31 outubro, 2015

Sem esta comunicação social, seria impossível assistir ao que se está a passar.


Tanto haveria a dizer neste blog (fossem outros os tempos e a disponibilidade) sobre o que se tem passado nos últimos dias…

A agenda mediática permanece verdadeira caixa de ressonância dos interlocutores da esquerda e da sua argumentação. Isto porque (maioritariamente) as redações e o jornalismo partilham da mesma posição ideológica da nova Troika: PS / BE / PCP. Como esse é desfecho que desejam, nem param para refletir e fazer uma análise critica sobre o que se está a desenrolar.

Eis alguns dos argumentos que, repetidamente se lêem, vêem e ouvem:

1º Transformou-se uma vitória da Coligação Paf numa vitória dos que defendem o “fim da austeridade”. 
Alguém se lembra o que separava a Paf do PS, a austeridade da anti-austeridade? A Paf defendia o fim dos cortes nos salários da FP em 3 anos. O PS em 2. A PAf defendia a devolução da sobretaxa em 3 anos, o PS em 2. Entre a proposta de Costa e a de Passos, é todo um mundo de diferença...

De repente, para legitimar o cenário de Costa PM, as eleições legislativas nada têm a ver com a escolha de um Primeiro-ministro… Inúmeras vozes, somadas aos comentadores do costume, esforçam-se para elucidar os portugueses que eles escolhem deputados. Deputados, senhores!

Todos sabemos que os portugueses nas conversas de café, de jardim, no trabalho, etc.., nem se lembravam de Passos e Costa tão relevante e interessante, era discutir quem era o deputado em 4º lugar na lista de Vila Real e 7º de Beja…


Passos, era todos os dias catalogado de mentiroso pelas luminárias da esquerda porque, enquanto PM, nada cumpriu o seu programa de 2011. Costa – o político de confiança por oposição ao mentiroso do Passos -, na noite de 04 para 05 de Outubro, faz tábua rasa do programa Centeno – o tal do rigor e das contas certas - e garante que um programa de governo com a extrema-esquerda é que é o caminho.

Aqui, a Constança, o Adão e Silva, o do pisco, etc.., não vêm qualquer mentira ou questão moral. É democraticamente legítimo!
 

A turba indigna-se com Cavaco que exclui 1 milhão de portugueses. Que crápula de democrata!

Vejamos, ou estamos no euro ou fora do euro. Ou estamos na Nato ou fora da Nato. Se cerca de 80% querem o Euro e a Nato, e tratando-se de cenários mutuamente exclusivos, faria mais sentido que o PR exclui-se quem?!

Como é habitual não se critica a mensagem, mas o mensageiro e é bem conhecida a popularidade de Cavaco entre a elite intelectual e bem informada de “lesboa”…


Ainda pudemos assistir a figuras como Catarina Martins e Jerónimo de Sousa – sempre com a cumplicidade da tal comunicação social, que difunde e amplifica a sua mensagem -, apelidarem Cavaco Silva de faccioso e “fazer um discurso de seita”!

Nas diversas entrevistas televisivas aos lideres do bloco e comunistas, nunca ocorreu a nenhum jornalista perguntar:
- a Jerónimo, como consegue o pcp defender a posição do governo angolano no caso Luaty Beirão – nomeadamente, o total desrespeito pelos mais básicos direitos humanos -, mas é capaz de apelidar de fascistas, ladrões, assassinos os líderes de psd e cds;

- a Catarina, como consegue ir no fim de semana à Grécia apoiar Tsipras, designadamente, o seu programa de austeridade com cortes médios de 12% em pensões, cortes em salários, aumento de impostos, etc., e regressar na 2ª feira e acusar - com toda a convicção e autoridade moral - Passos e Portas por medidas bem menos gravosas que se encontravam previstas nos seus programas.



Não sou especial fã de Cavaco, mas há limites! Ver na comunicação social, Jerónimo e Catarina, serem tratados como paladinos da tolerância e dos valores democráticos, enquanto o atual PR é apontado como faccioso e sectário...   


Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...

No final de contas, Portugal tem o que merece. Pessoalmente, tenho vergonha de viver num país onde 20% da população vota extrema-esquerda (isso, sim, faz-me pensar em emigrar…). Mas, sei que tal cenário  é possível graças a esta triste comunicação social, sedeada na capital e dominada por uma pseudo-elite de esquerda e com a qual todo um país tem de carregar.

Fica uma profecia...
Dentro de 2 - 3 meses, quando pcp e be colocarem Costa  entre a espada e a parede, será muito interessante ver a agenda mediática tomada pela opinião daqueles que - em nome do interesse nacional e da estabilidade - virão defender a necessidade (o dever patriótico!) de Passos e Portas apoiarem o governo socialista...   












12 setembro, 2015

Cobertura mediática em modo "Vamos elucidar os indecisos"


Em resumo e se bem percebi...

Costa foi o vencedor incontestado do debate, é a mensagem que domina a agenda mediática.

Costa, encostou Passos "às cordas", quando o acusou de ser o responsável pela vinda da Troika e da austeridade para Portugal. Também o acusou de ser o responsável pelas fraudes e as consequências da implosão do Grupo Espírito Santo (só num país sem memória e sem vergonha, isto pode acontecer) 

Os comentadores que viram nesta postura a centelha de um líder - Costa mostrou-se combativo! dizem... - são os mesmos que criticam Passos por recorrer a baixa política e só falar do passado ao tentar colar o atual secretário-geral socialista a Sócrates...


Imaginem Costa com uma maioria absoluta...

Costa, depois os episódio do sms volta a "mostrar ao que vem" durante entrevista a um jornalista da RTP. Nos media de grande audiência o caso é abafado... nem uma referência (lembram-se dos Charlies?).

