28 junho, 2013

PEC IV: a nova religião.


Não deixa de ser curioso observar como muitos socialistas troçam de Cavaco Silva, pela sua fé em Nossa Senhora, e depois vê-los criar um autêntico culto à volta de um “símbolo”, esse sim, nos conduziria à salvação. Esse símbolo e essa crença, o PEC IV…

 
 
A entrevista de Teixeira dos Santos veio (mais uma vez) insistir num dos mitos mais recentes da política portuguesa: “O PEC IV teria evitado o resgate português.”

Para os seguidores de Sócrates, este PEC IV converteu-se numa nova espécie de Sebastianismo. Mas não passa de um mito, uma falácia que, sistematicamente, passa sem o devido contraditório jornalístico. Como resultado disto, na opinião pública, vai-se implantando a ideia que este memorando da Troika - e os sacrifícios que dele decorrem - são “obra” de Passos & Gaspar em vez dos verdadeiros responsáveis – os socialistas.  

O que deveria ser perguntado a Teixeira dos Santos a este propósito:

Dr. T.S., recuando ao início de 2011 e ao PEC IV: considerado que, tanto a Irlanda, como a Grécia, estavam já sob resgate fmi/feef, garante aos portugueses que as instituições europeias iriam dar a Portugal um tratamento previligiado?

E quanto nos iriam emprestar, 80.000, 100.000 milhões de €?! A que taxas, 1%, 2%?!


Se o PEC IV fosse realmente um programa nos termos em que os socialistas o “pintam”, não teriam já surgido documentos que comprovassem isso? Claro que sim! Mas, para os jornalistas “esquerda friendly” uma afirmação do género “ai! Disseram-nos num encontro, não tenho qualquer dúvida que esse apoio ao PEC IV existia!”, é prova mais que suficiente...

Quem tiver fé nestes socialistas (a trupe de Sócrates, bem entendido…) pode agarrar-se com grande convicção a esta versão, mas trata-se disso mesmo - Fé. O 4º PEC, sem troika, destinava-se a manter Portugal nos mercados a contrair divida a 7, 8, 9 % (aguantaríamos mais 3 ou 4 meses, talvez o suficiente para colocar o TGV e o novo aeroporto em obra…).
Se com o empréstimo da troika, com um juro de 3,4%, estamos assim, imagine-se essa "alternativa"...


Foi possivelmente o chumbo do PEC 4 que evitou a degradação da situação financeira portuguesa, ao ponto da situação a que a Grécia chegou.
 
Deixem-se de fantasias: o que teria evitado o resgate português está à vista de todos - era não ter duplicado (cavado, para usar a terminologia de alguns) a dívida entre 2005 e 2010. O que sobrecarrega efectivamente os portugueses são os 8.000 milhões de juros que temos de pagar anualmente.


NOTA FINAL: Alguém perguntou a T. Santos se voltaria a nacionalizar o BPN? (decisão que, segundo ele em 2008, não custaria um cêntimo aos contribuintes)