30 julho, 2013

Do Jornalismo de Inquisição...

Enquanto decorre nos meios de comunicação social uma autêntica "caça às bruxas", onde apenas parece interessar continuar com o ruído, aqui  uma explicação sobre a questão essencial: o que separa um contrato swap "normal" de um contrato swap "especulativo".
 

[a partir dos 13 min.] Estes swaps (nomeadamente, contratos celebrados entre 2008 e 2011) foram completamente “anormais” porque, em contexto de taxas Euribor baixas, foram negociados com taxas de 10% e 12%. Porquê? Foi uma forma  de as empresas públicas, assumindo riscos financeiros elevadíssimos (obviamenete, tratando-se de malta socialista, não se pode falar de especulação financeira...), continuarem a financiar-se junto da banca em vez do Orçamento de Estado - vulgo, desorçamentação. Claro que, no curto prazo, estas empresas resolviam o seu problema (pagar salários, por ex.), mas no médio e longo prazo

Enfim, mais uma vez, a imagem de marca do consulado socretino: os contribuintes das gerações futuras que paguem!

Outro aspecto  - por ser revelador da gestão danosa socialista - que a comunicação social "ignora", é o facto de ter sido a própria Direcção-geral do Tesouro e Finanças (DGTF) que recomendou (em Dezembro de 2008) que "a subscrição de ‘swaps' por parte das empresas públicas ficasse dependente de uma autorização do Ministério das Finanças." No entanto, o então secretário de Estado do Tesouro (Carlos Costa Pina), optou por deixar as Empresas Públicas livres deste controlo, aliás, o governante socialista (ao melhor estilo grego) incentivou a contratação destes produtos. Mas isto não interessa nada... Mª Luís Albuquerque deve ir para a fogueira!  
  
 
Foi em Abril que aqui no blog se abordou este assunto dos swap. É impressionante como ao longo destes meses, mantendo o foco numa questão acessória e ocultando o essencial, o jornalismo de intriga ainda investe numa vergonhosa agenda de perseguição a quem está do "lado da solução" (pois já se conseguiram reduzir as perdas associadas a estes contratos para metade), ilibando das suas responsabilidades aqueles que criaram o problema.  
 
Porque, decorridos quase 4 meses, se mantém completamente actual, fica o post de Abril:

Em apenas 6 anos duplicaram a dívida pública portuguesa, aumentando em cerca de 4.000 M € / ano, o valor de juros que Portugal tem de pagar aos seus credores … os contribuintes das gerações futuras que paguem.

Auto-estradas foram lançadas com um período de carência de pagamento às concessionárias de 5 anos… fazem-se as obras, mantém-se artificialmente algum emprego e crescimento do pib, o Estado até arrecada alguma receita à conta da dívida... 5 anos depois e ao longo de 40 anos, os contribuintes das gerações futuras que paguem.


As empresas públicas tinham de mostrar balanços e demonstrações de resultados mais “limpinhos”? Simples, através de uns contratos swap, é possível contrair dívida a taxas de juro temporariamente mais baixas, i.e., no curto prazo os resultados financeiros melhoram, em contrapartida, no médio / longo prazo, essas taxas podem crescer até 20% e originar perdas de 3.000 milhões €… os contribuintes das gerações futuras que paguem.

Quem, nestes 3 casos, não consegue identificar um padrão de actuação de gestão danosa da “coisa pública” e sistemático benefício do sector financeiro?!
 
Portugal, é isto… uma classe jornalística que não entende (ou não quer entender) o processo de causa - efeito da governação socialista recente no estado de bancarrota em que Portugal se encontra. Por ex., até ontem, este "caso swap" foi passando para a opinião pública como "mais um escândalo" da responsabilidade deste governo, quando se trata de mais uma herança socretina.

 
 

26 julho, 2013

Agradecimento a Álvaro Santos Pereira


Partilho completamente desta opinião (jfc, O fueiro) sobre Álvaro Santos Pereira.
"Álvaro Santos Pereira saiu do governo.
 
Poder-se-ão encontrar motivos da mais diversa espécie. A verdade é que Santos Pereira representava, com Vítor Gaspar, na versão 0.1 deste governo, a independência dos critérios partidários. Significava isso que Santos Pereira valia pela sua competência, pelo seu voluntarismo e pela sua análise da realidade portuguesa. Não podem ter sido outros os critérios de Passos Coelho ao escolhê-lo.
 
Faltava-lhe experiência política, disseram os comentadores, confundindo sempre a «política» com os partidos, ou melhor, com a mecânica partidária e mesmo interpartidária.
 
O seu primeiro erro foi de ordem antropológica. Esperou poder assinalar num só gesto a sua origem extrapartidária, o informalismo de origem anglo-saxónica e uma atitude combativa, demarcando-se da retórica subserviente do «Senhor Ministro». Foi fatídico: mês após mês, o «Álvaro» foi alvo de chacota, ostensiva ou dissimulada, nos jornais. E, de um só lance, a sua independência deixou de ser saudada, a sua competência foi olhada com desconfiança, as suas decisões postas em causa, e os seus combates ignorados, desvalorizados, e sobretudo menorizados.
 
Não discuto o facto de Santos Pereira ter possivelmente cometido erros, de ter tido que fazer ajustamentos, de ter tido dificuldades, desarticulações, fracassos, avanços e recuos. O que me parece é que Álvaro Santos Pereira desempenhou o cargo de ministro com seriedade, com independência, com visão sobre o que era preciso mudar para haver mudança. E o que quero aqui notar é que a sobranceria com que foi sempre tratado pela comunicação social e pelas «elites» partidárias se deveu em grande medida ao facto de ser um independente sem laços políticos, sociais, universitários, tribais, com as «famílias» que contam.
 
Álvaro Santos Pereira foi remodelado, como a turba dos comentadores reclamava. Agora estamos na versão 0.2 deste governo. E, nela, tudo tende para a normalização. Os corpos estranhos, os que não têm e não compreendem o que é preciso para fazer política e estar no governo foram expurgados.
 
