31 março, 2014

A insustentável leveza das notícias sobre pensões…


A agenda mediática da semana passada foi dominada por dois temas:

- A ”agenda escondida” do governo para implementar cortes definitivos nas pensões, situação que A.J Seguro e os socialistas continuam a denunciar como intolerável e resultado do seu radicalismo ideológico, e;

- Um estudo do INE que, entre outras conclusões, como um declínio demográfico acentuado (“Em menos de 50 anos Portugal pode perder um quinto da sua atual população”) veio confirmar outro facto já conhecido e que se prende com um enorme aumento do índice de envelhecimento, quantificando “…entre 2012 e 2060 passaremos de 131 idosos por cada 100 jovens para 307 idosos”.

Das infindáveis horas dedicadas ao tratamento destas duas notícias, nunca vi uma reflexão um comentário, sobre a óbvia ligação entre ambas…

Vejamos, como já aqui se referiu no blog, o atual sistema de pensões foi concebido num momento em que existia, grosso modo, 1 pensionista por cada 4 trabalhadores ativos (convém sempre recordar que o nosso sistema de pensões não é de capitalização…). 
Também convém recordar que as pensões não são pagas por entidades mais ou menos abstratas como o Estado, o Tribunal Constitucional ou a Constituição, mas pelos descontos dos trabalhadores ativos (conclusão que um cidadão que apenas se informe pelo que vê e ouve em telejornais, pode perfeitamente concluir...).
 
Ora, infelizmente, ao longo das duas últimas décadas, não só essa proporção entre contribuintes e beneficiários se foi degradando como ainda assistimos a um enorme aumento na esperança média de vida, fatores cuja evolução ditam a completa insustentabilidade do sistema.


Nada disto é ideologia, trata-se de simples e básica aritmética: um sistema concebido para funcionar com 4 contribuintes por cada beneficiário, não pode funcionar da mesma forma quando passam a existir igual número trabalhadores ativos e pensionistas ou 2 contribuintes e 4 beneficiários! 

Mas parece que em Portugal – na tal “democracia adulta” de que se ouvirá falar nos 40 anos do 25 de Abril - não se podem constatar algumas realidades nem dizer algumas coisas, sob pena de ser catalogado como um crápula ultra-mega-neo-liberal… “fassista”!


Para terminar: Quem mente aos portugueses?
 
Quem afirma que as pensões deverão manter-se tal como estão ou quem, simplesmente, diz que a breve prazo não existirão recursos suficientes para o fazer?


É assim Portugal, depois das legislativas de 2015, lá teremos os portugueses zangados, indignados, com um governo que irá fazer "ao contrário do que prometeu"...
 
 
Os portugueses, têm razão quando lamentam ter sido enganados ou será que gostam de enganar-se a si próprios?...