26 setembro, 2014

Corolário da "esquerda boazinha Vs direita maléfica".


Depois de passarem a vida do homem a “pente fino”, a insinuação via carta anónima foi o melhor que conseguiram arranjar.

Esvaziada a questão da exclusividade, o carácter do atual PM poderá ser questionado apenas pela seguinte dúvida: terá PPC tenha recebido, através das ditas “despesas de representação”, algo mais do que teria direito?

Se as acusações anónimas se confirmassem, só lhe restaria a demissão, mas, dificilmente o saberemos… salvo nova e relevante informação venha a público, parece que ficará ao juízo e convicção da cada um.


No fundo e ironicamente, a política é também uma questão de . Por exemplo, sendo público que os rendimentos de PPC decorrem essencialmente dos cargos públicos desempenhados, se em vez do apartamento em Massamá, vivesse num luxuoso apartamento numa zona nobre de Lisboa, as suspeitas lançadas na comunicação social sobre a sua conduta seriam idênticas, maiores ou menores?

Se, em vez de passar férias numa vivenda alugada na Manta Rota, fizesse as suas férias nos resorts mais exclusivos, o escrutínio jornalístico à origem dos seus rendimentos seria, idêntico, maior ou menor?  


Olhando além do “Passosgate”, há algo aqui que merece reflexão… que factos podem determinar, a (in)elegibilidade de alguém para o cargo de ministro, ou, como no caso presente, encontrando-se alguém no desempenho dessas funções, o que obriga a uma demissão?

E, para além dos factos e dos atos, quem o determina?

Vejamos, ao longo da última semana, decorrente do grau de visibilidade mediática que o jornalismo atribuiu  a esta novela "Passos & Tecnoforma", qualquer cidadão poderia concluir: tendo existido remunerações daquela entidade a um deputado que alegou exclusividade, só uma saída seria possível: a demissão.


Então, parece estar aqui encontrado um dos casos de inelegibilidade / demissão. Será?...

Durante o mandato do anterior 1º Ministro - entre muitas outros “casos polémicos”, diga-se – foi do conhecimento público um caso semelhante ao que se pretende imputar a Passos (mas ainda ninguém foi capaz de provar, recorde-se...).


Alguém se recorda de semelhante campanha mediática como esta a que PPC foi sujeito, quando foi conhecido que, enquanto era deputado “em exclusividade”, Sócrates recebeu pagamentos de outras empresas? 


Sendo casos idênticos, com a agravante de o "caso Passos" se alicerçar (para já) apenas numa carta anónima - sem fundamento ou prova -, enquanto no caso de Sócrates existem provas concretas, porquê a diferença de tratamento jornalístico? Onde estavam,  nessa altura,  estes comentadores que, agora, exigem uma demissão!?


Casos semelhantes não deveriam apenas ser avaliados em função da gravidade intrínseca dos atos, independentemente, de quem os pratica?...


Outro exemplo: imaginem que vinha a público que Passos Coelho, há alguns anos, tinha tentado interferir num caso judicial recorrendo, por hipótese, aos seus contactos na PGR e na Presidência da República para ajudar um seu camarada sob investigação.


Se, pela suspeita (não provada, recorde-se) de ter recebido uns cobres não declarados da Tecnoforma, temos assistido à indignação de pilhas de virgens ofendidas das redações e da esquerdalhada, imaginem o ambiente mediático e o que se diria de uma situação dessas…


Obviamente, tal conduta seria inadmissível e incompatível com o lugar de Primeiro Ministro! Nas televisões e jornais, jornalistas e opinadores, seriam unânimes: em qualquer democracia ocidental, semelhante prática daria lugar, para além da óbvia demissão, a consequências de natureza criminal para o político que, dessa forma, tivesse tentado interferir no desenrolar de um processo judicial.  


 
Mas, mais uma vez, seria esta a avaliação de semelhante conduta, independentemente da personalidade que a praticasse?


