31 outubro, 2013

Reforma do Estado. Quem ganha e quem perde?

 
A Reforma do Estado que Portugal NECESSITA (não se trata, obviamente, destes cortes cegos e transversais que têm vindo a ser implementados) não avança pois significaria uma verdadeira decapitação do regime centralista da capital…

NOTA: Nada tenho contra Lisboa e os seus habitantes. O que está em causa é o sistema e organização do Estado português, caso a capital fosse Coimbra ou outra cidade, o problema seria o mesmo. 

Basta pensar no seguinte: considerando a profusão de organismos públicos (falamos de ministérios, secretarias de estado, direções gerais, secretarias gerais, institutos e empresas públicas, observatórios, comissões, fundações, inspeções gerais, gabinetes de estudos, etc.. São centenas de entidades com uma coisa em comum - TODAS se encontram sedeados na capital.

Se para o “comum” contribuinte português, uma redução do número destas entidades, significaria- por via da redução da despesa pública - menos burocracia e menos impostos, para quem vive e trabalha na região de Lisboa, significaria... desemprego (o equivalente aquelas notícias tão frequentes nos últimos anos de fábricas que fecham um pouco por todo o país).
Acresce que estamos a falar de um corte drástico no número de lugares de administrador, diretor, chefe de serviços, secretárias de administração e direção… não é difícil perceber que falamos de milhares de lugares que vão de “bem remunerados” a “muito bem remunerados”!

Como passamos de 200.000 funcionários publicos nos anos 70, para cerca de 700.000 no final dos anos 90?

Uma parte significativa destes organismos existe, simplesmente, porque os interesses instalados conseguiram que a assembleia da república debitasse mais um decreto-lei, portaria ou decreto regulamentar, que estipula que o papel x – preenchido e pago pelo cidadão - tem de ser verificado pela entidade x, y e z (ou que regule o n.º de cães e gatos...). A burocracia e a teia jurídico-legal, são a explicação e o alicerce de muitas destas estruturas pois, para além de meros formalismos legais, muitas não prestam nenhum serviço ou mais valia ao cidadão.

Um exemplo: por questões profissionais, tive contacto com a necessidade de uma obra que consistia em reabilitar um pequeno açude já existente numa ribeira. Pois, para reabilitar essa infraestrutura (não se tratava de alterar, aumentar ou outra modificação do que já existia) foi necessário preparar quatro dossiers distintos e aguardar pelo seu deferimento individual: nomeadamente: junto da CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional), a ARH (Administração da Região Hidrográfica), a RAN (Reserva Agrícola Nacional) e a REN (Reserva Ecológica Nacional).

Expliquem, pf, onde está aqui a lógica de serviço público e a quem serve esta profusão de organismos!

Uma verdadeira reforma do Estado terá de questionar a lógica centralista e burocrática da sua estrutura actual, por ex.:

- questionar porque existem praticamente mais funcionários no Ministério da Agricultura em Lisboa, que agricultores no país…

- questionar, se fará sentido entidades como a “Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural” ou o “Instituto do Vinho e da Vinha”, terem as suas sedes em Lisboa. A
liás, o próprio ministério não poderia ter a sua sede no Oeste, em Trás-os-Montes, ou qualquer região com tradição agrícola!?;

- na área da educação: todos os anos ouvimos falar na dispensa de professores mas, quantos destes funcionários administrativos nos serviços centrais dos ministérios, foram dispensados, alguém sabe?

- quantos professores trabalham na sede do Ministério da Educação (2.000, 3.000?) convertidos em burocratas, ocupados unicamente com funções administrativas, que apenas vieram contribuir para sobrecarregar, desmotivar os professores que têm a missão de ensinar alunos com papéis, procedimentos, formulários, etc..

- acrescentem a estes casos, que se replicam em outros ministérios como a Saúde, a Justiça, a S. Social, a Economia, etc., e que se encaixam na administração direta do Estado, o que se passa em relação ao sector empresarial do estado e às autarquias…

Faça a seguinte experiência: consulte o organograma de um Ministério (da Saúde, da Economia, da Agricultura, etc…) e constate como qualquer uma dessas estruturas é uma verdadeira "matrioska" de entidades públicas: uma “Secretaria Geral”, desdobra-se em n “Direções Gerais”, abre-se uma destas, e encontrará outras tantas “Direcções” que, por sua vez, se multiplicam em y “Divisões”… que ainda podem contar com umas “Unidades“ e “Núcleos” disto e daquilo.
(seria muito interessante conhecer como se distribui geograficamente - por distritos, por ex. - o montante que o Estado paga em remunerações).

Interessante observar também alguns mapas de pessoal desses organismos (algumas estão disponíveis), onde se constatam diversas direções com menos de 10 funcionários. Temos um Director Geral, Director Adjunto, dois ou três Chefes de Divisão, e depois meia dúzia de Técnicos Especialistas e Técnicos / Assistentes Operacionais, ou seja, existem praticamente tantos funcionários operacionais como chefias! E este panorama já é posterior às medidas de corte nos lugares de chefia implementados nos 2 últimos anos… 

E aqui reside outra grande ameaça a uma verdadeira Reforma do Estado, é o centralismo instalado dentro das próprias organizações do Estado.

Há muito que o foco deixou de ser a prestação de serviços aos cidadãos, passando o próprio funcionamento interno destes organismos (nomeadamente, os interesses particulares de quem aí trabalha) a ser “a” prioridade.

Um dos casos mais flagrantes será o da Educação: como é possível termos cada vez menos alunos, mas termos cada vez mais despesa com pessoal no Ministério da Educação?!

