30 maio, 2013

Do "Portugal silencioso"...




O Norte exportador

"É quase uma notícia de rodapé. Como se já fosse hábito. O Porto de Leixões teve em abril um aumento das exportações de 30%, com um máximo histórico de 1,7 milhões de toneladas carregadas num só mês! E, mais do que um mês bem sucedido, o acumulado de subida das exportações é até agora de 13% em 2013 face a 2012.
O que exportamos mais? Combustíveis refinados, ferro e aço, bebidas, papel e cartão, máquinas e produtos químicos. Os países onde as empresas portuguesas encontraram novos clientes são a Argélia (mais 150%), Marrocos (mais 61%), EUA (mais 45%), Reino Unido (mais 44%) e França (mais 39%).
 
É extraordinário. Há dois países em Portugal. Este é o silencioso, fruto de sangue, suor e lágrimas. Há dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora a fazer a tal 'coisa' sempre pomposamente dita pelo Governo: fazer a inversão da balança comercial do país e fazer a retoma.
...
"

Estes dados, são a melhor evidência dos dois modelos de sociedade existentes no nosso País. Por um lado, o modelo de sociedade representado por um grupo bem instalado em “Lesboa”. Uma condição conquistada na sombra da monstruosa estrutura do Estado e dos milhares e milhares de empregos sustentados pela burocracia.

À custa desta estrutura, sustentada com os impostos de TODOS os portugueses, cresceu uma economia "pseudo-privada": um sector de serviços ancorado nos gabinetes de "grandes" advogados & seus pareceres, nos escritórios da banca e das consultoras internacionais, das administrações das empresas públicas e das ex-públicas (edp, pt, galp...) que, mesmo anos depois da sua privatização, continuaram com as benesses e os momopólios que só a proximidade (promiscuidade...) com o poder lhes garantiu (e garante).

O "outro" modelo é representado, nas palavras de Daniel Deusdado, pelas "dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora" que, apesar de um Estado ladrão que, ao longo dos anos foi retirando, saqueando - pela via fiscal (impostos) ou pela sua incompetente gestão (refletindo-se no sobrecusto da electricidade, combustíveis, scuts...) - uma fatia cada vez maior do fruto do seu trabalho enquanto criou obstáculos adicionais à sua competitividade, para sustentar a estrutura desmesurado e voraz do Estado, nomeadamente, os milionários vencimentos dos "gestores" do sector empresarial público.

É tão simples ver sobre qual destes modelos devem recair as reformas e os cortes e qual deles deve ser poupado para que Portugal se desenvolva económicamente... mas há um factor que trava esta mudança e impede que a sociedade em geral tenha esta percepção - a comunicação social.


Sendo Portugal o país centralizado que é e, nomeadamente, o facto de todas as redacções e meios de comunicação "de massas", estar sedeado em Lisboa, determina que a visibilidade do "Portugal silencioso" face ao "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado", seja praticamene nula...

Assim, um dos maiores desafios que se coloca a este País, é o seguinte:
 
- sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa, e que passam essencialmente pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas décadas, quando será precisamente esse grupo - que domina completamente a agenda mediática e a opinião pública -   o mais atingido por essas medidas ?



Títulos vs Corpo de notícia: lições sobre manipulação

 
Matéria recorrente aqui no blog, é a frequente utilização de títulos para "implantar uma ideia" no leitor... O exemplo presente foi retirado daqui:
 
por João Monge de Gouveia, em 30.05.13
 
Tem aparecido nos jornais que uma empresa do Primeiro Ministro está a ser investigada.
O titulo é chamativo e refere "Gabinete anti-fraude da UE investiga antiga empresa de Passos"
Depois se formos lendo a noticia, percebemos que a mesma está a ser investigada devido a uma denúncia da eurodeputada socialista Ana Gomes, ou seja, afinal a empresa está ser investigada não por livre iniciativa do Gabinete anti fraude, mas porque houve uma denúncia, o que é normal.
Se eu fizer uma denuncia sobre x ou y à policia dizendo que este cometeu qualquer crime, x ou y também será investigado e provavelmente constituido arguido e no final poderá ser acusado ou absolvido, no caso desta útlima hipótese e se tiver bases para tal pode até intentar uma queixa por denúncia caluniosa contra a pessoa que o denunciou.
Imaginemos agora que a investigação não dá em nada, não seria bem feita que quem denunciou fosse denunciada?
"
 
 
Ninguém está a dizer que o caso não deve ser investigado. Mas será que se justifica o destaque dado a esta notícia - apresentada como se de uma novidade se tratasse, centrando o caso na figura do 1º Ministro "investigado pelo gabinete anti-fraude da UE" e complementada com uma fotografia do "arguido" Passos - quando é público que a actividade da Tecnoforma já está sob investigação desde o final de 2012?!  
 
Já no início do ano, e depois do assunto ser extensivamente usado nos media para atacar Passos e Relvas, a PGR já tinha vindo esclarecer que "...Pedro Passos Coelho não está envolvido nos dois inquéritos judiciais à empresa Tecnoforma". Será que um organismo administrativo de Bruxelas se vai sobrepor às entidades oficiais portuguesas?
 
Mas daqui a 3 - 4 meses (até porque,  a memória tuga é o que é...), o assunto pode perfeitamente ser repescado e servir para um novo título sonante. Como o jornalismo militante é assim: enquanto uns casos "morrem à nascença", outros, são ciclicamente revisitados e "ressuscitados". 
 
Em relação à Drª Ana Gomes, dar-lhe os parabéns! Perante situações deste género, onde está em causa a (má) gestão de dinheiros público, e de eventuais crimes até. temos de recorrer a todos os meios ao nosso alcance para apurar responsabilidades. Nesse sentido, seria interessante saber do ponto de situação das queixas que apresentou junto dos organismos da UE relativamente a casos como o Freeport, o Face Oculta, as cláusulas criminosas das PPP rodoviárias, sobre os negócios e pressões sobre os media, das escutas a jornalistas, da Cova da Beira, do ajuste directo de milhões para comprar computadores Magalhães com dinheiro público, dos decretos lei para benefício da indústria farmacêutica...
 
 
 
 

29 maio, 2013

D. Mário I, O Inimputável


A inimputabilidade de que Soares goza junto dos jornalistas da nossa praça (sempre desejosos por esmiuçar um bom escândalo) é uma daquelas coisas que, por mais incertos que sejam estes tempos, não muda.
 