É que existe um candidato a PM que tem precisamente esse “cadastro” e não consta que o “jornalismo de inquisição” se incomode com semelhante situação, pelo que a mesma não será impeditiva para o desempenho do cargo...


É isso mesmo, vivemos tempos de verdadeira “ditadura mediática”. O que é permitido e não é permitido fazer, parece depender mais da visibilidade da campanha mediática gerada (ou do seu encobrimento) em torno do caso A ou B, do que da gravidade dos ilícitos – independentemente de quem os pratica - que o próprio caso encerre. 

Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...
 
 
 

24 setembro, 2014

O ”povo esta a ser roubado!”, dizem os sindicalistas…

 Através deste post no (im)pertinências, tive conhecimento disto:

“Segundo os números divulgados pelo SOL, 10% dos 21 mil polícias são sindicalistas de 13 sindicatos - 13 diferentes - e faltaram o ano passado 23 mil dias por actividades sindicais.
 
600 dos 2.100 sindicalistas são dirigentes e cada um tem direito a 4 dias de folga por mês, os restantes 1.500 são delegados sindicais e podem ter 12 horas de folga por mês. As folgas não usadas acumulam-se como «créditos» para o mês seguinte.”


Como explicar o “desinteresse mediático” por autênticos
escândalos como este?! São notícias como esta que deveriam abrir os telejornais e gerar verdadeira indignação, pois estamos a falar de matérias que têm real impacto na vida dos cidadãos! 

 

No entanto, preferindo servir aos cidadãos outras realidades e perspetivas, o nosso jornalismo opta por não abrir telejornais com factos escandalosos como este, porque, como repetidamente aqui se denuncia, onde existe uma "força" a lutar contra o atual governo, lá estará a comunicação social a oferecer a sua solidariedade, empenhando-se na “guerrilha mediática” e zelando pela narrativa “anti reacionária”.

Convenhamos, se fosse dado o (merecido) destaque a esta notícia, a imagem dos sindicalistas do costume e os seus apelos contra um “governo que rouba o povo”, não ficaria lá muito favorecida...
 
 

Alguém já pensou quanto custará aos contribuintes, através dos seus impostos, aqueles 23 mil dias por atividades sindicais?!
 
E isto apenas no sector da polícia, como será no ensino, na saúde, na justiça, nos transportes…



 

22 setembro, 2014

Comunicação Social, a verdadeira oposição…

 
Durante os últimos 4 - 5 dias, e com ampla divulgação em todos os meios de comunicação social (incluindo telejornais, espaço onde se  vendem presidentes e se fabricam líderes políticos), os cidadãos foram “informados” dos seguintes factos sobre o passado do atual P.M.:


"Sábado: Investigados alegados rendimentos não declarados de Passos Coelho
Alegadas denúncias remontam a 1995-1999. Passos terá, segundo a revista, recebido cinco mil euros por mês da Tecnoforma quando era deputado em exclusividade. Lei proíbe acumulação de rendimentos."
 

"DCIAP estará a investigar alegados pagamentos ilegais da Tecnoforma a Passos Coelho"

 

Ilegalidades colocam Passos 'na mira' do DCIAP
 O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, estará a ser investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) por ilegalidade devido a rendimentos auferidos entre 1995 e 1998, período em que era deputado em exclusividade, e que não foram declarados..”




Entretanto, hoje (22.09.14), um comunicado da Assembleia da República esclarece que ”… Pedro Passos Coelho não teve qualquer regime de exclusividade enquanto exerceu funções de deputado entre novembro de 1995 e de 1999.”

 
Ainda assim, eis como alguns meios de comunicação social optaram por transmitir esta relevante informação:
 

O "gajo" safou-se porque já prescreveu, terá pensado quem apenas leu o título!
 
A quem serve este tipo de “jornalismo”?...


Sinceramente, com esta vergonha de comunicação social, nomeadamente a forma completamente parcial como gere a agenda mediática, cuidando da boa imagem dos candidatos queridos da esquerda, enquanto tudo faz para enlamear e prejudicar a imagem de outros, alguém acredita que as eleições em Portugal podem ser justas?!