A explicação só pode estar relacionada com o acima referido em relação à burocracia e alterações legislativas que, artificialmente, criam mais um formulário, um procedimento e que conjunto de funcionários irão, administrativamente, gerir o processo. Os professores, coitados, cada vez menos tempo têm para preparar aulas pois há que “alimentar a máquina” com papel…    

As cúpulas destas instituições estão cada vez mais longe do “cliente final”  - nós, cidadãos - e, quando toca a cortar na despesa, como é humanamente compreensível e para não falar na circunstância de a decisão de corte ser tomada em causa própria, não é fácil cortar na secretária da administração e no motorista com quem convivemos diariamente. Os cortes vão afectar aqueles que estão mais longe do topo da hierarquia. O drama é que são precisamente esses funcionários quem estão no terreno e que prestam verdadeiros serviços aos cidadãos – o backoffice e a burocracia, são completamente acessórios para nós “vulgares cidadãos”!
 

Recorrendo novamente ao caso da Educação - onde têm sido dispensados mais funcionários: auxiliares que trabalham em escolas ou burocratas que trabalham nos serviços centrais e regionais do Min. da Educação?

Para finalizar, referir um assunto tabu em Portugal: o nível de vida em Lisboa (ver isto) atingiu um patamar só possível pela canalização - via arrecadação de impostos - de uma parte significativa da riqueza produzida no resto do País que vai direitinha para a mera existência e manutenção dos organismos acima referidos. Entretanto, função da crescente concentração de poder (que acelerou com o período do "cavaquismo"), cresceu uma teia de interesses e uma economia "pseudo-privada" ja aqui tratada.

A redução da  despesa e da carga fiscal, permitiria à generalidade dos cidadãos mais poder de compra e uma melhoria do seu nível de vida, no entanto, isso acarreta um empobrecimento da capital…

 

30 outubro, 2013

Um dia como outro qualquer…


Nas últimas 24h, pudemos assistir:

… à forma como o (mesmo) jornalismo que instiga uma sociedade à indignação pelos maus exemplos de conduta dos seus governantes, dá o exemplo de quão elevados são os seus próprios padrões éticos, ao bombardear uma mãe - enquanto transporta os filhos ao colo - com perguntas sobre declarações do marido a propósito de (supostas) agressões, violência doméstica, entre outros…

… ainda no mesmo dia - e também na categoria daqueles que instigam os cidadãos à revolta pela conduta inadequada dos seus governantes - pudemos assistir ao mesmo político que suscitou piadas como: “Sabes como se diz Mário Soares em chinês? Tá-qui Tá-colá!… ”, este texto:

“O atual Governo nunca diz o que faz nem explica as condições e sarilhos em que está metido. Depois de destruir o Estado, anda desde janeiro a dizer que vai apresentar um guião sobre a reforma do Estado, que Paulo Portas nunca fez nem fará.

Também não explica o que se passa com o erário público e os dinheiros que o Governo gasta com os membros deste Governo que são 54 (ministros e secretários de Estado), chefes de gabinete e inúmeros assessores. Para quê? Os automóveis que todos têm e as viagens que fazem permanentemente com os seus amigos e assessores. Nada do que gastam é conhecido. Mas um dia será.

Quando se souber - e entre o povo empobrecido, muitas pessoas passam fome -, a revolta que existe hoje já praticamente todos os dias pode levar a uma revolução.”

 
E pronto… quando é que os crápulas deste governo pds-cds, estes políticos da direita, vão embora para que os socialistas regressem?!
 
Só aí voltaremos a ter uma agenda mediática mais “despoluída”, mais livre destes casos de conduta duvidosa e os cargos políticos voltarão a ser ocupados por figuras de elevados padrões éticos!

Bem-haja Dr. Soares por ser a "voz do povo" e denunciar estas situações (aposto que sensibilizou esses dois outros grandes vultos do Humanismo, Sócrates e Lula, num recente encontro...) e um agradecimento especial aos srs. jornalistas, por serem o bastião da ética e da decência, alertando-nos e elucidando-nos, sobre aqueles políticos que não poderão mais contar com a nossa confiança e os que estão ao lado do povo. Muito Obrigado!

Para onde resvalaria este país sem o V. contributo!
 
 


 

28 outubro, 2013

Ainda sobre a ideia implantada: “Direita, o clube de amigos da banca”


Ainda a propósito temática “Direita, o clube de amigos da banca”, leia estas recentes declarações de Ricardo Salgado do BES:

"
Ricardo Salgado lamenta imposto extraordinário sobre a banca
 
"Durante anos consideraram que a banca não pagava impostos suficientes para os lucros que tinha, agora temos que pagar impostos com prejuízos enormes", lamentou Ricardo Salgado, na conferência de apresentação de resultados do BES, falando do imposto extraordinário sobre o sector."

Agora, considerando os interesses dos grupos económicos que mais beneficiaram das políticas seguidas na última década, perguntem-se: com que governantes se dará melhor a banca?
- Será com o actual governo de “direita e liberal” (pois…) ou, então, numa sociedade Abrilista como a nossa (nomeadamente, os “fazedores de opinião pública”), será preferível ter no poder um governo que, com um rótulo de esquerda e “socialista”?

- Será da preferência da banca, ter um governo “de direita” que, diariamente, é escrutinado na agenda mediática por qualquer negócio mais duvidoso com o malvado “grande capital”, ou, tratando-se de um governo “de esquerda”, um governo que aposta no “investimento público” e em mais “estado social”, possa, sob esse pretexto, canalizar dezenas de milhar de milhões de Euros - à custa de dívida contraída junto da banca, recorde-se... - para as PPP (Rodoviárias, Ferroviárias, na Saúde, na Energia…), para obras megalómanas (Parque Escolar e do Aeroporto de Beja, por ex.);

Já sabe…

“Esquerda boazinha Vs Direita maléfica” 

Caro cidadão, pf, não pense. Deixe que os jornalistas façam isso por si...
 
