22 agosto, 2013

A Reforma de Estado Invisível...


Se, ainda há dias, aqui se criticava o governo por isto, agora há que realçar que este é "o caminho" e que, apesar de tudo, nenhum governo fez tanto pela redução / racionalização da estrutura do Estado.


 
 
"O Executivo vai extinguir o Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional, o Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu e o Observatório do QREN, uma decisão que, de acordo o comunicado do Conselho de Ministros, visa «uma maior racionalidade na despesa e o aumento da eficácia na gestão dos fundos»."

Se apenas ficarmos pelo que a comunicação social destaca, ficaremos com a ideia que a redução da despesa pública foi feita exclusivamente à custa de cortes nos salários e pensões da função pública. No entanto, essas medidas representam um pouco mais de 3.000 M€ e a despesa pública caiu cerca de 12.000 milhões de Euros entre 2010 e 2013… 

Fazendo uma simples pesquisa no Google, será possível encontrar diversas notícias que foram passando despercebidas pois não abrem telejornais nem mereceram capas de jornais.

Redução de 50% das direcções da RTP: Um dos maiores problemas da estrutura do estado são os lugares de chefia e direcção. Em muitos casos criados para colocar o amigo, o famoso “boy”.

Redução de 75% das empresas do Grupo Águas de Portugal. Considerando que que cada empresa tem um conselho de administração de 5 elementos, estamos a falar de uma considerável redução de "boys"…

A redução / extinção de Fundações “...das 423 fundações identificadas, 98 mantêm a actual relação com o Estado. Das restantes, 132 vão ver alterado o seu financiamento, perdendo total ou parcialmente os apoios públicos, enquanto que 193 - que não responderam ao censo feito no ano passado - deixam de contar com as transferências do Orçamento do Estado." 

Cargos dirigentes das entidades de turismo reduzidos de 45 para 10: "Com a nova lei, as entidades de turismo ficam sujeitas a novas regras: os cargos de dirigentes remunerados são reduzidos de 45 para 10, e cada entidade não poderá ter mais de seis cargos intermédios remunerados."
"Além das economias em salários com o novo regime, há margem para cortar gorduras e desperdícios de forma significativa. As entidades eram estruturas pesadas, ocupavam mais de 100 imóveis e tinham 70 viaturas ao seu serviço"."

Recordar ainda os Governos Civis, as Freguesias, redução da despesa com medicamentos (Estado e Cidadãos), as chefias miltares... não admira que haja muita gente descontente por aí!
 

21 agosto, 2013

Da “Fiscalização preventiva”


Dentro de umas semanas, voltará a “nuvem negra” associada à preparação e anúncio das medidas de um novo Orçamento de Estado sob resgate. Desta vez o de OE2014.

Até agora, o discurso da oposição tem-se centrado em dois pilares: a luta contra as “políticas de austeridade” e a defesa dos direitos estabelecidos na Constituição. Com os recentes sinais positivos da economia é de prever que “todas as baterias” passem a centrar-se no segundo ponto.

Por mais de uma vez se abordou este assunto aqui no blog, nomeadamente, o conflito existente entre a rigidez do que a Constituição prevê e as transformações de que Portugal precisa – leia-se, - redução da despesa pública.

Desta feita, o presente post, debruça-se sobre uma expressão recorrente na comunicação social -  a “fiscalização preventiva”, da medida A ou da medida B. Pergunta-se, será mesmo “preventiva”?...
A este propósito, recuemos até Junho para acompanhar um tema que esteve em discussão na Alemanha. Discutia-se, então, o mecanismo de compra de dívida soberana pelo Banco Central Europeu que, segundo um grupo de cidadãos alemães, poderia violar a Constituição alemã. 

Este mecanismo, destinado sobretudo à aquisição de dívida soberana dos países em dificuldade (Portugal, Espanha, Itália e Grécia), comporta riscos para os cidadãos e contribuintes alemães, nomeadamente, uma eventual factura sobre as gerações seguintes. Ora se esta factura, se este risco, representa uma ameaça aos direitos dos cidadãos alemães previstos na sua Constituição, quem pode discordar desta análise prévia às decisões do governo alemão?

Isto sim, trata-se de “fiscalização preventiva”.

Nós, portugueses, depois de anos, de décadas, sucessivas de péssima gestão da “coisa pública” sob o signo do “Festeje hoje como se não houvesse amanhã”, como são símbolo: o CCB, os estádios do Euro, a Expo 98, a sede da caixa geral de depósitos (à época, a maior sede de um banco na Europa), ou os casos mais recentes – e por isso mais graves pois, desde há 1 década, se adivinhava o beco sem saída para que se encaminhavam as nossas contas públicas – como os milhares de km de auto-estradas (sem custo para os utilizadores, lembram-se?...), as eólicas que penteiam qualquer serra portuguesa (e que determinam as rendas da edp e outras eléctricas), a “festa” do Parque Escolar, o novo Aeroporto de Beja, etc., etc….

Contudo, não é apenas nas obras públicas feitas à custa de dívida (que mais tarde alguém pagaria…), e de empreitadas que custam sempre 2X, 3X, 10X, mais que o inicialmente anunciado, que se esgotam os exemplos de negligência e desrespeito pela gestão dos recursos públicos. Veja-se como ao longo dos anos o Estado distribuía subsídios como se esse dinheiro não fosse retirado do bolso de uns portugueses para ser entregue a outros: o rendimento mínimo, depois RSI, deveria sempre ser apresentado como uma ajuda temporária e não permanente. Portugal, ainda hoje, é um sítio onde os subsídios garantem uma vida mais confortável que o salário mínimo!

Outra prática, bem conhecida e que nos deve fazer pensar sobre o nosso sistema de pensões, era o “simpático” costume de aumentar principescamente os salários dos funcionários púbicos nas vésperas de estes se reformarem. Recorde-se que até 2005, um trabalhador do Estado reformava-se com uma pensão idêntica ao seu último vencimento – que direito constitucional existirá nestes casos de manter, à custa dos rendimentos de alguns cidadãos, os privilégios assim angariados de outros?!
 

Em resumo, durante anos Portugal comportou-se como aquelas famílias que vão contraindo dívidas com empréstimos pessoais, para saldar a dívida do cartão de crédito, pagar as férias, a renda da casa. As decisões tomadas nunca tiveram em consideração os seus efeitos nos direitos dos cidadãos, nomeadamente, nos direitos daqueles que no futuro pagariam a factura. Em diversas ocasiões, pareceu que o dia da inauguração era o horizonte temporal do investimento...