Imaginem o contrário, se o entrevistado fosse um político da coligação, o sindicato dos jornalistas já teria anunciado manifestações para salvar a democracia e travar a censura!


Será que Passos achava mesmo estar a salvo do duplo-critério dos fazedores de opinião lusos?!   


  

19 junho, 2015

Este blog entra em hibernação...

 
... talvez desperte um dia destes.
 
Entretanto, porque a Grécia continuará a marcar os próximos tempos, recordar um post em torno da discussão que a situação grega deveria suscitar em Portugal (em vez da narrativa ridícula e infantil sobre se o Sr. Tsipras é vítima ou vilão), mas que jamais verá um qualquer jornalista ou comentador fazer...
 
Até qualquer dia e mantenham sempre um espírito crítico em relação ao que leem, ouvem e veem nos media.
 
Um abraço.


“Portugal não é a Grécia.” Não é, mas estivemos a caminho de o ser…

Já cansa o tema Grécia, não é verdade?

Melhor, cansa a forma como o tema é debatido, principalmente, a demagogia e a chantagem emocional presentes em qualquer discussão sobre o tema...
 
Toda esta discussão é assente em equívocos:
Ninguém (à exceção dos gregos, claro) está realmente interessado em “salvar a Grécia”. O que está em causa é a guerra político-partidária entre os que “cavalgam” as políticas anti austeridade e os que tiveram - não por opção, mas por necessidade - de as implementar. Para o comprovar, veja-se a contradição de partidos como o BE na questão da dívida da Madeira Vs dívida da Grécia.


A narrativa dominante na agenda mediática estabelece uma relação causa / efeito entre as “políticas europeias de austeridade” e a crise atual. No entanto, isto é uma falácia. A atual crise é, essencialmente, a primeira manifestação da implosão do modelo social europeu em virtude da globalização.

E aqui podemos começar a debater algo que verdadeiramente importa: duas décadas depois de se ter iniciado uma massiva deslocalização da produção da Europa Ocidental para Leste, para o Oriente, Norte de África, etc., terão os países europeus feito as necessárias reformas para se adaptaram à nova realidade?

Considerando o modelo redistributivo do Estado Social vigente nos países da CE e, designadamente, a pressão demográfica, ainda há quem acredite que estes modelos seriam sustentáveis sem essas reformas? Basta pensar no seguinte: há 30 anos existiam 4 contribuintes para 1 beneficiário, brevemente, poderemos ter uma quase igualdade entre contribuintes e beneficiários!

Uns países, Alemanha à cabeça, prepararam-se e foram implementando reformas. Controlaram a despesa pública e adotaram outras medidas a pensar nesse embate. Há cerca de 10 anos, enquanto alemães congelavam salários e introduziam reformas sociais, outros assumiam mais responsabilidades e despesas futuras sob o lema "há mais vida para além do défice"…


A Grécia não é “um país da zona Euro como outro qualquer ”. A Grécia é o paradigma dos países que se recusaram a enfrentar essa realidade!

Não foi a austeridade que produziu a crise grega. O Estado grego quando, em 2010, foi negociado o 1º resgate, já contava com uma economia privada muito débil face a um sector público centralizado que era um monstro disfuncional…


By JOHN SFAKIANAKIS, a Greek economist.
The expansion of Greece’s huge government sector took decades to create, but its growth in recent years has been particularly striking. Public employment grew by fivefold from 1970 through 2009 — at an annual growth rate of 4 percent, according to a recent academic study by Zafiris Tzannatos and Iannis Monogios.. Over the same four decades, employment in the private sector increased by only 27 percent — an annual rate of less than 1 percent.

According to the Organization for Economic Co-operation and Development, in some government agencies overstaffing was considered to be around 50 percent. Yet so bloated were the managerial ranks that one in five departments did not have any employees apart from the department head, and less than one in 10 had over 20 employees. Tenure ruled over performance as the factor determining pay.

Wages in the public sector were on average almost one and half times higher than in the private sector. Government spending on public employees’ salaries and social benefits rose by around 6.5 percentage points of G.D.P. from 2000 to 2009, while revenue declined by 5 percentage points during the same period. The solution was to borrow more.”


Mas o que atrás é referido aplica-se aos funcionários públicos contabilizados...
 
"The review was released by Administrative Reform Minister Dimitris Reppas, showing that there were 636,188 civil servants in permanent employment, 49,546 on back-up duty and another 20,242 working in other capacities in a country of 11 million population. The number could be closer to 1 million, other analysts have said, counting workers in agencies such as the railroads, energy and other public sectors that weren’t accounted for."


programa de resgate que pudesse salvar um país com este grau de disfuncionalidade? 


Quando a austeridade chegou, a Grécia já estava num "ponto de não retorno"
A dependência da atividade económica na Grécia em relação ao sector público era brutal, muito maior que a admitida no desenho dos programas da Troika. Esse erro de diagnóstico – que é essencialmente responsabilidade dos gregos - explica o facto de  os cortes no Estado terem, entre outros efeitos, feito disparar o desemprego para 25% (o valor real será bem superior…).
 
Na realidade, significativa parte da economia designada por “privada” era também sustentada pelo Estado. Era este o verdadeiro empregador de muitos trabalhadores do “sector privado”… o que teve um efeito terrível em termos de procura interna, quebra de receita fiscal, aumento de despesa pública, etc..

Embora em menor grau, o mesmo erro de diagnóstico sucedeu em Portugal, com o desemprego a disparar (de forma inesperada) para 18%,.. lá, como cá, quantas empresas viviam, quase exclusivamente, das câmaras municipais, das empresas publicas, das relações privilegiadas com este ou aquele organismo público?