Como é possível que depois destas declarações não se obrigue o Sr. Soares a dizer "o que sabe"?
 
 

Porque não vemos o jornalismo a ir "ao fundo " desta questão? Já lhe perguntaram em que se baseia para dizer o que disse? Já denunciou às autoridades?...
 
Para quem tem no currículo os episódios passados em Macau ou outros descritos no livro de Rui Mateus, vir com estas insinuações lembra aquela máxima: 

"Projectamos nos outros aquilo que somos"

Assim, acerca destas afirmações mais recentes (Nota: a presença de Soares nos media é de tal forma contínua, que a expressão "mais recentes" pode estar já desactualizada...), parece que a relevância das mesmas acaba por residir, não tanto na insinuação feita, mas antes pelo que a intervenção pode revelar do autor, nomeadamente, o seu aparente conhecimento  e  familiaridade com este tipo de métodos mafiosos, esquemas, chantagens e outras práticas que, segundo o apelidado "pai da democracia” (em co-adopção com outras figuras, bem visto...), se exercerão nos bastidores do jogo político.

Sim, o Sr. Soares sabe “como elas se fazem”. Para quem ainda tinha dúvidas que este regime foi “mal parido”…
 

 

Verdades incómodas, por JOÃO CÉSAR DAS NEVES

 
 
Existem algumas verdades sobre a crise que muitos tentam esconder. Elas perturbam o mito confortável de que as culpas pertencem a um grupo de malfeitores, quase todos políticos. O melhor é deixar as coisas como estão, pois assim todos podemos considerar-nos vítimas, sem arrependimento ou remorso. Recomenda-se então que não leia o resto deste texto, revelador de factos subversivos.
Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. Basta uma continha simples para perceber que a contribuição de uma pequena parcela do ordenado nunca permitiria vir a receber um montante quase igual a essa remuneração durante um período quase igual ao do desconto. Isto chama-se "crise da segurança social" e é tema de estudos e debates há décadas.
Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados. Desde 1974 que o nosso sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social.
Outro mito cómodo é o que diz que os direitos dos trabalhadores e o Estado social estão a ser desmantelados. De facto, os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores. Muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos. Além disso, a percentagem média de contratados a prazo é, desde 1983, quase 18%, ultimamente sempre acima dos 20%. Somando isto aos desempregados, inactivos, clandestinos, etc, vemos a larga privação dos supostos direitos. Os exageros das regulamentações neste campo são só benefícios que um grupo atribuiu a si mesmo. Como isso aumenta os custos do trabalho, prejudica fortemente o crescimento e o emprego, agravando as condições dos mais necessitados.
Quanto ao Estado social, ele teve como principais inimigos aqueles que durante décadas acumularam supostos direitos sem nunca se preocuparem com o respectivo financiamento. Aproveitaram os aplausos como defensores do povo, receberam benefícios durante uns tempos e, ao rebentar a conta, zurzem agora aqueles que limpam a sujidade que eles criaram. Em todos os temas políticos, como no campo ambiental, esquecer a sustentabilidade é atentar contra aquilo mesmo que se diz defender.
Finalmente, no que toca à dívida, é importante considerar que a maior parte não é do Estado. As empresas estão descapitalizadas, as famílias endividadas, os bancos desequilibrados. Todos participámos da loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos. As maiores responsabilidades são dos dirigentes, mas o povo não foi só vítima inocente de uma festa de que gozou durante décadas.
A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura. Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável. Mas para isso Portugal não deve fazer de galaró arrogante, repudiando o débito ou exigindo renegociações. Prudente é uma atitude serena e negociada, mostrando que es- tamos dispostos a assumir culpas e suportar sacrifícios, mas pedindo que se encontre um equilíbrio que, aliviando parte da carga, nos permita limpar o longo disparate e abrir um novo ciclo de progresso e prosperidade que beneficiará tanto credores como devedores.
Estas são algumas verdades do momento. Indiscutíveis, mas incómodas, que muitos preferem ignorar. Por isso foi avisado que não devia ler este texto.
 
 
 

24 maio, 2013

Sociedade da informação Vs inteligência dos indivíduos



Pessoalmente, tenho sérias dúvidas sobre a existência de uma relação directa entre a velocidade de reacçãovisual e o nível de inteligência, conforme sugere o estudo (mas é um pretexto razoável para um título chamativo). No entanto, por diversas vezes me ocorreu qual o efeito da “tele-dependência” e do frenesim dos media actuais, sobre os indivíduos.


Hoje em dia, desde tenra idade, qualquer cidadão é formatado pela televisão. Cedo começa a ser bombardeado pela sua superficialidade: publicidade agressiva (focada no “ter” e não no “ser”), horas de futebol e muitas mais de "futebolês" (essa nova ciência…), reality-shows, big-brothers, etc… Todo o processo parece ser orientado para que os cidadãos “absorvam” o lhes é apresentado e não que pensem, ou se questionem, acerca da matéria que lhe é "servida".

Enfim, até os programas (ditos) de informação são um convite a que o espectador não pense. A prioridade parece ser encontrar algo com impacto, espampanante, para a abertura (sendo indiferente se é o inverso da notícia divulgada no dia anterior). Depois de espantar / indignar o tele-espectador, seguem-se uns penosos 60 a 90 minutos, onde é frequente constatar notícias onde, ao invés de relatar os factos e permitir que cada um forme a sua opinião, o jornalismo actual prefere confeccionar uma informação género “pronta a consumir”, bem temperada pela narrativa que se pretende impor. 

NOTA: Nos EUA temos o exemplo da cadeia FOX, pro-republicana. Na Europa – particularmente em Portugal – uma comunicação social esquerdista.

Enfim, o impacto dos media (particularmente, a televisão) na evolução do nível de inteligência de indivíduos e sociedades contemporâneas, daria um estudo bem interessante...



23 maio, 2013

Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita....


