30 abril, 2015

O que é que o Nóvoa tem?

Ligo a televisão e lá estão reportagens dando-me conta dos roteiros de Sampaio da Nóvoa. Abro os jornais e leio notícias gizadas na sequência de discursos de Sampaio da Nóvoa. Ligo a rádio, idem.

Não existindo até agora apoios partidários declarados aos candidatos que, individualmente, tomaram a opção de avançar, que critérios jornalísticos justificam tamanha promoção mediática de Sampaio da Nóvoa em relação (por exemplo) a Henrique Neto e a Paulo Morais?!

Estando até ao momento estes candidatos em pé de igualdade (recorde-se, não existem ainda apoios partidários declarados), não deveria a comunicação social usar de critérios de imparcialidade e isenção no tratamento mediático?

Esta “opção editorial” de selecionar o candidato presidencial a impingir aos portugueses, serve a estratégia de quem?  (... difícil, a resposta a esta questão, não é?)
 

Enfim, como em tantas outras ocasiões, em vez de informar, o Jornalismo prefere decidir por si quais os candidatos a eleger… 



 

27 abril, 2015

É obrigatório que os cidadãos se indignem com Passos...


Por se tratar de um excelente exemplo do papel da comunicação social no fabrico e alimentação de indignações dirigidas a alvos bem definidos, voltámos a abordar a "fábula da emigração".

Já aqui se demonstrou que frases recorrentes na agenda mediática como “Primeiro ministro mandou portugueses emigrar” ou “Governo convida portugueses a emigrar”, eram (são) uma grosseira distorção e manipulação das declarações de PPC (que se referia a um caso bastante específico conforme pode ser visto aqui).
 
Desta vez - na melhor tradição estalinista -  o jornalismo de intriga deu mais um pequeno passo e reescreveu a história, como se pode constatar neste post de Helena Matos...
 
 
Como segundo a mesma emigrou em Março de 2011 não se percebe se Passos a convidou pessoalmente a emigrar. Se foi sugestão, pensamentos cruzados… Com Passos Coelho à época na oposição dá que pensar como alguém seguiu o seu pensamento com tal fervor. É uma coisa nunca vista."


Enfim...
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...
 
 
 
Felizmente, já falta pouco para as eleições...
A partir de Novembro, palpita-me. o olhar do jornalismo sobre a emigração será diferente. Passaremos a ouvir, ler e ver, algo do género: 
 
Esta emigração nada tem a ver com a emigração dos anos 60 e 70! (já vejo Adão e Silva...)
 
Hoje, há muitos portugueses que emigram por opção! O seu mundo já não se confina às nossas exíguas fronteiras. Hoje um português é um cidadão do mundo!   
 

Pf Costa, vem rápido! (se mantiveres a boca fechada, ajuda...)

Antecipem-se as eleições, façam qualquer coisa. Quero voltar a ver notícias positivas, já não se aguenta este clima deprimente...


23 abril, 2015

É funcionário público e vê o Estado como o grande motor económico? Não hesite, vote António Costa…


Os 12 escolhidos de Costa (já vi isto em qualquer lado…), elegeram como grande prioridade a reposição dos cortes na função pública e o fim da sobretaxa de IRS. Chamam-lhe o “fim da austeridade”.

http://www.publico.pt/economia/noticia/economistas-do-ps-propoem-imposto-sobre-herancas-acima-de-um-milhao-de-euros-1693137?page=-1
“Para além de Mário Centeno, fazem parte do grupo de trabalho Paulo Trigo Pereira (ISEG), Sérgio Ávila (vice-presidente e secretário das Finanças do Governo Regional dos Açores), Manuel Caldeira Cabral (Universidade do Minho), Vítor Escária (ISEG e ex-assessor de José Sócrates), Elisa Ferreira (eurodeputada do PS), João Galamba (do Secretariado de Costa), João Leão (ex-director-geral do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério de Economia), João Nuno Mendes (Comissão Política do PS), Fernando Rocha Andrade (Universidade de Coimbra) e Francisca Guedes de Oliveira (Universidade Católica do Porto).”
 
Evidentemente, esta opção é totalmente alheia à circunstância a eles próprios terem o Estado como entidade patronal!
 
Estou certo que, se grupos de economistas oriundos do sector privado fossem chamados a pronunciar-se, a prioridade seria unânime: a restituição, mediante a subida da despesa pública suportada pela generalidade dos contribuintes, do poder de compra dos funcionários públicos. 