Agora, sim, estamos (mais) livres de «Álvaros» plebeus e inconvenientes. De técnicos. Os novos governantes são (quase) todos gente conhecida e de bem, gente da «política», gente que não nos deixa ficar mal quando fala na televisão ou come à mesa.
 
Por mim, agradeço a Álvaro Santos Pereira ter aceitado fazer parte da versão inicial deste governo e de ter aturado isto durante este tempo todo."
 

Um país cuja opinião pública clama diariamente contra os "os partidos dos amigos" ou os "partidos interesses", mas que trata este Ministro como Álvaro foi tratado - nomeadamente, a comunicação social, que é quem faz a opinião pública...-, diz bastante sobre a hipócrita sociedade portuguesa...


ASP pode retomar a sua vida num local mais civilizado e nós, por cá, continuaremos a ver o jornalismo militante manter aquele “respeitinho” e subserviência de sempre em relação a alguns figurões. Entretanto, "outro Álvaro" será encontrado para ser o repositório do jornalismo de intriga e da maledicência das redacções.

Obrigado Álvaro, Felicidades.
 

25 julho, 2013

Nascer no País da Equidade…


Como já aqui referimos, a sociedade portuguesa lida de uma forma muito própria com os valores da igualdade e da equidade. Em suma, este valor só é absoluto quando estão em causa os direitos de alguns...

E, se há vertente onde é possível constatar esta noção disfuncional de equidade, é a forma como, enquanto na agenda mediática se dá muita visibilidade e importância a questões de suposta falta de justiça e desigualdade que afectam um determinado grupo ou indivíduo, por outro lado,  a sociedade portuguesa - escondendo o assunto "debaixo do tapete" - convive  com brutais assimetrias de acesso a recursos públicos disponibilizados nos grandes centros urbanos (Lisboa e Porto, nomeadamente),  por comparação com o resto do País.

Veja-se, por ex., na área da Saúde: Quantos estabelecimentos de Saúde foram encerrados nos últimos 10 anos, nomeadamente, no interior do País?

Quantas maternidades, cuja alternativa se encontra a 50, 60 ou 100 km, foram encerradas passando os cidadãos e populações que se viram privados desses serviços, a conviver com o nascimento dos seus a bordo de uma ambulância a caminho de unidades de saúde?
 

 
 
NOTA: Basta uma pesquisa no google por "nascimento ambulância..."


É importante esta introdução, pois permite formular a seguinte hipótese: 
Até que ponto estas  discrepâncias são reflexo da forma desigual de tratamento - seja ele, político, social ou mediático - a que inúmeras matérias são sujeitas, consoante estas digam respeito a Lisboa ou ao "resto do País"?.

 
"Sentença obriga Ministério da Saúde a manter maternidade aberta e a repor serviços entretanto transferidos para a Estefânia.”


Considerando que os serviços encerrados em Trás-os-Montes, nas Beiras, Alentejo, etc., cujos impactos para as populações - por não terem as alternativas que os cidadãos de Lisboa dispõem - foram (são) bem mais gravosos -, que razões de ordem jurídica, podem explicar esta decisão por parte dos Srs. Juízes no caso da MAC?
E o que têm a dizer sobre isto, os paladinos da Equidade?
 
(da MAC ao Hospital da Estefânia, são 1.200 metros aproximadamente)
 

23 julho, 2013

Supertaça das capas apelativas (JN está muito forte na pré-época...)


Quando vi a capa de hoje do JN (que, recentemente, tem sido presença assídua aqui no blog), lembrei-me de fazer uma compilação das capas mais "marcantes" das últimas semanas.
 
Entretanto, com a devida vénia, como alguém se adiantou, aqui fica o post de jcd no Blasfémias:
 
"Diz que é uma espécie de jornal.

um mês

"

Entretanto, este título:

"Decisão de Cavaco engorda a Bolsa..."

é um tratado! Há uns dias, quando as bolsas caíam, as manchetes destacavam os efeitos negativos gerados pela decisão do PR, nomeadamente, as perdas, a incerteza e os riscos para economia e sector financeiro. Ou seja, os efeitos eram nocivos e generalizados - todos seríamos prejudicados. 
 
Desta feita, com a recuperação da bolsa (e, já agora, com a quebra acentuada dos juros da dívida portuguesa nos últimos dias, convenientemente escondida pelo jornalismo militante...) esperava-se que tal fosse noticiado como algo positivo. Mas, com as nossas criativas redacções, há sempre uma forma de "dar a volta ao texto", ou "preservar a narrativa"... Assim, esta recuperação nos mercados de acções passa a ser um fenómeno bem mais localizado, desta feita, a "decisão de Cavaco engorda a bolsa", entenderam quem foram os beneficiários da decisão do PR?
 

Nota final: Aguardo, com um misto de expectativa e medo, a capa do JN alusiva ao "Bébe real" (as horas de directos inúteis sobre este tema nas tvs, dizem muito da categoria da nossa república...)



20 julho, 2013

Por onde andaram os “que se lixe a troika” por estes dias?...


Porque era importante um acordo que envolvesse o PS?

Essencialmente, porque, sem esse posicionamento e compromisso, o "ambiente prec" segue dentro de momentos…

É sintomático que, durante a realização das 9 reuniões do “compromisso de salvação nacional”, não tenha existido uma manifestação sequer dos “que se lixe a troika” (e outros), à porta dos locais onde decorriam as “negociações”.

Porque não se debruçam os comentadores da nossa praça sobre este “pormenor”? Note, para um movimento que se afirma “anti-troika”, poderia existir evento que justificasse maior  mobilização que estas reuniões?... 

Este facto, por si só, prova como a grande maioria das manifestações “anti-troika” são altamente politizadas (em vez do carácter mais abranhente que a comunicação social normalmente lhes cnfere). Bastou os socialistas estarem presentes nestas reuniões, que a turba, em vez dos habituais raids de contestação e indignação, optou por ficar em casa. 
Nota: Uma explicação alternativa para a “ausência” da malta jovem manifestante, também pode ser o Optimus Alive e outros festivais de verão… 

Como por diversas vezes já se abordou aqui no blog, a sociedade portuguesa ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de maturidade cívica e democrática. Largas franjas da população ainda fazem as suas opções, não pela substância das matérias em discussão, mas em virtude dos rótulos ou da posição da sua tribo. O que define os movimentos “anti-troika”, é a sua matriz “anti-direita”, bastou lá estarem uns indivíduos “de esquerda” e a manifestação não aconteceu.