Enquanto nos emprestavam novos montantes, apesar de os juros e da dívida se irem acumulando, foi possível continuar assim. Mas isso acabou…

A dívida contraída entre 2005 e 2011, ditou um aumento superior a 4.000 M € no montante de juros que Portugal tem de pagar anualmente aos seus credores. Curiosamente (ou talvez não…) é precisamente esse, o valor que agora se aponta como necessário cortar na despesa pública, no “Estado Social” … 

Aqueles que agora clamam pela “fiscalização preventiva” desta e daquela medida, onde estavam, quando as opções que agora sobrecarregam os portugueses e ditam a supressão parcial dos seus direitos, foram tomadas?! Alguns estavam a apoiá-las e até fizeram belos discursos nas pomposas inaugurações que víamos nos telejornais. Alguns até são seus co-autores…     

Na Alemanha, existe esse conceito estranho: que “direitos” implicam “deveres”. Se a Constituição prevê um conjunto de direitos, “fiscalização preventiva” trata-se de examinar previamente as medidas e decisões, cujo resultado podem colocar em causa os tais direitos constitucionais.

Em Portugal, como sociedade imatura e irresponsável que, infelizmente, ainda demonstramos ser, preferimos passar anos a assobiar para o lado e, só quando a realidade “nos cai em cima”, quando se verifica que não dispomos de recursos para saldar os compromissos assumidos, vimos invocar que ninguém nos pode “roubar” este e aquele direito… isso seria anticonstitucional!
 
Portugal teve a sua 1ª bancarrota em 77/78, anos mais tarde a e, em 2011 - não terá sido por falta de aviso -, a. Daí achar sempre curioso como, estando Portugal em situação de emergência e a viver de dinheiro emprestado pela “troika estrangeira” (ajuda, sem a qual, estaríamos a passar por cortes e privações bem maiores), se utiliza candidamente a expressão “fiscalização preventiva”, como se fosse esta a altura para estarmos vigilantes... não vá algo de mal acontecer-nos!

Enfim, por alguma razão a Alemanha é a Alemanha, e Portugal é Portugal...

 

17 agosto, 2013

Do Jornalismo fútil e mesquinho


 
O que dizer desta entrevista?... (para quem não viu, aqui fica um link)

Logo para começar, será que a sua inclusão num telejornal faz sentido? Será que na redacção a TVI não há profissionais que tenham percebido que toda a entrevista não passou de um “endeusamento” do dinheiro, do consumismo e de uma apelo à inveja e outros sentimentos mesquinhos do ser humano?

Depois, o tom moralista utilizado pela jornalista durante toda a entrevista: “tem a noção que é a imagem de um jovem fútil?”; “que num momento de crise os portugueses ficam ofendidos pela forma como gasta o dinheiro”, etc., etc... parece que o rapaz tem de se sentir culpado por ser rico. 
 
Se não fosse redacção da TVI, os portugueses nem conheceriam os hábitos gastadores do jovem milionário. Se há aqui "culpa" por uma suposta ofensa aos portugueses, não será dos próprios jornalistas que preferem destacar estes casos quando, de Norte a Sul, existem tantos cidadãos excepcionais que - para além de merecerem esse destaque -, graças à visibilidade que a televisão daria às suas acções e obra, representariam um valor acrescentado e algo positivo, para a sociedade.

A forma sobranceira e ofensiva, como a jornalista se dirigia ao rapaz (eu ter-me-ia levantado da cadeira e virado costas…), ou, em certos momentos da entrevista, adivinhar-se no olhar hipnotizado de Judite a tentação de perguntar ao convidado o valor das jóias e do relógio… que deprimente! 

Só a futilidade e o fascínio pelo dinheironão dos “portugueses que queriam conhecer um jovem que pode gastar 1 milhão numa noite”, como anunciado - mas daqueles que conceberam este "momento único" de televisão, pode estar na origem da ideia de incluir num telejornal uma entrevista destas.

São estas pessoas, estes profissionais e os seus valores, que fazem a opinião pública em Portugal. Não há aí jornalistas sérios que se manifestem contra esta simulação de informação, esta vergonha para o Jornalismo?!

Judite, o puto não tem culpa de ser rico! Judite, considerando que os sapatos que usa diariamente, são mais caros que o salário que muitos portugueses auferem, já pensou como eles se sentem?...
 

 

16 agosto, 2013

Jornalismo do Bom!




Isto sim, é Bom Jornalismo.

De acordo com a notícia do C. da Manhã, entre Dezembro de 2011 e Junho de 2013, existiu um acréscimo de quase 5% no pessoal afecto a estes gabinetes. Nesta conjuntura, nomeadamente, da absoluta necessidade de cortar na despesa do Estado, isto é inadmissível!

Como se vai alertando aqui no blog: temos de abandonar este modelo económico dos “empregos sustentados pela burocracia” e substitui-lo por actividades produtivas (como a aposta nos sectores da agricultura e indústria).

Só isso permitirá uma redução do fardo dos impostos sobre cidadãos e empresas, o aumento do rendimento disponível e, em suma, um futuro sustentável para os portugueses.


Sem isso, TODOS, estaremos condenados.

15 agosto, 2013

Das Previsões "do Excel" ao inesperado Crescimento do PIB


Depois dos números do desemprego, do crescimento das exportações, foram ontem conhecidos os surpreendentes dados do PIB relativos ao 2º Trimestre. Apesar das boas notícias, obviamente, a situação ainda é de crise. De qualquer forma, uma das expressões mais ouvidas dos últimos tempos, já não fará qualquer sentido ser usada - a célebre “espiral recessiva”.

Aliás, contrariamente aqueles que clamam pelo fim dos cortes, pois estes “trarão mais recessão”, o caminho do crescimento permanece indissociável de uma contínua e paulatina, redução da despesa do Estado. A redução da despesa pública e os cortes na estrutura o Estado – pois é este sector que necessita de ajustamento - deve prosseguir, infelizmente a sua dimensão (entenda-se custo) permanece sobredimensionado para os recursos que a economia portuguesa consegue gerar.
 
Infelizmente, o ajustamento do sector público tem sido obstaculizado por duvidosas razões de inconstitucionalidade, entre outras, por duvidosos príncipios de equidade já aqui abordados.

No entanto, a propósito das boas notícias, seria ingrato não recordar dois nomes…

Vítor Gaspar - Onde estão agora os críticos às suas previsões?

A 18 de Janeiro, interpelado pela deputada d'Os Verdes Heloísa Apolónia, Passos Coelho justificou as discrepâncias nas apostas do Governo para a recessão deste ano (1%) com as do Banco de Portugal (1,9%, quase o dobro).”

A confirmar-se esta tendência de evolução do PIB, será que algum daqueles “gurus da previsão económica” da oposição que, mais do que criticar, troçavam das previsões de Gaspar, se irá retractar em público e reconhecer que, contra todas as previsões, afinal as suas eram as mais correctas?
 
Álvaro Santos Pereira – estas boas notícias, não podem deixar esquecer o trabalho deste Ministro, cuja capacidade de análise da situação portuguesa e convicção do que carecia ser mudado, foi sempre menosprezada.

