29 novembro, 2013

Ainda o encontro da Aula Magna…


(Em complemento deste post, “O espírito de Salazar esteve na Aula Magna.”)

Já lá vai um tempo, desde que Mário Soares e a “esquerda” que o acompanha, perceberam que a chave para a queda do governo está "na rua". Desde então, não há intervenção pública sua em que o tema da violência e da agitação, não estejam presentes.


 
Jornal i, Abril de 2013


Muitas vozes “à esquerda”, têm negado que exista um “apelo à violência” nestas iniciativas (e de facto, não existiu um incitamento explicito), mas, alguém acredita que é inocente esta ideia recorrentemente transmitida afirmando que a ocorrência de actos de violência seria algo "natural" e legítimo, nas actuais circunstâncias?

Estivessem os papéis invertidos (ps no governo e psd na oposição) e uma figura de direita viesse dizer as coisas que Soares diz, teríamos a comunicação social inundada de “virgens ofendidas”, jornalistas e comentadores, indignados com a linguagem imprópria para uma democracia ocidental, com a irresponsabilidade de inflamar uma situação que, já de si, é um “barril de pólvora”, blá, blá, blá…


O “Com Jornalismo Assim, quem precisa de Censura”, mostra-lhe o que nunca verá no telejornal e orgulha-se disso!

Felizmente existe o Google, porque, se formássemos opinião apenas pelo que passa nos telejornais e vem escrito nas manchetes... Em 2010, quando começaram a ser tomadas medidas de austeridade do governo de Sócrates, a contestação na rua começou (o ano de 2009 foi de feição para os funcionários públicos...). Qual era a posição de Soares sobre o assunto? 
 
Abra o link (video) seguinte, e observe o que tinha o chefe do clã socialista a dizer sobre dois temas centrais da actualidade: por um lado, o efeito das políticas de austeridade, por outro, o que Soares achava daqueles que fomentavam greves e manifestações, em oposição às medidas do governo PS de então:
 
"[em 83] Fui capaz de retirar o 13º mês! Eu fiz porque era indispensável fazer! E foi isso que deu o boom, que veio a seguir, nos governos quando entramos para a Europa!..."
 
É muito simples, caro cidadão: a austeridade de Soares - a austeridade socialista -, é expansionista (repare no orgulho de Soares quando refere o seu feito), são cortes "fofinhos"... já a austeridade "de direita", essa é maléfica, recessiva, e pode conduzir-nos de volta à ditadura...

Mais do pensamento de Soares...

 
"Comecem a fazer greves, a pedir mundos e fundos - que não podem ter, ninguém lhes pode prometer -, que vamos parar... olhe, vocês vão ver onde é..."
 
Em resumo: se for o PS a governar, resignem-se; se for o PSD, revoltem-se…
 
 
Jornalistas e redações, continuam a venerar o Sr. Soares, mas em função desta total incoerência não é legítimo concluir que estes eventos – que contam sempre com uma generosa cobertura mediática - são, essencialmente, autêntica guerrilha política e têm como principal propósito político, promover a contestação na rua?

Voltando as “mundos e fundos” que se reuniram na Aula Magna - seria mesmo a “defesa da democracia”, a defesa dos “mais pobres e desfavorecidos”, que esteve ali em causa, ou seria a resolução dos “seus próprios” problemas?


Sobre o jornalismo português, a tristeza habitual… sempre tão atentos e vigilantes em relação a contradições de Passos, Cavaco, Machete (enfim, desde que seja “de direita”...). Sempre a escrutinar cada frase e a “esgravatar” intervenções anteriores em busca de contradições para que os cidadãos possam ver às 20h no telejornal, mas, em relação a políticos “de esquerda”, aquela subserviência e passividade habitual…
 
Interroguem-se: porque será que os telejornais nunca mostram o que dizia Soares quando era PM (com o FMI) ou as posições que defendia quando o governo de Sócrates inaugurou a “era da austeridade”? 
 


A narrativa, não podemos comprometer a narrativa! Não vá o cidadão começar a pensar pela sua propria cabeça...
 
Esta é a grande brecha do jornalismo português - a falta de isenção. E nenhuma democracia pode ser saudável sem uma comunicação social independente e ideologicamente imparcial.
 


27 novembro, 2013

Lições de vida socialista: A vítima, é a cigarra.


Um dos argumentos às vezes esgrimidos por políticos do PS (e até por alguns comentadores…) para desculpabilizar a gestão socialista entre 2005 e 2011* - que culminou com o pedido de ajuda à Troika e cujos efeitos estão aí para durar... -, é a invocação de alguma responsabilidade imputátel às instituições europeias por, alegadamente, terem incentivado as políticas seguidas.
 
É sobre (mais) esta falácia, usada com alguma frequência na agenda mediática, que hoje vamos falar.

Este post surge na sequência de uma troca de opiniões com RCAS, um comentador habitual na caixa de comentários do Blasfémias.

NOTA: Um cumprimento especial a RCAS pela forma educada e cordata, como expõe as suas opiniões. Só para exemplificar, deixo 2 comentários com que fui “presenteado” nas últimas 24h: “És boy do Passos e pagam-te para isto ou és só mais um idiota inútil ??” ou “Jornalismo assim és filho de nazi e Pide dá um tiro nos cornos.”…     

RCAS, em defesa da gestão socialista, tinha referido os défices públicos reduzidos nos anos de 2006 e 2007. Repliquei, referindo a massiva desorçamentação (imagem de marca de Sócrates, já aqui abordada), assim:

”…a muita despesa inscrita no OE que foi sendo transferida para empresas públicas (área dos transportes, saúde, estradas de Portugal… a era dourada dos swap), fundações (negócio do Magalhães, por ex.) e outras entidades.