Recordar a economia "pseudo-privada", já aqui referida.

Aliás, estes dados de evolução do desemprego, talvez sejam o verdadeiro indicador do peso do sector público em ambos os países. E, também em ambos, esse peso era substancialmente superior ao admitido. Na verdade e fruto do modelo de desenvolvimento seguido nas décadas recentes.


Ironicamente, a crise de 2008, pode ter sido o que salvou Portugal…
Este diagnóstico de “Estado disfuncional” também se aplica a Portugal. Felizmente (há males que vêm por bem...), fatores externos, vieram por um travão no crescimento desmesurado nosso sector público e, involuntariamente, por em causa o modelo de desenvolvimento até aí seguido. A nossa “grecização”, chamemos-lhe assim.


Note, Atenas, conta com cerca de metade da população grega, sendo aí que se concentra a esmagadora parte do seu sector público, onde se concentra o emprego disponível e, portanto, onde está sedeada a atividade económica (ainda) existente. À sua volta existem montes e cabras.


Se olharmos ao trajeto que Portugal veio trilhando nas últimas duas / três décadas, designadamente, o contínuo crescimento do sector público mas, tão ou mais importante, a crescente centralização dessa estrutura em Lisboa. Se pensarmos no efeito âncora que essa desmesurada estrutura pública exerce em termos de absorção de cada vez mais serviços, mais empresas e, logicamente, mais população (oriunda do resto do País onde os sectores produtivos mais tradicionais foram sendo progressivamente abandonados), o que seria de esperar quando o financiamento - em virtude do acumular de uma dívida insustentável, após anos sucessivos de défices públicos em torno dos 10% - cessasse?


Outras diferenças (felizmente para o nosso lado…) existem entre os dois países – nível de corrupção, fuga ao fisco, “jobs for the boys”, etc. -, mas, se a crise financeira de 2008, porque veio fechar a torneira de financiamento ao Estado português, não tivesse vindo por um travão a esta espiral de centralização e crescimento do peso do estado, quantos anos mais seriam necessários para atingir um grau de disfuncionalidade semelhante ao da Grécia e, provavelmente, um equivalente “ponto de não retorno”? 



Na região de Lisboa vive cerca de 1/3 da população portuguesa.

“Portugal não é a Grécia!”
Não é, mas estivemos a caminho de o ser…

Esta era "a" questão que gostava de ver debatida em Portugal: o que temos de mudar em termos de modelo de desenvolvimento para não cair na situação grega.


Ainda mais quando parece que muita gente não aprendeu a lição e acha que os problemas e crise pela qual passamos se resolve com mais investimento e despesa pública



03 junho, 2015

E você, já fez as contas a quanto o Estado lhe deve?..

Esta ideia repetidamente disseminada - que o Estado tudo deve garantir - não vai acabar bem...


"O Estado vai ter de pagar 22 mil euros de indemnização a um jovem agredido há 12 anos por um colega, na escola que frequentava no distrito de Viseu, quando tinha 14 anos.

 
No acórdão, a que a agência Lusa teve acesso, os juízes do TCA do Norte dizem que os responsáveis da escola tinham a obrigação de zelar pela segurança dos alunos, o que não aconteceu, tendo em conta que no momento da agressão não havia nenhum vigilante próximo dos menores.

"Poder-se-á objetar que os danos se teriam verificado ainda que estivesse nessa sala um profissional a zelar por tais direitos. Mas essa prova não foi feita", pode ler-se no documento.

Os juízes referem ainda que a agressão ocorreu durante um intervalo entre aulas, assinalando que nestes momentos de descompressão e em grupo "mais é de esperar, por parte de menores, comportamentos de excesso e de conflitos, em concreto as habituais brigas entre rapazes"."

 
 
Um acórdão que resume todo um programa ideológico.
 
Depois queixem-se que os tribunais estão entupidos de processos. Este país é insano,
 
 
P.S.: Umas horas depois da publicação deste post e da referência a acórdãos que são autênticos programas ideológicos, é noticiado isto:
"O tribunal deu seguimento à providência cautelar do movimento "Não TAP os olhos!" que contesta a legalidade do decreto de privatização."

 

29 maio, 2015

Difícil, difícil, é estancar a epidemia de notícias alarmantes a cada noticiário da TSF…

 
São 8.30h. Sintonizo a TSF para ouvir o noticiário.
 
Uma das notícias em destaque, é o caso confirmado de tuberculose na cadeia de Beja. Logo oiço um Sr. do sindicato a revindicar a abertura de um inquérito e pedir a substituição – demissão, bem entendido - do Diretor do estabelecimento prisional e do Chefe dos guardas “se forem apuradas falhas”
 
O que me ocorre dizer sobre isto:
  • se o inquérito vier a apurar o desrespeito das regras básicas de higiene por parte dos próprios guardas envolvidos, que penalização defende o Sr. do sindicato para esses funcionários? (existe um rastreio em curso, existindo 7 casos suspeitos: 5 guardas prisionais e 2 funcionários administrativos);
 
  • e se algum dos testes acusarem um resultado positivo: como estabelecer relação “causa-efeito” com um contacto em particular? Milhares de casos de transmissão ocorrem, por ex., em transportes públicos;  
  
Em Portugal, todos os anos, existem cerca de 20.000 casos de tuberculose e parece que nos anos mais recentes – oh! maldita austeridade, oh! assassinos  cortes na saúde! – a taxa de incidência está a descer (ver notícia em baixo).
 