Obviamente, existiram manifestações de carácter transversal e nacional, mas não é dessas que aqui se fala (e que se resumiram a 2 nos últimos 2 anos). Refiro-me aquele ruído e ambiente de agitação, que, em alguns períodos é quase diário. Embora esse clima se resuma apenas à capital, como domina a abertura de qualquer telejornal e faz os destaques de rádio e imprensa nacionais, constitui o rastilho para um clima social de constante agitação que perturba qualquer processo de transformação que seja necessário fazer em Portugal… E isto também se explica porque, é o modelo de desenvolvimento da capital (o “País à mesa do Orçamento de Estado”, que aqui já falamos), o mais ameaçado pela mudança de paradigma que Portugal atravessa.

Era importante um acordo que envolvesse o PS, porque o efeito aqui descrito para os manifestantes “anti-troika” também se aplica aqueles jornalistas militantes da nossa comunicação social.

Um dia depois das declarações de Seguro, note-se que as redacções nem se interessam em conhecer, em função da real situação do País, proposta a proposta, quais as posições de cada partido, e qual o motivo de não ser possível o tal acordo. Não, para os cidadão o soundbyte de o PS “ser contra a austeridade” é suficiente (não convém beliscar a narrativa com a realidade…). As perguntas nos directos e reportagens, já se focam apenas no "que irá o Presidente agora fazer?": eleições antecipadas ou outra solução, da sua iniciativa, mas que “contorna” a realização de eleições já?

A turba aguarda. O "ambiente prec" segue dentro de momentos… 
 
 
P.S.:
Pessoalmente, gostaria de eleições já… poucas coisas seriam mais divertidas do que ver Seguro a anunciar medidas de austeridade e os cortes que um orçamento socialista consagrariam para 2014.

Sim eu si, eleições já, seria a pior solução para o País. Mas, que diferença faz, alguém ainda acredita que este País tem salvação?! 


19 julho, 2013

Salvação nacional = Eleições antecipadas.... já!

Nota: As frases seguintes são extractos do discurso feito por Seguro....
 


“Aumento do salário mínimo”

 pêésssee! pêésssee!...  

“Aumento das pensões mais baixas”

 pêésssee! pêésssee! …

 “Extensão do subsídio social de desemprego”


“Descida do IVA na restauração”

 pêésssee! pêésssee!

“Descida do IRC para as empresas”
NOTA: as nossas fontes sabem que, por lapso, Seguro esqueceu-se de referir a redução do IRS. As mesmas fontes garantem que o imposto cairá para metade.


“Renegociação das maturidades dos empréstimos concedidos por credores oficiais e o diferimento do pagamento dos juros”



“A parte da dívida soberana superior a 60% do PIB deve ser gerida ao nível europeu.”

pêésssee! pêésssee!


 
Última hora! Em exclusivo, fonte no Largo do Rato, avança que uma delegação socialista ao mais alto nível, encontra-se na Lapónia a negociar com o Pai Natal no sentido de, para além do 25 de Dezembro, passar também a haver distribuição de presentes no Dia de Páscoa e no Dia da Criança.




O Jornalismo visto pelos Mestres...


Eça Queirós

Eça de Queirós
1845 // 1900


O Louvor do Jornal

"Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções - mesmo as boas.

(...) Para aparecerem no jornal, há assassinos que assassinam.

(...) O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia."

Eça de Queiroz, in 'A Correspondência de Fradique Mendes'
 
 
 

18 julho, 2013

Da imparcialidade ideológica do comentador tuga...



“Com o acordo, o PSD e o CDS ganham tempo para recuperar da sua desgastada imagem. Eleições agora seriam provavelmente dramáticas para os dois partidos. O PS ganha respeitabilidade e as mudanças que vinha pedindo. E o país respira de alívio.”

"O PS ganha respeitabilidade...", certos comentários dão vontade de rir.

O PS, depois de 1 ano dedicado às "causas de esquerda",  envolvido numa acesa disputa com BE e PCP. no que parecia um concurso de popularidade para apurar qual deles seria o maior “inimigo da austeridade”, assim que se viu obrigado a lidar com a realidade (recordar o ar apavorado de Seguro no dia da demissão de Portas...), em menos de uma semana, já veio dizer que é impossível um acordo com o BE. Da noite para o dia, de uma suposta proximidade e possibilidade de acordo para o célebre "governo de esquerda", o PS passa a acusar o BE estes apenas estarem interessados em "jogos partidários". 

Ou seja, na prática, o PS também assumiu como eram fantasiosas e demagógicas as posições que vinha defendendo ultimamente, nomeadamente, as suas posições contrárias a qualquer corte ou reformaaquele e a constante referência à "urgência" de eleições antecipadas (recordar, mais uma vez, o ar apavorado de Seguro no dia da demissão de Portas...).

Mas esta total inversão de posição - naquela lógica do duplo-critério da comunicação social que aqui no blog tão frequentemente se expõe -, é RESPEITÁVEL!

Estamos conversados...

NOTA: Depois, comentadores com este tipo de raciocínio, admiram-se de atraírem para si os “Baptistas da Silva” deste mundo…

17 julho, 2013

Do Jornalismo Engraçadinho…



À boleia desta capa do JN (hoje, 17.07.2013), revisitamos a forma como algumas redacções interpretam o seu papel, nomeadamente, a sua missão de informar os cidadãos.

Este tipo de “gracinha” – que configura a utilização de meios de comunicação social para ridicularizar e diminuir, algumas personalidades - não mereceria uma tomada de posição por parte do sindicato dos jornalistas? 