Como [RCAS] bem disse, foi sendo feito investimento com impacto positivo na economia, mas também como o caro RCAS sabe, essas obras foram lançadas com um período de carência de 5 anos. Ou seja, o empreiteiro com dinheiro da banca (bem remunerado, claro…), fez a obra e só 5 anos depois o Estado começa a pagá-la… Isto é, injeta-se dinheiro na economia, criam-se um postos de trabalho, cobram-se uns impostos, fazem-se belas festarola para inaugurar a obra e passar no telejornal… 5 anos depois (2012 para a frente) ficam auto-estradas onde não passa ninguém, as portagens, mais desemprego e é altura de pagar a obra!

Repare RCAS, se o défice real fosse efetivamente o que menciona no seu comentário (2,8%) como explica que entre 2005 e 2010 tenha sido acumulada uma dívida superior a 90.000 milhões €?!”



A resposta veio assim:  

“O meu amigo não deixa de ter uma certa razão, na transferência de despesa para as empresas públicas! esta criatividade, só foi possível pelas regras do Eurostat vigentes até aí, tendo permitido até esse momento que todos os governos pudessem se quisessem ser criativos!

Quando em 2010 o Eurostat mudou as regras, o défice previsto que era de 6,8 passou imediatamente com a alteração das regras para 9,1!”

Ora, esta imputação de "culpas" às instituições europeias, faz tanto sentido como aquele ladrão que se desculpa com um assalto, porque o dono da casa deixou a janela aberta!

Vejamos, Portugal e os restantes parceiros europeus, aquando da entrada para o euro, comprometeram-se com o cumprimento de duas regras essenciais: os Estados Membros tenham um défice orçamental anual não superior a 3% do PIB e uma dívida pública abaixo de 60% do PIB (Critérios de Convergência de Maastricht).

O que fizemos nós, portugueses, relativamente a este compromisso? A frase “Há mais vida para além do défice”, resume tudo…

Queixamo-nos que alemães e nórdicos, “olhem de soslaio” para o Sul da Europa: mas, caramba!, que outra conclusão poderão eles tirar?! Se até o Presidente da República (Sr. Sampaio) fez, na prática, “letra morta” de compromissos assumidos internacionalmente pelo País, se permitimos que a dívida fosse crescendo 10% ao ano e nunca cumprimos com qualquer meta de défice, aliás, se mesmo os défices “oficiais” que cumpriam esse critério, fizeram-no à custa de truques contabilísticos! (por muito que custe reconhecê-lo...)

Esta é a realidade. Por isso, voltando ao comentário de RCAS e à “mudança de regras” do Eurostat - não existiu qualquer mudança de regra! O que existiu, foi uma alteração de método de contabilização dívida (mais) “à prova” das manigâncias financeiras que portugueses e gregos, se especializaram em fazer.
 
O buraco a diferença entre despesa e receitaesteve lá sempre!

Dentro desta linha de raciocínio do "défice que cresceu porque o Eurostat mudou as regras”, para desculpabilizar a pilha brutal de dívida deixada pelo consulado socrático, também é frequente ouvir ilustres comentadores referirem que as opções então tomadas pelo governo socialista*, contaram com o encorajamento da Comissão Europeia e do seu “apelo a mais investimento público para combater a crise”.  

Também aqui é preciso contextualizar e recordar que o mesmo tratado subscrito por Portugal, prevê a possibilidade de serem temporariamente aceites défices superiores aos 3 %, designadamente, em caso de recessão. É, obviamente, neste contexto que se inseria o apelo ao investimento, feito aos estados membros pelas instituições europeias. Ouviram algum responsável europeu dizer, que o défice e a dívida, deixaram de ser importantes?!
 
Infelizmente, porque não fizeram o seu “trabalho de casa”, alguns países não estavam em condições de o fazer e, como no conto da formiga e da cigarra, ficaram completamente expostos à crise… 

Podemos criticar a lentidão e a hesitação como que as autoridades europeias responderam à crise, mas, atribuir a essas entidades a responsabilidade pelos desastres financeiros como as PPP rodoviárias, o Parque Escolar, o Aeroporto de Beja e outros, denota uma irresponsabilidade muito nossa, muito portuguesanão temos obrigações e deveres, só direitos.

(uma boa parte, consagrados constitucionalmente...) 

* O autor deste blog entende que Sócrates, embora não sendo o “culpado de tudo”, é o principal responsável pela atual crise.


25 novembro, 2013

O Jornalismo não constrói narrativas! A comunicação social é neutra e não influencia a opinião dos cidadãos… pois!

 
Um texto de Ferreira Fernandes no DN, que, a partir de eventos similares - pela simples forma como mediaticamente os assuntos / acontecimentos  são abordados e pelos termos em que a discussão pública em torno dos mesmos é contextualizada pelos media -, demonstra e nos ajuda a refletir, sobre o papel e o enorme poder que a comunicação social detém, relativamente à forma como os cidadãos percecionam a "realidade" a constroem a sua opinião.
 
 

"Em 1994, Florence, de 19 anos, e Audry, de 22, casal de anarquistas parisienses, cansaram-se de simples conversa radical. Com carabinas assaltam dois polícias para lhes roubar as pistolas. A ideia era atacar bancos, como "Bonnie and Clyde" e assim.
 
O assalto aos polícias corre mal, têm de fugir, entram num táxi mas o taxista choca com um carro policial. Os cabeças quentes matam dois polícias e o taxista. São perseguidos, matam outro polícia e Audry também é morto. Meia hora, cinco mortos. A foto de Florence, olhos desafiadores, fascina a opinião pública. Nasce uma lenda.
 
Os jornais (o Libération, jornal de causas, à cabeça) atiçam a fogueira da romântica anarquista (virão depois romances, filmes, bandas desenhadas). A heroína, calada durante o seu julgamento, eclipsa as viúvas dos polícias e do taxista, que ficarão sem resposta sobre o porquê da tragédia. Foi há 19 anos.
 