“… a comunicação social já escolheu o novo “querido líder”. Resta aos portugueses continuarem a ver e ouvir os comentadores do costume e lerem os escribas do costume, até que o poder volte a cair no colo dos predestinados…

Tudo correrá pelo melhor e sem sobressaltos!

 Com Jornalismo assim, quem precisa de Censura?...”


 

20 setembro, 2014

A culpa não é do ministro. A culpa é do monstro…


“O ministro da Educação não tem até agora indicações de que a colocação de professores através de um novo mecanismo de concurso - a bolsa de contratação de escola - esteja a ser feita de forma incorreta.”


O colapso da plataforma informática Citius:

"A responsabilidade política assumo-a integramente", declarou Paula Teixeira da Cruz, garantindo que tinha recebido informações de que a 01 de setembro, data da entrada em vigor do novo mapa judiciário, o Citius estaria em condições de funcionar em pleno.”


“O presidente do Instituto Nacional de Engenharia e Sistemas de Computadores (INESC), José Tribolet comentou a situação caótica da plataforma informática, Citius e garantiu que os responsáveis são "analfabetos" no que toca ao sistema, conta a Renascença.”



Recordar o que aqui no blog tem sido dito sobre a necessidade de reformar o “monstro, isto é, a administração cada vez mais pesada e mais centralizada do Estado…

“… se há algo que une ps e psd, é a defesa deste regime que assenta na profusão de organismos (ministérios, secretarias de estado, direções gerais, secretarias gerais, institutos e empresas públicas, comissões, gabinetes de estudos, etc., todos instalados na capital), legitimados por decreto e onde milhares e milhares de burocratas se acotovelam, convictos, que é graças ao seu papel que escolas, centros de saúde, tribunais e outros serviços públicos espalhados pelo país funcionam…

Pessoalmente, até discordo daquela crítica habitual: “O Ministro decidiu sem ouvir ninguém”. Suspeito que o nível de concentração de poder atingiu tal ponto que, muito provavelmente, qualquer Ministro ou Secretário de Estado, até ouve dezenas de organismos (os tais anteriormente referidos), mas, se todas essas entidades se encontram em Lisboa, e é apenas essa realidade (do topo da pirâmide) que conhecem, como podem ponderar o ponto de vista de quem “está no terreno”?...


Nas décadas recentes, a crescente centralização dos serviços do Estado, a par da profusão de organismos cuja estrutura foi capturada pelas clientelas partidárias (muitos deles  sindicalizados...), levou a que os funcionários técnicos (sabem fazer) fossem sendo progressivamente  subalternizados, e até substituídos, por funcionários políticos (sabem despachar). 
 
Atualmente, sabendo nós que as cúpulas de tantos   (não todos) desses serviços se encontram sob a liderança de quem não "sabe fazer" e de quem não conhece "o terreno", em vez de espanto (que dá lugar a indignação) pelos erros que vão sendo conhecidos na área da justiça ou na educação, a verdadeira admiração é constatar como é possível que, ainda assim, tantas coisas corram bem...       

 
Ou, então, como constantemente se vê referido na agenda mediática, podemos convencer-nos que a culpa da inoperância e incompetência que caracteriza alguns dos nossos serviços públicos é exclusivamente do ministro incumbente.  
 


 

11 setembro, 2014

Sim. A Boa imprensa pode sobrepor-se à Realidade.