Basta recordar a forma como sempre foi tratado pelas «pseudo-elites» que dirigem a nossa comunicação social. Certamente, esse desprezo, não será alheio à circunstância de se tratar, nas últimas décadas, do Ministro da Economia mais independente dos lóbis do “establishment”.
 
Esta independência, infelizmente, também ditou o seu sacrifício em função dos interesses e equilíbrio de poder dentro da própria coligação… a dignidade com que saiu de cena, só pode confirmar as qualidades humanas que parecia ter, nomeadamente, a humildade e seriedade.
 
 


13 agosto, 2013

Diz que o Cónego era ”fassista”!...


A figura do Cónego Melo, pouco me dizia até há 2 dias atrás. Suponho que para uma boa parte da população também (principalmente para aqueles que, como eu, ainda não chegaram aos “entas”).

 
 
“Fascista” e “assassino” foram as palavras inscritas com tinta vermelha na base da estátua.

O que parece incompreensível, em pleno Sec XXI, é como esta malta do bloco e do pcp - a não ser por puro facciosismo -, ainda conseguem, por um lado, admirar alguém que assassinou milhões em nome de uma ideologia, mas, por outro, ficarem muito indignados, com este ou aquele, porque "apoiou um regime fascista".

Pessoalmente, sem entrar em campeonatos de quem foi o ditador mais assassino, nem acho que faça muito sentido distinguir "esquerda" ou "direita" nisto de ditaduras - ou é democrata ou não é - mas a "pseudo-elite" intelectual lusa, nomeadamente, as redacções e o jornalismo, é tão branda com as manisfestações de extremismo caso estas tenham rótulo de "esquerda"... (só em Portugal é que um "comunista" não é visto com o contra-ponto do "fascista". A este propósito, revisitar, o "Sebastianismo Abrilista").
 
Pelos vistos, o Cónego Melo colaborou em movimentos “extremistas” nos anos 70. Mas, quantos comunistas e elementos da extrema-esquerda, fizeram exactamente o mesmo?!

O caso de Álvaro Cunhal, por exemplo, mesmo “descontando” (pela distância temporal) o seu apoio a uma figura como Estaline e o seu regime sanguinário, como é possível falar do líder histórico do PC português como alguém que “lutou pela liberdade”, que “lutou pela democracia”, e ignorar - apenas 6 anos antes do 25 e Abril - o seu apoio declarado ao regime soviético na sangrenta invasão de Praga?!

NOTA: Um assunto que gostava ver discutido em Portugal, porque existe uma mistificação completa em torno da imagem de Cunhal e dos comunistas, na nossa história recente, era a reformulação dos conteúdos e do que se ensina aos nossos filhos nos livrinhos de história no sistema de ensino…


Em resumo, pelas suas posições e percurso, quem terá sido mais “extremista” e inimigo dos valores da liberdade e democracia, o Cónego Melo ou Álvaro Cunhal?

Enfim, dos grafitis com insultos vários e o inevitável "fassista!", provavelmente, estes "defensores da liberdade" seguiram para a inauguração de uma nova Rua ou Avenida, a comemorar algum admirador confesso de Lenine, Estaline, Mao, etc...

Estes episódios, são reveladores de como o radicalismo ideológico pode sobrepor-se a valores que são muito mais importantes e universais que qualquer convicção política. Este ódio incutido nas pessoas – e isto aplica-se à “extrema-esquerda” e à “extrema-direita”- é assustador, “cega-as”, fazem lembrar aqueles massacres por razões étnicas em alguns países africanos.

Nós e os Nórdicos


 
Lendo parte dos comentários nas redes sociais, é fácil de entender porque seria impossível replicar cá o episódio do “1º Ministro taxista”, passado na Noruega - são níveis de civilização distintos. E isto tanto se aplica ao “povo” como às "elites" (se bem que as “elites”, por terem maiores responsabilidades, têm menos desculpa…).

Outro aspecto interessante (e que já tinha sido objecto de análise aqui no blog), é esta obsessão de comparar a sociedade Portuguesa com os povos nórdicos - Dinamarca, Suécia, Noruega, etc.. Invariavelmente, estas reportagens recorrentes na comunicação social, terminam com uma conclusão que, de alguma forma, insunua o seguinte: o povo português é uma vítima por não ter políticos "ao nível" dos povos nórdicos.

Será que isto faz sentido?... Sinceramente, considerando alguns aspectos da sociedade portuguesa como os níveis de violência doméstica ainda tão visíveis, o comportamento das pessoas em locais públicos (por ex., os casos de discussões e agressões em serviços públicos), o comportamento de crianças e adolescentes, nas escolas e o desrespeito pelos professores, a forma como os portugueses se comportam (conduzem) na estrada ou, até, este "fenómeno" da combustão espontânea das nossas florestas - não faria mais sentido, em termos de expectativas e fasquia de exigência, que, para além dos nórdicos, nos comparássemos também com o que se passa em Marrocos ou na Argélia?!

Atendendo à "matéria prima", será que, poderíamos ter líderes melhores? Ou, “Os políticos que temos, é o que merecemos?



 

11 agosto, 2013

A "Razão de Ser" deste blog


Há dois dias atrás, sobre a “novela swap”, vaticinava-se aqui no blog que, depois de semanas de verdadeiro tiro ao alvo aos responsáveis do Ministério das Finanças, agora - que, finalmente, se fala na responsabilidade dos socialistas – ou se assistiria a interessantes "teorias de desculpabilização" dos governantes do consulado Sócrates ou o assunto morreria.
Passando um olhar pelos jornais do fim de semanaa, eis como o assunto está agora a ser gerido pelo jornalismo caseiro:

Público: “PS e PSD digladiam-se para ver quem é mais culpado no caso dos swaps”

DN e JN: Através do seu suplemento “Dinheiro Vivo”: “Na verdade, fica a impressão de que Passos quis fazer politiquice sobre este assunto em vez de denunciar o problema, deixando que as pessoas tirassem as suas conclusões sem as apimentar”. E, André Macedo, remata com um conclusivo ponto final: Chega de swaps.”

Nas suas capas, Público e o I, fazem chamadas semelhantes do assunto: transmitindo que ambos os partidos andam embrulhados na troca de acusações sobre o caso...

Aqui, podemos ouvir o comentário de E. Olveira e Silva (director do I), dizendo que esta questão dos swap se transformou “numa arma de arremesso entre PSD/CDS e o PS”, que “o que interessa aos portugueses, aos contribuintes, é conhecer os prejuízos destas operações ” e que neste momento estamos a assistir a uma “guerra política lamentável”… Esta comunicação social dá vontade de rir, se os cidadãos não conhecem os impactos financeiros decorrentes da contratação destes produtos é, precisamente, porque desde Abril - quando o caso tomou conta da agenda mediática -, nunca as redacções se interessaram em esclarecer os cidadãos ou fazer esse tipo de balanço, apenas se pretendia fazer cair Mª Luís Albuquerque!
 