Esta semana, um tipo entrou no átrio do jornal Libération, deu dois tiros num fotógrafo, que ficou em coma, saiu e deu mais tiros à fachada de um banco. O jornal entrou em transe: "Nós continuaremos!", disse o diretor, como se a liberdade de imprensa estivesse em causa. Primeira linha do editorial: "Horror absoluto", como se fosse Auschwitz... Ironia: o atirador foi o cúmplice que arranjou as carabinas a Florence e Aubry, em 1994. Um pobre diabo, com as mesmas ideias baralhadas.
 
Mas desta vez os jornais, pelo menos o Libération, não vão cair na tentação de romantizar a coisa."
 
 
 

22 novembro, 2013

O espírito de Salazar esteve na Aula Magna.


Como classificar alguém que, tendo 15% dos votos, fala "em nome dos portugueses" e exige que quem foi eleito com mais de 50%, se demita?!


Como classificar a extrema-esquerda portuguesa que, representando cerca de 5% do voto popular, fala "em nome dos portugueses" e exige que os partidos que alcançaram maioria nas urnas, se demitam?!


São estes srs que se reuniram na Aula Magna que, entre apelos à violência umas larachas sobre patriotismo, vêm dar lições sobre democracia e alertar os portugueses que caminhamos para uma ditadura?!

Salazar, é que achava que o povo português não tinha o discernimento suficiente para saber o que era melhor para si – ele, e os “patriotas” que o rodeavam, ACREDITAVAM genuinamente que salvaguardavam melhor os interesses dos portugueses que os próprios - esta ideia foi o alicerce do Estado Novo!

Em vez de reconhecer e corrigir os problemas que nos trouxeram até esta crise, é mais provável que Portugal - pela cegueira ideológica de meia-dúzia de iluminados e de uma “pseudo-elite” da capital – caminhe para um buraco, para uma tragédia grega.


 Isto sim, faz-me pensar
se não será melhor emigrar…
 
 

Será que o povo português merece votar?


Soares, teve 15% dos votos. Fala "em nome dos portugueses" e exige que quem foi eleito com mais de 50%, se demita.


Ainda há dias, o querido líder da esquerda portuguesa, afirmava que não sente qualquer "inclinação por voltar a depender do voto popular”.


A extrema-esquerda, representa cerca de 5% dos votos. Fala "em nome dos portugueses" e exige que aqueles partidos que alcançaram maioria nas urnas se demitam.


São estes mesmos senhores que, entre apelos à violência, se afirmam como patriotas e alertam os portugueses que caminhamos para uma ditadura… a ameaça, claro está, vem da “direita reacionária”.  



Não, isto não faz lembrar o PREC… tal como muitos outros factos que não constam dos Manuais Escolares (há uma narrativa a manter…), a Monarquia foi destituída pelos republicanos quando estes representavam apenas 9% dos votos a nível nacional (eleições de Agosto de 1910, 3 meses antes da revolução).


Os Republicanos apenas eram maioritários na capital, mas contavam (lá está!...) com a classe intelectual, nomeadamente, os jornalistas e outros que controlavam a comunicação social da época.

Tempo para revisitar este post sobre o conflito entre a “elite” da capital Vs o Resto do País:

“Há uma parte do País que ficou suspensa na "quimera do 25 de Abril", nos ideais e conquistas que, apesar de muita revolucionária, nunca se concretizaram. Essa facção, órfã de uma espécie de “Sebastianismo Abrilista”, está fortemente enraizada na capital e continua a dominar uma parte importante do aparelho centralista do Estado, com o qual se entrelaça e onde angariou os seus privilégios.”
 
 
 

21 novembro, 2013

Mais um que passou para o Lado Negro da Força… Darth Bernardino


Um dos motes do blog é demonstrar, ao contrário do que o jornalismo militante quer fazer crer, que as opções ideológicas só são viáveis se forem compatíveis com as regras da matemática.
 
Sejam de esquerda ou de direita, quando as DESPESAS superam em muito as RECEITAS, os decisores só podem optar por cortes ou impostos…

 
 
 
Isso (condicionantes) não existe Bernardino, as medidas que tomamos apenas dependem das opções ideológicas de cada um! Aprendemos isso contigo, com o PCP!


“"Existem muitos compromissos que já deviam ficar pagos este ano, mas que terão de transitar para 2014. A dimensão dos compromissos é tal que é impossível dar conta de tudo em 2013",”

Bernardino, ensinaste-nos que os compromissos e a “herança” não são desculpa! Pensei que isso era o que a malta do PS e do PSD fazia…
 
Quantas vezes no parlamento, a propósito de medidas de austeridade e cortes de despesa, ouvimos Bernardino a falar em “roubar”, “mentir”, etc..
 
Nesta entrevista ao Avante, dizia assim Bernardino:
“…temos a vantagem de defendermos o mesmo no plano local e nacional. Não temos duas caras.
 
Encontramos muitos sentimentos de descrédito na política, na alternância PS/PSD/CDS sempre agravando as políticas, nas promessas não cumpridas. Mas quase sempre as pessoas não misturam o Partido e a CDU nesse descrédito. E isso faz com que, nestas eleições, a CDU seja também uma esperança para tantas e tantas pessoas que, fartas de serem enganadas, sabem que somos diferentes.”



Pois... bem vindo ao Mundo Real Bernardino. Ou devemos dizer, Darth Bernardino…

20 novembro, 2013

Ser mediaticamente correto… é disto que o meu povo gosta!

 
Da homília do Domingo passado, a propósito de uma pergunta sobre o sistema de avaliação de professores proposto por Nuno Crato, analisemos a resposta / comentário de Marcelo Rebelo de Sousa.