Porque será que a redação da TSF, entre tantas dezenas de milhares de casos, nunca deu atenção a esta temática e nunca deu voz (promoveu?...) à indignação de tantos outros portugueses? Quantos noticiários poderiam ter discorrido sobre as razões da propagação da doença, sobre a punição – caso tenham existido “falhas” - de diretores, gerentes, administradores, etc., das entidades empregadoras dos infetados com tuberculose…
  
Porquê TSF, qual o critério?! Já tentarem obter a declaração do Secretário de Estado sobre o assunto? E da Ministra? 
 
 
Nota: “felizmente” isto aconteceu no do estabelecimento prisional de Beja. Imagino o que sucederia nos próximos dias se fosse em Évora…
 
 
E agora alguma informação sobre Tuberculose em Portugal (fonte, Público):
 
"Panorama nacional

A tuberculose tem vindo a diminuir de forma consistente em Portugal e, segundo o comunicado do director-geral da saúde, Francisco George, os dados provisórios para 2014 apontam que, “pela primeira vez desde que há registos”, Portugal vai ficar abaixo da barreira, tida como “linha vermelha”, dos 20 novos casos por 100 mil habitantes. Portugal era, até ao momento, o único país da Europa Ocidental com níveis de incidência de tuberculose superiores a este valor, que corresponde ao limiar de baixa incidência definido internacionalmente.
 
Os dados provisórios notificados à DGS indicam 1940 novos casos de tuberculose em 2014, o que corresponde a uma redução da taxa de incidência dos 21,1 novos casos por 100 mil habitantes registados em 2013 para os 18,7 casos. No entanto, as directivas mais recentes da OMS apontam para uma redução do limiar de baixa incidência para metade, o que coloca Portugal novamente como um país de incidência intermédia." 


27 maio, 2015

A inestimável contribuição dos Media para a resolução dos grandes problemas do País…


No passado sábado à noite, discursando perante jovens sociais-democratas. Mª Luís Albuquerque proferiu as seguintes declarações:

“…é honesto dizer aos portugueses que vai ser preciso fazer alguma coisa sobre as pensões para garantir a sustentabilidade da Segurança Social. E essa alguma coisa pode passar, se for essa a opção, por alguma redução mesmo nos atuais pensionistas. 

Se isso for uma distribuição mais equilibrada e razoável do esforço que tem de ser distribuído entre todos, atuais pensionistas, futuros pensionistas, jovens a chegar ao mercado de trabalho, se essa for a solução que garante um melhor equilíbrio na distribuição desse esforço, é aí que nos devemos focar”, afirmou Maria Luís Albuquerque.

A ministra sublinhou que “a sustentabilidade da Segurança Social é algo que tem de se resolver com tempo”, de modo a que “as soluções não sejam demasiado agressivas numa situação de rutura, para que [se possam] preservar as pensões mais baixas, para que não [se tenham] de pedir contribuições a quem tem menos”.

"Fazer a promessa de que não fazemos nada para aqueles que já são pensionistas e que vamos fazendo tudo sobre os que lá chegarão no futuro é de uma enorme injustiça."

 
Alguma pessoa – de boa fé e minimamente informada, bem entendido - pode discordar destas declarações? 


No dia seguinte, na melhor tradição jornalística de doutrinação politica e ideológica do tuga, televisões, rádios e jornais, reduzem aquela intervenção a:

 
 

Por se tratar do problema que, provavelmente, é o mais delicado que o pais tem de enfrentar nos próximos anos, as declarações de M.ª Luís Albuquerque poderiam ter sido o mote para que, em clima de pré ou campanha eleitoral, se pudesse discutir ponderada e seriamente o assunto, e (tentar pelo menos...) conhecer as propostas de cada partido / candidato.

Convém nesta fase recordar um frequentemente lamento  revelado por jornalistas e comentadores: a ausência de um “debate político sério”; a existência de demasiada politiquice que empobrece o debate e afasta os cidadãos da discussão pública, blá, blá, blá…


Mas, “uma coisa é o que se diz e outra, o que se faz”. Na prática, recorrendo ao que aqui no blog se designa por guerrilha mediática”, a abordagem jornalística e mediática ao tema, serviu antes para deixar a Costa, aos socialistas e oposição em geral, terreno e contexto ideal para que pudessem aparecer e debitar as larachas habituais: "cortes e austeridade, é o caminho da maioria psd / cds", esses malvados. A nossa “alternativa” é só crescimento e coisinhas boas!


Enfim, em vez de desempenhar um papel que contribua para um debate esclarecedor em torno dos problemas e desafios que se colocam à sociedade portuguesa, a realidade demonstra que a nossa comunicação social é, demasiadas vezes, um dos principais fomentadores da tal "politiquice" que tanto diz desprezar.  


Para cúmulo, três dias depois das declarações iniciais de MLA, algum jornalismo avança:

“Ministra das Finanças corrige declarações e já fala em negociar com PS”

E, segundo o sr. jornalista, o que veio “corrigir” a Ministra: “Maria Luís Albuquerque diz agora que o Governo não tem ainda uma solução definida para a Segurança Social”


Qual correção, qual carapuça!… bastava ler o que a Ministra disse a 23 de Maio para perceber que nada estava decidido e que nenhuma solução estava definida. 
 
Ainda recentemente aqui se disse e reafirma: a maior ameaça ao rigor e isenção de informação em Portugal, está dentro das próprias redações e dos próprios órgãos de comunicação social!
 

Ainda assim, há que reconhecer o brio profissional do jornalista que fugiu ao previsível e muito gasto, “Ministra recuou…”.
 
 
 

25 maio, 2015

Conto de crianças Vs Governos tontos. "Só os burros é que não mudam!"...