Estamos em Agosto, como se explica que só 3 meses depois de iniciada a polémica se reconheça – inequivocamente - que foram os socialistas que tomaram estas opções e, inclusivamente, que os mesmos assessores que sugeriram a contratação do “lixo tóxico” são os mesmos que andaram na praça pública a pedir a demissão da Ministra e outros, por questões "éticas" e de "falta de credibilidade" – oh Sr. Oliveira e Silva, só na última semana, quando são os socialistas a terem de se explicar, é que o tratamento do “caso swap” assumiu o estatuto de “guerra lamentável”?!

Há pouco, na palestra semanal de Marcelo na TVI, quando este referiu que se soube, esta semana, que assessores de Sócrates recomendaram os swaps propostos pelo Citi (mais conhecidos por “lixo tóxico”, até há 3 – 4 dias atrás...) e que esses mesmos socialistas são assessores de Seguro, logo Judite de Sousa atalhou “oh! Sr Professor, mas as pessoas entendem que é uma coisa é ser um assessor e outra é ser um secretário de estado!”…e logo a seguir "...não se devia falar antes das pensões, este caso swap anda a servir ara iludir os portugueses... ". Estamos conversados

Em resumo…
Durante semanas, enquanto este processo se resumiu a acusar alguém do actual governo – que mentiu, que omitiu, que é responsável, etc. – as manchetes, frisavam bem que "a ministra isto", "o sec. estado aquilo"... quando (finalmente) se tratou de analisar o comportamento dos socialistas e as suas responsabilidades, as redacções os srs. jornalistas já optam por um "ps e psd trocam acusações", que “já chega deste assunto” que estamos perante uma “guerra política lamentável”.


E assim, tal como era previsível, entramos numa nova fase de tratamento mediático deste assunto, a ideia agora transmitida é: todos têm a mesma responsabilidade… e assim se vai desculpabilizando quem contratou o “lixo tóxico”.
 
Mais dois ou três dias e o assunto “sairá de circulação”. Segunda-feira, desencantam-se umas polémicas com Machete ou com os cortes das pensões (quando, não se conhecendo ainda as medidas, se assiste apenas a pura especulação) e pronto, entre os “pingos da chuva”, lá escaparão os socialistas (que, com as suas manigâncias financeiras, arruinaram o País) ao escrutínio das suas responsabilidades. No entanto, neste caso, é mais correcto dizer que escaparam graças aos “critérios jornalísticos sem pingo de vergonha”.  


Mas, este processo dos swap - nomeadamente, a sua gestão mediática -, é apenas um entre muitos episódios onde é evidente como o "jornalismo militante" ora destaque a assuntos e notícias, ora os desvaloriza, de acordo com a sua própria agenda e critério parcial, beneficiando, sistematicamente, a “narrativa da esquerda”.

Basta recorrer ao blog, para constatar a existência de um padrão: enquanto os assuntos servem para fragilizar o governo "de direita" ou as suas posições – o tema aparece com enorme frequência, designadamente, em manchetes e aberturas de telejornal. Quando se constata que, afinal, os socialistas até têm maiores responsabilidades no assunto ou este desaparece da agenda mediática ou passamos a ter uma cobertura que, invariavelmente, diz ao cidadão “eles são todos iguais”. Não esquecer que, neste País, a "esquerda é inimputável"....

Ficam alguns exemplos:

O mito – “PS e PSD, têm as mesmas responsabilidades

Esta é um das ideias mais recorrentemente implantadas pelo jornalismo militante. É muito vulgar ouvir nas conversas de café ou nas redes sociais e resulta, em boa parte, do tratamento mediático similar ao caso acima descrito. Neste post já se abordou esta questão onde se coloca a pergunta: tendo o PS - com cerca de 3 anos de intervalo - governado de 1995 a 2011. Fará sentido dizer que, PS e PSD, têm iguais responsabilidades na governação recente (quando falamos em 85% Vs 15%)?

O Salvador, Hollande:

Durante meses Hollande, era o campeão da “anti-austeridade”, o “guardião do crescimento”. A comunicação social vendia aos portugueses que a receita de Hollande – por oposição à “política falhada” de austeridade de Passos & Gaspar – era o caminho, era a solução. Hollande chegou ao poder, França – supostamente à custa dessa “dieta anti-austeridade” - , depois de aumentos de impostos, mais desemprego, já entrou em recessão. As notícias sobre Hollande seguiram o mesmo caminho - entraram em recessão - têm visto Hollande nos telejornais?!


Portugal terá o mesmo destino da Grécia:

Durante o primeiro ano de Passos & Gaspar, sempre que algum indicador colocava Portugal nos tops de bancarrota, essa notícia abria telejornais. Depois de Portugal se afastar desse abismo, depois de – definitivamente – se afastar da Grécia, deixou de se falar do assunto....


A dimensão das Manifestações:

Sempre que existe uma manifestação ou uma greve, ouvindo rádio ou vendo reportagens televisivas, são anunciados números impressionantes, sistematicamente são referidas adesões acima de 90%... Enfim, que o “País parou!”. Se, por razões já abordadas aqui no blog, existem jornalistas e redacções para quem as fronteiras “do País” será qualquer coisa como o rio Tejo (a Sul) e Vila Franca (a Norte), este episódio veio bem demonstrar como – de acordo com a fé do jornalista que relata – uma massa humana de 50.000 pode transformar-se numa multidão de 500.000!
Sobre a escolha da nova PGR (final de 2012...), a polémica em torno da eventual nomeação de Cândida Almeida:


Etc., etc., bastará percorrer o histórico do blog para encontrar muitos outros casos…

Enfim, a pergunta mantém-se:
 
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...




09 agosto, 2013

SWAPs - O Resumo dos Resumos.




 
 
Votos de Bom Fim de Semana!
 
 


Ainda os swap... Produtos tóxicos informativos

(por Pinho Cardão, 4ª República)
 
"Na sua edição de ontem, o DN titulava em manchete de grossas letras na 1ª página: Ministra contratou avaliador de swaps que tentou vender contratos tóxicos.
 
Na sua edição de hoje, o mesmíssimo jornal, mas em letra envergonhada, a meio da 2ª coluna da página 4, desmente o que ontem afirmara: "estes contratos, como explicaram especialistas ouvidos pelo DN, não são tóxicos (ao contrário do que assumiu este jornal na sua manchete de ontem), nem especulativos...". E mais acrescenta que, à época o Eurostat aceitava esse tipo de operações, como o próprio Citigrou exemplifica com contratos na Áustria, na Finlândia e na Dinamarca. 
 