 
 
Começou assim:
“A ideia de haver avaliação no início e no acesso à carreira docente, para se ser professor, tem lógica.



 
“O haver avaliações periódicas tem lógica

“O haver condições acrescidas de avaliação contínua, tem lógica…”


Ora bem, por esta altura do comentário pensei: “esta pessoa só pode estar de acordo com a prova de avaliação proposta pelo Ministro Crato”. Tem lógica!...

Mas não, logo a seguir Marcelo (como se pode constatar no vídeo) atira com uma série de argumentos (porquê agora, será no Natal...) e termina a concluir que ”a medida pode ser injusta e discriminatória com alguns professores”. 
 
Este pequeno episódio ilustra bem a forma como o comentário político, a discussão e a análise dos assuntos na comunicação social, é feito de forma condicionada.


Note-se que, mesmo aqueles comentadores que estão de acordo com o sentido que norteia uma determinada decisão, em vez de afirmar perentoriamente que a medida é positiva (podendo discordar deste e daquele ponto), por ela ser impopular e – sobretudo - dissonante da corrente “mediaticamente correcta”, optam pela solução mais confortável, isto é, dizer aquilo que o “jornalismo quer ouvir”…


Neste caso concreto, por ex.: então um jornalista verdadeiramente interessado numa opinião bem fundamentada sobre a medida, para que os cidadãos sejam melhor esclarecidos, não deveria interrogar Marcelo sobre a evidente contradição entre a abordagem inicial à questão e a forma como concluiu o seu comentário?!


Não, o objetivo não passa por aí, como podemos observar, as intervenções de Judite apenas se focalizam na obtenção comentários que evidenciem desacordo e oposição, à medida:

 “Portanto é uma medida injusta?”  Ouvida a resposta pretendida, garantida a habitual narrativa anti-governo, assunto encerrado, venha o próximo!


Sobre o assunto em concreto, o que ficaram os espectadores a saber? Apenas que, “em teoria”, a medida é boa mas, na prática é “injusta e discriminatória”... É este jornalismo que esclarece os cidadãos? Claro que não, mas isso não interessa. O importante não é informar, é doutrinar.  

Tal como sucede nesta situação, em que Marcelo diz “assim não”, mas não avança com "o seu" sistema de avaliação “à prova” de injustiças e discriminação (existirá algum?...) -, uma infinidade de problemas que o país enfrenta, é sujeito ao mesmíssimo tratamento mediático.

Como aqui no blog repetidamente se demonstra, existe uma pressão dos media que delimita as correntes que são politica e ideologicamente “bem vistas”, e as que não são. Não é necessária uma análise muito atenta à agenda mediática, para constatar que, de acordo com o posicionamento assumido por cada individuo face a essas correntes, temos um tratamento mediático selectivo que temos abordado na categoria “Filhos e Enteados”:

    - relativamente ao que vem da “esquerda”, predomina uma bondade no tratamento mediatico, designadamente, a total ausência de escrutínio e contraditório do que é dito (Soares, Costa, Dilma Roussef… );

     - já em relação ao que vem da “direita”, a hostilidade impera, e as frases e o posicionamento deste conjunto de personalidades, tem de enfrentar um contraditório jornalístico implacável e, não raras vezes, a manipulação do que é dito através da distorção do contexto em que essas posições / frases foram proferidas (basicamente, qualquer pessoa que se identifique com a direita… I. Jonet, Soares dos Santos, Ulrich, César das Neves, etc.);


Este jornalismo militante, que faz questão de demonstrar o que é “mediaticamente correto” dizer, aliado à circunstância de toda a gente quer “parecer bem” na televisão, provoca  uma uniformização da corrente de opinião nos jornais, rádio e televisão. Paralelamente, vai-se formatando a opinião pública à medida da sensibilidade e pensamento do grupo resrito que controla a agenda mediática: jornalistas e redacções.


Neste país, com uma comunicação social claramente alinhada “à esquerda”, qualquer medida tomada por um governo “de direita”, é imediatamente arrasada. Nos destaque e manchetes, apenas a posição e voz dos elementos cujos interesses são afetados, se faz ouvir . Entretanto, aproveitando a onda de indignação, temos os chavões dos mesmos de sempre a dizer que havia "outro caminho”, que havia “uma alternativa” e – claro - sem cortes, sem sacrifícios, sem dor.

Sobre qual seria esse caminho alternativo, nem um pio (tal como no comentário de Marcelo). Nos telejornais, graças ao “wishfull thinking” das redações, a realidade concreta vai sendo substituída por uma realidade paralela onde, por vezes, até parece que os problemas não existem, que é o governo que os cria, para levar a cabo a sua própria agenda...


Com uma informação mais assente em comentários e opiniões de conveniência do que em factos concretos, vai-se formando uma “opinião pública” contrária a qualquer mudança e reforma. Aos cidadãos, vai-se transmitindo a ideia que uma dada decisão, em vez de inevitável, só é necessária porque A e B o desejam (cortes, por ex.), só avança para agradar ao grupo x e y, que a medida só vai agravar o problema, etc., etc…


É o contexto perfeito para a proliferação dos políticos oportunistas.
 

Quando o actual governo cair e um novo governo chegar, fará sensivelmente o mesmo que o anterior e nada do que prometeu na oposição, lá teremos “o povo” a lamentar-se que “foi enganado” pelos políticos. A comunicação social que, em tom pesaroso, continuará a dizer que cada vez “a democracia está mais pobre”…
 
Será assim? Será que o apenas os políticos que “enganam” o povo?

Não será que aqueles que têm por missão informar os cidadãos, também têm grandes responsabilidades neste processo? 

 

18 novembro, 2013

Lições de Moral e de Integridade…


Este fim de semana o meu coração alegrou-se... É reconfortante, ver que em Portugal ainda existem personalidades que se pautam pelos mais elevados padrões éticos e se afirmam como a reserva moral de uma nação.
 