Na próxima vez que virem jornalistas e comentadores, mostrarem-se muito preocupados com a “imagem das instituições”, com a “imagem dos políticos” perante os cidadãos. Quando estiverem a proferir aqueles comentários (muito lúcidos) sobre os perigos que a generalização numa sociedade dessa percepção, pode representar para os regimes democráticos, seria bom que pensassem também qual o papel dos agentes mediáticos – o seu próprio papel - no processo …

Depois, também seria interessante perceber, porque só figuras ligadas a governos de "Direita" (Álvaro S. Pereira, A. Cristas, M.L. Abuquerque, Santana Lopes, o próprio Cavaco Silva) ou, então, personalidades que assumam posições públicas distintas da "cartilha da esquerda" (I. Jonet, Soares dos Santos, F. Ulrich, etc….), são sujeitas a este tratamento, enquanto outras (Soares, A. Costa, Arménio Carlos, etc.), podem dizer as maiores barbaridades, que nunca as redacções e o jornalismo militante, deixarão de os tratar com aquele “respeitinho” e a deferência, que as crianças na catequese devem ao seu catequista.


16 julho, 2013

Afinal, em que País alguns pensam que vivemos?!



Nos últimos dias, isto, causou alguma controvérsia tendo-se seguido o previsível fogo cruzado entre “esquerda” e “direita”…

Normalmente, alinho com a barricada onde se contam os “direitolas” mas, desta vez, sou obrigado a reconhecer as razões que assistem ao deputado comunista Miguel Tiago, passo a explicar porquê...

Vejamos, afinal, em que País vivemos? O “que é” a sociedade portuguesa, em que matriz de valores e princípios, se baseia?

Qualquer Estado tem os seus alicerces na sua Constituição, recordemos então a introdução da República portuguesa:

“…A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno…”


Quem não se revê no socialismo, reclama de quê?!

Sejamos justos. Na verdade, temos que agradecer a Miguel Tiago (e muitos outros) a reiterada tolerância, revelada ao longo de décadas, perante todos aqueles que insistem, através dos seus actos e pensamentos anticonstitucionais, na violação clara dos seus direitos de patente sobre o regime.

Podem chamar-lhe Constituição, podem chamar-lhe Lei Fundamental, mas a um documento que começa assim, não fará mais sentido chamar-lhe Registo de Propriedade?

15 julho, 2013

Das personalidades Inimputáveis


Imagine, por ex., Miguel Relvas, A. João Jardim, ou alguma figura política ligada à “direita”, ser, em virtude de uma decisão judicial, obrigado a revelar documentos alusivos à adjudicação de contratos públicos efectuados sob a sua gestão, mas recusarem-se a fazê-lo.

Não é difícil imaginar a onda de indignação na comunicação social que se seguiria… 

Agora imagine, que a informação em causa descrevia falhas nas práticas de contratação de empreitadas, nomeadamente, a abundância de ajustes directos face a um pequeno número de concursos públicos.

Com esta matéria, já estaríamos com reportagens nos telejornais que não deixariam de nos dar conta das suspeitas de tais práticas, da falta de transparência e opacidade, das relações com a empresa A e a empresa B…

Imagine ainda que, em vez de cumprir essa determinação judicial, esse político se recusava a divulgar a documentação em causa e tivesse o desplante de recorrer da decisão, alegando que essa informação não deve ser sujeita a escrutínio público…

Acha que algum telejornal, alguma manchete ou noticiário, pouparia o autor desta prática e deixaria a "opinião pública" sem conhecimenento de semelhante conduta? E se esse político estivesse envolvido em alguma campanha eleitoral - quais seriam as consequências de tal polémica sobre a sua capacidade para desempenhar algum cargo público?...

Agora, pare de imaginar e tente perceber por que motivo – a não ser pelo duplo critério do nosso jornalismo - políticos como António Costa, poderem envolver-se numa “trapalhada” como a acima descrita, mas verem a sua conduta passar despercebida na “opinião pública” e sair incólumes perante o escrutínio da (tantas vezes) implacável comunicação social … 
 
 

 
NOTA: não é a 1ª, nem 2ª vez, que António Costa é “visado” aqui no blog. Apenas clarificar que nada pessoal se trata, nem o autor deste blog é de Lisboa sequer… 

Essa circunstância decorre apenas de António Costa ser o óptimo exemplo do duplo critério do jornalismo português, para o qual parecem existir dois tipos políticos: os de “direita” que, normalmente, são “culpados até prova em contrário”, e os outros...
Enfim, são os “filhos e enteados da comunicação social”.

 

Back to the basics...


Para “desenjoar” dos assuntos que dominam a agenda mediática portuguesa (e até porque esses mesmos assuntos vão persistir durante 10 – 15 anos, pelo que, não faltarão oportunidades para nos debruçarmos sobre eles…), fica uma sugestão de leitura via “Espectador interessado”…

(nota: este post é apenas um de quatro muito interessantes)


O quadro mental da esquerda (2)
Em continuação de O quadro mental da esquerda, apresento agora uma tradução da 2ª parte da série de artigos que Thomas Sowell publicou recentemente nos últimos dias sobre o tema. Depois de na Parte I se ter debruçado sobre a origem histórico-filosófica da "apropriação" da condição "natural" do exercício de poder por parte da esquerda ("justificada" por Rousseau), Sowell aborda agora um tema essencial: o da pobreza ou, mais exactamente, da sua constante redefinição do seu conceito para, numa lógica diabólica aparelhística e diabólica, feroz por parte da esquerda da "necessidade" de a política. Em paralelo ilustra os múltiplos exemplos de importantes grupos sociais e étnicos que, profundamente desconfiados doso governos, conseguiram escapar à armadilha da pobreza e conseguirem a ascensão social e o correspondente aumento de bem-estar. Para Sowell, a palavra-chave é uma: trabalho.
"Os líderes da esquerda em muitos países têm promovido políticas que permitem aos pobres ficarem mais confortáveis na sua pobreza. Mas isso levanta uma questão fundamental: quem são os "pobres"?

