09 abril, 2014

Claro que a culpa é da Crise, estúpido!


Depois do desemprego, dos sem abrigo, da fome, da violência doméstica, da falta de vaga em hospitais, etc., etc., eis que o jornalismo descobriu uma nova e dramática consequência da “crise”: 

 

No interior do jornal, o desenvolvimento da “reportagem” (apenas disponível na versão em papel) é nominado em letras garrafais pelo título: “CADA VEZ MAIS ADOLESCENTES EM FUGA DEVIDO Á CRISE”.
Talvez para que não restem dúvidas quanto à ligação direta das “políticas de austeridade” e mais este problema com que a sociedade portuguesa terá de lidar…

 
Mas, hoje em dia, ser jornalista não é para qualquer um...
 
De facto, para construir peças como esta, o jornalista deve reunir (no mínimo) as competências de psicólogo, sociólogo, investigador… e, por falar em investigação, num rodapé de um grafismo podemos encontrar a seguinte informação:
“Muitos adolescentes fogem de casa para namorar e outros para ir a festivais de verão

Com estas duas constatações arrasadoras, só se pode concluir: claro que a culpa é da crise!
 

Crise, esse tema infinitamente complexo...
Obviamente, “a crise” que provoca o aumento da violência doméstica, não pode ser a mesma “crise” que leva os jovens namorados a fugirem de casa, tal é a força do seu amor …

Ou, considerando que os festivais de verão não são de graça, a “crise” que leva muitos portugueses a terem fome, será a mesma que provoca o aumento de afluência ao “Rock in Rio” ou ao “Optimus Alive”?... 

Qual física quântica! Os jornalistas portugueses têm de lidar com algo bem mais complexo: a Física da Crise.