Sócrates, não receia expor os vis manipuladores de opinião que vão dizendo as coisas que "O governo tem vergonha de dizer e põe outros a falar"...


Palavra de comentador político escrupuloso e isento! 
 

Entretanto, na área da Justiça...

“O antigo procurador-geral Pinto Monteiro alertou para o facto de «não poder haver tratamento diferenciado», «nem a favor nem contra», de cidadãos angolanos por parte da justiça portuguesa.”


Presume-se que Pinto Monteiro não entende - à luz das boas práticas que marcaram o seu mandato - o porquê de não existirem processos de cidadãos angolanos a serem destruídos “à tesourada”… 


Bem Hajam! – Dr. Pinto Monteiro e Eng. José Sócrates – por podermos contar com a V. vigilância e denuncia em relação a estes flagrantes casos de encobrimento e dissimulação.
 
 


 


13 novembro, 2013

Público Vs Privado no Ensino


Uma reportagem da TVI despoletou a discussão sobre o financiamento público de escolas privadas. A mesma reportagem (feita de forma algo tendenciosa*, diga-se…) demonstrou como grupos privados obtiveram junto do Estado os recursos para porem de pé os seus projetos, quando  já existia oferta pública. Essas situações devem ser investigadas e, caso a lei tenha sido violada, apurar responsabilidades. 
 
* seria interessante a reportagem tocar, por ex., nestas 2 questões:
- aquelas famílias que optam pelo ensino privado porque se identificam com determinado projecto educativo (católico, por ex.), não merecerá discussão sequer, o facto de terem de pagar 2 vezes pela prestação desse serviço?
- sendo reprovável, como a reportagem sugere, a construção de escolas privadas onde existia oferta pública, no caso inverso, i.e., no caso de escolas privadas que existiam há décadas e se viram confrontadas com concorrência pública, como se deveria preceder nesse caso?  
 

No entanto, é importante não misturar isso com outra questão: se, numa qualquer área geográfica, existir oferta privada e oferta pública e em função da evolução demográfica - nomeadamente, o número decrescente de alunos -, uma dessas escolas for suficiente para satisfazer a procura, qual delas deve o Estado financiar?
Não será - independentemente se a sua gestão é pública ou privada - aquela que revelar ser a mais bem gerida, isto é, aquela que apresentar melhores resultados Vs consumo de recursos?

Por exemplo: Se a escola pública significar um custo para o Estado de 5.000 € / aluno / ano e a privada 4.500 € / aluno / ano, será o corte (e encerramento) da escola privada, a decisão que melhor defende os interesses de alunos, pais e contribuintes? 
Uma última questão, seria possível a situação abaixo descrita passar-se numa instituição do ensino privado?

"«Aquilo é um resort de luxo para pombos», ironiza um dos empreiteiros que estiveram nas obras daquela escola e que assistiu à construção.
 
«Só para assentar a base do pombal, andou lá quase um mês uma máquina que custava 75 euros à hora». O empreiteiro assegura que a máquina chegou a trabalhar dez horas por dia, o que faz com que só estes custos possam ultrapassar os 20 mil euros."


08 novembro, 2013

Títulos, Manchetes e a Arte da Manipulação


Recorrendo a outros blogs, ficam mais exemplos da desinformação e manipulação, que circula na comunicação social.
 
São diários, os casos de informação dada a conhecer ao cidadão comum como verdadeira, ser, afinal, distorcida e falsa. E, se não é verdade, é...

Se estes casos fossem “aleatórios”, isto é, - se a desinformação e forma distorcida como a peça noticiosa é transmitida, ora beneficiasse os argumentos (ou a narrativa) da “esquerda”, ora beneficiasse a “direita” -, estaríamos na presença de simples incompetência. Mas não é assim. Sistematicamente, estamos perante um critério jornalístico parcial, invariavelmente alinhado “à esquerda”.

Por último, nunca se viram quaisquer consequências relativamente aos jornalistas e/ou autores de notícias tão férteis em falsidades... Lembrar, que esses jornalistas que transmitem verdadeiras mentiras aos cidadãos (sejam eles leitores, ouvintes ou espectadores), são os mesmos que, por muito menos, orquestram campanhas a pedir a demissão de ministros por “contradições”…

Este duplo-critério e a esta hipocrisia, dizem muito do País que (infelizmente) somos.  

Ficam os referidos exemplos:



 (Via Corta-fitas)


 
"O director de informação e pivô da TVi, José Alberto de Carvalho, noticiou ontem, no jornal da noite - antecipado devido ao jogo do Benfica - que o Ministério da Educação publicou na internet os novos programas de português e matemática para o secundário, e que apanhou os professores de surpresa. Depois, a TVi entrevistou dirigentes da Associação de Professores de Português e da Associação de Professores de Matemática, as quais afirmaram em uníssono que os professores não foram ouvidos e que os novos programas são um retrocesso. Fim de notícia.

Eis, agora, o que a TVi omitiu, ou por intenção dolosa ou por grosseira incompetência:
1.º - que ambos os programas são propostas, e que foram colocadas na rede (podendo ser consultados e descarregados aqui) exactamente para dar início à discussão pública. O mesmo endereço electrónico permite fazer contribuições.
2.º - que embora a Associação de Professores de Matemática (uma entidade de credibilidade duvidosa) considere a proposta de novo programa de matemática má por demasiado exigente, a Sociedade de Matemática, que é autoridade neste tema, considera-a «muito positiva». Vale a pena consultar também, no documento, os nomes e credenciais dos autores e consultores do novo programa, nenhum dos quais a TVi ouviu (o que é ainda mais lamentável por autores e consultores formarem uma longa lista de professores que a TVi diz que não foram ouvidos).
Duma penada, a TVI fez desinformação e pôs-se do lado da facilidade e do retrocesso contra a cultura. A isto há ainda quem chame «jornalismo»."
 