Há 4 meses, António Costa referiu-se à vitória do Syriza nas eleições gregas com expressões como "um sinal de esperança" ou sinal de "esgotamento das políticas de austeridade".

Ao mesmo tempo e em relação à mesma vitória do Syriza, o atual PM pronunciou-se da seguinte forma: 


“Pedro Passos Coelho apelidou de "conto de crianças" a ideia de que "é possível que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de os seus parceiros garantirem o financiamento sem contrapartidas".”


Como se recordarão, a propósito deste “conto de crianças”, a agenda mediática encheu-se de indignação pelas “aberrantes” declarações Passos. Oposição e comentadores do costume, logo reduziram o conteúdo daquela reação a um conjunto de tiradas que se podem encontrar neste “artigo-guião” de Isabel Moreira e do qual se transcrevem algumas frases tocantes:

“…
Como é possível Passos não ter sentido de estado algum, o mínimo que seja?

Como é possível Passos não perceber que está a falar de um povo em chagas de tanto sofrimento após uma receita falhada?

Como é possível Passos não perceber que o que aconteceu e o que acontece na Grécia tem a ver com Portugal?

Como é possível Passos não ter qualquer espírito patriótico?

Como é possível Passos ser tão ignorante?

Como é possível Passos resumir a escolha de um povo a um conto de crianças alinhando num objetivo perigoso e estúpido de isolar a Grécia?

Diz lá, Passos. Como és possível?”



Sábado (23 de Maio), Costa dá uma entrevista ao Observador. Referindo-se à atuação do Syriza  no contexto da negociação com as instituições europeias, diz: 

“Temos de travar um combate na UE de forma inteligente, não de forma tonta como o Syriza


Se está à espera de ver aqueles que se indignaram com o “conto de crianças”, voltarem às televisões, rádios e jornais, revoltados com estas declarações, desculpe, mas é um tonto…



Recordar, sobre Costa e Syriza, o que se escreveu-se por aqui no passado mês de Janeiro:
 

Enfim, daqui a 3, 6 meses, veremos o que esta nova era do "fim da austeridade" trará e se Costa mantém esta colagem ao Syriza...  
 
...
 
Quem apenas veja telejornais e tenha fraca memória (uma vasta maioria de portugueses, infelizmente...), nem se lembra o que o último "Messias anti-Austeridade", conseguiu: é graças a Hollande que a  extrema direita francesa lidera as sondagens. 
 
Daqui a uns meses veremos se Tsipras e o Syriza ainda são entusiasticamente citados pelos socialistas. Ou, tal como sucedeu com Hollande, se a realidade e, principalmente, a circunstância de o eleitorado identificar esses "ex-Messias" como os novos símbolos de desilusão, ditará o seu varrimento para debaixo do tapete...
 
 
Votos de Boa Sorte ao povo grego... bem vão precisar dela."

18 maio, 2015

O (defunto?) JN e o editorial dos “cheira-cus”…

Pelo seu conteúdo mais regional e até por algum distanciamento em termos de perspetiva em relação aos diários da capital, em tempos, dava alguma prioridade ao JN. Nos últimos tempos, apesar da veia nortenha, o esforço despendido para o ler era cada vez maior. No entanto, depois deste fim de semana e, designadamente, o nojo que é este editorial, desisto…
 

“Juntemos dois ou três canídeos e observemos. Rodopiam sobre si próprios, cada qual cheirando o traseiro do outro. Na minha terra, chamamos cheira-cus a este impulso irracional que é também tão comum no condomínio privado em que se transformou a política caseira, comentadores e politólogos incluídos.

Isto, a propósito da fumaça gerada pelo lançamento da biografia de Pedro Passos Coelho e do episódio da revelação de que Paulo Portas…”



Quem escreve este editorial e eloquente alegoria aos “cheira-cus”, é Afonso Camões (ainda diretor do JN, presumo). Recordar apenas isto: A.C. foi administrador da Agência Lusa desde 2005, após a vitória de Sócrates. Em 2009, passa a presidente do Conselho de Administração, cargo de onde saiu para a direção do JN em maio de 2014.


Terá sido já em Maio de 2013, que surge nas escutas telefónicas do preso 44 (ver links): é em Macau, em plena visita oficial do Presidente da República Cavaco Silva, que terá sido escutado a informar o próprio Sócrates que estaria a ser investigado e que correriam rumores da sua detenção (oh! pobre segredo de justiça...). Em outras escutas, surge citado em conversas mantidas entre Sócrates e Daniel Proença de Carvalho a propósito do domínio do grupo Controlinveste (proprietário de JN e DN). Segundo informação avançada pelo Correio da Manhã, terá sido Sócrates quem escolheu Afonso Camões para diretor do JN.



Como é fácil de constatar, muito haveria a dizer sobre a temática dos “cheira-cus”… nem vale a pena. É muito triste ver um jornal que em tempos li, servir de palco para algo que, no mínimo, é um insulto à inteligência dos seus leitores.
 
 
R.I.P., Jornal de Notícias.
 
 

14 maio, 2015

Não à privatização! Vem lutar pelos teus direitos e pelo "serviço público" de transportes...


Post inserido na temática "defesa do interesse público", cuja especificidade, suspeito, não desencadeará junto do jornalismo de indignação o entusiasmo recorrente em outras situações. 
 
Nem para colher a reação  de celebérrimos dirigentes sindicais, nem para merecer especial atenção e destaque mediático (por exemplo, honras de abertura de telejornal)...


(fonte, Público)

"O polícia aproxima-se das bilheteiras empunhando a requisição que lhe dá direito a carregar o passe para o autocarro sem pagar. Quando recebe os papéis, a funcionária do guichet é lesta a abrir a caixa e a tirar as notas, que lhe entrega de forma dissimulada, dentro de um folheto informativo. Não carregou o título de transporte: limitou-se a entregar-lhe 89 euros, menos 20 do que o valor do passe a que o agente tem direito.
 
