Se no global a taxa de desemprego recuou dos 17,7% para os 16,4%, é interessante observar as alterações verificadas regionalmente (região NUTS II). Assim, relativamente às regiões Norte, Centro, Lisboa e VLT, e Algarve, verifica-se do 1º T para o 2º T, uma quebra de 1,4%, 1,80%, 0,20% e 3,60%, respectivamente. Todas registaram recuos, mas a magnitude dessas alterações é bem distinta.
Muito se tem falado da sazonalidade associada ao turismo, repare-se que no Algarve a quebra do desemprego foi bem mais significativa que nas restantes regiões (quase 4 pontos percentuais). No entanto, será que a sazonalidade associada ao turismo explica as reduções verificadas no Centro e Norte?
Longe de ser especialista na área, penso que o turismo tem mais peso em Lisboa e Vale do Tejo, do que nas regiões Centro e Norte. Assim, porque terá a taxa de desemprego descido nestas duas últimas regiões (1,4% e 1,80%), mas ter permanecido praticamente inalterada em Lisboa e VLT?
Obviamente, a informação é muito escassa e só a evolução dos próximos trimestres permitirá perceber que trajectória terá o desemprego em Portugal. Mas, não será que, em vez da sazonalidade associada ao turismo, a criação de emprego nas Regiões do Norte e do Centro se explicam pela criação de empregos nos sectores da Agricultura e Indústria, desempenho esse que também ajudaria a explicar o bom desempenho das exportações?
Recorde-se, a propósito da existência de dois modelos de sociedade no nosso País - o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado" Vs o “Portugal Silencioso”- este post de Maio de 2013…
"Do "Portugal silencioso"...
O Norte exportador
"É quase uma notícia de rodapé. Como se já fosse hábito. O Porto de Leixões teve em abril um aumento das exportações de 30%, com um máximo histórico de 1,7 milhões de toneladas carregadas num só mês! E, mais do que um mês bem sucedido, o acumulado de subida das exportações é até agora de 13% em 2013 face a 2012.
O que exportamos mais? Combustíveis refinados, ferro e aço, bebidas, papel e cartão, máquinas e produtos químicos. Os países onde as empresas portuguesas encontraram novos clientes são a Argélia (mais 150%), Marrocos (mais 61%), EUA (mais 45%), Reino Unido (mais 44%) e França (mais 39%).
É extraordinário. Há dois países em Portugal. Este é o silencioso, fruto de sangue, suor e lágrimas. Há dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora a fazer a tal 'coisa' sempre pomposamente dita pelo Governo: fazer a inversão da balança comercial do país e fazer a retoma.
|
"
Estes dados, são a melhor evidência dos dois modelos de sociedade existentes no nosso País. Por um lado, o modelo de sociedade representado por um grupo bem instalado em “Lesboa” (Raquel Varela, por ex.): conquistado na sombra da monstruosa estrutura do Estado e dos milhares e milhares de empregos sustentados pela burocracia. À custa desta estrutura sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo- privada": um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, contaram com as benesses e os momopólios que a proximidade com o poder lhes garantiu (e garante).
O "outro" modelo é representado, nas palavras de Daniel Deusdado, pelas "dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora" que, apesar de um Estado ladrão, que ao longo dos anos foi retirando, saqueando, pela via fiscal (impostos) ou pela sua incompetente gestão (electricidade, combustíveis, scuts...), uma fatia cada vez maior do fruto do seu trabalho enquanto criou obstáculos adicionais à sua competitividade, para sustentar a estrutura desmesurado e voraz do Estado, nomeadamente, os milionários vencimentos dos "gestores" do sector empresarial público.
É tão simples ver sobre qual destes modelos devem recair as reformas e os cortes e qual deles deve ser poupado para que Portugal se desenvolva económicamente... mas há um factor que trava esta mudança e impede que a sociedade em geral tenha esta percepção - a comunicação social. Sendo Portugal o país centralizado que é, nomeadamente, a circunstância de todas as redacções e meios de comunicação "de massas" estar instalada em Lisboa, faz com que a visibilidade do "Portugal silencioso" Vs o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado", seja quase nula... Assim, um dos maiores desafios que se coloca a este País, é o seguinte:
O "outro" modelo é representado, nas palavras de Daniel Deusdado, pelas "dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora" que, apesar de um Estado ladrão, que ao longo dos anos foi retirando, saqueando, pela via fiscal (impostos) ou pela sua incompetente gestão (electricidade, combustíveis, scuts...), uma fatia cada vez maior do fruto do seu trabalho enquanto criou obstáculos adicionais à sua competitividade, para sustentar a estrutura desmesurado e voraz do Estado, nomeadamente, os milionários vencimentos dos "gestores" do sector empresarial público.
É tão simples ver sobre qual destes modelos devem recair as reformas e os cortes e qual deles deve ser poupado para que Portugal se desenvolva económicamente... mas há um factor que trava esta mudança e impede que a sociedade em geral tenha esta percepção - a comunicação social. Sendo Portugal o país centralizado que é, nomeadamente, a circunstância de todas as redacções e meios de comunicação "de massas" estar instalada em Lisboa, faz com que a visibilidade do "Portugal silencioso" Vs o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado", seja quase nula... Assim, um dos maiores desafios que se coloca a este País, é o seguinte:
- sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa - e que passam essencialmente pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas décadas - quando é precisamente o grupo mais prejudicado por essas medidas quem domina completamente a opinião pública e a agenda mediática?