Apesar disto, o DN prossegue a campanha, referindo em letras garrafais na 1ª página: Secretário de Estado obrigado a demitir-se por ter esquecido reuniões. 
 
No meio de tudo isto, produtos tóxicos verdadeiros são os que os media diariamente nos têm servido. E aí não há demissões, nem rigor, nem exigência particular. Directores, Directores Adjuntos, Subdirectores, Editores podem estar descansados. Têm sempre à mão a edição do dia seguinte."
 
 
Para além do descrito no post, acrescento outro episódio que sugere uma tendência que nos próximos dias se poderá confirmar (ou não...): Até à sua demissão, enquanto se discutia na comunicação social a conduta de Pais Jorge em 2005-06 - então ao serviço do CitiGroup - o "produto" que ele vendia era "tóxico", "maldito" - sim, parece que era de tráfico que se falava... Entretanto, com a sua saída de cena, alguns constataram o óbvio: se existiram várias reuniões sobre o assunto, é porque os responsáveis políticos de então tinham interesse nesse produto!
 
Aliás, nas últimas horas ficou a conhecer-se esse "pequeno detalhe": Afinal os socialistas queriam o "lixo tóxico" do Citi e - "oh ironia!" - foi o "maldito" Franquelim Alves quem impediu a operação.
 
Mas, voltando à tal "tendência", ontem, comentando precisamente o papel dos responsáveis políticos de então e o seu eventual interesse na proposta do Cito, ouvi na rádio Nicolau Santos referir-se a esses swaps como algo "que até era normal na altura", que o Eurostat "até aceitava esses produtos"...("como disse?!" pensei eu...infelizmente não encontro link)
 
Mas, esperem lá! Então os swaps - os mesmos swaps - são "tóxicos e malditos" quando o contexto é classificar a conduta do ex-sec estado, mas, quando toca a comentar os governantes de então (os mesmos que, entre 2006 e 20011, assinaram dezenas / centenas destes contratos) os  swaps já passam a ser algo que "na altura era normal"?!
 
Estejam atentos ao tratamento mediático deste assunto nos próximos dias... o meu palpite é este:  ou o assunto morre ou vamos assistir a umas interessantes "teorias de desculpabilização" para contextualizar as responsabilidades dos governantes de então. E, caro cidadão, não esqueça:
 
 
“esquerda boazinha Vs direita maléfica”.
 
 

08 agosto, 2013

Sobre os recentes dados estatísticos da Taxa de Desemprego


Se no global a taxa de desemprego recuou dos 17,7% para os 16,4%, é interessante observar as alterações verificadas regionalmente (região NUTS II). Assim, relativamente às regiões Norte, Centro, Lisboa e VLT, e Algarve, verifica-se do 1º T para o 2º T, uma quebra de 1,4%, 1,80%, 0,20% e 3,60%, respectivamente. Todas registaram recuos, mas a magnitude dessas alterações é bem distinta.

Muito se tem falado da sazonalidade associada ao turismo, repare-se que no Algarve a quebra do desemprego foi bem mais significativa que nas restantes regiões (quase 4 pontos percentuais). No entanto, será que a sazonalidade associada ao turismo explica as reduções verificadas no Centro e Norte?

Longe de ser especialista na área, penso que o turismo tem mais peso em Lisboa e Vale do Tejo, do que nas regiões Centro e Norte. Assim, porque terá a taxa de desemprego descido nestas duas últimas regiões (1,4% e 1,80%), mas ter permanecido praticamente inalterada em Lisboa e VLT?

Obviamente, a informação é muito escassa e só a evolução dos próximos trimestres permitirá perceber que trajectória terá o desemprego em Portugal. Mas, não será que, em vez da sazonalidade associada ao turismo, a criação de emprego nas Regiões do Norte e do Centro se explicam pela criação de empregos nos sectores da Agricultura e Indústria, desempenho esse que também ajudaria a explicar o bom desempenho das exportações?

Recorde-se, a propósito da existência de dois modelos de sociedade no nosso País - o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado" Vs o “Portugal Silencioso”- este post de Maio de 2013…

 "Do "Portugal silencioso"...

O Norte exportador

"É quase uma notícia de rodapé. Como se já fosse hábito. O Porto de Leixões teve em abril um aumento das exportações de 30%, com um máximo histórico de 1,7 milhões de toneladas carregadas num só mês! E, mais do que um mês bem sucedido, o acumulado de subida das exportações é até agora de 13% em 2013 face a 2012.
O que exportamos mais? Combustíveis refinados, ferro e aço, bebidas, papel e cartão, máquinas e produtos químicos. Os países onde as empresas portuguesas encontraram novos clientes são a Argélia (mais 150%), Marrocos (mais 61%), EUA (mais 45%), Reino Unido (mais 44%) e França (mais 39%).
É extraordinário. Há dois países em Portugal. Este é o silencioso, fruto de sangue, suor e lágrimas. Há dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora a fazer a tal 'coisa' sempre pomposamente dita pelo Governo: fazer a inversão da balança comercial do país e fazer a retoma.
...
"
Estes dados, são a melhor evidência dos dois modelos de sociedade existentes no nosso País. Por um lado, o modelo de sociedade representado por um grupo bem instalado em “Lesboa” (Raquel Varela, por ex.): conquistado na sombra da monstruosa estrutura do Estado e dos milhares e milhares de empregos sustentados pela burocracia. À custa desta estrutura sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo- privada": um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, contaram com as benesses e os momopólios que a proximidade com o poder lhes garantiu (e garante).

O "outro" modelo é representado, nas palavras de Daniel Deusdado, pelas "dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora" que, apesar de um Estado ladrão, que ao longo dos anos foi retirando, saqueando, pela via fiscal (impostos) ou pela sua incompetente gestão (electricidade, combustíveis, scuts...), uma fatia cada vez maior do fruto do seu trabalho enquanto criou obstáculos adicionais à sua competitividade, para sustentar a estrutura desmesurado e voraz do Estado, nomeadamente, os milionários vencimentos dos "gestores" do sector empresarial público.

É tão simples ver sobre qual destes modelos devem recair as reformas e os cortes e qual deles deve ser poupado para que Portugal se desenvolva económicamente... mas há um factor que trava esta mudança e impede que a sociedade em geral tenha esta percepção - a comunicação social. Sendo Portugal o país centralizado que é, nomeadamente, a circunstância de todas as redacções e meios de comunicação "de massas" estar instalada em Lisboa, faz com que a visibilidade do "Portugal silencioso" Vs o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado", seja quase nula... Assim, um dos maiores desafios que se coloca a este País, é o seguinte:
- sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa - e que passam essencialmente pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas décadas - quando é precisamente o grupo mais prejudicado por essas medidas quem domina completamente a opinião pública e a agenda mediática?

07 agosto, 2013

Juro que não queria falar mais de SWAPS...