É a sua comissão."
 
 
 
 
 
 

12 maio, 2015

Se Cavaco fosse de enviar sms intimidatórios a jornalistas, seria um político mais popular entre as redações da capital?

 

Nas últimas semanas, tornou-se evidente uma das linhas mestras da estratégia política definida por Costa: malhar em Cavaco Silva e capitalizar votos à custa da “má imprensa” que rodeia o ainda PR. 
Mas esta nova estratégia socialista, como em tantas outras situações, apoia-se em dois sólidos pilares: a falta de memória dos portugueses e a cumplicidade dos media para não fazer perguntas incómodas que desmontem a narrativa da ocasião.


Já todos esqueceram que, em Julho de 2013, Cavaco Silva colocou nas mãos do PS a possibilidade de realização de eleições em Setembro de 2014? Pena que nenhum jornalista se recorde disso e coloque a Costa a questão “Não foi um erro o PS ter recusado essa proposta?”


Foi o PS de Seguro - correção, o PS de Soares, Almeida Santos, César, etc.. – e a rejeição do célebre acordo com a maioria psd/cds, que afastou o cenário de eleições antecipadas em Portugal. Foi há menos de 2 anos.


Suspeitou-se então e percebeu-se mais tarde, os “donos do PS” nunca deixariam Seguro chegar a PM por ser um “corpo estranho” (outra circunstância que nunca despertou a curiosidade das redações…) aos legítimos donos da república socialista portuguesa.



Um socialista é sempre uma vítima dos malfeitores da “direita”…

Para finalizar, os mesmos que não quiseram a via para eleições antecipadas - num período que lhes seria bem mais favorável -, ainda têm a lata de acusar quem lhes deu essa possibilidade de “esticarem uma legislatura”, insinuando a existência de motivos obscuros que “alguém um dia perceberá” mesmo quando esse ato eleitoral se vai realizar dentro do período previsto na lei e há semelhança de muitas outras legislativas no passado.


Num país civilizado, em vez de colaborar, uma comunicação social "a sério" estaria a desmascarar estes estratagemas manhosos. Por alguma razão, não saímos da cauda da Europa… (para já, valha-nos a Grécia!)




PS 1: Se, em vez de alguns meses, Cavaco Silva tivesse mais tempo de mandato pela frente, Costa nunca assumiria semelhante ataque (atitude, diga-se, tipicamente portuguesa… é “de homem” só afrontar alguém quando se tem a certeza que o seu poder está perto do fim).   

PS 2: Ao contrário do que possa parecer, não sou especial fã de Cavaco. Um doa maiores responsáveis pelo
regime centralista que por cá vigora.
 
 

09 maio, 2015

E quando a maior ameaça à “liberdade de informação” parte dos próprios órgãos de comunicação social?

 
Várias notícias vão dando conta aos cidadãos dos “perigos” que a proposta de lei relativa à cobertura eleitoral, apresentada pela coligação psd/cds, representa…

Este título de uma notícia do Público, traduz a principal ideia que tem sido avançada na agenda mediática sobre o assunto, a que se somam outras “ameaças”:


“..a nova proposta de lei do PSD e CDS sobre a cobertura eleitoral confunde jornalismo e propaganda política, “mantém a tentação de impor um freio às redações” e ameaça a liberdade de informação.”     


“Embora saúdem a eliminação de propostas “absurdas” da anterior versão,  [este trecho daria um péssimo título...] como o visto prévio para planos de cobertura das eleições pelos órgãos de comunicação social, os directores editoriais consideram que o novo articulado da maioria “está ainda longe de garantir aos cidadãos a existência de um jornalismo livre e independente de restrições políticas e administrativas inadmissíveis em democracia”.


E quando a confusão entre jornalismo e propaganda política, parte dos próprios órgãos de comunicação social? Que outra forma – sem a imposição de um conjunto mínimo de regras às redações - pode ser definido de forma a salvaguardar a isenção e objetividade de informação a que nós, cidadãos, temos direito?


Tomemos o exemplo do Público (cujos critérios editoriais e de isenção, já aqui abordamos em outras ocasiões). Recorrendo a este post de Helena Matos, não é difícil imaginar o que seria o dito “jornalismo independente” e que caminhos, em termos de “pluralidade de informação”, seriam trilhados caso a sua redação não tivesse de obedecer a qualquer regra ou requisito…     


       
Vitória de Hollande
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Vitória de Rajoy
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Vitória do Syriza
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Vitória de Cameron
Publico-20150508
 


 

06 maio, 2015

O Humor e o mindset “Esquerda boazinha Vs Direita maléfica”…


Num recente artigo, Rui Ramos debruçou-se sobre o tema “Porque é que todos os humoristas da rádio e da televisão são de esquerda?”
 
 Em jeito de resposta a esta interrogação, deixo outra: 
 
Se, de uma forma geral, políticos, economistas, comentadores, historiadores, etc…, provenientes ou ligados ideologicamente à “esquerda”, gozam de uma benevolência, tolerância e escrutínio público completamente distintos dos que proveem da “direita”, porque raio haveria de ser diferente com os humoristas?!
 
  
Alguns exemplos dessa discrepância no escrutínio mediático e tolerância (vulgo, “Esquerda boazinha Vs Direita maléfica”):
  • Se, em vez de Obama, Bush fosse o Presidente dos EUA, o funcionamento de Guantánamo ao fim de anos e anos de promessas do seu fecho, teria o mesmo tratamento jornalístico / mediático que Obama beneficia?
 