 
(Via (im)pertinências)
«Estado comprou três carros novos por semana este ano» (título do Expresso)

Num clima de «fadiga de austeridade», como o caracteriza o jornalismo de causas, um título destes só pode irritar o sujeito passivo vítima da extorsão fiscal. É claro que há inúmeras boas razões para um sujeito passivo se irritar com o governo (é isso que está em causa com estes títulos apelando com pouco subtileza à preguiça mental ressabiada). Só que esta não é seguramente uma delas, quando a própria notícia informa que o Moloch estatal possui 26.789 veículos - mais de metade com mais de 13 anos – frota que, admitindo-se uma idade útil média de 10 anos, para manter essa idade média precisaria de ser renovada anualmente com 2.700 novos veículos.

«MP conclui que ex-secretário de Estado esteve implicado nos swaps» (título do
Económico)

Certamente o ex-secretário de Estado Joaquim Pais Jorge «esteve implicado nos swaps», visto que, como ele próprio
acabou tardiamente por admitir, essa implicação consistiu em representar o Citi, banco para o qual trabalhava, em 2005 em 3 reuniões com o gabinete de José Sócrates para apresentação de instrumentos financeiros chamados swaps que podem servir para uma variedade de propósitos, desde proteger evoluções desfavoráveis de taxas de juro em empréstimos até maquilhar as contas. Contudo, o MP não concluiu o que já estava concluído, mas antes que «não resultam indícios de que o documento exibido pela SIC tenha sido adulterado ou modificado», conclusão que é obviamente diferente e, menos obviamente, conclusão que passa ao lado do que deveria ser investigado, como se mostra no parágrafo seguinte.

E é aqui que entra o título seguinte do Expresso, em artigo branqueador em causa própria do grupo Impresa.

«Arquivada queixa do Governo sobre manipulação de documentos swaps. Ministra das Finanças perdeu a batalha.» (título do
Expresso)

A
queixa da MF foi quanto às «discrepâncias (que) serviram para introduzir, como segunda página do documento na posse da comunicação social, um organigrama inverosímil, que não consta da apresentação original, com o logótipo do banco com um grafismo diferente. É neste organigrama, e apenas nele, que aparece o nome do secretário de Estado do Tesouro

E o que apurou o MP? Que o «organigrama inverosímil» era um organigrama legítimo? Não. O MP apurou que havia «três versões de documentos que incluem a aludida proposta de contratos 'swap' feita pelo Citigroup ao Estado Português», e «em todas as versões se constata que os termos contratuais são exatamente os mesmos» e, portanto (um silogismo que Aristóteles não aprovaria), «não resultam indícios de que o documento exibido pela SIC tenha sido adulterado ou modificado, tendo em conta a confirmação dos factos e a existência de vários documentos de trabalho com características próprias».

Poderia o MP ter a gentileza de se deixar de fintas à volta dos «termos contratuais», que não estavam em causa na queixa, e explicar se o «organigrama inverosímil» com o nome de Joaquim Pais Jorge constava ou não da «apresentação original» que é esse o objecto da queixa da MF? Poder, podia, mas não era a mesma coisa porque talvez entalasse a SIC e mostrasse mais uma manipulaçãozinha do jornalismo de causas."
 
 
 


07 novembro, 2013

Notícias que passam ao lado das manchetes…

 
(mais) Uma vénia a Henrique Monteiro, dos poucos jornalistas que aborda os assuntos pela sua substância e com independência ideológica.

Este seu artigo recupera uma notícia de grande relevância jornalística que, só a opção deliberada das redações em a ocultar, pode explicar a sua inexistência na agenda mediática.


Se, em vez de discordância, o Tribunal Europeu confirmasse decisão do TC, não haveria telejornal que reservasse a abertura para a notícia…
 
 
"Há notícias que não damos por elas. Não vou neste espaço debater porquê, mas registo o facto. Uma delas, que não me parece desinteressante, é esta: o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), instado por dois portugueses a pronunciar-se sobre os cortes dos subsídios de férias e de Natal aos pensionistas, em 2012, declarou que essa medida não era - cito - "desproporcionada". Isto aconteceu na quinta-feira passada e teve direito a uma notícia da Lusa, uma no 'Público' online e - que eu visse - a uma pequena nota no 'Jornal de Negócios'. Penso que mereceria mais, dada a natureza do caso.
Sete juízes, presididos por um italiano e de que faziam parte um português (Paulo Pinto de Albuquerque, um dinamarquês, um sérvio, um húngaro, um montenegrino e uma suíça (portanto com três juízes de países exteriores à UE), declarou isto por unanimidade (a decisão está em inglês, mas um resumo em francês pode ser lido aqui ). Mais: fê-lo no pleno conhecimento de que o Tribunal Constitucional português tinha entendido o contrário (embora tivesse permitido que os cortes se efetivassem, dado o Orçamento estar já em vigor há algum tempo). Mais ainda: o Tribunal Europeu entra em linha de conta com o princípio da equidade, citando o artº 13 da Constituição Portuguesa e ainda outros artigos, como leis basilares para a análise do caso.
O TEDH tem sido um tribunal essencial para repor a justiça em Portugal, pelo menos naquilo que mais respeito diz aos profissionais da Comunicação Social, ao defender a liberdade de expressão como fundamental, pelo que o silêncio à volta desta decisão não tem a ver com a sua falta de prestígio ou pela falta de conhecimento dos profissionais do jornalismo sobre o que ele representa.
 
É um mistério... (continua)"
 
 
 

06 novembro, 2013

Da esquizofrenia das palavras dos homens aos seus actos...


