNCA ser a de mera via de transmissão de
"outros interesses".
Viva o Jornalismo. Fora a Censura. Fora a Propaganda.
Ótimo!
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