Como aqui no blog já foi referido, uma das principais formas de censura praticada pelos órgãos de comunicação social portugueses, passa pela selecção daquelas notícias a que se dá visibilidade e grande destaque nos media e (por razões também aqui já discutidas) aquelas que são esquecidas ou “sonegadas” ao grande público… 

Daqui, podemos constatar mais um desses exemplos da “selectividade” das redacções. A matéria em causa diz respeito à CM Lisboa e o eventual favorecimento do BES numa decisão que envolve alguns milhões de euros. No entanto, a nossa comunicação social - talvez pelas figuras que seriam atingidas se o caso fosse elevado à categoria de "Escândalo" - não considerou o assunto relevante para o colocar nas capas dos jornais,  dar destaques e abertura de  telejornais, etc...
 
Enfim, “Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita....”.

NOTA: Sem dúvida interessante neste caso, verificar como os “anti-banca” BE e PCP, não se manifestaram grande indignação com estas manobras … 
 

Os costados do Costa

As notícias do Sol/Lusa, de 5-5-2013, e do Público/Lusa, de 9-5-2013, sobre uma denúncia anónima relativa a um alegado «favorecimento» da Câmara Municipal de Lisboa «ao Banco Espírito Santo (BES) em detrimento do Santander Totta», numa cessão de créditos no valor de 5,75 milhões de euros, passaram sem grande indignação. Diz o Público que a denúncia alega:
«a autarquia, através da vereadora das Finanças, Maria João Mendes, ter exigido, segundo a denúncia, o visto prévio do Tribunal de Contas apenas no caso de a EPUL assinar o contrato com o Santander. Se o contrato fosse firmado com o BES, a Câmara prescindia desse visto. Ora, segundo uma fonte do Tribunal de Contas ouvida pela Lusa, "as cessões de créditos não estão sujeitas a visto".»
De relevo, o facto de a CM Lisboa ter reagido à notícia pelo vice-presidente, arq.º Manuel Salgado, que detém os pelouros do Urbanismo e Planeamento Estratégico e, dizem as boas línguas, gere a Câmara no dia-a-dia. António Costa escondeu-se...

Um dos factos mais notáveis da promiscuidade do PS, Bloco de Esquerda e PC, com o poder sistémico é o abafamento da informação, útil para os votantes, e que revelei aqui em 23-3-2012, de que o vice-presidente da CM Lisboa, que já tinha trabalhado para o Grupo Espírito Santo (possivelmente, o grupo financeiro mais forte na promoção imobiliária de Lisboa, através da Espart),
«Manuel Manuel Sande e Castro Salgado é primo direito de Ricardo do Espírito Santo Salgado, que é presidente da comissão executiva do Banco Espírito Santo. Nascidos ambos em 1944, tinham o mesmo avô paterno: António Maria Pinto Cardoso Salgado
 
Então, o PS costista tão socialista (que chegou a assumir internamente da decisão de avançar, em janeiro de 2013, com uma candidatura a secretário-geral do partido, ficando a Câmara naturalmente para o seu vice...) e o Bloco de Louçã/Catarina/Semedo tão contra «os donos de Portugal» são afinal aliados da família Espírito Santo?... E o PC, sempre tão contra as grandes famílias capitalistas, omitiu esta informação do povo, que decerto possuía, e até andou a namorar com António Costa sobre uma eventual grande frente de esquerda na capital, ensaio do que Costa e a fação ferrosa pretendem fazer no País?...



 

22 maio, 2013

Martim, o "fura narrativas"...


daqui

Martim lavou a minha alma
Na TVi 24, como em qualquer outra, é claro!, a notícia que dá conta que Portugal saiu da lista dos 10 países com maior risco de bancarrota foi dada com bastante vergonha. Constrangedor o semblante de nojo dos apresentadores em ser obrigados a noticiar uma notícia que, num outro país (ainda) não dominado pela ideologia da inveja e do rancor, seria motivo de grande alegria. Mas não aqui! E vai demorar duas ou três gerações de Martim Neves para o país se desvencilhar dessas sanguessugas, porque estão em todos os lados e nos buracos mais inacessíveis. Como sempre, a maioria silenciosa se deixou submeter.
Olha só o que fizeram com o meu povo:
Comentando a tristeza e a vergonha de que “trinta mil empresas fugiram ao fisco” eis o que escreveu um ‘português’: “Eu diria... Bem feito.” (!?)
Voltando aos telejornais:
Mas estamos todos a ser (muito) bem informados sobre o discurso “motivador” de Jerônimo de Souza e, através de Ana Avoila, sabemos que o objetivo da próxima greve dos professores é “pelo derrube deste governo”. Continuando: o Conselho de Estado reuniu-se ontem. E qual a grande notícia? Que “dois conselheiros teriam argumentado por eleições antecipadas”.Isto é, a “opinião” (que pode até não ser verdade) de dois conselheiros, que podem ser dois idiotas, é a notícia! PQP!

 
Chegando ao Martim Neves – eu disse antes do jantar que voltaria ao assunto –, reveja o vídeo, generoso leitor. Reparou na assertividade do ‘miúdo’ quando a apresentadora se refere aos risos que antecederam a fala do rapaz, “mas eram uns risos saudáveis”, ele responde “não achei!”. Aí, chega a vez da doutorada, da luminar da esquerda (infiltrada até à medula), da blogueira, de interromper o miúdo com uma pergunta carregada de inveja, de hipocrisia e aquele rancor social que caracteriza a esquerda ao longo dos séculos, a resposta do miúdo foi imediata, fulminante!
 
 
É claro, é óbvio, é evidente que a brava resposta do rapaz não mereceu uma linha, ou uma frase, da imprensa. Agora, se tivesse sido um desocupado profissional que interrompesse um discurso, uma intervenção, de um ministro, ai, minha Nossa Senhora, valei-nos da inundação! Da inundação de “notícias”!
Inté!
 
 
 


21 maio, 2013

O Conselho de Estado do "nosso descontentamento"...


Foi grande a indignação pela agenda (oficial, pelo menos…) imposta pelo PR neste Conselho de Estado…
Tanta indignação pelo facto de um conjunto de pessoas querer pensar num horizonte de 2, 3, 10 anos... Será isto razão para tanta indignação? Não terão sido precisamente os anos a fio a pensar apenas no "dia de amanhã"- em vez do médio e longo prazo -, que trouxeram os portugueses a esta triste situação?!