Muito se tem falado sobre aqueles que, a propósito da contestação às medidas de austeridade adotadas pelo atual governo, invocam para os seus discursos e suas ações reivindicativas, a defesa dos “mais pobres e desfavorecidos”. Mais concretamente, temos de questionar: até que ponto, aqueles que diariamente vemos na comunicação social em permanente manifestação, representam efetivamente os interesses dos “mais vulneráveis” ou se representam algo mais… 

“O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, disse que o «direito de manifestação» está «consagrado» em democracia, mas lembrou que «os mais pobres» não se manifestam e «não aparecem na televisão».”

 
Para além de membros ligados ao Governo, também este artigo de César das Neves veio “por o dedo na ferida” e suscitar alguma polémica:

“Em Portugal não há manifestações de mendigos, miseráveis e necessitados. São antes os remediados, que se consideram carentes, que fazem as exigências em nome dos silenciosos”,

“Boa parte da retórica de contestação baseia-se neste mal-entendido, em que burgueses passam por infelizes. Entretanto, os verdadeiros desgraçados, mudos como sempre, ainda têm de ouvir os muitos aproveitamentos do seu nome”
 
ponto é o seguinte: entre o que as medidas de austeridade são efetivamente – nomeadamente, o seu grupo alvo e o seu impacto -, e o que na agenda mediática é referido sobre elas, existe uma diferença substancial?

Este ponto, para alguns, pode parecer de somenos importância, mas não esquecer que, por discrepâncias menores, já alguns ministros foram apelidados de “mentirosos” e se exigiu a sua demissão!

Também já aqui no blog, este assunto foi abordado, por ex., neste post de Janeiro de 2012 sobre a alegada inconstitucionalidade dos cortes nas pensões:

“Que hipocrisia vai neste País… tantas palavras sobre solidariedade, tanto discurso sobre a necessidade de protecção dos “mais desfavorecidos”, precisamente por aqueles que permitiram - pelos seus actos de governação e/ou de omissão - se cavasse mais fundo o fosso entre os mais ricos e os mais pobres.

E a sacrossanta Constituição que, de nada serviu enquanto isso aconteceu, vai ser agora reabilitada para impedir que as pensões mais elevadas sofram cortes!
 
Em resumo, o processo em curso [declaração de inconstitucionalidade dos cortes] terá a seguinte consequência: os detentores dos rendimentos mais baixos – recorde-se que 90% das pensões em Portugal são inferiores a 1.000 € - serão chamados a cobrir o aumento de despesa ditado pela inconstitucionalidade dos cortes nas pensões dos 10% mais ricos!” 

Este caso das pensões talvez seja mais evidente: faz sentido passar a ideia que todos sofrem cortes, quando as medidas afetam menos de 10% desse público alvo? Ao passar esta ideia aos portugueses, não se está a “mentir aos portugueses”? 

Objectivamente, num país onde o salário médio ronda os 700 €, a pensão média não chega aos 500 € e, desde 2008, centenas de milhares de portugueses contactaram com a realidade do desempregoserá verdade que este conjunto de cidadãos tem sido poupado aos cortes, ou o inverso?!.

Claro que estes cortes estão a criar sérios problemas a uma classe media que nos últimos 2 anos tem visto o seu rendimento baixar mas, voltando à questão do início do post: até que ponto, aqueles que diariamente vemos na comunicação social em permanente contestação, representam efetivamente os interesses dos “mais vulneráveis” ou se representam algo mais…


Vejam-se dois exemplos da “esquerda republicana”: Mário Soares e Manuel Alegre.

Sobre o , ainda há dias, neste post, se transcreveu uma parte do mais recente artigo, onde Soares invoca o “povo empobrecido e as muitas "pessoas que passam fome para que se insurjam e se revoltem, contra os actuais governantes em função da despesa com os automóveis e as “viagens que fazem permanentemente com os seus amigos e assessores”.
 
Ora, atendendo ao que conhecemos do Sr. Soares, nomeadamente, em matéria de despesa com viagens nos seus mandatos de PR, em matéria de utilização de recursos públicos para os seus projectos (Fundação e outros), no que custa aos contribuinte portugueses em termos de segurança privada (pessoal e suas habitações), motorista, carro topo de gama, etc., etc..

Atendendo, não às palavras mas aos seus actos, esta pessoa será a melhor habilitada para ser a “voz” dos mais desfavorecidos?   


Sobre Manuel Alegre: são várias as entrevistas onde o histórico socialista vem falar em “nome do povo e dos mais pobres”. Aqui, por exemplo, denuncia a “desvalorização salarial e o desmantelamento do Estado Social” intencional por parte do actual governo e remata: “o mais grave é que isto a desvalorizar-nos como povo, País e nação”.

No entanto, quando se constata que alguém que fala assim “em nome do povo”, mas simultaneamente e já em plena crise financeira, foi um dos deputados que decidiu pedir subvenção vitalícia, passando a acumular duas pensões do Estado, obviamente, suportadas pelos contribuintes:

“A receber uma reforma de 3219 euros como aposentado da RDP, Manuel Alegre irá receber agora uma subvenção vitalícia superior a dois mil euros mensais.” 

Voltamos a perguntar: Atendendo, não às palavras mas aos seus actos, esta pessoa será a melhor habilitada para ser a “voz” dos mais desfavorecidos?   


Entretanto, facto que nunca vi referido nos telejornais das 20h e que, em vez de palavras revela “acção”, o que se poderá inferir - a partir desta atitude -,  acerca da personalidade e carácter daquele que é o inimigo público n.º 1 dos “trabalhadores e dos mais pobres”?