 

25 outubro, 2013

Direita, o "clube de amigos" da Banca.


“OE 2013: Foram já devolvidos 730 milhões e foram pagos em juros mais de 445 milhões de euros. Os juros pagos pelos bancos são muito acima dos que seriam em situações normais, precisamente para remunerar os contribuintes acima do nível de risco que estas operações de recapitalização significam", disse a governante que está hoje no Parlamento a ser ouvida sobre uma nova alteração à lei de recapitalização da banca.


Um dos bons exemplos da narrativa “esquerda boazinha Vs direita maléfica”, é a forma como na agenda mediática são tratados os assuntos sobre as relações entre o sector da Banca e quem detém o poder, i.e., quem governa. Falar disto é falar do incontornável caso BPN e da forma como o caso é usado como arma de arremesso político em relação a alvos bem definidos…

Apesar da notícia no início do post, não há semana, em que na agenda mediática (com origem em órgãos de comunicação social ou, com origem em outras fontes mas reproduzidas sem qualquer contraditório pelos media) não surjam manchetes com o seguinte teor:

“As semelhanças entre o BANIF e o BPN”

“Com os 1100 milhões de euros do BANIF a injeção de capital público na banca já chega aos 7 mil milhões de euros. Isto sem contarmos as injeções no BPN. O BANIF e o BPN apresentam semelhanças que convém anteciparmos.”

“Banif – um novo BPN”
“Tal como aconteceu com o BPN, o governo prepara uma «nacionalização» temporária cujo objectivo é, mais uma vez, resolver os problemas do banco e depois entregá-lo limpinho para que os seus accionistas continuem a sacar os seus lucros.”

“Banif: Onde é que já vimos isto?”

“Banqueiros e Governo dizem que o Banif não é o novo BPN. Mas as semelhanças estão à vista…”


Basicamente, junto da opinião pública, está implantada esta ideia:

Tal como no caso BPN, as medidas de recapitalização da banca (previstas no Memorando da Troika e que calhou a este governo implementar) tratam-se de injeções de dinheiro em alguns bancos, destinadas a cobrir “falcatruas” dos banqueiros, à custa do dinheiro dos contribuintes… e, claro, "a direita" é que tem a culpa!

Mas, esta “teoria” terá adesão à realidade?

NOTA: Mais uma vez, repetimos: a escumalha do BPN tem que ir para a cadeia (seja rosa, laranja, verde ou amarelo às bolinhas). Agora, devem ser apuradas as responsabilidades de quem EFECTIVAMENTE as tem!



Como aqui no blog já foi abordado, na agenda mediática o BPN é sistematicamente “colado” ao PSD (nomeadamente, a Cavaco) e à “direita”.


Esta narrativa, obviamente, é aproveitada pela esquerda que frequentemente insinua a tese - tão Abrilista -  da “direita amiga do grande capital”. Se o PCP e o BE, são quem mais difunde esta mensagem, quem mais beneficia disto, é, sem dúvida, o Partido Socialista, que neste assunto parece passar “entre os pingos da chuva”…
 
Ora recorde lá estes factos - a que o nosso jornalismo parece não dar qualquer relevância – para que se possa responder à seguinte questão:

Os prejuízos que os contribuintes tiveram de assumir, são da responsabilidade exclusiva da “direita”, ou serão imputáveis à gestão socialista?


1 - Como é possível explicar o total falhanço da supervisão bancária do Banco de Portugal (BP), sob a responsabilidade do socialista Vítor Constâncio, quando - um jornalista “freelancer” (Camilo Lourenço) – com certeza, com muito menos meios ao seu dispor –
denunciava irregularidades no banco já em 2001?!

(tendo sido objecto de represálias, nomeadamente, de Dias Loureiro)


2 - Facto pouco mencionado por jornalistas e comentadores, é este: os portugueses foram chamados a “pagar a burla do BPN”, porque em 2008, Sócrates e T. Santos decidiram nacionalizar o banco. Na altura, recorde-se, afirmaram que tal decisão “não custaria um cêntimo aos contribuintes”...
O actual governo tomou posse no 2º semestre de 2011 e, recorde-se, no Memorando negociado pelos socialistas, já constava a obrigação de privatizar o BPN até ao final do ano (altura que ó BIC comprou o banco. Foi a melhor proposta.);


3 - Outro pormenor interessante da selectividade dos media em relação a algumas figuras é este: frequentemente é recordada a ligação de Dias Loureiro a Cavaco Silva (ligação que existem evidentemente!), mas,  para um jornalismo que é tão lesto a identificar “ligações suspeitas” quando toca a , por ex., a associar Relvas, o próprio Passos Coelho com o “espião” Silva Carvalho ou o escrutínio tipo “jornalismo de inquisição” que se viu no caso dos swap e a perseguição implacável à actual Min. das Finanças, não deixa de espantar o “esquecimento” da ligação entre Dias Loureiro e José Sócrates precisamente no período que coincidiu com a nacionalização – o ano 2008. Ora recorde lá:

“Sócrates. 'O Menino de Ouro do PS', biografia do primeiro-ministro da autoria da jornalista Eduarda Maio, foi ontem lançada em Lisboa. Dias Loureiro, ex-ministro do PSD, conselheiro de Estado designado por Cavaco, multiplicou-se em elogios a Sócrates e ao seu "optimismo, que faz bem a Portugal"”


“Loureiro acha que optimismo do PM faz bem ao País. Manuel Dias Loureiro, empresário, "barão" do PSD, conselheiro de Estado indicado pelo Presidente da República, mais parecia, ontem, um fervoroso militante socialista.”