Antes de ir aos mais recentes desenvolvimentos desta novela, partilhar um pensamento que nos últimos dias me tem ocorrido: se, no tempo certo, a comunicação social tivesse "acordado" para este problema da “maquilhagem de contas”, se, durante 6 anos de tanta aldrabice contabílistica, os srs. jornalistas não tivessem mantido (por oposição à hipersensibilidade actual) uma atitude de autêntica passividade bovina, teria sido possível poupar os portugueses a parte dos sacrifícios que agora têm – temos – de fazer… 

Sobre a “caça às bruxas“, “é assim”: no início, os socialistas contrataram estes swaps ruinosos estando este governo, e a ministra, a remediar a situação. Aqui, a questão central eleita pela comunicação social, não foi o apuramento de responsabilidades pela existência de tais contratos, não. Como a Mª L. Albuquerque disse que na transição de pastas não constava informação dos swap (e os socialistas diziam que sim), a responsabilidade da assinatura desses contratos foi considerada uma questão lateral... A questão central passou a ser a conduta da ministra: teria, ou não mentido?

Entretanto, depois de semanas sob fogo, a ministra conseguiu provar que, efectivamente, nada de relevante e concreto tinha sido transmitido relativamente aos “swap tóxicos”… o jornalismo - que nem se preocupou em confrontar os socialistas (quem mentia afinal?) com os elementos apresentados - logo substituiu essa polémica. O alvo deixou de ser a ministra, mas a sua imagem, claro, foi seriamente desacreditada.

Agora, com base em documentos possivelmente forjados, lançou-se na comunicação social a notícia que este secretário de Estado era o responsável pela proposta de swaps tóxicos ao governo de Sócrates. Desta vez, se quem apresentou os documentos mentiu ou não mentiu, parece que é secundário, lateral. A questão central é saber se o secretário de estado – há altura colaborador do CitiBank – estava associado a essas propostas…

Pelo menos, nisto de definir o que é a questão central e a questão lateral, o critério da comunicação social é óbvio e coerente: os “culpados” são sempre os mesmos… a isto chama-se “Jornalismo de Inquisição”. Agora a questão de fundo:
 
A escolha de um Ministro ou Secretário de Estado das Finanças, passa a ficar vedada a pessoas que tenham trabalhado no sector financeiro?


Considerando a polémica em torno do actual secretário de estado – dado como incompatível para o lugar porque “andou enrolado” em swaps -, e, sabendo nós, que todas as empresas do sector financeiro comercializam esses produtos, depreende-se pelos comentários de jornalistas e comentadores nos últimos dias, que “JAIMÉ!” alguém com experiência nesse sector poderá exercer funções das Finanças. 

Saído este sec. de estado de cena, talvez seja melhor começar a recrutar os próximos , por ex., em roulottes de venda de farturas… desde que, claro, nunca se tenham esquecido de passar factura! (já imagino as reportagens com anónimos a relatarem a compra de coiratos à margem do fisco…um escândalo!!!)   

Um governante, deve ser seleccionado pelas suas competências e, posteriormente, avaliado pelo mandato e trabalho desenvolvidos, ou são os jornais, em função do seu critério selectivo e pelo clima criado em torno da escolha, o elemento determinante a observar? Se a comunicação social tivesse ficado silenciosa, como sucede em tantos outros casos, teria existido demissão neste caso?...
 
Mas a própria reacção de Pais Jorge - com as suas hesitações e receios de como as coisas seriam exploradas mediaticamente - é sintomática dos tempos de verdadeira “tirania mediática” em que vivemos. Se estava ao serviço de uma entidade que comercializava esses produtos, é expectável que fizesse o quê?!

Por exemplo, imaginemos que, nos próximos meses, o Estado, através das inúmeras entidades públicas que tutela, passar a comprar mais grades de cerveja à Unicer, como vai ser? Será que se vão levantar questões éticas relativamente ao novo Ministro da Economia?

06 agosto, 2013

Notícias que passam ao lado das manchetes


"Sei que dói, mas há boas notícias"
Henrique Raposo
"Eu sei que dói, eu sei que custa ouvir, mas a verdade é que há boas notícias em Portugal.
O desemprego voltou a cair pelo segundo mês consecutivo. O índice de produção industrial está a crescer. O índice de confiança dos consumidores também está a subir e, em consequência, a sangria no comércio a retalho está a estancar. Portugal foi o país da OCDE onde a produtividade mais subiu. O consumo de combustíveis aumentou pela primeira vez em dois anos. As poupanças dos portugueses continuam a aumentar e o vício do crédito continua a descer: o endividamento das famílias portuguesas baixou 9 mil milhões desde 2011. E, acima de tudo, o défice externo já foi destruído.
 
Pela primeira vez desde pelo menos 1995, atingimos um excedente comercial positivo devido à queda das importações de bens de consumo e devido à explosão das exportações. O excedente positivo deve ser de 4,5% do PIB no final deste ano e de 6,4% no próximo ano. Repare-se que tivemos um défice externo médio de -8,3% do PIB entre 1999 e 2011 (a mãe de todos os males). O ajuste, portanto, está a ser notável. Entre 2011 e 2013, Portugal foi o terceiro país da Europa a ganhar quota no comércio internacional. Depois de crescerem 4,7% este ano e 5,5% no próximo ano, as exportações representarão 43% do PIB no final de 2014. Em 2009, representavam apenas 28%.
 
Já estamos salvos? Não. Mas é bom que se perceba que Portugal não sairá da cepa torta enquanto não alcançar um equilíbrio sólido na balança de pagamentos. Nós não temos dimensão para mantermos uma economia baseada no consumo interno de importações alavancadas por crédito externo.

Mas isto são apenas números e gráficos. É preciso dar gente e estórias a esta história. E a principal estória é esta: nos primeiros seis meses do ano, foram criadas 20.051 empresas, mais do dobro das empresas que fecharam ou insolventes; há cinco anos que não se criavam tantas empresas em Portugal. Além disso, os sectores clássicos continuam a aguentar: em Vila Velha de Ródão, a AMS Goma-Campus gerou 130 empregos no sector do papel nos últimos anos e prepara-se para aumentar a equipa; gozando da boa fama do peixe português, a Gelpeixe aumentou as suas exportações em 400% nos últimos anos; a Bosch Portugal prepara-se para exportar para África; o sector metalúrgico está em altíssimo nível e criou a Portugal Steel para promover as exportações; a Amorim continua a transformar a cortiça numa coisa sexy; a Corkway Store levou a cortiça para capas dos ipads (haverá melhor capa para telemóveis e afins?); a Galp já produz biodiesel (50 empregos directos) a partir de desperdícios animais e de óleos alimentares; as dormidas em hotéis de cinco estrelas aumentaram 30%; os passageiros low cost para Portugal aumentaram 448% desde 2004; Lisboa está sempre a vencer votações internacionais de "melhor destino de férias"; os nossos hostels dominam os "hoscars".

