26 abril, 2014

Comunicação Social: a verdadeira oposição...

 
Para aqueles que ainda têm dúvidas, apenas referir 3 exemplos, dos 3 últimos dias:
 
Na manhã de 24 de Abril, a TSF brindou-nos com um evento inédito (comparável, talvez, ao episódio radiofónico de Orson Welles em 1938...) que Helena Matos aqui bem descreve:
 
"
Crónicas da doideira
 
...o mais espantoso é o que está por trás desta peregrina ideia da TSF em que uma rádio encena valorizando-a a ocupação das suas instalaçõs ou seja o silenciamento dos seus profissionais.
 
[...] A performance da ocupação reproduz o actual imaginário da esquerda que acha que pode entrar onde quer, interrompendo quem fala e impondo a sua presença. Logo os ocupantes são vistos como bonzinhos. Enfim ocupa amigo a TSF está contigo."  
 
NOTA: Se, um dia destes, o PNR e seus apaniguados, aparecerem à porta da TSF para difundir a sua mensagem, será que aquele órgão de informação lhes dará tempo de antena?... 
 
 
Entretanto, se a rádio ataca pelo ar, a imprensa aperta o cerco por terra... neste post, o Impertinente, dá-nos conta de (mais uma) daquelas peças jornalísticas onde, a mera leitura do título, denuncia a reles e óbvia manipulação de leitores e cidadãos:
 
 

«"Solidariedade" da troika custa 124 milhões por mês só em juros»

titula o ionline. Como se o título não fosse só por si bastante estúpido, quando se sabe que estamos a pagar no programa de assistência os juros mais baixos que alguma vez pagámos na nossa história, o que segue arrisca-se a ser um paradigma de incompetência e manipulação primária num estilo panfletário. Cito apenas alguns trechos arriscando o vómito dos leitores:
«Só em juros e comissões, crédito europeu ao governo PSD/CDS já custou 3,34 mil milhões de euros aos contribuintes. Entretanto, a dívida não pára de subir.» Como se os juros não resultassem das respectivas mais baixas de sempre. O plumitivo espanta-se com a subida da dívida não compreendendo que o défice de um ano é dívida do seguinte.

«… o preço a cobrar aos contribuintes portugueses pelo empréstimo solidário.» Onde terá a criatura aprendido a escrever tais besteiras?

«DIREITA CADA VEZ MAIS GORDA…» Aqui a criatura distraiu-se...."

  
  
Para terminar e desafiando a estupidez da peça do I, deixo esta peça extraordinária com o sugestivo título "Banco de Portugal denuncia farsa nas exportações". Será que nos mentiram sobre a evolução das exportações?!
 
"No boletim económico da primavera, o banco central governado por Carlos Costa denuncia a situação, analisando o que aconteceu em 2013. “Por exemplo, os produtos petrolíferos refinados reduzem o seu peso (de 7,8% nas exportações nominais totais de bens para 1,9%) enquanto os artigos de vestuário registam um aumento (de 5,5% para 7,1%)”. É a diferença entre considerar-se a evolução normal – utilizada pelo Governo para se congratular pelo sucesso do ajustamento externo – e usar uma medida corrigida da dependência desses sectores às importações."
 
Ou seja, a "farsa" é que o peso relativo de cada sector nas exportações se altera quando considerada a incorporação das importações... isto é alguma novidade!? Um jornalista que, ao analisar os dados desta forma, vê "farsa" na redução do peso das exportações dos combustíveis, e não constata que o peso relativo dos outros sectores sobe, está tudo dito quanto à sua isenção...
  
Notar, que esta peça é publicada num jornal que se afirma como sendo especializado na área económica. Há aqui algum fenómeno que não se aplique às exportações de qualquer outro ano?! Já no tempo dos Descobrimentos era assim! 
 
O único facto relevante desta peça - tal como aqui no blog já referimos por diversas vezes - é a repetida desvalorização dos sectores tradicionais (têxtil, calçado, etc. ), face aos sectores prediletos (terão outro "glamour" talvez...) dos eruditos especialistas da capital e dos governos que tivemos nas últimas décadas, mas, os (ditos) sectores tradicionais, são bem mais importantes para a economia do país do que a atenção - política e mediática - que lhes é atribuída. 
 