 
4 – Como explicar que, após a nacionalização do banco em 2008, a CGD e entidades responsáveis (que recebiam orientações diretas do Ministério das Finanças), não tenham agido com a celeridade necessária e tenham permitido o que esta notícia de 2010 descreve:

“No final de 2008, o banco tinha recursos de 5,1 mil milhões de euros, valor que hoje é inferior a três mil milhões.”

Quem será responsável, se não a então gestão socialista, por permitir a evasão desses depósitos, e outros activos, e pelo acumular dos prejuízos que, depois, os contribuintes tiveram de suportar? Numa expressão tão querida a alguns – Porque não pararam de "cavar o buraco!

Será que a manutenção do BPN em “mãos públicas”, apesar do avolumar dos prejuízos de tal decisão, obedeceu a uma estratégia política – ao “guardar um trunfo” eleitoral – para ser arremessado nas eleições de 2010 contra Cavaco Silva?... Não!..., Sócrates não parece ser capaz disso, não é nenhum pulha!


5 - Para finalizar e para o caro leitor decidir se “baterá tudo certo” na versão que, recorrentemente, circula na comunicação social“a fraude do BPN é da responsabilidade exclusiva da direita” , isto:
 
Como é possível que em 2010, dois anos depois da nacionalização - ou seja, quando já era conhecida a dimensão da fraude naquela instituição  e indesmentível a negligência e incompetência dos responsáveis do B.P. no processo (basta recordar o ponto 1…) -, se tenha “premiado” Vítor Constâncio com uma nomeação para vice-presidente do BCE?!

Num momento em que já se queria fazer (e bem!) do BPN, um caso exemplar na justiça portuguesa, um caso onde a “culpa não poderia morrer solteira”, como explicar essa decisão?
 
Isto é mais compatível com uma efectiva vontade de identificar os responsáveis por uma burla que pode custar 8.000 milhões de Euros aos contribuintes, ou antes com o objectivo de branquear o que sucedeu?  


Enfim, isso não interessa nada… o que o cidadão deve reter é o seguinte:

“Esquerda boazinha Vs direita maléfica”
Caro cidadão, pf, não pense. Deixe que os jornalistas façam isso por si...
 

"Orçamento do Partido Socialista". Um ensaio.


Convido os leitores do “Jornalismo Assim“ a lerem este divertido post no “Macambúzio”.

NOTA: Depois de ler isto, fica uma interrogação: como é possível que, sem ser em registo humorístico, alguns políticos tenham este discurso, façam este tipo de afirmações e tantos portugueses (designadamente os srs. Jornalistas e comentadores que, por definição, são pessoas cultas e informadas…), os levem a sério em vez de se desmanchem a rir?!

"Orçamento do Partido Socialista

Proposta de orçamento

Camaradas e camaradas, o governo é incapaz e compete-nos apresentar um orçamento exequível e justo, um orçamento que permita apostar no crescimento, um orçamento sustentável, com preocupações sociais, fomentador da equidade e justiça social, um orçamento que enalteça as portuguesas e os portugueses, as camaradas e os camaradas, as justas e os justos, para uma fraternidade entre concidadãos libertadora das amarras da austeridade.

As linhas mestre do nosso orçamento, que o governo rejeitará na sua senda de destruição do país, assenta em três pilares:
  1. Crescimento;
  2. Aumento do PIB;
  3. Diminuição da pobreza.
Para o Crescimento propomos a aposta no aumento do PIB. Só com o aumento do PIB é possível a diminuição da pobreza, pobreza esta que se reduz com o crescimento, que permite o aumento do PIB, para a diminuição da pobreza.

Propomos a mutualização permanente e irrevogável de todas as dívidas, públicas e privadas, superiores a 60% do PIB ou rendimento líquido das empresas e portuguesas e portugueses.

Propomos o investimento público em áreas comprovadamente reprodutivas, nomeadamente a realização dos Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno, uma rede de transportes amigos do ambiente sob forma de hovercrafts e hovercraft-vias em todas as cidades.

Propomos a requalificação urbana, decretando que todos os proprietários são obrigados a fazer obras e pintar as casas de rosa, com crédito bonificado e suspensão da lei de arrendamento neoliberal, criando bonificações para desempregados, carenciados, expropriados, abastados, deficientes e ideólogos.
 
Para o aumento do PIB propomos a diminuição da austeridade.
 
Para a redução da pobreza propomos o aumento do PIB.
 
Pretendemos manter um rácio PIB/dívida em permanente redução, de forma a assegurar que os défices são controláveis, e, para o efeito, pretendemos criar uma agência de rating portuguesa, capaz de compreender as especificidades do país e do projecto que o Partido Socialista tem para todas as portuguesas e portugueses.
Camaradas e camaradas, o tempo é hoje. A mudança impera. O clima, ameno. A chuva neoliberal, nos seus ciclos de estações, criam antagonismo ao crescimento permanente, crescimento que só o Partido Socialista pode alcançar, como sempre fez, com a responsabilidade e determinismo que a mudança aleatória das forças de mercado não permite.
 
Em termos de números, propomos o orçamento de 2009 com as quantias ajustadas à inflação neoliberal, nomeadamente a duplicação de recursos alocados aos diversos ministérios, que também duplicaremos, para colmatar a contratação colectiva de mais 1.500.000 funcionários públicos, por concurso, justo, ponderado, avaliado por comissão independente, a nomear pelo governo.
O futuro é hoje, já a seguir ao presente. O passado foi futuro de um presente ainda mais passado.
 
Avança Portugal! Avança Portugal! Avança Portugal!"
 
 

23 outubro, 2013

Portugal e a “Relação de Causa e Efeito”


Notícia de 2008:

“O primeiro-ministro, José Sócrates, defendeu hoje que o investimento público é "absolutamente essencial" nesta altura de crise financeira internacional e destacou as energias renováveis como uma das principais apostas do Governo.”