No post anterior, ficou no ar a curiosidade quanto à forma como a SIC iria gerir o 2º debate entre Costa e Seguro, designadamente, sobre uma questão que marcou o 1º debate: a decisão de Seguro em abster-se aquando da apresentação do OE212. Mas, já lá vamos…

Logo na abertura do telejornal (lendo o que a redação lhe colocou no teleponto, imagino) foi assim que Rodrigues Guedes de Carvalho fez o enquadramento ao debate enquan
to Seguro entrava nas instalações da SIC:

“…depois do debate anterior, onde Seguro sobretudo lançou acusações a de deslealdade e traição a Costa, hoje os portugueses esperarão sobretudo conhecer as propostas concretas…”

Vamos por partes:

Em 1º lugar, Seguro falou na “deslealdade e traição” porque a moderadora (Judite de Sousa) lhe colocou a questão. Mesmo assumindo, como a generalidade dos comentadores parece ter escolhido fazer, que este assunto deveria ser ignorado por se tratar apenas de uma mera “trica pessoal”, o que deveria Seguro ter feito quando confrontado com a questão pela moderadora? Recusar-se a responder?

Em 2º lugar, realmente os portugueses precisam conhecer essas “propostas concretas” dos candidatos, mas sendo Seguro o único que apresentou as ditas - irrelevantes para a resolução dos problemas que Portugal enfrenta, diga-se, mas, ainda assim, as únicas - faz sentido esta crítica subtil e manhosa que diminui Seguro quando é Costa quem foge a concretizar uma medidazinha que seja?

Mas o que é realmente grave –  tal como no post anterior se suspeitava – foi constatar como, mais uma vez, existiu a opção deliberada em não beliscar a imagem de António Costa e até de colar Seguro a um registo de “queixinhas”.

No entanto, e é aqui que o assunto do sentido de voto no OE de 2012 ganha relevância, o que está em jogo vai muito para além de uma “picardia” pessoal. Trata-se da credibilidade dos candidatos a PM, nomeadamente, o seu carácter.


Foi o próprio Costa quem chamou ao 1º debate o episódio do voto de abstenção do PS no OE2012 e lhe atribuiu grande importância, pois apontou-o como sendo "o" momento que marcou a incapacidade do PS de Seguro em se afirmar como oposição ao governo: ""Fraqueza" do PS começou com abstenção na votação do OE 2012".


Ora, Seguro – recordando a posição de Costa na Quadratura do Circulo – apontou a cambalhota do adversário, pois nessa altura defendeu a abstenção como uma solução lógica. E este episódio – que muitos querem ignorar – é importantíssimo pois coloca em causa a credibilidade de António Costa. Ainda mais quando é conhecida a forma como veio disputar a liderança a Seguro.

As imagens da declaração de Costa são estas, no entanto a SIC, apesar de ser precisamente o canal (SIC Notícias) onde as declarações foram proferidas, optou por não dar relevância à questão, tendo decidido “esquecer” o assunto.

Lembrar aqui os “filhos e enteados da comunicação social”: enquanto alguns políticos são criticados na praça pública por dizerem uma coisa hoje e outra amanhã (lembram-se, por ex., do irrevogável) parece que outros políticos são inimputáveis


Como teria decorrido o debate e o próprio desenrolar destas primárias socialistas se a opção editorial da SIC fosse a de esclarecer o tema da votação no OE2012?

Note-se, que no programa de “análise política” que começou na sic notícias pouco depois do final do debate, novamente esse episódio foi referido (o que volta a provar a sua relevância) e tive a oportunidade de assistir a M. Sousa Tavares dizer algo do género “ou um ou outro está a mentir e isso é grave”… 
 
Meus Srs., neste caso, é muito fácil identificar o mentiroso! Parece apenas faltar a vontade... Como a edição e redação da SIC, não quiseram que os portugueses identificassem quem era o candidato mentiroso, optaram por deixar no baú as declarações de Costa…
 
Enfim, a comunicação social já escolheu o novo “querido líder”. Resta aos portugueses continuarem a ver e ouvir os comentadores do costume e lerem os escribas do costume, até que o poder volte a cair no colo dos predestinados

Tudo correrá pelo melhor e sem sobressaltos!

 Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...