Concluindo: farsa, é o que se pode dizer desta comunicação social com a sua aberrante falta de neutralidade ideológica... mas, pelo menos no espírito de muitos portugueses, parece que "foi para isto que fizemos o 25 de Abril".


 

23 abril, 2014

Lei da Causa e Efeito: o mercado dos combustíveis.

 
Os portugueses queixam-se, com toda a razão, que o preço da eletricidade e dos combustíveis, praticados em Portugal, é elevado.

Aqui no blog, já havíamos falamos sobre a área da energia elétrica, particularmente, sobre as opções políticas seguidas entre 2006 e 2010 e o seu impacto na “fatura da luz”. Nesses posts, pretendeu explicar-se a causa ou, qual a origem, das célebres rendas excessivas. Também se pretendeu expor a enorme hipocrisia dos socialistas que, depois de criarem o problema, atiram para o atual governo a obrigação de o resolver (isto, claro, com a colaboração do jornalismo militante e esquerdista…).

Sobre o papel do governo de Passos Coelho nesta área e apesar de alguma redução das ditas rendas, fica a sensação que podem, e devem, ir mais longe no corte dos “direitos adquiridos” pelos produtores de energia (nomeadamente, a EDP). No entanto, sendo justa a crítica a este governo pela timidez no corte daquelas rendas, não podemos deixar de denunciar a narrativa mediática, caracterizada pela habitual falta de memória e de verdade, a qual, na prática, contribui para a desresponsabilização da gestão socialista pré-2011, junto da opinião pública.


Monopólio Vs Concorrência
Se há fator que beneficia os consumidores, é a efetiva existência de concorrência de mercado. E, infelizmente, se há traço marcante das políticas socialistas na área da energia, é a manutenção desses monopólios… nesta área da energia e para além das rendas asseguradas aos produtores elétricos, outra moeda de troca pelos milhares de milhões de investimento realizado em eólicas, foi precisamente a manutenção do monopólio existente na produção e distribuição de energia. Note, só um louco iria investir centenas ou milhares de milhões de euros em eólicas, sem a garantia de retorno… os governos de Sócrates, através de Decreto Lei, fizeram-no. 

 
 
Hoje em dia, a ausência de concorrência na área dos combustíveis, pode explicar-se por um facto simples: a Galp é o único refinador de petróleo em Portugal. Isto significa que ao abastecer num posto da BP, da Repsol, Total, etc., está a adquirir produtos refinados pelo mesmo fornecedor. Repare, neste contexto, onde todos os retalhistas compram ao mesmo fornecedor, como pode uma entidade reguladora identificar más práticas de concorrência?! Só se os retalhistas assinassem uma declaração a confessá-lo…  


Mas, há alguns anos atrás, esta situação esteve muito perto de ser alterada e a breve leitura das 3 notícias seguintes, é suficiente para explicar porque se mantém o atual monopólio da Galp. Em 1º lugar, recordar uma notícia de 2005… 

Portugal vai ter nova refinaria em Sines
...
Em Sines, o local escolhido pelos investidores para a instalação da nova refinaria, a terceira do País, poderá vir a criar cerca de 800 novos postos de trabalho


No entanto, 2005, também foi ano de eleições. Iniciou-se, então, pela mão de Jorge Sampaio, a era Sócrates. Alguns meses decorridos, o projeto da nova refinaria ficou por terra:

“Governo retira apoio à construção de refinaria em Sines”

Assim, em vez de criar condições para que em Portugal se instalasse uma refinaria que fizesse concorrência à Galp, o poder socialista preferiu, não só, inviabilizar aquele investimento (decisão de 2006), como, dois anos depois (2008), optou por subsidiar a ampliação das refinarias da Galp:


Aprovados apoios para a modernização das refinarias de Sines e de Matosinhos
...
O investimento em causa ascende a 1059 milhões de euros e deve permitir criar 150 postos de trabalho e alargar a capacidade de refinação da Petrogal.”