Thomas Sowell
Se se usar uma definição burocrática da pobreza de modo a incluir todos os indivíduos ou famílias abaixo de um certo nível de rendimento arbitrariamente estabelecido pelo governo, então é fácil obter os tipos de estatísticas acerca dos "pobres" que são armas de arremesso veiculadas nos media e na política. Mas traduzirão essas estatísticas uma relação estreita com a realidade?

A "pobreza" já teve em tempos um significado concreto - uma quantidade insuficiente de comida para ingerir, ou vestuário ou abrigo insuficientes para proporcionar protecção contra os elementos, por exemplo. Hoje significa o que os burocratas do estado, que definiram os critérios estatísticos, escolherem fazer significar. E eles têm todo o incentivo para definir a pobreza de uma forma que inclua suficientes pessoas para justificar a despesa do estado social.

A maioria dos americanos com rendimentos abaixo do nível oficial de pobreza tem ar condicionado, televisão, possui um veículo automóvel e, longe de passar fome, os seus membros são mais prováveis do que outros americanos de vir a sofrer de excesso de peso. Mas uma definição arbitrária de palavras e números dá-lhes acesso ao dinheiro dos contribuintes.

Este tipo de "pobreza" pode facilmente tornar-se um modo de vida, não apenas para os "pobres", mas para os seus filhos e netos.


Mesmo quando têm o potencial para se tornarem membros produtivos da sociedade, a perda dos benefícios estatais que resultar de o tentarem fazer constitui um "imposto" implícito sobre o que ganhariam que frequentemente ultrapassa o imposto explícito sobre um milionário.

Se se aumentar o rendimento de 15 mil dólares poder levar à perda de 15 mil dólares de benefícios estatais, alguém fará isso?

Em resumo, o estado de bem-estar da esquerda política torna a pobreza mais confortável, enquanto penaliza as tentativas para sair da pobreza. A menos que acreditemos que algumas pessoas estão predestinados a ser pobres, a agenda da esquerda é um mau serviço que lhes são prestadas, bem como para a sociedade. As grandes quantidades de dinheiro desperdiçados não são de forma alguma o pior de tudo.

Se o nosso objectivo é levar as pessoas a sair da pobreza, há uma abundância de exemplos encorajadores de indivíduos e grupos que o conseguiram fazer, em países por todo o mundo.

Milhões de "chineses ultramarinos" emigraram da China, indigentes e frequentemente analfabetos, em séculos idos​​. Quer se tenham estabelecido em países do Sudeste Asiático ou nos Estados Unidos, começaram do fundo, arranjando empregos duros e sujos quando não por vezes perigosos.

Muito embora aos chineses ultramarinos fossem geralmente pagos baixos salários, eles conseguiram poupar desse pouco, e muitos acabaram por abrir pequenas empresas. Através do recurso a longas jornadas de trabalho e a uma vida frugal, eles foram capazes de transformar minúsculos negócios em maiores e mais prósperos negócios. De seguida, cuidaram de proporcionar aos seus filhos a educação de que eles próprios muitas vezes careciam.

Em 1994, os 57 milhões de chineses ultramarinos criaram tanta riqueza quanto o milhar de milhões de pessoas que viviam na China.

Variações sobre este padrão social podem ser encontrados nas histórias dos judeus, dos arménios, dos libaneses e de outros imigrantes que se estabeleceram em muitos países por todo o mundo - inicialmente pobres, mas caminhando ao longo das gerações no sentido da prosperidade. Raramente confiaram no estado e geralmente evitaram a política no seu percurso ascendente.

Tais grupos concentraram-se em desenvolver o que economistas denominam de "capital humano" - as suas competências, talentos, conhecimento e auto-disciplina. O seu sucesso tem, geralmente, sido baseado numa palavra de oito letras que a esquerda raramente usa numa sociedade educada: "trabalho".

Existem pessoas em praticamente todos os grupos que seguem padrões semelhantes para ascender da pobreza à prosperidade. Mas quantos desses indivíduos existem nos diferentes grupos é algo que faz uma grande diferença para a prosperidade ou para a pobreza dos grupos como um todo.

A agenda da esquerda - promovendo a inveja e um sentimento de injustiça ao mesmo tempo que sonoramente exige "direitos" sobre o que outras pessoas têm produzido - é um padrão que tem sido difundido em países por todo o mundo.

Esta agenda raramente retirou os pobres da pobreza. Mas elevou a esquerda a posições de poder e auto-engrandecimento, enquanto promoviam políticas com resultados socialmente contraproducentes."
(Continua)

11 julho, 2013

And now, for something completely different...


O melhor da noite de ontem, foi observar o ar assarapantado de alguns dirigentes políticos e comentadores que, face à aguardada bênção presidencial à solução que saiu do cisma Pedro & Paulo, já tinham um discurso de reacção "engatilhado" - "business as usual", pensavam eles...

Antes do discurso de CS, toda a esquerda queria eleições antecipadas mas todos consideravam esse cenário excluído. Curiosamente, uma aproximação do Presidente às suas pretensões (eleições antecipadas dentro de 1 ano), em vez de fortalecer as suas posições, deixou-os encurralados! Isto diz muito da forma de fazer política em Portugal…

Prontinhos que estavam, designadamente, os socialistas, para andarem até 2015 a apregoar que o problema do País é esta "coligação reaccionária de direita" de Cavaco/PSD/CDS - como se o problema de Portugal fosse este governo e não os desequilíbrios que ainda precisam ser corrigidos… -, a decisão de Cavaco esvaziou o seu programa político, já que nenhum deles quer dizer algo sobre a reforma do Estado ou sobre medidas, soluções, que tornem este País sustentável. Limitam-se a esperar que o descontentamento dos eleitores lhes devolva o poder….


Quanto aos comentadores da nossa praça, a “opinião publicada”, basta constatar como praticamente ignoram o pano de fundo da intervenção presidencial – apresentar um plano consistente, suprapartidário, que permita resolver os problemas do País – e preferem dedicar o tempo a discutir as tricas, as teses conspirativas, enfim, privilegiar a politiquice. Pergunta-se: este tipo de jornalismo e comentário, contribuem para um clima em que personalidades com valor (e como precisamos dessa gente…) “apareçam” e dêem o seu contributo, ou, favorecem o cenário e preparam o terreno, para que os habituais “vendedores da banha da cobra” proliferem? 