  • Se, em vez de Obama, Bush fosse o Presidente dos EUA, olhando ao barril de pólvora em que todo o Médio Oriente e parte de África se transformou, alguém duvida que veríamos – ao contrário do que sucede com Obama - na agenda mediática frequentes artigos a relacionar tal circunstância com o falhanço da política externa da Casa Branca nos últimos anos?
 
  • BPN Vs BES: Do ponto de vista da proteção dos contribuintes e do erário público, alguém pode duvidar que o atual governador Carlos Costa atuou de forma incomparavelmente superior que Constâncio durante os anos em que a fraude do BPN se desenrolou? Assim sendo, porque vemos C. Costa ser atacado todos os dias enquanto Constâncio acabou por ser premiado com a vice-presidência do BCE?
 
 
  • Previsões económicas: Qualquer erro deste Governo (lembram-se do Excel de Gaspar?) dá aso a um chorrilho de comentários sobre o seu irrealismo, fantasia, incompetência, etc., relativamente às suas projeções. Teixeira dos Santos e Sócrates, apresentavam Orçamentos com um défice de 3% que afinal eram 11% ou 12% e nenhum comentador ou jornalista fazia caso disso.  
 
Enfim, os exemplos são mais que muitos e as categorias “filhos e enteados” ou “daria um excelente escândalo se fosse para malhar na Direita...”, mostram inúmeros casos desta desigualdade de tratamento, designadamente, diferente grau de escrutínio e a tolerância jornalística para com o agente político consoante este é de "esquerda" ou de "direita" (sempre entre aspas....). 
 
Considerando este clima de hostilidade seletiva, admiração, seria constatar igual presença de humoristas de ambos os lados das "barricadas" ideológicas. No fundo é a lei da oferta e da procura a funcionar: Com semelhante condicionamento mediático, humor para ridicularizar a esquerda promete o mesmo sucesso comercial como ir vender mantas polares para as Caraíbas... (veem como "à direita" se faz humor?...)   
 
Pessoalmente, não reconheço a existência de humor de “direita” e humor de “esquerda”, apenas bom e mau humor (sendo este subjetivo, claro). Coisa diferente é um humorista atacar políticos de uma área ideológica ou outra. E essa prática já se insere numa das armas de guerrilha mediática mais usadas por cá: não discutir a mensagem, mas o mensageiro (fragilizando-o).
 
 
Lembrar os casos de Isabel Jonet, Fernando Ulrich ou, mais recentemente, o ataque  movido a José Rodrigues dos Santos. Personalidades que, por opiniões emitidas ou por posições assumidas que comprometem a narrativa de ocasião defendida pela inteligentsia de "esquerda", passam a constar de uma espécie de “lista negra” sendo, a partir daí,  na agenda mediática e nas redes sociais, sujeitos a todo o tipo de críticas e ataques pessoais sem se discutir a substância das suas ideias (a mensagem) ou o que defendem.      


No entanto, recorrendo a um caso real, para demonstrar a (falta de) tolerância para com o humor proveniente da área de “direita” e como é fácil ser objeto de uma campanha de ódio quando não se é adepto de ideologias de esquerda, sugiro a leitura de um post que acaba por se interligar com o artigo de Rui Ramos.

(já agora, aqui deixo a minha solidariedade ao autor e ao seu blog, que visito regularmente…)
 
 
E não matei 5 peregrinos, que seria se o tivesse feito.

O Pedro Reininho fez-me uma entrevista por e-mail com 8 perguntas que, na compreensível necessidade de vender papel, transformou numa capa sensacionalista.
 
A vida está difícil e eu, para ter os meus 15 minutos e fama, já sabia que me teria que sujeitar a isto.
Publico agora o que eu lhe disse para os estudiosos da comunicação social poderem comparar a fonte com a peça jornalística (ver, A história do professor mais odiado e Portugal).
(Só corrigi o erros ortográficos que seriam un 10, o que é pouco para o meu historial)
1. Esperava a reacção que causou a mera menção ao seu nome, por parte do deputado Duarte Marques? Como interpreta aquele artigo de Francisco Louçã, em que recupera algumas das considerações que o senhor tem publicado no seu blogue?
Como nota prévia, não conheço o deputado Duarte Marques nem ele me conhece e muito menos somos amigos.
O artigo do Louçã não me surpreendeu em nada e já o esperava há muito porque cada vez mais as batalhas políticas travam-se nos blogs. Mostrando eu no meu blog com números e factos que o denominado "outro caminho" anunciado pelos pensadores de esquerda é um embuste, uma história para adormecer criancinhas, sem qualquer viabilidade prática, não lhes sobraria mais do atacar o meu carácter. Pensaram que a palavra "pretalhada" seria a sua oportunidade.

2. A verdade é que, nesses artigos que tem vindo a publicar, emprega termos fortes ("pretalhada", "alienígenas", etc.) para referir-se às pessoas que têm tentado atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa. Até que ponto se trata de uma mera estratégia "comercial", um meio para conseguir mais "público" para os seus artigos?
Não interessa chamar a um pobre "Ex.mo Sr. Pobre e Desgraçado" para, depois, o mandar embora sem esmola.
Essa minhas palavras são um grito de indignação. Agora que foram notadas, queria que o Louçã apresentasse uma solução minimamente credível para o problema das centenas de milhões de pessoas que, desde Moçambique ao Bangladesh passando pela Guiné-Bissau, levam vidas de extrema miséria. Não queria o discurso de que "a culpa é do grande capital" mas antes que fossem aos calhamaços de Economia estudar soluções práticas.
Em certa medida, as palavras são uma estratégia comunicacional, uma forma de gritar no meio da multidão dos blogs.