NOTA: Os socialistas não se cansam de repetir: “só com investimento se criam empregos”. Aqui está a prova, cada posto de trabalho foi conseguido com APENAS 7 milhões de euros!…


Se a opção política tomada, fosse no sentido de criar condições para alguma concorrência, quão diferente seria hoje o mercado de combustíveis em Portugal?

Objetivamente, considerando as medidas e as decisões tomadas no sector energético (eletricidade e combustíveis), quem terá servido melhor os "interesses do povo português" face aos “interesses do grande capital”: as opções e as políticas socialistas ou as opções dos “reacionários da direita”?

Por fim, relativamente ao papel da comunicação social numa área tão importante para a economia de cidadãos e empresas: como classifica o trabalho desenvolvido pelo jornalismo na investigação, explicação e informação dada aos cidadãos acerca destas temáticas?
 
Os portugueses, estarão cientes das decisões que estão na origem das pesadíssimas facturas que hoje têm de suportar?
 
Saberão, a partir da informação a que têm acesso, quem são os governantes que criaram o problema e quais os que ficaram com a ingrata tarefa de o resolver?

 
 

16 abril, 2014

Ainda a propósito de “Lisboa Vs Resto do País”


Embora este blog sirva essencialmente para denunciar o enviesamento e falta de isenção política / ideológica da comunicação social portuguesa, os temas relacionados com o centralismo são presença assídua por serem a expressão de outro tipo de falta de parcialidade mediática…

Em Portugal, assunto abordado neste post, não existe uma uniformidade de valores, de opiniões e conceitos vários no que diz respeito à forma como a sociedade se deve organizar do ponto de vista social, económico, etc.. No entanto, em virtude da esmagadora centralização dos meios de comunicação social, a visão de quem está na capital (que é a minoria, convém dizer…) tem um peso e uma expressão incomensuravelmente maior, do que a visão de quem está fora da capital (“Portugal, é Lisboa e o resto…”).

Os posts na categoria “Lisboa Vs Resto do País” visam retratar esta desigualdade de tratamento, facilmente verificáveis nas mais variadas matérias como dão exemplo (entre outros) estes posts:

“Do Portugal silencioso";

 “Portugal, o bastião da Equidade...”;

“O País dos telejornais das 20h, será o País Real?”

“Nascer no País da Equidade…”

Esta centralização do poder político e administrativo em Lisboa, somada ao “centralismo mediático” é (do ponto de vista do autor deste blog, claro...) um dos principais obstáculos à introdução das reformas que o País precisa. Essa reforma é imprescindível para que Portugal possa sair desta crise e tornar-se num país mais desenvolvido.
 
Passa-se, mais ou menos, assim:
1 Um político vive de votos;

2 A conquista de votos está diretamente relacionada com a resolução (ou aparência de resolução …) dos problemas que os cidadãos sentem ou percecionam;

3 Uma larga maioria dos cidadãos, perceciona a dimensão / premência de um problema em função da visibilidade que a comunicação social lhe atribui (o que não é levado a um telejornal não existe);

4 Em Portugal, a esmagadora maioria da comunicação social está em Lisboa, logo, qualquer problema, evento ou acontecimento que aí se desenrole, tem uma visibilidade infinitamente maior que em qualquer outra parte do País;

5 Os políticos, em sociedades fortemente mediatizadas e fruto da sua caça ao voto, andam a reboque da agenda da comunicação social.
Pelo exposto em 4, o excessivo foco em Lisboa e o crescente poder dos media nas décadas recentes, conduziu a um peso e uma influência crescentes nas opções e políticas públicas adotadas, cada vez mais, em função das prioridades e interesses da capital *;

6 Aqui chegados, com 1/3 (ou mais) da população portuguesa instalada em redor da capital, o pior que pode acontecer a um político é ter problemas em Lisboa, pois qualquer manif abre um telejornal.
 
 
Os interesses da capital, nomeadamente, os que se prendem com a redução da monstruosa máquina do Estado Central – oferecendo empregos e garantindo bons salários a que aí reside, mas sustentada pelos impostos de todos os portugueses, recorde-se – são quase intocáveis.