Esta comunicação social é um dos principais responsáveis pela fraca qualidade dos políticos que temos... 

Cavaco Silva, abriu um caminho invisível para a esmagadora maioria da intelligentsia portuguesa (que o despreza). "Inventou" uma solução que coloca nas mãos dos portugueses a escolha do próximo governo mas, simultaneamente, obriga os políticos e os partidos, a discutirem, a pronunciarem-se sobre os temas que realmente interessam aos cidadãos, em vez do vulgar paleio de campanha eleitoral.


Cavaco Silva, já teve bastantes momentos infelizes, mas, ontem, ao devolver uma possibilidade à política portuguesa de produzir algo nobre, redimiu-se. Veremos, como se comportarão as nossas “elites” (os fazedores da “opinião pública”) com a possibilidade que foi aberta… é de verdadeira salvação nacional que estamos a falar!

Aqueles que o criticam por ter criado uma crise, têm que se assumir: preferiam eleições antecipadas e o descalabro que as mesmas implicam, ou, que se assumam como defensores da solução proposta por Passos & Portas, defendendo a realização de legislativas em 2015. Só há estas alternativas, não se escondam atrás dos habituais cenários mágicos...  


PS: Ainda obre Cavaco, recordar o que dele se escreveu há uma semana atrás.



 

09 julho, 2013

O chapéu socialista...


OH! Grande coisa, um terrorista muçulmano disfarçar-se de cowboy!…


No meu País, não um indivíduo, mas um conjunto deles e durante anos a fio, conseguiram desviar milhares de milhões de Euros de dinheiro dos contribuintes, para os bolsos das grandes construtoras, da banca, das empresas de energia, etc., mas jornalistas, comentadores e uma parte significativa da sociedade, como num daqueles truques de ilusionismo em que fazem um avião desaparecer diante dos nossos olhos, não confrontam os verdadeiros culpados com os seus actos e passam os dias a acusar uns sujeitos-  sem qualquer responsabilidade no que se passou nos últimos 20 anos de governação - pela consequência de já não existir dinheiro para pagar uma promessa que lhes foi feita chamada Estado Social. Segundo as televisões, jornais e a rádio, eles querem cortar nas despesas sociais, na saúde, na educação, etc., porque são “de direita”...

O segredo, porque ninguém parece desconfiar deles? Usam um chapéu socialista! Um socialista, por definição, é alguém que protege os cidadãos (o povo) das constantes maldades que a “direita do grande capital”…

E mais, neste caso, os cidadãos que foram vítimas do Srs. que se disfarçaram com o “chapéu” nem os procuram pelo mal que lhe fizeram, estão até dispostos a trazê-los de volta ao poder!

Brilhante!

 

06 julho, 2013

Em apenas 2 minutos...



Para quem não viu esta entrevista – acredite – é obrigatória! Em 10 min, são desmontadas todas as narrativas, retórica e versões utópicas que, desde há 2 anos, dominam a agenda mediática. 

Aos 2 min…
“... vocês [jornalistas] também ajudam a alienar a sociedade… ” “… vocês criaram um sistema que leva todo este lixo todo para dentro das nossas casas…”

A reacção de J. Alberto Carvalho a estas palavras, também é muito interessante de observar…


Aos 5 min…Medina Carreira, explica onde falhou este governo “… não mexeu nas despesas, nos municípios, PPP, rendas excessivas…”

 
Entre os 6 min e os 8 min…

É o resumo da realidade económica e financeira do País (balanço e demonstração de resultados...).
A mesma realidade que, durante 2 anos, uma parte do País, nomeadamente, as luminárias que controlam a comunicação social e a opinião pública, insistem em ocultar, por não entenderem ou porque não querem entender.

Aliás, a passagem chave deste “estado de negação” do jornalismo português, é o momento em que J.A. Carvalho, replica “…então na sua opinião…” e Medida responde “não é a minha opinião! São números! ”.

Portugal, ou antes, o Estado português, só é sustentável se a sua despesa for de 70.000 Milhões €. Já teve uma despesa acima de 90.000 M€ (consulado Sócrates), desceu agora para 80.000 M€, mas temos de baixar para os 70.000 M€.


Os breves minutos de lucidez desta entrevista, são valiosíssimos. O único factor positivo desta crise, que ditou - independentemente do acordo que venha a ser divulgado mais logo –, a morte definitiva deste governo, foi termos dois dias em que foi possível descer da “realidade paralela” em que o mundo mediático vive e assistirmos, nas televisões e jornais  (por um breve período é certo), substituída a narrativa do BE, da CGTP, etc., por algumas vozes e opiniões que nos recordaram a nossa triste realidade – Portugal é um Estado falido!
 
Obviamente, esta realidade é triste, mas o País nunca conseguirá sair desta situação sem, antes, reconhecer e aceitar essa realidade.

Entre os 6 min e os 8 min desta entrevista, encontramos o antidoto para toda a banha da cobra e as aldrabices que alguns continuam a vender aos portugueses, fazendo-os acreditar que existe uma saída para o País, voltando aos défices e à divida.  

O “estado de negação”, segue dentro de momentos…
 

 

05 julho, 2013

Cavaco Silva Vs Ex-PR Socialistas




Cavaco Silva, pode ter muitos defeitos (e tem…). No entanto, e de forma bem distinta dos presidentes socialistas que o precederam, dá provas de colocar o interesse nacional acima das conveniências partidárias, das revindicações da sua tribo ou dos seus camaradas de ocasião.
 

Seja a forma como, em prejuízo da sua própria imagem, no discurso do 25 de Abril, ofereceu todas as garantias de protecção ao actual Governo, para atravessar o período do programa de resgate, quer, como refere esta notícia, no momento actual, sendo intransigente  na definição de uma solução sólida. Nem que role a cabeça de Passos Coelho…
 
Ás vezes, a personalidade e a maneira de estar deste Presidente, causa-me grande insatisfação (e já constatei que o mesmo sucede com muitas pessoas). No entanto, basta pensar nas alternativas para que esse sentimento passe logo!    
 