Somos um País de “profissionais da indignação”. Os mesmos comentadores que frequentemente (e bem) apontam a incapacidade portuguesa de preparar o futuro, que se indignam com os nossos decisores políticos  por estes se preocuparem apenas com o “dia seguinte” ou as próximas eleições, em vez de concretizarem as reformas fundamentais para as gerações seguintes, de um momento para o outro, perante uma iniciativa que tenta enveredar por essa via, preferem alinhar no discurso fácil, dizer o que “o povo quer ouvir”…  

Sejam crescidos e parem de “vender ilusões” aos portugueses. Portugal, vai ter austeridade durante 10 – 15 anos (ou mais...). Irá muito para lá de Passos & Gaspar, deste governo PSD/CDS, do próximo do PS e de quem vier a seguir... A mudança na estrutura do Estado que falta fazer, será muito complicada de concretizar e enfrentará sempre enormes resistências pois ela constitui uma ameaça ao “status quo” da capital e do regime…

No entanto, só essa mudança – o abandono do modelo dos empregos "sustentados pela burocracia” e a sua substituição por actividades produtivas (como a aposta nos sectores da agricultura e indústria) -, poderão proporcionar uma redução do fardo dos impostos sobre cidadãos e empresas, o aumento (por essa via) do rendimento disponível e, um futuro sustentável para os portugueses. Sem isso, TODOS, estaremos condenados.
 

 

20 maio, 2013

A Agenda dos sindicatos e a defesa do interesse dos Alunos



Ainda há dias, a Fenprof atirava-se ao Ministério da Educação pois estava muito preocupada com os exames do 4º ano (antiga 4ª classe), fundamentalmente, pelas repercussões que os mesmos teriam para os “pobres” alunos (no caso, para as “crianças”):

“…o contexto em que se realizam e a pressão exercida sobre as crianças poderá até distorcer negativamente a avaliação que é feita sobre as mesmas.”


“… chama-se a atenção para o facto de o MEC estar a impor a concentração e deslocação de crianças com nove (9) e dez (10) anos para realizarem esta prova”

 “As deslocações atrás referidas sujeitarão as crianças a uma grande pressão, por terem de ir para um espaço desconhecido do seu quotidiano, a que acrescem as viagens e o formalismo do exame”

Destas frases e afirmações, não podem restar dúvidas:  para a Fenprof o aluno é sagrado!...

No entanto, para uma organização tão sensível e preocupada com os alunos, não deixa de ser curioso que, dias depois, virem anunciar uma greve nestes termos….

“Os sindicatos agendaram uma greve geral de professores para 17 de junho, dia que coincide com o primeiro dia dos exames nacionais do ensino secundário […], avançou a Fenprof.”

Enfim, olhando a estas duas posições assumidas no espaço de um semana, pergunta-se: esta preocupação com os alunos será genuína ou a "preocupação" da Fenprof com os alunos, apenas existe quando estes servem de arma de arremesso para reforçar o seu discurso “contra” o Ministro da Educação e o Governo?
 

Algum jornalista poderia perguntar isto ao Sr. Mário Nogueira?


FC Porto e Benfica, nas últimas 2 décadas, estão empatados afinal…


É muito frequente na comunicação social ouvir esta afirmação:

“PS e PSD têm iguais responsabilidades na actual crise”.

Jornalistas e comentadores, recorrentemente, afirmam que “PS e PSD sucederam-se nos diversos governos”…

Curiosamente, nos últimos 20 anos, o FC Porto (em títulos) e o PS (em governos) têm o mesmo “domínio” nos respectivos métiers: 
Assim, se no que diz respeito ao futebol, todos achariam disparatado dizer que nos últimos 20 anos Benfica e Sporting têm o mesmo domínio que o FC Porto, porque será que esta falácia passa na política?! 

O PS - com cerca de 3 anos de intervalo - governou de 1995 a 2011. Esta ilusão frequentemente repetida nos media que, PS e PSD, têm iguais responsabilidades na governação recente (quando falamos em 85% Vs 15%), serve a quem?


Só este “reset” da responsabilidade política socialista, promovido pelo jornalismo que se faz em Portugal, permite a Seguro e ao PS continuarem com o seu enjoativo discurso de "crescimento", das "pessoas antes dos números", “a austeridade não leva a lado nenhum”, blá, blá, blá…  

 
Com tanto "xarope de crescimento socialista" que tomamos nos últimos 20 anos, como ficamos na bancarrota?!

 

17 maio, 2013

Assim Tal e Qual...


Que delícia foi ler isto...

Os meus filhos são socialistas
Por Inês Teotónio Pereira (11 Maio 2013)

A minha sorte é que os meus filhos crescem. Já os socialistas são crianças a vida inteira

"Não sei se são só os meus filhos que são socialistas ou se são todas as crianças que sofrem do mesmo mal. Mas tenho a certeza do que falo em relação aos meus. E nada disto é deformação educacional – eles têm sido insistentemente educados no sentido inverso. Mas a natureza das criaturas resiste à benéfica influência paternal como a aldeia do Astérix resistiu culturalmente aos romanos. Os garotos são estóicos e defendem com resistência a bandeira marxista sem fazerem ideia de quem é o senhor.

Ora o primeiro sintoma desta deformação ideológica tem que ver com os direitos. Os meus filhos só têm direitos. Direitos materiais, emocionais, futuros, ambíguos e todos eles adquiridos. É tudo, absolutamente tudo, adquirido. Ele dão como adquirido o divertimento, as férias, a boleia para a escola, a escola, os ténis novos, o computador, a roupinha lavada, a televisão e até eu. Deveres, não têm nenhum. Quanto muito lavam um prato por dia e puxam o edredão da cama para cima, pouco mais. Vivem literalmente de mão estendida sem qualquer vergonha ou humildade. Na cabecinha socialista deles não existe o conceito de bem comum, só o bem deles. Muito, muito deles.

O segundo sintoma tem que ver com o aparecimento desses direitos. Como aparecem esses direitos. Não sabem. Sabem que basta abrirem a torneira que a água vem quente, que dentro do frigorífico está invariavelmente leite fresquinho, que os livros da escola aparecem forradinhos todos os anos, que o carro tem sempre gasolina e que o dinheiro nasce na parede onde estão as máquinas de multibanco. A única diferença entre eles e os socialistas com cartão de militante é que, justiça seja feita, estes últimos já não acreditam na parede – são os bancos que imprimem dinheiro e pronto, ele nunca falta.