 
Notícia de 2010:

“O Governo aprovará nos próximos dias uma proposta para aumentar a potência da energia eólica em 400 megawatts, o que representará um investimento na ordem dos 400 milhões de euros, anunciou José Sócrates.”

 


Evidentemente, não há qualquer relação entre as notícias anteriores e as que se seguem…

Notícia de 2013:

 Factura da luz das famílias portuguesas é a mais pesada da Europa a 15

“Comentando a evolução dos preços desde 2009, o relatório salienta que, "talvez de forma inesperada, os preços da electricidade em Portugal e Espanha (que têm um mercado integrado, o Mibel), que costumavam estar abaixo da média da União Europeia a 15, sofreram saltos impressionantes e estão agora entre os mais elevados da Europa".”

 
Mas este descalabro não ficará por aqui, pois – apesar dos enormes aumentos da eletricidade que ocorreram nos últimos 10 anos – o que os portugueses têm desembolsado não chega para cobrir os custos do sistema! Os produtores de energia e a banca, têm vindo a acumular um crédito denominado défice tarifário.

NOTA: A mesma notícia, refere que os cortes ditados pelo actual governo nas “rendas excessivas” dos produtores de energia permitiram aliviar um aumento dos preços de 11%, sensivelmente. Claro que o PS se "escandalizou" por esses cortes não terem "ido mais longe"…



Recapitulemos:

“Factura da luz das famílias portuguesas é a mais pesada da Europa a 15”, mas ainda terão de pagar, um dia destes, mais 3,7 mil milhões de euros… 

Porreiro, pá!


Portugal, é isto… uma sociedade e uma classe jornalística que passa a vida a (supostamente)  clamar pela incompetência dos seus governantes, mas  não entende (ou não quer entender) o processo de “causa - efeito” entre a governação socialista recente e o estado de bancarrota em que Portugal se encontra.


Brevemente, numa entrevista perto de si:

"Jornalista fascinado": “Que balanço faz da sua aposta de subsidiação das energias renováveis ?”

“Ingenheiro”: não sabia o que aquilo era!”…
 
 
 

22 outubro, 2013

Aldrabice - a sua imagem de marca...

 
Confesso que não li "a" entrevista, apenas colhi (aqui e acolá) algumas passagens. Dessas impressões, o presente post salienta duas que apenas confirmam a ideia geral que já tinha da personagem.

A primeira tirada trata-se da frase mais reproduzida da entrevista nos media:
"Sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter".

Esta tirada deu origem a diversos comentários e reflexões de cariz político (se corresponde a um piscar de olhos à direita, se um posicionamento para as presidenciais ou se os simpatizantes de esquerda, podem ter ficado ofendidos, etc.).

Por “aqui”, o que sobressai dessa afirmação é apenas a confirmação da arrogância, da vaidade e da soberba do “ingenheiro”, imagem que ficou sugerida daquele célebre momento do
“oh Luís, fico melhor assim ou assim?... ”. Momento esse, recorde-se, em que se confirmava o pedido de ajuda externa pelo País, com as contrapartidas e as medidas que os portugueses tão bem conhecem…

 

A segunda frase exprime aquele desconcertante lado de Sócrates, mais concretamente, a desfaçatez e o “à vontade” com que insulta a inteligência das pessoas.

A propósito da nacionalização do BPN, terá respondido não sabia o que aquilo era!”…  

Coitado, ele não fazia ideia (nem sabe o que é um offshore sequer...), se soubesse os prejuízos de tal decisão, subentende-se, a decisão seria outra … se fosse o entrevistador teria perguntado:

“Mas, quando diz que "não sabia", isso não é uma admissão de incapacidade / impreparação, para governar o País?”

Também revelou que achou “…."mais prudente fazer a nacionalização", sublinhando que se estimava que o buraco da instituição fosse de 600 milhões de euros”. Mas, esperem lá, então na altura da nacionalização, Sócrates e T. Santos, não asseguraram aos portugueses que aquela nacionalização não custaria “um cêntimo aos portugueses”?!
 
(Neste caso, não é de excluir a possibilidade de não ter existido contraditório, por receio da jornalista em ser insultada...)

Enfim, pelos enormes prejuízos futuros que acarretam, supõe-se que pelo mesmo efeito “não sabia o que aquilo era!”, Sócrates também não teria tomado outras decisões:

 As PPP rodoviárias…, As PPP na área da energia…., A concessão de barragens hidro-eléctricas à EDP…, As obras do Parque Escolar…, Etc..

Tudo em Sócrates é fabricado e vazio… de verdade. Por isso, não li a entrevista, assim como, não vejo o seu “espaço de comentário” dominical. Ler ou ouvir a personagem, é um “déjà-vu”, e, acima de tudo, é deprimente constatar como em Portugal (leia-se, a sociedade portuguesa) ainda é um campo tão fértil para charlatões: dos falsos padres, passando pelos “professor bambo” (de várias cores) ou os funcionários da S Social impostores que aldrabam velhinhas. 

 
É deprimente constatar como em Portugal (e isto é válido para qualquer organização: uma empresa, por ex.), pode surgir um lunático e vergar à sua megalomania e delírio, toda uma estrutura. T. Santos, em última instância (e pagou por isso...), forçou um resgate que, se tivesse sido negociado 6 meses antes, não teria os erros de concepção deste, feito "em cima do joelho".
 
A este propósito, recordar como Sócrates diabolizou o FMI, ele era o homem que "não estava disponível para governar com o FMI", pois, como começa a sua declaração ao País depois de celebrado o MOu?..."O Governo conseguiu um bom acordo, um acordo que defende Portugal...".   
 