Para terminar, ainda sobre o debate, recomendar a leitura deste post de Vasco Lobo Xavier no Corta Fitas:


“… Mas o mais divertido é ver Lisboa. Lisboa, os lisboetas, as elites, os comentadores da praxe. Eles pensavam todos, eles achavam, eles tinham decretado que para António Costa só podia haver uma passadeira vermelha. E estão todos desesperados. Não tanto como André Freire, claro, mas quase. E então comentam com delicioso desespero e parcialidade. Dizem que no próximo debate é que vai ser. Até Miguel Sousa Tavares estava envergonhado, na SIC N.

Seguro só perdeu quando se esqueceu de dizer que, neste momento, Costa nem à janela da Câmara de Lisboa está.

Estas pessoas não perceberam ainda que o país não é só Lisboa e que o país não se revê nas atitudes nem nos silêncios de António Costa sobre as questões que verdadeiramente preocupam o país. Não perceberam que o país talvez se reveja mais em António José Seguro, com todas as suas fragilidades, e, o que é ainda pior para eles, que o país se reveja mais em Passos Coelho do que em Seguro, com todos os defeitos que aquele possa ter. Se é isto que o PS tem para oferecer, estou convencido de que o país não irá comprar. Só talvez Lisboa, mas é pouco.”


 

10 setembro, 2014

A boa Imprensa pode sobrepor-se à Realidade?


Nos media em geral e no comentário dos mesmos opinadores de sempre, Costa era um leão e Seguro um tareco.

No entanto, foi fora dessa “realidade mediática” que decorreu o debate. Foi o que se viu...

Pouco me interessa sobre a questão do vencedor e do vencido no debate, o ponto que gostava de destacar é este: considerando a cobertura mediática das primárias do PS, não existe uma enorme divergência entre a imagem projetada dos candidatos Costa e Seguro, e a imagem que os portugueses puderam constatar ao vivo e em direto no debate de ontem?

A que se deve a aura de redentor que a generalidade dos meios de comunicação social atribui a Costa?!

Que propostas concretas, que obra, tem Costa para apresentar que justifiquem a proteção mediática e a boa imprensa, que, sistematicamente, lhe é reservada?!

Será que a cobertura mediática destas primárias do PS, está mais empenhada em informar de forma isenta os portugueses sobre o que distingue e caracteriza, os dois candidatos socialistas ao cargo de PM, nomeadamente, a sua personalidade e o que cada um defende com as suas ideias e projetos. Ou, preferindo antes decidir por eles, estará apenas apostada na “produção” de (mais) um líder, um messias, que, depois de derrotar "a direita", abrirá  caminho 
a um futuro resplandecente, à medida de um conto de fadas... 
 
 


“O espaço mediático atual, será o espelho da sociedade portuguesa e traduzirá de forma isenta as diferentes correntes e sensibilidades existentes?

Ou será que esse espaço, negligenciando a missão de informar de forma isenta e, não raras vezes, menosprezando até o pensamento e as convicções da maioria, empenha-se, suportado nas convicções de uma minoria alinhada com o “wishfull thinking” do jornalismo militante, num exercício diário de doutrinação da “população” com os seus próprios valores?”


P.S.: O momento do debate de ontem, aconteceu quando Costa, tal como já havia feito em outras ocasiões, apontou a incompetência de Seguro na condução da oposição ao governo, afirmando que  a ""Fraqueza" do PS começou com abstenção na votação do OE 2012".  


Talvez habituado à boa imprensa, que assimila cada declaração sua (o que sucede com outros personagens) com a mesma crença que os gregos escutavam o oráculo, foi surpreendido pelo "trabalho de casa" de Seguro que demonstrou a sua cambalhota nesta matéria, já que na altura defendeu a abstenção.

A prova-lo, fica o link dessa declaração (Outubro de 2011) no programa "Quadratura do Círculo", na SIC Notícias: http://www.youtube.com/watch?v=p2ViV55HokM

Curiosamente, esta noite, na mesma SIC, acontece o 2º debate e pergunto-me se estas imagens, pelo dano que podem provocar à credibilidade do candidato Costa, vão ser exibidas.       
 
A ver vamos...