Outro sintoma alarmante é a visão de futuro. O futuro para os meus filhos é qualquer coisa que se vai passar logo à noite, o mais tardar. Eles não vão mais longe do que isto. Na sua cabecinha não há planeamento, só gastamento, só o imediato. Se há, come-se, gasta-se, esgota-se, e depois logo se vê. Poupar não é com eles. Um saco de gomas ou uma caixa de chocolates deixada no meio da sala da minha casa tem o mesmo destino que um crédito de milhões endereçado ao Largo do Rato: acaba tudo no esgoto. E não foi ninguém...

O quarto tique socialista das minhas crianças é estarem convictas de que nada depende delas. Como são só crianças, acham que nada do que fazem tem importância ou consequências. Ora esta visão do mundo e da vida faz com que os meus filhos achem que podem fazer todo o tipo de asneiras que alguém irá depois apanhar os cacos. Eles ficam de castigo é certo (mais ou mesmo as mesma coisa que perder eleições), mas quem apanha os cacos sou eu. Os meus filhos nasceram desresponsabilizados. A responsabilidade é sempre de outro qualquer: o outro que paga, o outro que assina, o outro que limpa. No caso dos meus filhos o outro sou eu, no caso dos socialistas encartados o outro é o governo seguinte.

Por fim, o último mas não menos aterrorizador sintoma muito socialista dos meus filhos é a inveja: eles não podem ver nada que já querem. Acham que têm de ter tudo o que o do lado tem quer mereçam quer não. São autênticos novos-ricos sem cheta. Acham que todos temos de ter o mesmo e se não dá para repartir ninguém tem. Ou comem todos ou não come nenhum. Senão vão à luta. Eu não posso dar mais dinheiro a um do que a outro ou tenho o mesmo destino que Nicolau II. Mesmo que um ajude mais que outro e tenha melhores notas, a “cultura democrática” em minha casa não permite essa diferenciação. Os meus filhos chamam a esta inveja disfarçada, justiça, os socialistas deram-lhe o nome de justiça social.

A minha sorte é que os meus filhos crescem. Já os socialistas são crianças a vida inteira."
 
 

16 maio, 2013

Da (hiper)sensibilidade selectiva do jornalismo…


“Cavaco afirma que a sétima avaliação da troika é “inspiração de Nossa Senhora de Fátima””

A (mais que prevísivel) reacção de desdém da intelligentsia e das redacções alinhadas à esquerda, a propósito das afirmações de Cavaco Silva que, dando conta da sua satisfação pelo fecho da 7ª avaliação da Troika, fez uso de uma alusão de matéria religiosa para enfatizar a importância do assunto, é bem demonstrativa da linha anti-religiosa e jacobina que, de há muito, caracteriza alguma esquerda portuguesa.

Não sendo de esquerda, pessoalmente, também me faz confusão esta mescla de referências religiosas nos discursos ou na “vida política” – ao Estado o que é do Estado e à Igreja o que é da Igreja -, mas, o que não posso deixar de notar é esta hipersensibilidade selectiva do jornalismo militante a esta tipo de prática. Selectiva, sim, pois nunca vi o mínimo incómodo ou os habituais comentários de escárnio destes mesmos "beatos da laicidade", quando o mesmo tipo de referências são proferidas por figuras conotadas com a esquerda – Chavez ou Obama, por exemplo.

NOTA: Para sermos rigorosos, Cavaco Silva não proferiu a frase do título do Público (também, se o fosse, dificilmente seria do Público…) pois no próprio corpo da notícia, a autoria dessa frase é atribuída a Maria Cavaco Silva. Mas isso é um pormenor sem qualquer importância…
Para mais facilmente constatar a falta de coerência e duplo critério nesta matéria, atente-se a algumas passagens de discursos de Obama e, por comparação com Cavaco Silva, tentemos responder à pergunta “Qual dos Presidentes mais recorre a “Deus” nos seus discursos?”

     “…America needs leaders who are willing to face the storm head on, even as they pray for God's strength and wisdom so that they can do what they believe is right,"


     “We'll choose love. Because Scripture teaches us God has not given us a spirit of fear and timidity, but of power, love and self-discipline.”


     “You are the men and women who will push this nation upward as Mexico assumes its rightful place in the world, as you proudly sing: “in heaven your eternal destiny was written by the finger of God.””

Recorda-se o leitor de comentários a criticarem Obama deste uso despudorado de referências religiosas nas suas comunicações ?...  


Enfim, como em muitas outras matérias, também aqui se prova uma das práticas mais comuns do jornalismo militante: não existe interesse em discutir “o que se diz”, i.e., a substância ou o conteúdo do assunto em discussão, não. Em primeiro lugar está o “quem o disse” e, partindo daí, a análise do assunto na agenda da comunicação social evolui, invocando indignação / revolta ou passividade / benevolência, conforme o assunto se coaduna com a narrativa esquerdista da ocasião.   

Ainda sobre esta “hipersensibilidade selectiva” ou a lógica de filhos e enteados da comunicação social lusa, o que se diria de Cavaco Silva se, naquele registo de “gajo porreiro” que Obama tanto pratica, fizesse um número de “relações públicas” como o deste calibre, recentemente realizado em Washington…
 
 
 
 

15 maio, 2013

Tente lá desvendar este Enigma...


Duas pessoas vão embarcar num voo desde Paris:

Uma delas é o 1º Ministro de Portugal ou outro é um estudante que precisou de contrair um empréstimo na CGD para a sua estadia em terras gaulesas;

Um é socialista que, frequentemente, se apresenta como o guardião do Estado Social, o outro é da área de direita e, por muitos, catalogado como neo-liberal.

Enigma: sabendo apenas isto, qual destas 2 personagens viaja em classe executiva e qual viaja em classe económica?

 
 
O primeiro-ministro José Sócrates recebe, em S. Bento, o líder da oposição Pedro Passos Coelho. Isto em abril de 2010...
 
 

Passos em económica e Sócrates em executiva

 
"Pedro Passos Coelho teve na tarde desta terça-feira uma inesperada companhia no voo da TAP que o transportou de regresso a Lisboa, depois da apresentação em Paris do relatório da OCDE sobre Portugal: nada mais, nada menos do que o mais famoso estudante português na cidade-luz, José Sócrates.
(...)
Tão perto e tão longe, o primeiro viajou em classe económica, obrigado pela regra que impôs a todo o governo no início do mandato. Livre de tais constrangimentos, o ex-primeiro e comentador dominical da RTP viajou em executiva. Onde, aliás, era o único passageiro.
..."