Por essa razão, é usual ouvir falar no fecho de centenas de escolas no resto do País, mas persistem os milhares de burocratas na sede do Ministério da Educação e Direções Gerais e Regionais.

Por essa razão, é usual ouvir falar no fecho de maternidades ao longo do país (onde mães dão à luz em ambulâncias) mas fechar a Maternidade Alfredo da Costa é algo impensável.
 

Por essa razão, o Estado português obriga lavradores, na sua maioria idosos, com pouca instrução e que praticam uma agricultura quase de subsistência, a coletarem-se nas finanças para poderem vender uns kg de legumes ou fruta, à beira da estrada ou na praça da sua vila, enquanto permite que a incompetência de quadros altamente qualificados e bem pagos, que recheiam os múltiplos organismos e institutos na alçada do Ministério da Agricultura sedeados na capital (o que estão lá a fazer!?), continuam e perder - ano após ano - milhões de fundos comunitários sem qualquer consequência.



E se a Mexicana fosse em Melgaço?…

O desprezo e o desrespeito evidenciados pelo poder e pela máquina administrativa do Estado, por tudo aquilo que se passa fora de Lisboa manifesta-se todos os dias e sob diversas formas…

Na semana passada duas notícias cativaram a minha atenção por darem conta dessa discrepância de tratamento, no caso, relativamente ao "nosso" património.

A Pastelaria Mexicana em Lisboa, foi classificada, segundo um despacho da Secretaria de Estado da Cultura, como monumento de interesse público. Entre outos fatores, esta classificação decorre da sua relevância, entre outros, pelo que aquele espaço reflecte do "ponto de vista da memória colectiva".


Simultaneamente, nos mesmos recônditos gabinetes da capital, embora, certamente, em distinto edifício e serviço público, outro processo e decisão estava a ser tomada…




Sem consultar sequer as autoridades locais, a administração central decidiu vender “… os 60 metros quadrados de terreno mais a norte de Portugal e a mais importante caseta da Guarda Fiscal que o Governo aceitou vender, sem consultar ninguém, a um privado que, por acaso, é espanhol", denuncia, ao JN, António Sousa, presidente da Junta de Freguesia de Cristóval, em Melgaço, onde se situa a emblemática fronteira de S. Gregório.”

Obviamente, do "ponto de vista da memória colectiva", este património no extremo Norte de Portugal, não se compara ao valor histórico e arquitetónico da pastelaria sita na Avenida Guerra Junqueiro n.º 30-C, freguesia do Areeiro, Lisboa.
 
Se ao menos a edificação de Melgaço contasse com um "passarinhário"....

 

12 abril, 2014

O regime Centralista: foi para isto que fizemos o 25 de Abril?


A recente polémica em torno da reorganização hospitalar é apenas mais um exemplo na longa tradição das reformas “a régua e esquadro”, concebidas em obscuros gabinetes da capital, e que, por força de decreto lei ou portaria, vêm impor como cidadãos, empresas ou qualquer organização que se pretenda instalar neste cantinho, deverá funcionar.


Não será antidemocrático o nível de centralismo a que o País chegou? Ter um punhado de burocratas que a partir de Lisboa decidem quais as escolas que funcionam e as que encerram, como se (re)organizam tribunais, centros de saúde e hospitais, etc., deve fazer-nos pensar: este modelo de administração será mais consentâneo com os valores democráticos ou com a visão própria dos regimes colonialistas?


É disto que se trata, as “províncias” de Portugal Continental são as novas colónias. Daí a pergunta: foi para isto que fizemos o 25 de Abril? 

Não se trata de negar a necessidade de um governo central, mas, o que se verificou em Portugal (especialmente desde o 25 de Abril) foi a crescente desertificação do País, que culminou no atual quadro de sucessivo encerramento dos serviços existentes em grande parte do País, enquanto, em Lisboa, continuam a nascer novos organismos.


