11 agosto, 2013

A "Razão de Ser" deste blog


Há dois dias atrás, sobre a “novela swap”, vaticinava-se aqui no blog que, depois de semanas de verdadeiro tiro ao alvo aos responsáveis do Ministério das Finanças, agora - que, finalmente, se fala na responsabilidade dos socialistas – ou se assistiria a interessantes "teorias de desculpabilização" dos governantes do consulado Sócrates ou o assunto morreria.
Passando um olhar pelos jornais do fim de semanaa, eis como o assunto está agora a ser gerido pelo jornalismo caseiro:

Público: “PS e PSD digladiam-se para ver quem é mais culpado no caso dos swaps”

DN e JN: Através do seu suplemento “Dinheiro Vivo”: “Na verdade, fica a impressão de que Passos quis fazer politiquice sobre este assunto em vez de denunciar o problema, deixando que as pessoas tirassem as suas conclusões sem as apimentar”. E, André Macedo, remata com um conclusivo ponto final: Chega de swaps.”

Nas suas capas, Público e o I, fazem chamadas semelhantes do assunto: transmitindo que ambos os partidos andam embrulhados na troca de acusações sobre o caso...

Aqui, podemos ouvir o comentário de E. Olveira e Silva (director do I), dizendo que esta questão dos swap se transformou “numa arma de arremesso entre PSD/CDS e o PS”, que “o que interessa aos portugueses, aos contribuintes, é conhecer os prejuízos destas operações ” e que neste momento estamos a assistir a uma “guerra política lamentável”… Esta comunicação social dá vontade de rir, se os cidadãos não conhecem os impactos financeiros decorrentes da contratação destes produtos é, precisamente, porque desde Abril - quando o caso tomou conta da agenda mediática -, nunca as redacções se interessaram em esclarecer os cidadãos ou fazer esse tipo de balanço, apenas se pretendia fazer cair Mª Luís Albuquerque!
 
Estamos em Agosto, como se explica que só 3 meses depois de iniciada a polémica se reconheça – inequivocamente - que foram os socialistas que tomaram estas opções e, inclusivamente, que os mesmos assessores que sugeriram a contratação do “lixo tóxico” são os mesmos que andaram na praça pública a pedir a demissão da Ministra e outros, por questões "éticas" e de "falta de credibilidade" – oh Sr. Oliveira e Silva, só na última semana, quando são os socialistas a terem de se explicar, é que o tratamento do “caso swap” assumiu o estatuto de “guerra lamentável”?!

Há pouco, na palestra semanal de Marcelo na TVI, quando este referiu que se soube, esta semana, que assessores de Sócrates recomendaram os swaps propostos pelo Citi (mais conhecidos por “lixo tóxico”, até há 3 – 4 dias atrás...) e que esses mesmos socialistas são assessores de Seguro, logo Judite de Sousa atalhou “oh! Sr Professor, mas as pessoas entendem que é uma coisa é ser um assessor e outra é ser um secretário de estado!”…e logo a seguir "...não se devia falar antes das pensões, este caso swap anda a servir ara iludir os portugueses... ". Estamos conversados

Em resumo…
Durante semanas, enquanto este processo se resumiu a acusar alguém do actual governo – que mentiu, que omitiu, que é responsável, etc. – as manchetes, frisavam bem que "a ministra isto", "o sec. estado aquilo"... quando (finalmente) se tratou de analisar o comportamento dos socialistas e as suas responsabilidades, as redacções os srs. jornalistas já optam por um "ps e psd trocam acusações", que “já chega deste assunto” que estamos perante uma “guerra política lamentável”.


E assim, tal como era previsível, entramos numa nova fase de tratamento mediático deste assunto, a ideia agora transmitida é: todos têm a mesma responsabilidade… e assim se vai desculpabilizando quem contratou o “lixo tóxico”.
 
Mais dois ou três dias e o assunto “sairá de circulação”. Segunda-feira, desencantam-se umas polémicas com Machete ou com os cortes das pensões (quando, não se conhecendo ainda as medidas, se assiste apenas a pura especulação) e pronto, entre os “pingos da chuva”, lá escaparão os socialistas (que, com as suas manigâncias financeiras, arruinaram o País) ao escrutínio das suas responsabilidades. No entanto, neste caso, é mais correcto dizer que escaparam graças aos “critérios jornalísticos sem pingo de vergonha”.  


Mas, este processo dos swap - nomeadamente, a sua gestão mediática -, é apenas um entre muitos episódios onde é evidente como o "jornalismo militante" ora destaque a assuntos e notícias, ora os desvaloriza, de acordo com a sua própria agenda e critério parcial, beneficiando, sistematicamente, a “narrativa da esquerda”.

Basta recorrer ao blog, para constatar a existência de um padrão: enquanto os assuntos servem para fragilizar o governo "de direita" ou as suas posições – o tema aparece com enorme frequência, designadamente, em manchetes e aberturas de telejornal. Quando se constata que, afinal, os socialistas até têm maiores responsabilidades no assunto ou este desaparece da agenda mediática ou passamos a ter uma cobertura que, invariavelmente, diz ao cidadão “eles são todos iguais”. Não esquecer que, neste País, a "esquerda é inimputável"....

Ficam alguns exemplos:

O mito – “PS e PSD, têm as mesmas responsabilidades

Esta é um das ideias mais recorrentemente implantadas pelo jornalismo militante. É muito vulgar ouvir nas conversas de café ou nas redes sociais e resulta, em boa parte, do tratamento mediático similar ao caso acima descrito. Neste post já se abordou esta questão onde se coloca a pergunta: tendo o PS - com cerca de 3 anos de intervalo - governado de 1995 a 2011. Fará sentido dizer que, PS e PSD, têm iguais responsabilidades na governação recente (quando falamos em 85% Vs 15%)?

O Salvador, Hollande:

Durante meses Hollande, era o campeão da “anti-austeridade”, o “guardião do crescimento”. A comunicação social vendia aos portugueses que a receita de Hollande – por oposição à “política falhada” de austeridade de Passos & Gaspar – era o caminho, era a solução. Hollande chegou ao poder, França – supostamente à custa dessa “dieta anti-austeridade” - , depois de aumentos de impostos, mais desemprego, já entrou em recessão. As notícias sobre Hollande seguiram o mesmo caminho - entraram em recessão - têm visto Hollande nos telejornais?!


Portugal terá o mesmo destino da Grécia:

Durante o primeiro ano de Passos & Gaspar, sempre que algum indicador colocava Portugal nos tops de bancarrota, essa notícia abria telejornais. Depois de Portugal se afastar desse abismo, depois de – definitivamente – se afastar da Grécia, deixou de se falar do assunto....


A dimensão das Manifestações:

Sempre que existe uma manifestação ou uma greve, ouvindo rádio ou vendo reportagens televisivas, são anunciados números impressionantes, sistematicamente são referidas adesões acima de 90%... Enfim, que o “País parou!”. Se, por razões já abordadas aqui no blog, existem jornalistas e redacções para quem as fronteiras “do País” será qualquer coisa como o rio Tejo (a Sul) e Vila Franca (a Norte), este episódio veio bem demonstrar como – de acordo com a fé do jornalista que relata – uma massa humana de 50.000 pode transformar-se numa multidão de 500.000!
Sobre a escolha da nova PGR (final de 2012...), a polémica em torno da eventual nomeação de Cândida Almeida:


Etc., etc., bastará percorrer o histórico do blog para encontrar muitos outros casos…

Enfim, a pergunta mantém-se:
 
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...