13 maio, 2013

A "Expiação" em 2013...


Em 1890, Portugal vivia um clima conturbado e de grande agitação social. Desde 1880, o País via-se a braços com uma grave crise financeira - em diversos planos, semelhante à actual, nomeadamente, a incapacidade de pagar a dívida contraída nas décadas anteriores. Os factores que mais contribuíram para esta crise foram:

     - a entrada no mercado interno de produtos industriais a baixo preço, fruto de uma maior liberalização a partir da 2ª metade do Séc. XIX (livre-cambismo);

      - a escalada do endividamento externo (situação que, 2 anos depois, culminaria na declaração de bancarrota do Estado português).

Neste contexto, a 11 de Janeiro, é decretado o Ultimatum inglês, acontecimento que muito contribuiu para a causa republicana e para a explosão dos movimentos de contestação ao regime monárquico de então. Por todo o País são organizados protestos que atribuam ao inimigo externo e ao governo de então, todas responsabilidades pela grave crise nacional…

Os paralelismos com o período actual são óbvios: substitua-se o “inimigo externo”, Inglaterra, pela Troika / Alemanha); o período do “livre-cambismo”, pelo processo de entrada no mercado único europeu e, mais recentemente, no Euro / moeda única; e atente-se na actualidade do artigo então escrito por Antero de Quental, “Expiação”:


«Portugal expia, com a amargura deste momento de humilhação e ansiedade, 40 anos de egoísmo, de imprevidência e de relaxamento dos costumes políticos – quarenta anos de paz profunda que uma sorte raríssima nos concedeu e que só soubemos malbaratar na intriga, na vaidade, no gozo material em vez de os aproveitar no trabalho, na reforma das instituições e no progresso das ideias. Sob o insulto imprevisto esta nação parece agora acordar: mas é necessário que o protesto nacional seja ao mesmo tempo um acto de contrição da consciência pública: Reconhecer os erros passados será já um começo de emenda e temos muito e muito que emendar.

O nosso maior inimigo não é o inglês, somos nós mesmos. Só um falso patriotismo, falso e criminosamente vaidoso, pode afirmar o contrário. Declamar contra a Inglaterra é fácil; emendarmos os defeitos gravíssimos da nossa vida nacional será mais difícil; mas só essa reforma será honrosa, só ela salvadora.
 
Portugal ou se reformará política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir. Mas a reforma, para ser efectiva e fecunda, deve partir de dentro e do mais fundo do nosso ser colectivo; deve ser, antes de tudo, uma reforma dos sentimentos e dos costumes.
 
Enganam-se os que julgam garantir o futuro e assegurar a nacionalidade com meios exteriores e materiais (…) Uma era nova começou para esta Nação, que acorda, como de um sonho, do seu optimismo egoísta e banal

Pelas transformações que sobrevieram, é possível afirmar que uma “reforma dos sentimentos e dos costumes” foi operada. No entanto , não parece que seja a que Antero aqui invocava… Nas décadas que se seguiram, assistiu-se à agonia e queda da monarquia, ao nascer da (breve e tumultuosa) 1ª República, o fim da ilusão de uma democracia e os 40 anos de Estado Novo.
 
E a nós, o que nos reserva o futuro?

NOTA: Este artigo de Antero era dissonante da "corrente dominante" e de uma opinião pública fortemente influenciada por uma elite intelectual de jornalistas, conotada com os ideais republicanos, que muito contribuiu para o enfraquecimento dos monárquicos e a implantação do regime republicano. 
 

11 maio, 2013

Interlúdio futebolístico…

 Às vezes pergunto-me porque revela a comunicação social tanto empenho em promover isto:

 
 
Quando poderia (deveria?...) difundir e estimular isto:
 


Bom fim de semana e que vença o melhor!
 
 
 

10 maio, 2013

Saber Comunicar: o Glamour da Esquerda…


Desta, o exemplo vem da TSF. Até “já vale” transformar algo positivo numa notícia de teor negativo...
Como é habitual, os títulos só nos anunciam cenários negros... mas, próprio corpo da notícia, podemos ler:

"Na comparação mensal, as exportações AUMENTARAM 9% relativamente a fevereiro, enquanto as importações subiram 4,9%.  Já em termos trimestrais, nos primeiros três meses de 2013, as exportações de bens aumentaram 0,3% e as importações diminuíram 7,2% face ao período homólogo"

Ou seja, quando todas as previsões apontavam para uma quebra das exportações em 2013, os dados do 1º trimestre apontam para um crescimento (ainda que muito ligeiro), como pode este facto deixar de ser uma boa notícia?!

Isto será jornalismo?! Estivéssemos a ser governados por um governo “de esquerda” e estes números seriam, com certeza, noticiados como um sinal inequívoco de retoma…

Enfim, com a sua visão da realidade social e económica influenciada por este desassossegado jornalismo militante, cada vez mais a comunicação social se assume como a verdadeira oposição…
 

 

09 maio, 2013

Artigos redigidos com bílis...


É frequente surgirem na comunicação social notícias onde o jornalismo denúncia (e bem) os gastos excessivos decorrentes das "mordomias" de políticos e dirigentes públicos.
 
Naturalmente, o jornalismo militante nunca se preocupou muito com estes aspectos no consulado de Sócrates e, sob esse ponto de vista, é interessante analisar a forma como incitam o "cidadão comum" a indignar-se com o governo actual nestas matérias de gastos, quando se constata que as despesas de funcionamento da actual estrutura ministerial caíram cerca de 30%... mas se isso revela o habitual duplo critério das redacções (conforme a matéria em análise tem a marca de "esquerda" ou de "direita"), isto que se segue já nem merece comentário...
 
 

 
"Pelas razões apresentadas ontem por Álvaro SantosPereira, os cortes nos carros e nos motoristas das empresas, institutos e organismos tutelados pelo ministro da Economia até parecia que iam representar ganhos suficientes para evitar as novas rondas de austeridade e de cortes na despesa..."
 