Como passamos de 200.000 funcionários públicos nos anos 70, para cerca de 700.000 no final dos anos 90?! Quem perde e quem beneficia com esta situação? Será, tal como estipula a sacrossanta Constituição, que os cidadãos deste País estão a ser tratados com Igualdade e Equidade, no que toca à distribuição dos recursos públicos?...


Esta mentalidade centralista está tão entranhada que, se há algo que une ps e psd, é a defesa deste regime que assenta na profusão de organismos (ministérios, secretarias de estado, direções gerais, secretarias gerais, institutos e empresas públicas, comissões, gabinetes de estudos, etc., todos instalados na capital), legitimados por decreto e onde milhares e milhares de burocratas se acotovelam, convictos, que é graças ao seu papel que escolas, centros de saúde, tribunais e outros serviços públicos espalhados pelo país funcionam…


Pessoalmente, até discordo daquela crítica habitual: “O Ministro decidiu sem ouvir ninguém”. Suspeito que o nível de concentração de poder atingiu tal ponto que, muito provavelmente, qualquer Ministro ou Secretário de Estado, até ouvem dezenas de organismos (os tais anteriormente referidos), mas, se todas essas entidades se encontram em Lisboa, e é apenas essa realidade que conhecem, como podem ponderar o ponto de vista de quem “está no terreno”?...


O melhor retrato da arquitetura da nossa Administração Pública, está nas próprias Leis que debita. Note que a transcrição que se segue não é inventada ou fruto de um sketch dos Gato Fedorento, é real e pode consultar aqui. Diz assim...

 

“Lei n.º 23/2013 de 5 de março

Aprova o regime jurídico do processo de inventário, altera o Código Civil, o Código do Registo Predial, o Código do Registo Civil e o Código de Processo Civil. A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º
Objeto

A presente lei aprova o regime jurídico do processo de inventário, altera o Código Civil, aprovado pelo Decreto--Lei n.º 47 344, de 25 de novembro de 1966, e alterado pelos Decretos -Leis n.os 67/75, de 19 de fevereiro, 201/75, de 15 de abril, 261/75, de 27 de maio, 561/76, de 17 de julho, 605/76, de 24 de julho, 293/77, de 20 de julho, 496/77, de 25 de novembro, 200 -C/80, de 24 de junho, 236/80, de 18 de julho, 328/81, de 4 de dezembro, 262/83, de 16 de junho, 225/84, de 6 de julho, e 190/85, de 24 de junho, pela Lei n.º 46/85, de 20 de setembro, pelos Decretos-Leis n.os 381 -B/85, de 28 de setembro, e 379/86, de 11 de novembro, pela Lei n.º 24/89, de 1 de agosto, pelos Decretos-Leis n.os 321 -B/90, de 15 de outubro, 257/91, de 18 de julho, 423/91, de 30 de outubro, 185/93, de 22 de maio, 227/94, de 8 de setembro, 267/94, de 25 de outubro, e 163/95, de 13 de julho, pela Lei n.º 84/95, de 31 de agosto, pelos Decretos -Leis n.os 329 -A/95, de 12 de dezembro, 14/96, de 6 de março, 68/96, de 31 de maio, 35/97, de 31 de janeiro, e 120/98, de 8 de maio, pelas Leis n.os 21/98, de 12 de maio, e 47/98, de 10 de agosto, pelo Decreto –Lei n.º 343/98, de 6 de novembro, pelas Leis n.os 59/99, de 30 de junho, e 16/2001, de 22 de junho, pelos Decretos-Leis n.os 272/2001, de 13 de outubro, 273/2001, de 13 de outubro, 323/2001, de 17 de dezembro, e 38/2003, de 8 de março, pela …"(continuar a ler)


A célebre Reforma do Estado não avança por uma razão muito simples: embora a redução de despesa pública e de carga fiscal passíveis de ser obtidas por via da redução / corte de boa parte dos organismos públicos, permitisse à generalidade dos cidadãos condições para o aumento do seu poder de compra e melhoria do seu nível de vida, tal reforma acarretaria um empobrecimento da capital… 


Para finalizar, como recorrentemente se demonstra aqui no blog, a circunstância de toda a comunicação social estar sedeada na capital, tem um enorme impacto na forma como se discute uma série de temáticas - só existe a visão de "lesboa". Este efeito, aliado ao centralismo administrativo, contribui decisivamente para materializar a célebre frase “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.”