O mesmo sentimento ocorre em relação a PPC, quando a alternativa é... Seguro...
 
Talvez o Fado português seja isto, apenas poder almejar a um "mal menor".
 
(P.S. - a veia filosófica, provavelmente, será consequência do calor...)
 
 
 
 

04 julho, 2013

Da infantilidade de jornalistas e comentadores...


Coisas que, do dia para a noite, passaram a constar do vocabulário dos jornalistas e comentadores, nos últimos 2 dias:


“… a estabilidade é fundamental!”; “… eleições antecipadas, neste momento, é uma tremenda irresponsabilidade!”; “a instabilidade política pode “deitar a perder” todos os sacrifícios já feitos…”; “…assim não escapamos a um 2º resgate!


Está tudo louco?! Então não foram precisamente estes agentes da comunicação social, um dos principais factores de destabilização do clima social ao privilegiarem constantemente a perspectiva da extrema esquerda e, dessa forma, contribuir para acelerar o desgaste do actual governo?!

Os mesmos comentadores que agora alertam os cidadãos para os perigos e os desafios que existem, não são os mesmos que - praticamente desde que este governo assumiu funções - negaram o momento de excepção que Portugal vivia, designadamente, a circunstância de ser um memorando - e não os governantes por si eleitos - quem passou a ditar o nosso dia-a-dia, e constantemente sugeriam a substituição das “políticas de austeridade”?!

Se tivessem o mínimo de coerência, deveriam esta a dizer que a queda deste governo é uma boa notícia para os portugueses. Afinal, a austeridade vai terminar, o crescimento vai já fazer-se sentir, os impostos irão baixar com certeza…

Mas não, chegados a este ponto, parece que caíram na realidade. De repente, em vez de dar 90% de tempo de antena às Catarinas, aos Arménios, os Galambas, etc.. começamos a ver nos telejornais personalidades que nos dão conta do estado REAL do País e da fragilidade económica e social que ainda vivemos. A entrevista de Medida Carreira, ontem, no telejornal da TVI foi lapidar….
O ar espantado, de verdadeira descoberta de uma nova realidade, das “Anas Lourenços & afins”, quando confrontadas com essas fotografias da nossa situação, não deixa de ser um momento admirável … e não deixa de ser espantoso observar como, em 2 - 3 dias, quase passou a existir uma unanimidade quanto ao cenário de eleições antecipada  ser o pior dos cenários para o País e para os portugueses. Como explicar este fenómeno?...

Tenham memória pf…
Vejamos, desde o fim de 2012, o PS andou a pedir eleições quase todos os dias (já nem se fala na malta da esquerda radical). Lembram-se de ver algum destes comentadores a confrontar os dirigentes socialistas com a irresponsabilidade do que estavam a pedir? Das consequências e da situação de emergência que isso poderia representar para o País?! Claro que não, porque a comunicação social, partilha da retórica da esquerda e da “realidade paralela socialista” que aqui falamos.
 
Mas a realidade – como o cenário de crise que em 2 dias se instalou – veio sobrepor-se à retórica e, ao ver as intervenções de muitos jornalistas, parece que despertaram de um estado hipnótico e de delírio…   

É esta “elite esclarecida” que controla a opinião pública. É preciso não esquecer nem "fazer de conta". São estes jornalistas e comentadores que, em larga medida, determinam quais os governos que “se aguentam” e quais os que “sucumbem” às polémicas, muitas delas artificialmente criadas e mantidas.

È esta comunicação social que passa a vida a acusar os políticos de irresponsabilidade, de impreparação, que é incapaz de assumir a sua parte de responsabilidade sobre o rumo que o País tomou, especialmente, nas últimas 2 décadas.

03 julho, 2013

Gerir o timing das notícias


Hoje, o DN na sua edição online, publica esta pequena notícia:

"Clientes de supermercado cuspiram em Vítor Gaspar"
 
"..., o então ministro das Finanças foi ao supermercado com a mulher em Lisboa. Foram sozinhos sem qualquer elemento da PSP. Quando estavam na fila de uma das caixas os ânimos exaltaram-se e foi necessária a intervenção dos seguranças da superfície comercial. À saída não conseguiram evitar as cuspidelas de outros clientes, insultos e tentativas de agressão.
 
Vítor Gaspar terá telefonado a Pedro Passos Coelho assim que chegou a casa dizendo que tinha chegado a hora de acelerar a saída do Governo. O telefonema aconteceu dias antes da reunião do Eurogrupo, a 20 de junho, em que ficou fechada a sétima avalição da troika.
"
Mas o que mais chama a atenção - para além do nível rasca que muitos entre nós (nós, enquanto povo e sociedade) manifestam - é que isto se passou há 2 semanas atrás!

Porque não foi isto noticiado nessa altura?

Que critérios foram tidos em conta para que as redacções "guardassem" este episódio e que "causas" poderia sair prejudicadas caso esta notícia fizesse a abertura dos telejornais?

A opção de não divulgar a notícia, estará de alguma forma relacionada com a circunstância de, por aqueles dias, decorrer uma greve dos professores e estarmos em véspera da (grande!...) greve geral de 27 de Junho?

É se há 10 ou 15 dias atrás, o jornalismo tivesse pegado nesta notícia e a tivesse transformado numa manchete?... É muito interessante especular sobre o impacto que isso poderia ter no desenrolar dos acontecimentos dos últimos 2 -3 dias. 
 
O Governo não caiu na rua... mas talvez tenha caído numa fila de supermercado!

NOTA: Para aqueles, como eu, que ainda tinham algumas dúvidas quanto às razões de demissão de Vítor Gaspar nesta altura, este pequeno episódio é esclarecedor....



02 julho, 2013

Do bater com a porta, à facada nas costas, é um instantinho …


Por cada medida impopular que o Governo anunciava, lá estava Paulo Portas a apregoar a sua oposição à medida: aumento fiscal não! Temos de cortar na despesa!