 
É assim...
Jornalismo militante: a formatar a mentalidade do cidadão “tuga" desde 1974.
 
 

08 maio, 2013

Histórias que todos conhecem…



…mas verdades que o politicamente correcto não permite dizer. Isto é Portugal…

Ao almoço, não posso deixar de ouvir na mesa ao lado, alguém contar que um familiar seu, agente de polícia com trabalho administrativo, lhe descreve o dia-a-dia e confessa que, em média, tem 1 a 1,5h de trabalho efectivo por dia. O resto do tempo é a “encher chouriços”… mesmo metade com metade do pessoal, sobraria tempo.
Desde os anos 80 que a taxa de natalidade em Portugal não para de cair. No entanto, o rácio de professores Vs aluno nas nossas escolas não pára de subir.

Vou almoçar a casa dos meus pais e ouço-os descrever as peripécias de uma pequena obra de construção civil que a divisão de obras municipal executou à porta de casa: 6 – 7 homens no local, apenas 3 – 4 horas de trabalho por dia, pegam na pá “um de cada vez”, etc… Enfim, uma obra que 2-3 pessoas fariam numa semana, durou mais de 1 mês.
À excepção dos Municípios do litoral e em resultado da desertificação do interior, a população tem vindo a cair em grande parte do território. No entanto, o n.º de funcionários de câmaras municipais não parou de crescer.

Ainda há pouco tempo o director de um hospital (tido como de referência no País) contava que que o seu cirurgião mais produtivo fazia 12 operações por semana, mas 30 dos cirurgiões do mesmo hospital nunca tinham ido ao bloco.    

Enfim, seja a partir de dados oficiais seja “à boca pequena” - e as melhores estórias são as contadas pelos próprios funcionários públicos - todos sabemos que existem pessoas em excesso em muitos serviços públicos (autarquias locais, finanças, hospitais, tribunais, na assembleia da república, etc.). No entanto, à hora da realidade paralela televisiva, de repente, a comunicação social apresenta-nos uma realidade onde todos os intervenientes afirmam que é impossível a função pública dispensar 5% dos seus funcionários, que tal redução representará o “descalabro do serviço público”, bla, bla, bla… habitaremos o mesmo País?!

NOTA: Recorde-se que, em simultâneo com esta redução de 5%, será aumentado o tempo de trabalho em aproximadamente 15%. 

Obviamente, pode-se discutir a forma como esta redução será feita. Não pode ser um corte cego e generalizado, de x% em todos os serviços. Por ex., existirão serviços que deverão ser reduzidos (ou extintos) por serem redundantes, por sobreposição funcional de diferentes organismos públicos, etc.. A reforma terá de ser qualitativa e não apenas quantitativa. 
E também não está em causa a qualidade de muitos desses funcionários (não serão mais “preguiçosos” ou menos capazes que os do privado), é a organização da função pública que precisa de ser revista e reduzir / eliminar aqueles empregos que resultam simplesmente de empecilhos burocráticos que decorrem do labirinto legislativo construído durante décadas.

O ponto é este: esta comunicação social continua a ser um dos principais entraves  à resolução dos problemas que tolhem a economia portuguesa  e, por arrasto, as possibilidades de os portugueses poderem aspirar a melhores condições de vida.
 
A comunicação social assume-se como a "corporação das corporações". Dar apenas voz aos que defendem a manutenção da função pública tal como está, é uma negação da realidade, uma ilusão, aliás, na linha da “mãe das ilusões” dos últimos 2 anos: que Portugal poderia continuar, sucessivamente, a gastar mais do que o que produz…
Outra ilusão que se continua a vender aos portugueses: as pensões. Por muito que em televisões, fóruns e jornais se diga o contrário,  também será inevitável, mexer aí… Os factos: se há 20 anos existiam 4 trabalhadores activos por cada reformado (e a esperança média de vida, i.e., o n.º de anos médio que as pessoas usufruíam da pensão era de 10 – 12 anos), alguém com o mínimo de conhecimentos de matemática pode acreditar que o mesmo sistema suportará pagar o mesmo nível de pensões quando, dentro de pucos anos, teremos 3 pensionistas por cada 4 trabalhadores activos e, apesar da subida da idade de reforma, em média as pessoas receberão as suas pensões por 20 – 25 anos?!    
Não estamos a falar de esquerda – direita, de ideologias, mas de factos, de matemática!  

Srs. jornalistas, deixem de apresentar ilusões aos portugueses - que o défice não conta, que não há funcionários a mais no Estado ou que as pensões são intocáveis - não será possível sair desta crise sem atacar a SÉRIO a despesa e a estrutura MONSTRUOSA do Estado: ministérios, secretarias de estado, direcções gerais, os institutos e empresas públicas, as fundações, observatórios, etc.. 

Seja um governo de esquerda ou de direita, só essa mudança – o abandono do modelo dos “empregos sustentados pela burocracia” e a sua substituição por actividades produtivas (como a aposta nos sectores da agricultura e indústria) -, poderão proporcionar uma redução do fardo dos impostos sobre cidadãos e empresas, o aumento do rendimento disponível e, em suma, um futuro sustentável para os portugueses. Sem isso, TODOS, estaremos condenados.
 
 

04 maio, 2013

Notícias que passam ao lado das manchetes


Nas últimas semanas, acentuou-se a aposta no "calvário mediático" e o exercício do "quanto pior melhor". Veja lá o caro leitor se reconhece alguma destas notícias que este post do (im)pertinências bem sumariza:

03/05/2013

SERVIÇO PÚBLICO: O que se está a passar debaixo do nevoeiro estatístico e mediático?

Em meados do mês passado o indicador avançado da OCDE antecipou uma provável recuperação da actividade económica em Portugal nos próximos meses.

Já no final de Abril, os dados do Eurostat mostram que o desemprego em Portugal não aumentou em Março, o que neste contexto até é uma boa notícia.

O INE estimou um aumento homólogo de 0,8% no índice de produção industrial em Março o que poderia ser uma boa notícia se não resultasse exclusivamente do aumento de 4,5% do índice do agrupamento de energia.

Esta manhã, ficámos a saber que os yields das OT portuguesas nos prazos de 2, 5 e 10 anos desceram ao nível de Outubro de 2010. Os mercados lá saberão porquê.