3. O mesmo se pode dizer das teorias que apresenta para resolver o problema da SIDA, ou para o equilíbrio da Segurança Social. É um inconformado? Um irreverente? Como se define?

Quando falei do abate sanitário como política para acabar com a SIDA também referi que essa política não só não resolveria o problema como ainda o agravaria. O seu uso pelo Louçã só prova a minha tese de que o pretendido não era discutir o problema da SIDA mas lançar um cortina de fumo sobre as incoerências do actual discurso da esquerda.
Eu sou, enquanto figura pública, uma criação do espaço público, livre e não moderado que os blogs materializam. É neste espaço que luto todos os dias para ser livre. Poderia escrever sobe anonimato como fazem, por exemplo, no Irão mas isso seria reconhecer de que não vivemos numa sociedade de livre pensamento. Seria tornar-me prisioneiro das pessoas que se acham as únicas com direito a pensar sobre a miséria que aflige o Mundo (mas que não pensam).

4. Essa forma discursiva tem um preço: as adjectivações mais variadas de que é alvo. Incomodam-no?
Não me incomodam nada porque, de facto, essas adjectivações não são sobre mim enquanto pessoa mas apenas enquanto personagem de um mundo virtual. Quando eu vou à farmácia, ao supermercado, ao café, ou caminhar à beira mar, nesses mundos não existe qualquer ligação com a minha personagem enquanto bloggista.
Cada vez mais as pessoas são multipolares, os momentos em que sou judoca, professor, bloggista, amante da natureza, etc. não se interceptam. Por exemplo, na aldeia onde vivi desde que me lembro até ir estudar para a universidade não sabem que eu sou professor universitário, pensam que eu não tenho emprego e que vivo à custa da reforma da minha mãe. 

5. Licenciou-se em Engenharia de Minas (em 1988, se não estou em erro). Porquê esta área?

Quando eu, em 1983, me candidatei à Universidade escolhi Minas porque gostava das coisas da natureza e não precisava pensar na sua aplicação profissional porque os meus pais, tendo 6 filhos, não tinham recursos mínimos para que eu pudesse frequentar a universidade. Tive sorte de a minha mãe ter lutado para que eu tivesse uma bolsa de estudo. Eu, enquanto licenciado, sou um filho do Estado Social.

6. É filiado nalgum partido?
Não. Em termos políticos defino-me como um liberal e já votei no CDS, no PSD e no PS.

7. É o mais velho de três irmãos. Que importância tem a família? Tem filhos?
Pedro, eu talvez cortasse esta pergunta porque não terá interesse.
Tenho 5 irmãos e não tenho filhos porque os homens não podem ter filhos.

8. Porquê essa ausência de relação com telemóveis?
Telefonar, receber telefonemas ou cartas e falar com pessoas causa-me mal estar.
Deve ser uma doença qualquer."
 
 
 



02 maio, 2015

O silêncio dos media de grande audiência sobre o sms de Costa. Por onde andam os Charlies?!


Em Janeiro passado, durante a fase “Je suis Charlie”, publicou-se este post:

Quais são, afinal, os limites de tolerância do nosso jornalismo com aqueles que violam os valores da liberdade de expressão e imprensa?

Tenham vergonha!

Vocês, enquanto afirmam à boca cheia que o desrespeito pela liberdade de imprensa é incompatível com a democracia - por razões de pura afinidade ideológica – são capazes de se aliarem à agenda dos que “se cagam para o segredo de justiça”, de se aliarem à estratégia dos que, com Sócrates, calaram alguns jornalistas e condicionaram outros, em suma, são capazes de colocar os interesses e a conveniência da "esquerda" (nomeadamente, os interesses de Costa e do PS) à frente dos tais direitos que dizem ser intocáveis e, ativamente, darem o vosso contributo para que essa gente volte ao poder!”



Serve esta introdução para melhor enquadrar a omissão e o silêncio – à exceção do Expresso, órgão de comunicação onde escreve o visado, do Observador e de alguns blogs -, em torno deste elucidativo episódio sobre o próximo PM de Portugal (recorro, mais uma vez e com a devida vénia, ao Impertinente…):

"João Vieira Pereira, um jornalista com uma razoável independência de espírito, qualidade reconhecidamente pouco abundante na corporação, escreveu no dia 25 de Abril uma crónica com o título «Perigosos desvios do PS à direita» sobre o relatório "Uma década para Portugal", do qual, aliás, não faz uma apreciação negativa, nem menciona uma única vez António Costa, e onde escreveu:

«Só que ao estilo PS. Nada como pedir a uns independentes que façam umas contas que não comprometem ninguém. Se correr bem o partido tinha razão. Se correr mal eram apenas umas ideias loucas de uns economistas bem-intencionados. Esta falta de coragem é a mesma que levou Sampaio da Nóvoa a avançar sozinho. Uma espécie de "vai andando que eu já lá vou ter". A política do tubo de ensaio. Cheia de falta de coragem e reveladora da ausência de pensamento político consistente.
»

O retrato sem nome é tão rigoroso que o inominado enfiou a carapuça e tomou a iniciativa de lhe enviar um intimidatório
SMS:«Senhor João Vieira Pereira. Saberá que, em tempos, o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas. Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem nem conhece? Como não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a seu respeito. António Costa»

Se a crónica de João Vieira Pereira traça um retrato político do líder do PS, a resposta de Costa oferece-nos um retrato do seu carácter. São complementares, por assim dizer. "



Não vi uma referência a este caso em nenhum telejornal. Não encontrei nos noticiários daquela rádio de informação sempre com linha direta às indignações do dia, qualquer referência ao assunto…
 

Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...