 

09 abril, 2014

Claro que a culpa é da Crise, estúpido!


Depois do desemprego, dos sem abrigo, da fome, da violência doméstica, da falta de vaga em hospitais, etc., etc., eis que o jornalismo descobriu uma nova e dramática consequência da “crise”: 

 

No interior do jornal, o desenvolvimento da “reportagem” (apenas disponível na versão em papel) é nominado em letras garrafais pelo título: “CADA VEZ MAIS ADOLESCENTES EM FUGA DEVIDO Á CRISE”.
Talvez para que não restem dúvidas quanto à ligação direta das “políticas de austeridade” e mais este problema com que a sociedade portuguesa terá de lidar…

 
Mas, hoje em dia, ser jornalista não é para qualquer um...
 
De facto, para construir peças como esta, o jornalista deve reunir (no mínimo) as competências de psicólogo, sociólogo, investigador… e, por falar em investigação, num rodapé de um grafismo podemos encontrar a seguinte informação:
“Muitos adolescentes fogem de casa para namorar e outros para ir a festivais de verão

Com estas duas constatações arrasadoras, só se pode concluir: claro que a culpa é da crise!
 

Crise, esse tema infinitamente complexo...
Obviamente, “a crise” que provoca o aumento da violência doméstica, não pode ser a mesma “crise” que leva os jovens namorados a fugirem de casa, tal é a força do seu amor …

Ou, considerando que os festivais de verão não são de graça, a “crise” que leva muitos portugueses a terem fome, será a mesma que provoca o aumento de afluência ao “Rock in Rio” ou ao “Optimus Alive”?... 

Qual física quântica! Os jornalistas portugueses têm de lidar com algo bem mais complexo: a Física da Crise.

 

03 abril, 2014

De facto, só a Realidade supera a Ficção...


No que diz respeito a notícias ficcionadas, sou fã incondicional deste sítio, Imprensa Falsa:

"Relógios avançam uma hora no próximo domingo: Seguro diz que é ‘pouco’

 
 No próximo domingo, os relógios adiantam todos uma hora.  «É  pouco», defende o líder da oposição. «Depois de tanta austeridade, de tantos milhões roubados ao rendimentos dos portugueses e das portuguesas, o que é que o Governo conseguiu? Que os relógios avançassem uma hora… uma hora, minhas amigas e meus amigos», lamentava Seguro, esta noite, num jantar com socialistas."
 
 
Coisa completamente diferente, são os meios de comunicação social portugueses "à séria"... Estes, talvez como nenhum outro, abordam qualquer assunto com uma lucidezcoerência desarmantes, sendo incapazes criticar algo ou alguém, por mera birra ou ressabiamento. Veja-se a cobertura da célebre "factura da sorte": 
 
"Quer o carro do fisco?"
 
"O bastonário lembrou que as famílias estão a viver tempos de dificuldades económicas e que poderão ganhar um carro, no sorteio, sem meios para o sustentar."
 
 
 
"Audi das faturas pode custar até 365 euros por mês a cada premiado"
 
(notícia do Expresso, Grupo Impresa)

 

Obviamente, títulos de notícias como estes nada têm em comum com os conteúdos de um jornal satírico. Será que não?... 
 
 
 

(algumas fotos de sorteios da SIC, Grupo Impresa)
 
 



 
De forma alguma se usa este tema (como outros...) para "malhar no governo"! Não há aqui nenhum ressabiamento ou má vontade, da comunicação social por motivos de ordem ideológica... 
 
Obviamente, a indignação de alguns meios de comunicação social com o tema "factura da sorte", está relacionada com questões de fundo, com questões de principio...
 
 

Pena é que os cidadãos não saibam, não reconheçam, a sorte que têm por poder contar com a clarividência do jornalismo e das redações lusas. Sem estes meios de comunicação social, como poderiam os portugueses formar opinião sustentada e coerente sobre qualquer assunto!?