É claro que, segundo uma das leis de Murphy mais conhecidas, as coisas nunca estão tão más que não possam piorar. Mas a verdade é que no estado que a governação socialista deixou o país, é quase um milagre, dada a incapacidade demonstrada pelo governo PSD-CDS de adoptar as reformas indispensáveis, que uma parte do país ainda resista – aquela parte que não está dependente do Estado."
 
Estando totalmente de acordo com o último parágrafo, não podemos deixar de constatar que na comunicação social existe uma campanha objectiva de ocultação de tudo o que sejam sinais positivos para a economia portuguesa ou indicadores que possam antecipar a saída da crise.   
 
Juntaria ainda aos indicadores acima que - por serem de sinal contràrio à narrativa do jornalismo militante, são quase um tabu na comunicação social portuguesa -, os bons resultados da execução orçamental no 1º trimestre - lembram-se do que a este respeito ouviram desde o início do ano? Pois parece que essas previsões saíram furadas...

"... o défice das administrações públicas, relevante para efeitos do PAEF, foi de 1.358 milhões de euros, ficando assim 542 milhões abaixo do limite estabelecido para os primeiros três meses do ano."  
Como é possível andarmos entre Janeiro e Março a ouvir constantemente nos media recados como "o défice já derrapou", "será impossível cumprir as metas fixadas". etc., e depois - nunca esta notícia num telejornal - ocultar este facto?!
 
É sabido que a confiança é um dos aspectos fundamentais para a "boa saúde" de qualquer economia. Nesse sentido, até que ponto este clima esquizofrénico e doentio que a comunicação social parece empenhada em manter, será um alicerce ou um entrave para a recuperação da economia portuguesa?
 
E por exemplo, porque será que os media - supostamente dirigidos por pessoas preparadas e informadas - andavam tão optimistas no consulado de Sócrates, quando era precisamente nessa fase que se "cavava o enorme buraco" da dívida que é a origem principal da nossa miséria?
 
Só não conhece a resposta, quem não quer ver...    
 
 
 

02 maio, 2013

Da imparcialidade ideológica do comentador tuga


Todos os dias se ouve o chavão “chegamos aqui pela irresponsabilidade dos políticos”. Isto tem alguma coisa de verdade, mas esta irresponsabilidade estende-se a toda a sociedade portuguesa, nomeadamente, pelas razões que aqui no blog já foram referidas.

No entanto, dentro da “sociedade”, existe um grupo – nomeadamente, jornalistas e comentadores – que têm uma responsabilidade especial e acrescida, já que são estas pessoas que informam os cidadãos em geral. Comentadores e jornalistas, determinam em larga medida aquilo a que se denomina por “opinião pública” e esta, por ser constantemente reproduzida em rádios, televisões e jornais, exerce grande influência na percepção e convicções dominantes na sociedade e, consequentemente, nas decisões individuais dos cidadãos - designadamente, o seu sentido de voto em eleições.


Para demonstrar a falta de imparcialidade de alguns comentadores “da nossa praça”, fui ao baú recuperar um artigo de opinião de Pedro Adão e Silva, comentador que regularmente aparece na televisão, rádio e jornais.
 
http://economico.sapo.pt/noticias/prometer-empregos_66132.html
Relativamente ao actual governo, com enorme facilidade, PAS pontua o seu comentário como termos como “incapaz”, “falhanço”, “descalabro”, “incompetente”,etc. (pode ser consultado aqui). No entanto, é interessante recuar ao verão de 2009 (perto das legislativas que ditaram a re-eleição de Sócrates, portanto ) e, a propósito da promessa falhada da criação de 150.000 empregos do governo socialista, analisar o artigo sobre o assunto e verificar que o PAS “o comentador implacável”, também é capaz de ser sensível e benevolente para os governantes (têm é de ter "a cor" certa). Entre no link, leia a retire as suas conclusões…

Para que Portugal tenha chegado a esta triste situação, muito contribuiu a falta de parcialidade de jornalistas e comentadores. Como em tantos casos que aqui no blog se referem, vêem com bondade e optimismo, quase tudo o que parte da “esquerda”, reservando uma atitude oposta, caso a metéria em análise tenha a “marca da direita”. 


Durante meses, diziam-nos diariamente que o orçamento já tinha derrapado, as contas do défice já estavam, furadas. Afinal, soube-se que no 1º trimestre, o défice do Estado ficou 500 milhões de €, abaixo do limite, porque nem se falou do assunto nos telejornais?! 


Um “escândalo” pode ter grande repercussão e abrir telejornais se for para “malhar na direita”, mas logo perde força se se constata que fragiliza a esquerda. Entre direita e esquerda, quem mais "praticou" a especulação financeira e recorreu a swaps?!;

Na área da política internacional, as notícias que denunciam os “podres” de políticos de direita (Berlusconi, por ex.) têm um tratamento bem mais visível que os de esquerda,  diziam-nos que a “quase totalidade do povo” estava com Chavez, onde estão notícias sobre a Venezuela?! E Hollande, o salvador do emprego e exterminador da austeridade?! E Lula, não esteve envolvido no "mensalão"?!

Se alguém diz que a despesa tem que ser ajustada à medida das receitas, apesar de isto não se tratar de ideologia mas de matemática, é logo catalogado pela comunicação social como sendo “defensor da austeridade”,de se tratar de um “inimigo do crescimento e do emprego”, etc… Para lá do irrealismo daqueles que acham que gastar acima das possibilidades é solução e do aproveitamento político que, quem está actualmente na oposição, faz desta mensagem, pergunta-se:
 
Quando todos os dias nos queixamos que os políticos fogem às suas responsabilidades, onde está  "a moral" e qual a coerência de responsabilização que esta linha de pensamento passa para a sociedade, quanto à necessidade e imperativo ético de - cada um de nós - ser capaz de assumir as consequências das suas decisões individuais !? 

 
Em resumo, o (triste) estado do País e a competência dos políticos que temos, são também o reflexo da qualidade do espaço mediático português, nomeadamente, dos  comentadores e jornalistas que o constroem. Sem eles, seria impossível por exemplo, a ascensão e, principalmente, a manutenção no poder de políticos como Sócrates, como sucedeu  nas eleições de 2009, muito à custa de opiniões de comentadores facciosos como o artigo de PAS.
 
O resto – o descalabro que veio depois em 2010, 2011… - é história.