“Pedro Passos Coelho é um dos únicos deputados em 37 anos de história da Assembleia da República que rejeitou a reforma vitalícia a que tinha direito pelo exercício do cargo. Isto foi em 1999”
 


Ficará ao critério de cada um avaliar que interesses estão em jogo…

03 novembro, 2013

François Hollande. PROCURA-SE!


Acabo de ler este post de Helena Matos, que descreve as recentes manifestações ocorridas em terras gaulesas, particularmente, o seu crescendo de violência. Apesar deste cenário – e como bem constata HM -, o nosso jornalismo caseiro tem mantido um manto de silêncio sobre o assunto. Mas não foi sempre assim…

Em meados de 2012, aquando da vitória de "Hollande, o crescimentista", os media diariamente nos traziam notícias desse grande “irmão socialista”, o homem que iria por fim à “política de austeridade” e abrir caminho a um mundo novo. Diárias, igualmente, eram as notícias que nos davam conta da aliança estratégica entre Seguro e Hollande, juntos, iriam “pressionar a Europa a apostar em políticas de crescimento” 
 
Interlúdio Conspirativo: 
Só por si, a redação deste tipo de notícias na redacção do Expresso, dava “pano para mangas”… estaria alguém interessado em patrocinar uma campanha para reforçar o estatuto de Seguro?!

Recordar que, uns meses depois, “pela mão” de Balsemão,
Seguro e Portas foram à reunião anual do Clube de Bilderberg. Essa reunião teve lugar em Junho de 2013. Um mês depois, Paulo Portas – mesmo à revelia dos seus apoiantes mais próximos -, anunciou a sua demissão e os acontecimentos tiveram o desfecho conhecido.   


Entretanto, depois da retórica do “crescimento económico” que tanto convinha à esquerda, a realidade impôs-se. Cedo se constatou que as palavras e os discursos estavam nos antípodas dos resultados produzidos pela governação socialista: o desemprego continuou a subir, os impostos continuaram a subir, novos cortes no estado social foram sendo implementados, etc.. E assim, como a realidade da acção governativa de Hollande já não colava com a narrativa do jornalismo militante, em meia dúzia de meses, Hollande desapareceu dos telejornais (e dos discursos de Seguro, também…)

 
Esta selectividade dos órgãos de comunicação social portugueses, é uma das suas imagens de marca. Já aqui no blog se demonstrou que não é a importância ou dimensão intrínseca de um qualquer acontecimento, que determina a sua visibilidade. Neste post, por ex., pudemos constatar como o jornalismo pode operar verdadeiros “milagres”, transformando manifestações com oito ou nove pessoas, em algo mais relevante e visível, que outras que contam milhares .
 
Neste caso, enquanto Hollande serviu para mostrar que existia alternativa às “políticas de austeridade” e as suas terríveis consequências (defendidas por Merkel e Passos, esses malfeitores…), o simpático Sr. era nossa visita diária em casa através dos telejornais. A partir do momento em que o efeito Hollande passou a desilusão, Hollande sumiu!  


Notícias, manifestações, factos, etc., ora são silenciados, ora são amplificados, de acordo com o critério jornalístico. Não se discutem os assuntos pela sua substância, sendo antes tratados como instrumentos para atingir um objectivo predeterminado, invariavelmente, alinhado com o pensamento e corrente ideológica reinante nas redacções....

Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...







01 novembro, 2013

Efeméride do Dia: foi há 5 anos que Sócrates e T. Santos, nacionalizaram o BPN

 
Só por si, este dia tão especial, justifica uma revisitação ao chavão “Direita, o clube de amigos da banca”. No entanto, vieram a público novos elementos que permitem continuar a questionar a narrativa, recorrente citada na agenda mediática, que imputa a responsabilidade das fraudes do BPN e os prejuízos já suportados (e a suportar) com dinheiro dos contribuintes, "à direita” (nomeadamente, o PSD).

Não é que essas ligações (com políticos do psd, nomeadamente) não existam, mas é um autêntico insulto à inteligência dos cidadãos a cobertura jornalística deste caso, pois, na prática, iliba a péssima gestão socialista do processo e, inclusivamente, “empurra”
responsabilidades para quem não as tem... 
 

Então, quais são as novidades? 


aqui se tinha referido a péssima gestão da Caixa (conduzida pelos homens de mão de Sócrates)
no período pós nacionalização, esta notícia vem lançar alguma luz sobre esse misterioso período…

“Na primeira metade de 2009, o BPN já sob gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) terá concedido mais de 500 milhões de euros de crédito a cerca de 80 empresas que deram como garantias apenas 81 milhões de euros.

Significa isto que o valor do crédito concedido às mesmas empresas aumentou 328 milhões de euros comparando com o ano de 2008, altura em que o banco não tinha ainda sido nacionalizado.”


Se (e muito bem) foi amplamamente denunciado na praça pública, que o “buraco” do BPN foi resultado, essencialmente, de uma prática de “empréstimos a amigos, sem controlo de risco, sem garantias e que agora são dados como incobráveis, 
depois de ler a notícia anterior e considerando que estas práticas continuaram no período pós-nacionalização, porque se mantém um manto de silêncio mediático sobre este período (2008 a 2011) em que o "buraco" não parou de "ser cavado"? 

 É que a única diferença entre a gestão pré-nacionalização e estes empréstimos é a seguinte: se no 1º caso as perdas se refletiam sobre os acionistas do banco, no 2º caso, em função da nacionalização, os prejuízos recaem sobre nós – contribuintes!

Porque não vemos nos jornais e na tv, denunciados estes negócios da gestão socialista?! (será que nas redacções lusas existe uma crença ou convicção, que "um socialista não tem amigos"?)

Enfim, de acordo com o critério jornalistico, parece que isso não interessa nada… o que o cidadão deve reter é o seguinte:

“Esquerda boazinha Vs Direita maléfica”

Caro cidadão, pf, não pense. Deixe que os jornalistas façam isso por si...