08 maio, 2013

Histórias que todos conhecem…



…mas verdades que o politicamente correcto não permite dizer. Isto é Portugal…

Ao almoço, não posso deixar de ouvir na mesa ao lado, alguém contar que um familiar seu, agente de polícia com trabalho administrativo, lhe descreve o dia-a-dia e confessa que, em média, tem 1 a 1,5h de trabalho efectivo por dia. O resto do tempo é a “encher chouriços”… mesmo metade com metade do pessoal, sobraria tempo.
Desde os anos 80 que a taxa de natalidade em Portugal não para de cair. No entanto, o rácio de professores Vs aluno nas nossas escolas não pára de subir.

Vou almoçar a casa dos meus pais e ouço-os descrever as peripécias de uma pequena obra de construção civil que a divisão de obras municipal executou à porta de casa: 6 – 7 homens no local, apenas 3 – 4 horas de trabalho por dia, pegam na pá “um de cada vez”, etc… Enfim, uma obra que 2-3 pessoas fariam numa semana, durou mais de 1 mês.
À excepção dos Municípios do litoral e em resultado da desertificação do interior, a população tem vindo a cair em grande parte do território. No entanto, o n.º de funcionários de câmaras municipais não parou de crescer.

Ainda há pouco tempo o director de um hospital (tido como de referência no País) contava que que o seu cirurgião mais produtivo fazia 12 operações por semana, mas 30 dos cirurgiões do mesmo hospital nunca tinham ido ao bloco.    

Enfim, seja a partir de dados oficiais seja “à boca pequena” - e as melhores estórias são as contadas pelos próprios funcionários públicos - todos sabemos que existem pessoas em excesso em muitos serviços públicos (autarquias locais, finanças, hospitais, tribunais, na assembleia da república, etc.). No entanto, à hora da realidade paralela televisiva, de repente, a comunicação social apresenta-nos uma realidade onde todos os intervenientes afirmam que é impossível a função pública dispensar 5% dos seus funcionários, que tal redução representará o “descalabro do serviço público”, bla, bla, bla… habitaremos o mesmo País?!

NOTA: Recorde-se que, em simultâneo com esta redução de 5%, será aumentado o tempo de trabalho em aproximadamente 15%. 

Obviamente, pode-se discutir a forma como esta redução será feita. Não pode ser um corte cego e generalizado, de x% em todos os serviços. Por ex., existirão serviços que deverão ser reduzidos (ou extintos) por serem redundantes, por sobreposição funcional de diferentes organismos públicos, etc.. A reforma terá de ser qualitativa e não apenas quantitativa. 
E também não está em causa a qualidade de muitos desses funcionários (não serão mais “preguiçosos” ou menos capazes que os do privado), é a organização da função pública que precisa de ser revista e reduzir / eliminar aqueles empregos que resultam simplesmente de empecilhos burocráticos que decorrem do labirinto legislativo construído durante décadas.

O ponto é este: esta comunicação social continua a ser um dos principais entraves  à resolução dos problemas que tolhem a economia portuguesa  e, por arrasto, as possibilidades de os portugueses poderem aspirar a melhores condições de vida.
 
A comunicação social assume-se como a "corporação das corporações". Dar apenas voz aos que defendem a manutenção da função pública tal como está, é uma negação da realidade, uma ilusão, aliás, na linha da “mãe das ilusões” dos últimos 2 anos: que Portugal poderia continuar, sucessivamente, a gastar mais do que o que produz…
Outra ilusão que se continua a vender aos portugueses: as pensões. Por muito que em televisões, fóruns e jornais se diga o contrário,  também será inevitável, mexer aí… Os factos: se há 20 anos existiam 4 trabalhadores activos por cada reformado (e a esperança média de vida, i.e., o n.º de anos médio que as pessoas usufruíam da pensão era de 10 – 12 anos), alguém com o mínimo de conhecimentos de matemática pode acreditar que o mesmo sistema suportará pagar o mesmo nível de pensões quando, dentro de pucos anos, teremos 3 pensionistas por cada 4 trabalhadores activos e, apesar da subida da idade de reforma, em média as pessoas receberão as suas pensões por 20 – 25 anos?!    
Não estamos a falar de esquerda – direita, de ideologias, mas de factos, de matemática!  

Srs. jornalistas, deixem de apresentar ilusões aos portugueses - que o défice não conta, que não há funcionários a mais no Estado ou que as pensões são intocáveis - não será possível sair desta crise sem atacar a SÉRIO a despesa e a estrutura MONSTRUOSA do Estado: ministérios, secretarias de estado, direcções gerais, os institutos e empresas públicas, as fundações, observatórios, etc.. 

Seja um governo de esquerda ou de direita, só essa mudança – o abandono do modelo dos “empregos sustentados pela burocracia” e a sua substituição por actividades produtivas (como a aposta nos sectores da agricultura e indústria) -, poderão proporcionar uma redução do fardo dos impostos sobre cidadãos e empresas, o aumento do rendimento disponível e, em suma, um futuro sustentável para os portugueses. Sem isso, TODOS, estaremos condenados.