 

08 setembro, 2014

Efeméride do dia: hoje serão destruídas as escutas entre Vara e Sócrates

 
Embora o “critério jornalístico”, designadamente, aquele que determina o alinhamento dos telejornais - espaço onde, recorde-se,  se “fazem” presidentes e líderes, se ganham e perdem eleições -, não encontre grande interesse ou relevância, nesta matéria, fica o excerto de uma notícia do Sol sobre o acórdão do julgamento do processo Face Oculta:
“…No acórdão condenatório decidido por unanimidade, os três juízes descrevem em pormenor tais contactos, abrangendo o então primeiro-ministro, José Sócrates, por parte de Armando Vara. Entre tais contactos incluem-se diversas conversas com Mário Lino, à data ministro das Obras Públicas e Transportes, por parte de outro arguido, Lopes Barreira, co-fundador com Armando Vara, da polémica Fundação para a Prevenção Rodoviária e que levou ao afastamento de Vara do segundo Governo de António Guterres.
...

“José Sócrates conhecia o assunto”
Numa síntese constituída por 30 pontos, os juízes descrevem o apoio que Armando Vara e o seu amigo, Lopes Barreira, deram ao empresário Manuel Godinho. E revelam, entre outros factos, que “no dia 10 de Abril de 2009, Lopes Barreira, visando ostentar perante Manuel Godinho o exercício do seu ministério de influência ancorado na sua capacidade para influir decisores, comunicou-lhe que iria ter um almoço com Ana Paula Vitorino e que lhe havia feito notar que o presidente do conselho de administração da Refer [Luís Pardal] constituía um estorvo, aduzindo até ao conhecimento que Armando Vara, Mário Lino e José Sócrates tinham do assunto”.

Acerca do pretendido afastamento de Ana Paula Vitorino do primeiro Governo de José Sócrates, os três juízes destacam que “Lopes Barreira reiterou-lhe [a Manuel Godinho] tal propósito, ao mesmo tempo que expressou a sua estranheza pela manutenção em funções de Ana Paula Vitorino, na medida em que José Sócrates criticava o seu comportamento e Ana Paula Vitorino criticava o de Mário Lino”.

Segundo os juízes destacam no mesmo acórdão, “Manuel Godinho compadeceu-se com a atitude de José Sócrates, pois a saída de Ana Paula Vitorino acarretaria ainda mais problemas à governação”.

Armando Vara e Lopes Barreira contactaram Mário Lino, transmitindo-lhe que a Refer prosseguia o seu comportamento lesivo da ‘O2’ nos concursos e nas consultas públicas de adjudicação de contratos de compra e venda e de prestação de serviços na área dos resíduos”, refere o acórdão. “Mais o procuraram persuadir da conveniência em destituir Luís Pardal das suas funções de Presidente da Refer em superar a contenda entre esta e a ‘O2’ [empresa de Manuel Godinho].

“Mário Lino contactou Luís Pardal dando-lhe conta que lhe havia chegado a informação que a REFER continuava a prejudicar a “O2” nos concursos e nas consultas públicas de adjudicação de contratos na área dos resíduos”, explicam os magistrados.

“Urgiu-o a modificar o comportamento da Refer com a ‘O2’, mormente a procurar a resolução do contencioso que as opunha, tendo-o, a este propósito, induzido a aceitar uma reunião com Manuel Godinho”, ..."

 

Obviamente, Sócrates foi uma vítima deste - mais este, aliás… -  processo, vendo, de forma infame (mais uma vez, também), o seu nome ser abusivamente utilizado por terceiros (Vara e até membros do seu governo, inclusivamente) como expediente para atingirem os seus criminosos objetivos.
 
 
Aliás, se alguém sai prejudicado pela destruição das célebres escutas, esse alguém, é o próprio Sócrates. Enquanto a sua destruição permitirá sempre alimentar especulações, a divulgação das mesmas, permitiria a todos constatar que ele, Sócrates, nada sabia...
 