Estas estórias são a carne daqueles números. E há mais: a quase falida Faurecia (Palmela) conseguiu contrato com a Range Rover e contratou 100 novos trabalhadores; em Famalicão, a Leica cresceu 30% e criou mais postos de trabalho; a Jóia Calçado (Felgueiras) investiu 700 mil euros numa nova fábrica (40 postos de trabalho) para alimentar marcas como a Kenzo e Armani; a Embraer está a tentar trazer mais aviões para Évora, impulsionando assim o cluster aeronáutico em Portugal, tal como a Auto-Europa impulsionou o cluster automóvel. Neste momento, a Embraer já tem seis fornecedores portugueses qualificados. Ainda neste sector, as OGMA garantiram contratos de manutenção de aviões da força aérea francesa, da força aérea dos Camarões e da Virgin Austrália.
Sim, é triste e quiçá inadmissível, mas as boas notícias estão aí."
 
Henrique, essa conversa interessa a alguém?! A pergunta essencial é... e os swaps?!

05 agosto, 2013

Agarra que é "fassista"!



(Nota introdutória: um dia que sentisse o meu posto de trabalho em perigo, escrever algo assim, daria um bom alíbi para depois dizer que estava a ser perseguido politicamente...  )

Pela mesma razão que o canal Benfica não é o sítio mais adequado para aqueles que pretendem revisitar os maiores êxitos desportivos do F.C. Porto, nunca, com esta comunicação social, um governo da área da direita terá boa imprensa!

Os briefings nasceram porque se dizia que este governo "não comunicava / comunicava mal", que era / é um desastre a explicar medidas, blá, blá, blá.... Os "especialistas" do governo lá pensaram numa fórmula para ir mais de encontro a essas críticas e (tentar) dar de si uma melhor imagem - nasceram os briefings.

Agora, garantidamente, já comunicará mais qualquer coisa... mas, sejamos claros, o que interessa às redacções e aos Srs. jornalistas difundir, está nos antípodas do que este governo quer comunicar! O problema não reside na mensagem ou na forma como esta é veiculada, o verdadeiro problema comunicacional entre emissor (governo de “direita”) e receptor (jornalismo), decorre da incompatibilidade ideológica entre ambos!

Note-se o caso presente: num país onde o jornalismo luso conviveu sem grande indignação com o que abaixo se descreve (aliás, essa personagem até veio a tornar-se ilustre comentador), que razões substantivas - para lá da "repulsa ideológica" - podem levar o Sr. Mascarenhas a contemplar Maduro & Lomba, com o epiteto de fascistas?!

Se estes são fascistas, por uma questão de escala, outros, o que serão... o anti-cristo?!

(19 Março, 2013)


Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita....

Como é hábito neste cantinho socialista, as declarações e entrevista que a seguir se transcrevem, não suscitaram qualquer interesse por parte dos "predadores de polémicas" do costume. A matéria é explosiva mas, agora e como invariavelmente sucede, envolvendo malta inimputável de esquerda, o assunto passa ao lado das manchetes de jornais e dos alinhamentos de noticiários na rádio e televisão.

A entrevista, dada por Octávio Ribeiro na última edição do jornal SOL, pode ser lida aqui e traz novos elementos sobre as relações de Sócrates com o mundo da comunicação social.

«[Octávio Ribeiro] Quando começo a ter acesso a algumas das escutas do Face Oculta apercebo-me que não era só a TVI que ia ser comprada. O CM também. Houve uma fase negra em Portugal em que, com o apoio da banca, se ponderou fazer grandes negócios na comunicação social que não visavam o objecto de negócio, mas sim mudar direcções e silenciar.

O que pensa de Sócrates?

Entre 90 e 91, ao fim-de-semana tinha RTP e durante a semana Semanário e RR. Nesta altura, António Guterres apresenta-me uma jovem promessa. E, de facto, ele tinha um estar que contrastava: não usava gravata, dizia palavrões, era pouco mais velho do que eu e trabalhava imenso. Já como líder do PS faço-lhe a entrevista que antecede a queda de Santana Lopes, com o título: 'O PS está pronto para governar'. Logo a seguir dá-se a decisão de Sampaio. Numa primeira fase conversávamos muito, trocávamos impressões de forma aberta, ainda eu era director-adjunto.
Em 2007 ele faz-me um convite que achei que o primeiro-ministro não podia fazer.
Que convite foi esse?

Para substituir o José Eduardo Moniz na TVI. Ele diz que não sabia de nada do que se estava a passar, mas em Fevereiro fez-me esse convite. Quatro meses antes. Disse-lhe que não estava disponível e a relação acabou.

Sócrates quis dominar a comunicação social?

Completamente. Tinha essa vertigem. Denunciei isso muitas vezes em editoriais. Uma vergonha. Não é um democrata. É um tipo colérico quando é contrariado. Depois desse almoço na Travessa - e uma coisa estranha é que o restaurante estava cheio, mas todas as mesas à nossa volta estavam vazias, portanto presumo que ele não marcava apenas uma mesa, mas um quadrado -, acho que nunca mais falámos.» "
Como é fácil de entender, há luz do critério esquerdista das redacções lusas, o conteúdo da entrevista não tem relevância jornalística, sendo mesmo inoportuno... ainda mais num momento em que as redacções apostam, como nunca, em incutir no cidadão tuga a ideia de que a culpa da crise em que o País está mergulhado é de Passos & Gaspar. Imagine-se a mesma entrevista, mas com o nome "Relvas" em vez de "Sócrates"... teríamos abertura de telejornal, semanas a fio que culminariam com 1 - 2 Milhões na rua a pedir a demissão do governo.
 

03 agosto, 2013

Implantar uma ideia: mascarar o défice com truques financeiros (swaps & outros)



 
Que mensagem, que ideia se pretende implantar junto dos cidadãos que lêem estes títulos de notícias? Que os socialistas não mascaram contas, que seriam incapazes de o fazer? Que esse tipo de prática está apenas associado aos actuais responsáveis pelas finanças, ou seja, aos partidos “da direita”?

Que país miserável e hipócrita, cuja opinião pública é conduzida por gente sem o mínimo interesse de informar os cidadãos - apenas doutriná-los - sempre na lógica “esquerda boazinha Vs direita maléfica”.

Sejam sérios! Se, em 2011, pedimos um resgate foi precisamente porque Sócrates foi o maior maquilhador de contas da história da política portuguesa! De outra forma como seria possível, ao mesmo tempo que afirmava “Está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito melhor no défice” , Portugal, em apenas 6 anos, ter mais que duplicado a sua dívida! Srs. jornalistas e comentadores, parem, perante os portugueses, de encobrir a desastrosa e criminosa, governação socialista durante o consulado “socretino”.