Assim, do dia para a noite, o "péssimo" fmi passou a ser a solução e, claro, ele (Sócrates) o homem indicado para por o memorando em prática... isto não são contradições...
 
  
Enfim, para concluir, republicamos um post de Agosto e deixamos à consideração do leitor, qual será afinal a “imagem de marca” que melhor define Sócrates:

     - Se o, sempre presente, padrão: “optar pelo mais fácil no presente e atirar com os prejuízos para os governos seguintes”;

     - Ou então, este cândido “não sabia o que aquilo era…”.



"...Recordem-se as “imagens de marca” dos governos de Sócrates:
PPP rodoviárias:

Sabiam que estas obras foram lançadas com um período de carência de 5 anos? Ou seja, o empreiteiro com dinheiro emprestado pela banca (bem remunerado claro...), faz a obra e só 5 anos depois o Estado começa a pagá-la... Isto é, injecta-se dinheiro na economia, criam-se um postos de trabalho e cobram-se uns impostos, faz-se uma festarola a inaugurar a obra à hora de abertura dos telejornais...

Cinco anos depois (agora) ficam auto-estradas onde não passa ninguém e é altura de pagar a dívida acumulada!

Isto não é mascarar as contas?!


Desorçamentação generalizada (obras públicas, saúde, educação, etc…):

Talvez o caso mais evidente desta desorçamentação seja a empresa Estradas de Portugal. Até ao consulado Sócrates, a despesa relacionada com manutenção e construção de estradas estava no perímetro orçamental. Com a alteração do estatuto da Estradas de Portugal (EP), todos esses encargos, deixaram de ser contabilizados no Orçamento de Estado e passaram as contas daquela empresa.
Todos os anos, milhares de milhões de €, "desapareceram" do défice mas foram-se acumulando na dívida E. P. – alguém, mais tarde, haveria de pagar. Aqui, podem constatar a dimensão deste truque contabilístico: enquanto, no final de 2007 a dívida da EP era de 1.000 milhões de €, 18 meses depois (em 2009, portanto) essa dívida já ultrapassava os 15.000 milhões! Mas, claro, a comunicação social em nada disso via razão para alertar os cidadãos e, nesse mesmo ano, Sócrates – por pouco – não voltou a ter maioria absoluta…

Para aferir a dimensão da despesa que foi sonegada à contabilidade do défice, podemos ainda consultar
aqui (artigo do Jornal de Negócios), como entre 2008 e 2011, a desorçamentação terá atingido valores entre os 6% e os 9% do PIB! (em média, 8.000 a 9.000 milhões € / ano).

Isto não é mascarar as contas?!


Concessão de barragens hidroeléctricas à EDP:
No mesmo ano em que Sócrates se afirmava o campeão do défice, para além da desorçamentação que era uma prática comum desde o início do seu mandato, encaixou, só em 2007 cerca de 750 milhões de € pela concessão à EDP das novas barragens no Douro. Os portugueses, basta olhar para a sua factura, facilmente percebem quem está agora a pagar esses negócios...
 
Note-se, que falamos das barragens que, mais tarde (2011, 1021) se dizia colocarem em causa o estatuto “Douro Património Mundial”. Imaginam o cenário que resultaria do cancelamento dessas obras, como iria o Estado devolver esse dinheiro à EDP e indemnizar as partes envolvidas (empreiteiros, projectistas, municípios, trabalhadores…)?

Isto não é mascarar as contas?!


A empresa pública Parque Escolar:

Aqui assiste-se a uma prática similar às PPP Rodoviárias, difere apenas na circunstância de o concessionário das PPP rodoviárias serem entidades privadas e, neste caso, o concessionário (a quem as rendas são pagas) ser uma entidade pública.
Um aspecto abordado na comunicação social, foi a chama “festa do Parque Escolar”. Mais uma vez, com recurso a fundos comunitários – mas com uma significativa componente de dívida à banca – foram efectuadas obras faraónicas em escolas pelo País fora (candeeiros Siza Vieira, pedras e mármores de países exóticos, sistemas de ar condicionado apenas usados em hóteis 5*, etc.). No entanto, um aspecto que não foi muito falado, e que explica como essa divida à banca será paga nas próximas décadas, é a circunstância de todas as escolas intervencionadas ao abrigo deste programa, passarem a ter de pagar avultadas rendas à empresa Parque Escolar. Esta, por sua vez e durante os próximos 20 – 30 anos, canalizará para a banca essas verbas de modo a reembolsar dívida assumida…
“Cada escola remodelada paga, em média, uma renda de 320 mil euros por semestre à Parque Escolar. Valores podem chegar aos 113 milhões por ano, quando estiverem prontas 178 escolas.”

Isto não é mascarar as contas?!


A empresa pública Estamo:

(esta é das minhas favoritas) Esta empresa pública foi
criada para gerar receitas extraordinárias através da gestão do patrmónio imóvel do Estado, operava da seguinte forma: O Estado dispoe de um imenso parque de imóveis onde funcionam todos os organismos da sua (mostruosa) estrutura. A Estamo é uma empresa pública criada para adquirir imóveis ao próprio Estado (confuso?), passando os organismos e serviços do Estado que funcionavam nesses edifícios a ser inquilinos da Estamo.
Quem beneficiava com isto? A banca que, para além da assessoria e comissões das operações, emprestava dinheiro à Estamo para as operações de compra dos imóveis, por outro lado. o défice desse ano, com esta receita, lá baixava mais um pouco.
O problema, é que a partir daí, estes organismos - que não tinham despesas por ocuparem esses edifícios -, passam a ter rendas a pagar à Estamo (que, na verdade, é um mero intermediário da banca).

Isto não é mascarar as contas?!