Muito se tem falado sobre a credibilidade do cenário macroeconómico apresentado pelos socialistas. Logicamente, os políticos da atual maioria têm criticado a credibilidade do mesmo, mas, é possível aferir o grau de confiança a ter nos pressupostos através do critério dos próprios socialistas.


Foi recentemente que o governo apresentou as suas previsões económicas para o período 2015 – 2019:

“Quanto às previsões para 2016, o Governo antecipou no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), apresentado em abril do ano passado, que a economia portuguesa deveria crescer 1,7% no próximo ano.”


Ora, os mesmos que, relativamente a previsões do Governo que apontam um crescimento de 1,7%, as classificam de “irrealistas”, “fantasiosas”, “excessivamente otimistas”, etc.. (enfim, o habitual…), são os mesmos que, no seu cenário macroeconómico do credibilíssimo “Uma Década para Portugal”, estimam um crescimento de… 2,6%!

Note, este partido que vê Portugal a crescer 2,6% para o ano é o mesmo que, todos os dias, culpa um governo “obcecado com a austeridade” pela crise que o país (ainda) atravessa.
 
Governo esse que, recorde-se, governará praticamente até ao final de 2015... Que magia, que milagre, terá sido revelado aos 12 escolhidos de Costa, para afirmarem que logo em 2016 existirá um crescimento do PIB de 2,6%?!... 


Enfim, o tuga engole tudo…

Só para recordar outros estudos e/ou medidas com a chancela de credibilidade da Escola de Economia do Largo do Rato:

“SCUT – As autoestradas que se pagam a si próprias”


“O TGV é um projeto auto-sustentável”

 

“A nacionalização do BPN, não custará um cêntimo aos contribuintes.”


“Investir em energias renováveis, para colocar Portugal na linha da frente da” economia verde".

 


 

20 abril, 2015

Combustíveis… o que precisávamos, mesmo, era de informação simples, sem aditivos.

Não me considero um individuo de memória prodigiosa, mas lembro-me bem de reportagens nos telejornais que davam conta aos cidadãos que as diferenças entre combustíveis low-cost e os combustíveis aditivados (ou premium), eram muito duvidosas apesar de significativa diferença de preço. 
 

Eu ainda sou do tempo em que os combustíveis low-cost e premium, eram todos iguais


O tom dessas reportagens podia resumir-se, mais ou menos, nesta ideia chave: as empresas petrolíferas andam a vender “gato por lebre”, o cidadão a ser enganado e o governo não fazia nada em relação ao assunto!
Enfim, mais uma (entre tantas outras...) razão para os portugueses se sentirem indignados com o governo...

Parece que o Governo quis fazer qualquer coisa e obrigou essas empresas a disponibilizar em todos os postos os combustíveis sem aditivos, agora ditos “combustíveis simples”. Nem quero aqui tratar as vantagens / desvantagens de mais esta medida implementada pelo governo - unanimemente - mais ultra-neo-mega-liberal de sempre.

Não posso é deixar de notar o seguinte: de repente, vendo os mesmos telejornais, fico a saber que:


- os tais “combustíveis aditivados” têm, afinal, indiscutíveis vantagens! Não se sabe porque motivo, na altura do estudo da DECO, ninguém os procurou, mas, hoje, os jornalistas já conseguem encontrar técnicos que não deixam dúvidas: “os aditivos proporcionam maior rendimento”;


- outro aspeto que as reportagens não deixam de salientar, reside na circunstância de as diferenças de preço não serem as esperadas, ficando “aquém das expectativas”. Curioso é constatar que, enquanto subidas de 1 ou 2 cêntimos, causam indignação, pelos vistos, descidas de 5 cêntimos são uma tremenda desilusão…


Enfim, não adianta… este Governo “não dá uma para a caixa!”.
 
 
 

17 abril, 2015

Definitivamente, o Porto é um caso à parte…


E, não (embora também corroborasse a ideia em título), não estou  a referir-me a isto

Mas a isto:

"
Câmara do Porto com saldo histórico
 
O Município do Porto registou em 2014 números exemplares quanto a execução orçamental, reduzindo despesa corrente e aumentando a receita, o que lhe permitiu reduzir o endividamento bancário.
 
O Município do Porto registou em 2014 números exemplares quanto a execução orçamental, reduzindo despesa corrente e aumentando a receita, o que lhe permitiu reduzir o endividamento bancário em mais de 10% e terminar o ano com um saldo global efetivo superior a 54 milhões de euros, o que representa um valor histórico, 200% superior a 2013.
 
Segundo a prestação de contas que na próxima terça-feira o executivo de Rui Moreira vai levar à reunião pública de câmara, a receita liquidada obtida pelo município em 2014 foi de 212,8 milhões de euros, superior em 30,4 milhões de euros ao previsto no orçamento, o que demonstra a prudência na elaboração do orçamento de Rui Moreira."