 
Um momento de psicanálise…
 


Olhando ao padrão de  comportamento / reação de Sócrates, quando confrontado com “acusações torpes” com que o “jornalismo de sarjeta” e outros “pulhas”, recorrentemente, enxovalham o seu bom nome, f
ica uma pergunta:
 
Porque será que Sócrates ainda não processou Vara e outros envolvidos que usaram o seu nome?!



A explicação só pode ser uma: para os amigos, o “animal feroz” tem um coração de manteiga…


05 setembro, 2014

Dissecando o “Centrão” (ou a Economia "pseudo-privada")

Hoje, no I Online, foi publicada esta interessante entrevista:

"Nuno Godinho de Matos, até final do ano passado braço-direito de Daniel Proença de Carvalho, era até início de Agosto administrador não executivo do Banco Espírito Santo”

A certa altura é colocada a pergunta:
Os administradores fazem perguntas?

Em seis anos nunca abri a boca, entrava mudo e saía calado. Bem como todos os restantes administradores.


É com esta candura, como quem diz “eu não sabia, nem tenho culpa de nada, era apenas um insignificante e reles, administrador executivo…” que o Sr. Dr. se refere aos 6 anos – não são 6 semanas ou 6 meses – que esteve ligado à instituição BES, ex-líbris do que aqui no blog se designou por economia "pseudo-privada".

Se alguém duvidava (principalmente durante os anos em que o Estado contou com financiamento praticamente ilimitado) que não era o conhecimento de um sector económico específico e as competências adquiridas numa dada área de negócio, mas antes o portfólio de contactos e a influência da “rede de amigos” que, junto do poder, poderão abrir portas aos negócios chorudos e sem risco, tem nesta declaração a melhor demonstração dessa realidade.

A propósito, recordar um excerto deste post: “Do "Portugal silencioso"...”

“…
Estes dados, são a melhor evidência dos dois modelos de sociedade existentes no nosso País. Por um lado, o modelo de sociedade representado por um grupo bem instalado em “Lesboa”. Uma condição conquistada na sombra da monstruosa estrutura do Estado e dos milhares e milhares de empregos sustentados pela burocracia.


À custa desta estrutura, sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo-privada":
um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, continuaram com as benesses e os monopólios que só a proximidade (promiscuidade...) com o poder lhes garantiu (e garante).
…”
 
 
Voltando à entrevista e, especialmente, para quem ainda não percebeu o que se joga nas Legislativas de 2015, destacar outra curta passagem, mas que exprime uma autêntica declaração de interesses:

“O advogado é PS e pró-Costa convicto, mas vota Cavaco e gostava de ver Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência.”

Esta frase praticamente delimita os contornos do “status quo” da capital e do regime… que a “era da Troika” e, diga-se, um (surpreendentemente) obstinado e independente, Passos Coelho veio ameaçar.

Nota: acrescentar, a título de curiosidade,  que este ilustre fundador do PS é advogado de Armando Vara. Vara que, aparentemente, está “em "choque" com a condenação no caso Face Oculta”. Enfim, como alguém dizia, “isto anda tudo ligado”…


Para terminar, recordar uma das questões chave (na perspetiva do Com Jornalismo Assim…, claro) para o nosso futuro coletivo:

Assim, um dos maiores desafios que se coloca a este País, é o seguinte: 
Sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa, e que passam, essencialmente, pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas décadas, quando será precisamente esse grupo - que domina completamente a agenda mediática e a opinião pública - o mais atingido por essas medidas ?”

 

04 setembro, 2014

Preservar a Narrativa: o suicídio.


Frequentemente, vemos na agenda mediática notícias que atribuem à "austeridade" - obra exclusiva dos "governos de direita", claro está - a origem de todos os males que se abateram sobre os portugueses.

Vejamos outro desses exemplos...


O "Esquerda.net", sendo um "sítio" que veicula a posição (opinião) da extrema-esquerda em relação a tudo o que é assunto e/ou atualidade, não é um órgão de comunicação social com as obrigações que tal implica - nomeadamente, o dever de rigor e isenção de informação. 
 