E o que têm comum todas estas manigâncias contabilísticas? Todas elas, através de divida contraída à banca, contaram com a cumplicidade do sector financeiro e este, claro, entre comissões, pareceres e assessorias, elevadas taxas de juro, etc.., graças a quem desgraçadamente nos governou nesse período, encontrou à sombra do Estado – à custa dos contribuintes portugueses – a “galinha dos ovos de ouro”.
"

21 outubro, 2013

Das manifestações que importam… a "Censura por omissão".


Ainda sobre o papel da comunicação social, nomeadamente, a sua falta de isenção e sistemática  “campanha de doutrinação” da população com os seus próprios valores…

Eis mais um caso (que na altura me passou despercebido…) onde fica mais uma vez demonstrado que, graças ao critério jornalístico, uma manifestação com oito ou nove pessoas, pode transformar-se em algo mais relevante e visível, que outra com milhares:

(blog, Avenida da Liberdade)

"O regresso da Censura


Hoje, estive na Caminhada pela Vida, organizada em apoio da Iniciativa de Cidadania Europeia UM DE NÓS. Vi, portanto, com os meus olhos. Ninguém me contou. Vi.
Entre o Marquês de Pombal e o Rossio, em Lisboa, desfilaram mil a duas mil pessoas. [...] O ambiente foi de festa e alegria, com muitos, muitos jovens a participar. Houve um pequeno comício no final, no Rossio. As imagens falam por si.
E, amanhã, domingo, 6 de Outubro, decorre em todo o país o dia nacional de recolha de assinaturas na petição UM DE NÓS, como aí foi anunciado e promovido.
Estive a ver o Telejornal da RTP-1. Nem uma notícia, nem um segundo de atenção.

Fui espreitando o que se passaria no Jornal da Noite da SIC e no Jornal das 8 da TVI. Idem. Confirmei, depois, com amigos. Nem um segundo. Nada.
Silêncio. Omissão. Ocultação. Censura. Para quem se informa pela televisão, nada aconteceu.

Receio que, na imprensa, o mesmo irá acontecer. A
agência Lusa fez uma notícia pelos mínimos, tendo deflaccionado os participantes para 500 pessoas, número que depois é replicado por todos os outros. Ainda assim, obrigado, Lusa! Pois quase que aposto que nem essa notícia sairá em qualquer jornal. Apenas a RR - Rádio Renascença lá esteve e tem reportado alguma coisa. No mais, é o férreo império da Censura.
E, todavia, vi nos telejornais:
  • Longas reportagens sobre a "manifestação" e provocações do movimento Que Se Lixe a Troika, que, na Praça do Município, não juntou mais de 20 pessoas! (Também o vi com os meus olhos, pois também lá estive, de manhã, nas cerimónias do 5 de Outubro, onde isto aconteceu.)
  • A reportagem de uma manifestação "com 100 pessoas" em homenagem aos bombeiros, que se desenrolou do Marquês de Pombal para a Assembleia da República. (Esta homenagem é mais do que devida e ainda bem que a manifestação foi coberta. Aliás, também apoio a indignação pela muito baixa participação nesta outra manifestação, merecidíssima, mas que pouca divulgação tivera.)"


Esta "censura por omissão" de uma manifestação com milhares de pessoas, enquanto de dá relevo e visibilidade a outra com reduzido número de participantes, obedece a que critério jornalístico?
 
Lá porque os Srs. jornalistas e redações, são pró-liberalização do aborto, será correto, será ético,  “silenciar” aquela manifestação popular, enquanto - no mesmo momento -, talvez por se tratar da (tão querida à esquerda) “causa republicana”, lá vai "todo lampeiro" garantir a cobertura e difusão de um evento que contou com a presença de meia dúzia de cidadãos?   

Esta forma de censura que, na prática, mais não é que a discriminação de uma determinada corrente e ideologia, em favor de outra, é também uma das mais vulgares formas de manipulação da agenda mediática e de contínua formatação da opinião dos cidadãos portugueses.


“Omitindo” seletivamente "esta" manifestação, "aquela" opinião, "este" facto ou notícia – isto é - privilegiando um determinado ponto de vista em relação a outros, vai-se incutindo na sociedade uma realidade distorcida que condiciona a célebre “opinião pública”.

Esteja atento às reportagens e verificará que algumas manifestações contam com mais jornalistas a cobrir o acontecimento, que manifestantes...


NOTA: pessoalmente, sou contra a proibição do aborto. É uma decisão do foro pessoal e intimo das pessoas onde o Estado não deve interferir. Mas a função dos media é informar e não "educar".

18 outubro, 2013

O País dos telejornais das 20h, será o País Real?

Parece que no próximo dia 9 de Novembro haverá nova greve das empresas públicas de transportes. Em rigoroso exclusivo, o "Jornalismo Assim" avança com as manchetes que farão capas de jornais e os destaques de abertura de telejornais:

Greve dos transportes paralisa o País!”

 
Pois...
 

Obviamente, não é necessário ser vidente para "adivinhar" a agenda mediática desse dia, pois esta mensagem de "TODO um país paralisado", é recorrente.
 
Mais provas, se necessário forem, do centralismo mediático (recordar que a generalidade dos órgãos de informação encontram-se sedeados na capital), mas, sobretudo, sobre a forma como essa pequena “elite” de redações e jornalistas, vai incutindo nos cidadãos uma perceção do mundo influenciada (contaminada?), pela sua própria visão, pelos seus valores e ideologia, em vez de ser baseada em informação isenta, factual.
 