Procurei nas capas dos jornais, ouvi noticiários e acompanhei telejornais....
 
 Porque não são as (boas) contas da CM do Porto notícia?!
 
Imagine se, há semelhança do que sucedeu com a CM Lisboa e que permite António Costa gabar-se de ter reduzido o endividamento, o governo central tivesse indemnizado a autarquia portuense pelos terrenos onde o aeroporto foi construído...   


08 abril, 2015

“Cortam, cortam, cortam, mas a despesa aumenta!”, ouço à mesa durante o almoço…

O desabafo em título, foi ouvido ontem durante o almoço e é uma daquelas ideias que, de tão repetidas na agenda mediática - pelas vozes da oposição, mas também por diversos comentadores -, tornou-se em mais um daqueles casos de “ideia implantada”.

Quando disse (perante a atitude reprovadora da maioria dos presentes…) que essa ideia não correspondia aos factos e que, pelo contrário, a despesa baixou uns largos milhares de milhões de euros, ainda obtive como resposta “Tenho a certeza que não é assim, pois já vi muitos comentadores na televisão a dizê-lo!”.

Enfim… “Uma mentira mil vezes repetida, transforma-se em verdade…” 

Você também está convencido que a despesa aumentou?

A partir do Portal do Governo (que, note-se, recorre a dados oficiais) testemos a adesão à realidade desta “ideia implantada”. 
 
O gráfico seguinte representa a evolução da despesa, mas sem a componente dos juros (despesa primária).

 


Conclusão: ao longo de quatro anos, existiu uma redução acumulada de cerca de 11 500 milhões de euros.


Algumas notas sobre esta evolução:

- outra “ideia implantada” traduz-se na noção generalizada de a despesa ter baixado, exclusivamente, em função dos cortes aplicados a vencimentos e pensões. Isto também não é verdade, já que o peso desses cortes na despesa é muito inferior (menos de metade) dos 11.500 milhões de redução de despesa;

- o efeito ainda desconhecido dos portugueses, da pesada herança das políticas seguidas no consulado de Sócrates (e não falo de questões criminais). O quadro em baixo (fonte INE e Banco de Portugal) permite-nos constatar que em 2005 a despesa com juros era inferior a 4.000 milhões de Euros. 


 
No entanto, fruto de coisas que permanecem como orgulhos do PS”, os portugueses têm hoje de suportar quase 9.000 milhões de euros de despesa com juros! E a este (mais do que) duplicar de encargos com juros, há ainda a somar as rendas com PPP que representarão nos anos vindouros mais 1.500 a 2.000 milhões de euros anuais… 


Povo que vos indignais! Entre 6.000 e 7.000 milhões anuais do vosso esforço, do vosso trabalho, vão direitinhos para o pagar a “visão” socialista que, Sócrates e seus companheiros de partido, executaram entre 2005 e 2010.

Esses mesmos que vos preparais para reeleger…     

“No encontro, em que teceu duras críticas à governação PSD/CDS, António Costa afirmou também que, “ao contrário do que o Governo diz, apesar dos cortes nos salários, cortes nas pensões, cortes das despesas sociais, apesar do aumento da carga fiscal, a verdade é que as finanças públicas não estão melhores do que há quatro anos”.”


Voltando à discussão durante o almoço: como normalmente faço, disse ao "indignado" para ser mais desconfiado em relação às coisas que e ouve na televisão e nos media em geral. Que fizesse uma pesquisa na net, observa-se os dados e, então, retirasse as suas conclusões.    

 
Os media, deviam confrontar aqueles que dizem que finanças públicas estão pior com os factos e não colaborar com a sua estratégia.
 
Em Portugal, os cidadãos não votam em função de factos e de informação objectiva, mas em função de opinião e emoção induzidas em relação ao político A ou B.
 
 
 
 

04 abril, 2015

Porque não podemos ignorar. Um apelo aos agentes da comunicação social.

 
É incompreensível que este assunto não mereça maior atenção mediática.
 
(através de Vasco Mina, no Cortafitas)
 
 
...
Passados dois mil anos sobre a sua morte assistimos, nos tempos que são os nossos, a novas perseguições e públicas execuções de milhares de homens e mulheres cujo único “crime” que praticam é a Fé e o seguimento de Jesus Cristo. Relatórios da organização Ajuda à Igreja que Sofre dão conta das perseguições aos cristão nos seguintes países: Afeganistão, República Centro-Africana, Egipto, Irão, Iraque, Líbia, Maldivas, Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Síria, Iémen, Mianmar (a antiga Birmânia), China, Eritreia, Coreia do Norte, Azerbaijão e o Usbequistão.
 