Recordem-se as “imagens de marca” dos governos de Sócrates:

 

PPP rodoviárias:


Sabiam que estas obras foram lançadas com um período de carência de 5 anos? Ou seja, o empreiteiro com dinheiro emprestado pela banca (bem remunerado claro...), faz a obra e só 5 anos depois o Estado começa a pagá-la... Isto é, injecta-se dinheiro na economia, criam-se um postos de trabalho e cobram-se uns impostos, faz-se uma festarola a inaugurar a obra à hora de abertura dos telejornais...

Cinco anos depois (agora) ficam auto-estradas onde não passa ninguém e é altura de pagar a dívida acumulada! 

Isto não é mascarar as contas?!


Desorçamentação generalizada (obras públicas, saúde, educação, etc…):

Talvez o caso mais evidente desta desorçamentação seja a empresa Estradas de Portugal. Até ao consulado Sócrates, a despesa relacionada com manutenção e construção de estradas estava no perímetro orçamental. Com a alteração do estatuto da Estradas de Portugal (EP), todos esses encargos, deixaram de ser contabilizados no Orçamento de Estado e passaram as contas daquela empresa.
Todos os anos, milhares de milhões de €, "desapareceram" do défice mas foram-se acumulando na dívida E. P. – alguém, mais tarde, haveria de pagar. Aqui, podem constatar a dimensão deste truque contabilístico: enquanto, no final de 2007 a dívida da EP era de 1.000 milhões de €, 18 meses depois (em 2009, portanto) essa dívida já ultrapassava os 15.000 milhões! Mas, claro, a comunicação social em nada disso via razão para alertar os cidadãos e, nesse mesmo ano, Sócrates – por pouco – não voltou a ter maioria absoluta… 

Para aferir a dimensão da despesa que foi sonegada à contabilidade do défice, podemos ainda consultar aqui (artigo do Jornal de Negócios), como entre 2008 e 2011, a desorçamentação terá atingido valores entre os 6% e os 9% do PIB! (em média, 8.000 a 9.000 milhões € / ano).

Isto não é mascarar as contas?!


Concessão de barragens hidroeléctricas à EDP:
 
No mesmo ano em que Sócrates se afirmava o campeão do défice, para além da desorçamentação que era uma prática comum desde o início do seu mandato, encaixou, só em 2007 cerca de 750 milhões de € pela concessão à EDP das novas barragens no Douro. Os portugueses, basta olhar para a sua factura, facilmente percebem quem está agora a pagar esses negócios...
 
Note-se, que falamos das barragens que, mais tarde (2011, 1021) se dizia colocarem em causa o estatuto “Douro Património Mundial”. Imaginam o cenário que resultaria do cancelamento dessas obras, como iria o Estado devolver esse dinheiro à EDP e indemnizar as partes envolvidas (empreiteiros, projectistas, municípios, trabalhadores…)?

Isto não é mascarar as contas?!


A empresa pública Parque Escolar:

Aqui assiste-se a uma prática similar às PPP Rodoviárias, difere apenas na circunstância de o concessionário das PPP rodoviárias serem entidades privadas e, neste caso, o concessionário (a quem as rendas são pagas) ser uma entidade pública. 
Um aspecto abordado na comunicação social, foi a chama “festa do Parque Escolar”. Mais uma vez, com recurso a fundos comunitários – mas com uma significativa componente de dívida à banca – foram efectuadas obras faraónicas em escolas pelo País fora (candeeiros Siza Vieira, pedras e mármores de países exóticos, sistemas de ar condicionado apenas usados em hóteis 5*, etc.). No entanto, um aspecto que não foi muito falado, e que explica como essa divida à banca será paga nas próximas décadas, é a circunstância de todas as escolas intervencionadas ao abrigo deste programa, passarem a ter de pagar avultadas rendas à empresa Parque Escolar. Esta, por sua vez e durante os próximos 20 – 30 anos, canalizará para a banca essas verbas de modo a reembolsar dívida assumida…

“Cada escola remodelada paga, em média, uma renda de 320 mil euros por semestre à Parque Escolar. Valores podem chegar aos 113 milhões por ano, quando estiverem prontas 178 escolas.”

Isto não é mascarar as contas?!


A empresa pública Estamo:

(esta é das minhas favoritas) Esta empresa pública foi criada para gerar receitas extraordinárias através da gestão do patrmónio imóvel do Estado, operava da seguinte forma: O Estado dispoe de um imenso parque de imóveis onde funcionam todos os organismos da sua (mostruosa) estrutura. A Estamo é uma empresa pública criada para adquirir imóveis ao próprio Estado (confuso?), passando os organismos e serviços do Estado que funcionavam nesses edifícios a ser inquilinos da Estamo.
 
Quem beneficiava com isto? A banca que, para além da assessoria e comissões das operações, emprestava dinheiro à Estamo para as operações de compra dos imóveis, por outro lado. o défice desse ano, com esta receita, lá baixava mais um pouco.
 
O problema, é que a partir daí, estes organismos - que não tinham despesas por ocuparem esses edifícios -, passam a ter rendas a pagar à Estamo (que, na verdade, é um mero intermediário da banca).

Isto não é mascarar as contas?!


E o que têm comum todas estas manigâncias contabilísticas? Todas elas, através de divida contraída à banca, contaram com a cumplicidade do sector financeiro e este, claro, entre comissões, pareceres e assessorias, elevadas taxas de juro, etc.., graças a quem desgraçadamente nos governou nesse período, encontrou à sombra do Estado – à custa dos contribuintes portugueses – a “galinha dos ovos de ouro”.    


Pelo exposto, tendo em conta o que foi esta gestão socialista, como classificar o comportamento de “virgens ofendidas”, no que diz respeito a esta questão de “alguém do sector financeiro vir propor a Sócrates instrumentos para maquilhar as contas do Estado”?!

Estas campanhas na comunicação social, um verdadeiro insulto à inteligência dos cidadãos portugueses, servem a quem?

Eu não sou jornalista, mas, nas afirmações e pontos de vista acima expostos, preocupo-me em citar fontes onde a informação base pode ser consultada. As nossas redacções, o que fazem?! Limitam-se a reproduzir afirmações de socialistas como os Galambas, os Zorrinhos (e outros, discípulos de Sócrates),  como se de factos consumados se tratassem, e usam-nas em manchetes e na abertura de telejornais! Se isto não é manipulação da opinião pública...

Caro leitor, desculpe pela franqueza, mas o que se passa neste País – nomeadamente, este jornalismo esquerdista – é nojento! 


 NOTA: Quando se usa o termo “gestão socialista”, refere-se essencialmente o consulado socretino. Acredito que também há pessoas honestas no PS, a questão é que a actual estrutura dos socialistas está refém de gente que enterrou o País! E como Portugal precisa que a “gente boa” do PS resgate o partido…