1 As redações Vs o "país real":

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/02/o-wishful-thinking-das-redaccoes-vs-o.html

2 Um problema que, na província, é um “palito”, em Lisboa, transforma-se num “barrote“..

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/07/nascer-no-pais-da-equidade.html

3 Noção disfuncional de Equidade, ou, como a Equidade só é um valor absoluto quando é o interesse de alguns que está em causa:

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/06/portugal-o-bastiao-da-equidade.html

4 Portugal, Lisboa e o Resto do País:

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/02/portugal-lisboa-e-o-resto-do-pais-1.html



Concluindo:

“... o espaço mediático atual, será o espelho da sociedade portuguesa e traduzirá de forma isenta as diferentes correntes e sensibilidades existentes ? Ou será que esse espaço, negligenciando a missão de informar de forma isenta e, não raras vezes, menosprezando até o pensamento e as convicções da maioria, empenha-se, suportado nas convicções de uma minoria alinhada com o “wishfull thinking” do jornalismo militante, num exercício diário de doutrinação da “população” com os seus próprios valores?”
 

 

17 outubro, 2013

Diz que é Jornalismo!

Capa de hoje do JN.
"I rest my case"...
 
Se, como frequentemente se vê afirmado na comunicação social, o Ministro da Educação está a "matar a escola pública", o que estarão as redacções e os jornalistas a fazer à inteligência dos portugueses?...  
 
 
 
 

16 outubro, 2013

Pior que a dívida, pior que o défice... a Justiça portuguesa


Vivemos uma fase de notícias realmente deprimentes, mas já nem sei como classificar a Justiça em Portugal...

(via, Público)

 
 
 
"A maioria das gravações que fez das conversas que teve com Domingos Névoa foram autorizadas pelas autoridades, mas o mesmo não sucedeu com a que ocorreu no primeiro encontro que teve com o empresário — razão pela qual foi agora condenado pelo crime de gravação ilícita.
 
“Obviamente que voltaria a fazer o que fiz. Foi uma oportunidade de denunciar a corrupção, os corruptos e os corruptores. Além das maçãs podres da justiça, algumas são magistrados. Orgulho-me muito do que fiz”, afirmou Ricardo Sá Fernandes à saída do tribunal, citado pela agência Lusa.!"
 

15 outubro, 2013

OE / 2014 - A ressaca do anúncio...



Só faltou uma taxa especial sobre cidadãos que pretendam manifestar-se em pontes... daria uma "pipa de massa" como receita!
 
Mais a sério... é angustiante constatar que, em democracia, este país é incapaz de se reformar:

- Como já aqui perguntamos, onde está o guião dos cortes e da reforma do Estado, cuja responsabilidade era de Portas? A única coisa que sabe fazer é "descolar" politicamente das medidas mais duras de austeridade, desta vez até o tema das pensões de sobrevivência conseguiu utilizar para esse efeito... 
 
- Como aqui já referimos, em pouco tempo, iríamos lamentar a saída de Gaspar (desejada até por parte da própria coligação) - o país ganhou alguma coisa com a circunstância de Portas - o "político experiente" - ter assumido as relações com a troika?
 
- Finalmente, recordar uma das bandeiras do blog, e talvez a razão que explica a incapacidade de reformar este estado de coisas: o conflito entre o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado" Vs “Portugal Silencioso”
 
 
As eleições chegam já em 2014...
 
 

Só não veio, porque os nórdicos nos olham de esguelha…


Com o devido respeito ao Comité de atribuição do Nobel, assim como aos laureados deste ano na área da Economia, mas não podemos deixar passar em claro a injustiça cometida pelo facto de o galardão não ficar este ano em Portugal!

 
 
 

14 outubro, 2013

Do Jornalismo delinquente...

 
E “prontos”...  
 
Depois de uma semana inteira a lançar o pânico entre os mais idosos - quando se sabia, desde o início, que o impacto da medida se restringia a 3% do valor pago por estas pensões;

Depois de criar o contexto propício para a esquerda capitalizar mais uns votos, através das manchetes habituais que, vezes sem fim, anunciaram “os dias contados” para as pensões de sobrevivência a partir dos 400 € ou 600 €;

Chega a altura de o jornalismo militante “arrumar a tenda”, lançar umas larachas sobre a incompetência deste governo para comunicar – as redações e Srs. jornalistas, como sempre aliás, cumpriram de forma irrepreensível o seu dever de informar - e seguir para uma próxima polémica escandalosa…


Mas, quando vem o Costa mostrar como se fazem cortes na despesa?!

Só aí, este clima de indignação crónica abrandará e a comunicação social poderá, enfim,  passar a explicar aos cidadãos que este tipo de medidas é necessário - aliás, são fundamentais - para garantir um Estado Social eficiente e para todos.

Então, veremos os “Nicolaus” e os ”Adão e Silva”, comentar que uma redistribuição dos sacrifícios que sobrecarrega os 3% - 5% mais ricos para garantir a universalidade dos apoios do Estado, só tem um significado: mais justiça social.
 
Mais! Só a demagogia e a politiquice, num contexto de crise como aquele em que Portugal vive, poderá explicar as críticas daqueles que se opuserem a tais medidas...
 
(têm dúvidas?...)

Assim, como tendência para a "semana de polémica" que agora se inicia, prevê-se a substituição de “pensão” por “Arménio”, e “sobrevivência” por “ponte”. 

 
Boas indignações!
 
 


 

11 outubro, 2013

Excelente texto e reflexão, de Henrique Monteiro


 Excelente texto e reflexão, de Henrique Monteiro. Um dos grandes! (raros, raros…)
 


...
 
 
 
Mais do que o confronto “esquerda” vs “direita”, “liberais” vs “progressistas” ou “liberais” vs “conservadores” - rótulos que dominam o tratamento mediático reservado aos assuntos políticos - as mudanças a implementar no País não avançam por questões ideológicas, mas pelo que as reformas representam de ameaça ao establishment da capital…vulgo, centralismo.