No entanto, veja se encontra alguma diferença entre a "narrativa" da malta do bloco (& outros) e variadíssimas notícias que nos últimos tempos foram saindo das redações dos ditos "media de referência" sobre este delicado tema:
 
 
 
"Com o desemprego a aumentar e com os salários a recuar, consequências da crise financeira, para muitos o suicídio é a única saída possível"
 
 
 
"Número de tentativas de suicídio aumentaram nos últimos anos. As mortes autoinfligidas também. A crise económica pode ser a razão para que algumas pessoas ponham termo à vida"
 
 
Entretanto, hoje, 4 de Setembro de 2014, um relatório da Organização Mundial da Saúde conclui que:
 
"A taxa de suicídio em Portugal baixou 7% entre 2000 e 2012, encontrando-se atualmente dentro da média europeia"
 
Do mesmo estudo, podem ainda ser retiradas outras conclusões que desmontam a "suicidária" narrativa da extrema-esquerda e seus acólitos jornalistas...
 
"Os dados de 2012 mostram que a taxa de suicídio foi de 8,2 por cada 100 mil habitantes em Portugal, quando em 2000 se situava nos 8,8. De acordo com o documento da OMS, a taxa de suicídio em todo o mundo foi de 11,4 por 100 mil habitantes." 
 
"Apesar da crise, entre 2008 e 2012 não se observou uma alteração significativa nas mortes por suicídio em Portugal, o mesmo acontecendo em Espanha.
 
Aliás, em Portugal, a morte por suicídio em pessoas em idade ativa, até aos 64 anos, não cresceu nem acompanhou o ritmo da subida do desemprego..."
 
 
Enfim, é o Jornalismo que temos...
 
 
 
 
 
 
    

03 setembro, 2014

Defina "regime democrático"...


1 Excerto de um qualquer discurso de encerramento da Festa do Avante...

"... que falem e nos digam o que pensam sobre as manobras de desestabilização e militarização em curso no continente latino-americano ou ainda sobre as continuadas ingerências, conspirações e ameaças presentes nesse continente e especialmente contra a Venezuela Bolivariana e contra Cuba Socialista a quem saudamos muito calorosamente afirmando deste comício que podem contar connosco.”


2 Entretanto, na Venezuela...

Venezuela limita compras em supermercados

"A ordem já está dada, através da superintendência de preços, para que se crie um sistema biométrico em todos os estabelecimentos e redes distribuidoras e comerciais da República", disse Maduro durante mensagem em rede nacional de rádio e TV.

O mecanismo utilizará leitores óticos de impressões digitais para reconhecer cada comprador de produtos básicos.”




3 Entretanto, em Portugal...

O secretário-geral do PCP acusa o Governo de ser “ilegítimo e fora da lei”


PCP: “Governo tornou-se num perigo para o regime democrático”




Felizmente, graças à nossa comunicação social, continuará a existir sempre um palco privilegiado para que estes Srs. possam explicar aos cidadãos quais são os regimes amigos do "povo" e dos "trabalhadores"...

 
Recordar este post:
 
"É impressionante como, em pleno Sec. XXI, na suposta era da informação, seja ainda possível conviver com tamanho irrealismo e cegueira ideológica. Repare, no que que toca a socialismo, só se conhecem dois tipos de países ou modelos de sociedade:

     - os fictícios ou utópicos: onde, apoiando-se na desigualdade existente em qualquer sociedade e instrumentalizando os mais desfavorecidos, se formula um modelo que funciona perfeitamente nos discursos e na retórica, garantindo - assim que se “embarque” no processo socializante - um país "igual e fraterno", uma sociedade com um futuro resplandecente, bem à medida de um conto de fadas;

     - os reais: correspondendo aos países e às sociedades, que efetivamente passaram por tal processo, e que apenas têm para oferecer pobreza generalizada, aumento de todo o tipo de desigualdades e assimetrias, violação dos direitos humanos, presos políticos, fome, etc. (ex-URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Albânia, Venezuela,…)."