Ainda ontem, no Quénia, num ataque a uma Universidade, um grupo radical islâmico assassinou cerca de 150 pessoas. Segundo os relatos, foi feita uma triagem religiosa e de acordo com as testemunhas os homens armados iam de quarto em quarto perguntando quem era muçulmano e cristão. "Se fosses cristão eras morto no local"."
 
 
É incompreensível que sociedades de países onde, não raras vezes, vagas de indignação surgem a propósito de assuntos de duvidosa importância, se reduza quase à irrelevância, a uma nota de rodapé, uma realidade de barbárie quase inacreditável.
 
Em países - designadamente, os do "mundo ocidental" - sempre a reboque da agenda da comunicação social, só através da visibilidade deste drama na agenda mediática e da sua menção na "opinião publicada", as lideranças políticas se sentirão coagidas a fazer algo.
 
Por esse motivo, apela-se a todos os agentes da comunicação social (jornalistas, comentadores, etc.): não ignorem esta barbárie!   
 
 
Se este fanatismo, este Mal, não for travado agora, o que nos esperará dentro de alguns anos?
 
 
 
 

01 abril, 2015

"História de dois países. Cá dentro", por José Manuel Fernandes.

Por razões óbvias, não poderia deixar de sugerir a leitura deste artigo de JMF no Observador.
 
 
"...Aqui chego, ou regresso, à ideia de sermos muitas vezes “dois países”, já não os que Orlando Ribeiro descreveu, se bem que neles permaneçam alguns dos seus traços. Para ir directo ao assunto de uma forma porventura brutal e simplista, tivemos nestes anos um país que se queixou e foi muito vocal, e um país que tratou de fazer pela vida, de “se virar” o melhor que podia, um país que percebeu muito depressa que tinha de alterar os seus hábitos de consumo (e por isso a recessão foi maior do que esperava) mas, ao mesmo tempo, um país que procurou desenrascar-se e improvisar, que saiu do seu conforto e assumiu mais riscos (e por isso assistimos a coisas tão surpreendentes como a radical transformação do centro de cidades como Lisboa ou o Porto ou descobrimos uma insuspeita capacidade para exportar e ir, de novo, à conquista do mundo).
 
Haverá – há de certeza – um lado redutor neste retrato e nesta dicotomia, que vale sobretudo como uma possível chave de leitura. Mas, ao mesmo tempo, há algo que não é de forma alguma uma caricatura, e essa é “a realidade a que temos direito” – ou seja, o país dos telejornais, das greves do Metro e do omnipresente Mário Nogueira, do caos numa urgência transformado no caos de todo o Serviço Nacional de Saúde, o país das comissões de utentes saídas nunca se sabe de onde e dos bastonários na pele de “passionárias”, o país que fala da “lista VIP” mas não se incomoda com o Estado intrusivo e os seus funcionários abusadores (mas sindicalizados), o país dos talibãs das redes sociais e da guarda pretoriana do politicamente correcto."
 
 
 
Mais sobre uma das temáticas prediletas aqui do blog - o tabu do conflito entre dois modelos de sociedade e de desenvolvimento existentes em Portugal:
 

“Do "Portugal silencioso"...

À custa desta estrutura, sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo-privada": um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, continuaram com as benesses e os monopólios que só a proximidade (promiscuidade...) com o poder lhes garantiu (e garante)..."
 
 
Portugal, Lisboa e o Resto do País - 1ª Parte.

Há uma parte do País que ficou suspensa na "quimera do 25 de Abril", nos ideais e conquistas que, apesar de muita fé revolucionária, nunca se concretizaram. Essa facção, órfã de uma espécie de “Sebastianismo Abrilista”, está fortemente enraizada na capital e continua a dominar uma parte importante do aparelho centralista do Estado, com o qual se entrelaça e onde angariou os seus privilégios.
..."

"O “elefante no meio da sala” que os profissionais da indignação nos media ignoram… 

Num País onde muito se fala sobre solidariedade - especialmente neste período mais recente, em que frequentemente se aponta aos países mais ricos (como a Alemanha) o facto de não ajudarem os mais pobres -, é curioso que o tema das disparidades regionais de riqueza em Portugal sejam quase um tema tabu.

Face a este "Estado da Nação", ninguém na comunicação social se interroga: porque será que aqueles que mais riqueza produzem são, simultaneamente, os mais pobres?!"