“Dizendo que Portugal está numa "situação de salvação nacional", acrescentou que agora "só há uma coisa a fazer: um trabalho significativo e redobrado de redução da despesa que permita moderar essa carga fiscal".”
 

Depois de tanto apregoar contra o aumento de impostos e dedicar tanto discurso à via do corte na despesa, esperemos que tenha deixado pronto o guião dos cortes e da reforma do Estado que se aguardava há meses... A não ser assim, que dizer de um político que, nas palavras, muito se bateu por uma causa mas, nas suas acções, nada fez por ela? 

É nestes momentos que se vê o carácter de alguns políticos. Paulo "dissimulado" Portas, é mais um daqueles que faz de tudo para “ficar bem na fotografia”. E Portugal, é um sítio onde muitos são premiados por fazê-lo...


(alguém tem aí o número de Rui Rio à mão?...)



 

Do Ressabiamento e do "Jornalismo a martelo"


Há jornalismo e jornalistas assim, quando os indicadores e os números “colam” com as suas próprias convicções e ideologia, as notícias fluem e a narrativa até pode ser enriquecida com informação adicional trabalhada a partir dos dados base dos organismos oficiais.
 
Sim, como é possível constatar neste caso que dava conta da subida da taxa de desemprego - quando querem - os jornalistas são capazes de fazer mais do que simplesmente "copiar e colar" o material que as agências de comunicação, ou outras fontes, lhes enviam (quando a  motivação para esse "trabalho extra" existe, claro...)

“322 novos desempregados por dia no primeiro trimestre”

"Desemprego volta a crescer entre janeiro e março deste ano. Pelas contas do Expresso, 21,5% da população ativa não tem trabalho." ... "Os dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) fazem referem uma taxa de desemprego de 17,7%, mas esse valor exclui os inativos que já não procuram emprego"


Já quando os indicadores não "colam" com a narrativa...

Ontem, indicadores do Eurostat, deram-nos conta de um recuo da taxa de desemprego - desde há mais de 2 anos, foi a primeira vez que se registou uma evolução positiva deste indicador. Esta notícia, em princípio, seria positiva para qualquer pessoa… mas não.

Quando os números e os indicadores contrariam a “narrativa”, é sempre possível fazer outra leitura de cariz, mais ou menos, ressabiado…
 

 
Diz que é jornalismo!





01 julho, 2013

Obrigado, Dr. Vítor Gaspar


Parece que se confirma a saída de Vítor Gaspar do Governo.

Embora este ministro das finanças tenha estado sob fogo da comunicação social praticamente desde a 1ª hora, lembrar (actividade importante num País sem memória...) que Gaspar esteve do lado da solução, enquanto outros - bem mais queridos da nossa imprensa e menos insultados pelo povo português - estiveram do lado do problema. Esperemos que a História lhe faça essa justiça...  
 
Em jeito de agradecimento do blog, faz-se a reposição do post em baixo.

Nota Final / Prognóstico:  Nos próximos dias, finalmente, a comunicação social vai passar a dar-nos conta do importante trabalho que Gaspar desenvolveu, o contexto difícil que enfrentou e a importância do seu papel para a recuperação da imagem de credibilidade junto dos nossos credores. Vai uma aposta?
 

Dos Tecnocratas insensíveis Vs Crescimentistas de bom coração
Os extractos do artigo que a seguir se reproduzem, dizem respeito ao discurso de um político português perante elementos da comissão europeia. O discurso foi proferido a 7 de Maio, há 1 mês, portanto. O contexto, foi da discussão em torno da evolução futura da UE, nomeadamente, em matéria de integração financeira, o seguinte parágrafo resume a postura dos responsáveis dos organismos europeus aí presentes:

“Embora sem referências específicas à austeridade, a tónica dos discursos foi toda para o rigor das contas públicas, o cumprimento do programa de reformas e a consolidação das finanças públicas. A política de Bruxelas, representada por Rehn, manteve-se fiel a si própria…”

O objectivo deste post, é lançar um desafio ao caro leitor: através dos extractos que a seguir se transcrevem, proferidos por um político português naquele fórum, como já foi dito, tente adivinhar quem foi.
Quando se decidir pela resposta abra qualquer um dos links e confirme se acertou. Para simplificar, será um teste de escolha múltipla:

Vamos então às passagens / extractos do discurso:

1 [falando em relação aos países sob resgate] “”…a fragmentação financeira que existe actualmente [i.e., a disparidade de custos com o financiamento] exacerba o custo associado ao ajustamento e funciona como um choque de competitividade negativo para o pais sob ajuda externa”, acrescentando que “a UE tem de respeitar o que eu considero um princípio: permitir aos Estados que assegurem aos seus cidadãos os direitos sociais que estes exigem”. ”
2 [numa passagem dirigida a Schäuble, recorda] “… também ele tem um Tribunal Constitucional alemão que o incomoda, avisando-o que também ele pode não estar livre dos problemas acrescidos sentidos por Portugal face aos seus credores na sequência do chumbo do Tribunal Constitucional de normas do Orçamento”

3 [comentando o sucesso da colocação da primeira emissão nos mercados de dívida pública portuguesa a 10 anos, não deixa de frisar que] “…o desemprego é um problema irresolúvel, a não ser que seja posto em marcha um programa de políticas activas de emprego.”

E então, adivinhou?
...
 
Este jogo, dá que pensar sobre “o que sabemos realmente” dos políticos e, ao mesmo tempo, demonstra a (enorme) influência que os media têm na percepção sobre a “realidade”.

Até que ponto, as personagens que os meios de comunicação social e “comentadores de serviço” vão construindo, são uma imagem fiel da personalidade em questão?

Se as redacções transmitem opinião em vez de informação, se o jornalismo destaca ou omite factos para reforçar uma determinada narrativa (por ex., teve conhecimento em algum telejornal destas declarações de Gaspar?), em suma, se a comunicação social não se revela, política e ideologicamente, imparcial, até que ponto as decisões dos cidadãos – como o voto, por exemplo - são determinados por uma espécie de “Tirania Mediática”?