30 julho, 2014

A redação do JN volta a atacar…



Perante uma capa destas, nem sei bem por onde começar…

Ora bem, um estudante, que o JN batizou de “génio do euromihões”, candidata-se a um programa de uma universidade americana e é selecionado. Parabéns ao jovem que, pelos vistos, desenvolveu um método que permite passar de uma probabilidade de acertar no euromihões de 1 em 500.000.000, para 20 em 500.000.000.
NOTA: Desconheço a probabilidade exata de ganhar o euromihões.

Aparentemente, as despesas de viagem e estadia eram da responsabilidade dos candidatos. Por uma razão qualquer, no ponto de vista dos jornalistas do JN, a TAP tem obrigação de lhe pagar a viagem…?!

Porquê a TAP? Porque não outra companhia de aviação qualquer? E não poderia ir de barco?

A capa tem ainda um toque de tragédia grega: um “génio do euro milhões” que não tem dinheiro para um bilhete de avião...

Porquê a notícia? Porquê a manchete e a capa?!...
(estará a decorrer alguma "Semana das notícias a cascar na TAP", será que a TAP está a cortar na publicidade em alguns jornais?...)

Aliás, não se entende esta indignação da redação do JN com a TAP. A generalidade da comunicação social tem passado os últimos anos a lamentar a fuga do país da “geração mais bem preparada de sempre” e a fomentar a revolta do cidadão comum com aqueles que “incentivam a emigração”.

Então, não perceberam que esta "recusa" da TAP trata-se apenas de evitar a fuga de “mais um cérebro“!?


Enfim, diz que é Jornalismo…


Outras capas do JN que, pelo impacto, constituíram grandes sucessos de vendas com certeza:

Do Jornalismo Engraçadinho…

Diz que é Jornalismo!

É obrigatório que os cidadãos se indignem com o atual Governo!

 

27 julho, 2014

BPN Vs BES… Teixeira dos Santos Vs Teixeira dos Santos!?


Desde Novembro de 2008, foram inúmeras as ocasiões em que Teixeira dos Santos defendeu e/ou justificou a nacionalização do BPN, evocando o risco sistémico” para a economia portuguesa.

Recordemos, por exemplo, as suas afirmações perante a comissão de inquérito parlamentar dedicada ao caso BPN (Maio de 2012): “O ex-ministro Teixeira dos Santos disse, esta terça-feira, que a falência do BPN teria levado a economia a afundar no mínimo quatro por cento e reiterou que, mesmo conhecendo todos os factos [por esta altura, o buraco já superava os 4.000 milhões de Euros… ], teria continuado a defender a nacionalização.”


De facto, a convicção do ex-ministro de Sócrates na teoria do “risco sistémico” era de tal forma definitiva que
 na mesma ocasião, afirmou: “Ainda perante os deputados, o responsável disse que, mesmo que em 2008 tivesse noção das reais imparidades do BPN e da duração prolongada da crise, teria continuado favorável à nacionalização do BPN devido ao impacto na economia do país.” 
Julho de 2014, implosão do Grupo Espírito Santo…
Atendendo à história recente, seria muito interessante escutar a opinião de T. Santos sobre a novela BES. Descubra as diferenças...

 

Nenhum órgão de comunicação social notou mas, terá existido comentário mais arrasador sobre o desempenho de Constâncio à frente do Banco de Portugal que esta afirmação de T.Santos?

Mas Teixeira "risco sistémico" dos Santos, não ficou por aqui...: "... "claro que isto é um caso que está devidamente confinado, que não há riscos de contágio", [deve-se] garantir que "a solução do caso é estritamente privada, isto é, que não haverá intervenção de dinheiros públicos".

Como é possível no caso BPN - cuja dimensão se traduzia numa cota de mercado de 2% -, fundamentar a opção de nacionalização quase exclusivamente no argumento de um suposto “risco sistémico” e defender que "não há riscos de contágio", perante uma situação que envolve uma instituição 10 X maior?!

 
O que justificará esta inversão de pensamento?! Será que Teixeira dos Santos foi raptado e substituído por um sósia?!
 

E, em plena "silly season", altura em que as notícias escasseiam, nenhum jornalista descortina nestas declarações, proferidas por uma personagem chave no caso (talvez) mais mediático dos últimos anos, tão óbvias contradições !? Ninguém revela interesse em tentar saber mais?! Como é possível esta falta de curiosidade e de interesse... 
 
No que à cobertura mediática do caso BPN diz respeito, o jornalismo português sempre se revelou muito mais interessado em relevar as ligações dos envolvidos na fraude ao PSD e “à direita”, do que propriamente em esclarecer e escrutinar o processo de nacionalização do banco decidido e executado pelos socialistas. 

Quem apenas vê telejornais, dificilmente perceberá: não foi por decisão de Oliveira e Costa e Dias Loureiro (que deviam estar na cadeia), que os prejuízos do BPN foram transferidos dos acionistas e clientes daquela instituição, para os contribuintes. Essa consequência decorre da decisão tomada pelo governo de Sócrates e (pelo menos assim nos fizeram crer...) Teixeira dos Santos.
 
No entanto, atendendo às mais recentes declarações de Teixeira dos Santos - e se elas revelam algo do seu pensamento sobre esta matéria -, dificilmente a decisão terá sido da sua iniciativa…

Porque foi nacionalizado o BPN!?

Tenho Fé que será o Juiz Carlos Alexandre a desvendar este mistério ...


PS 1: Ainda a propósito do "risco sistémico", recordar o que disse M. Cadilhe:
 
"Teixeira dos Santos e Constâncio "enganaram" portugueses ao justificar nacionalização com risco sistémico
Para Miguel Cadilhe, estes dois responsáveis não podiam ter invocado o argumento de que o BPN poderia provocar o colapso do sistema financeiro português quando o banco tinha uma quota de mercado de apenas dois por cento."

PS 2: Será que Sócrates (o animal feroz) teria dito "não" a Ricardo Salgado, como Passos Coelho fez, quando o DDT lhe foi pedir um empréstimo da CGD para salvar o GES!?

Será que com outros governantes e sob o discurso da "proteção da economia", os contribuintes não estariam já a comparticipar as perdas dos "Donos Disto Tudo"?...

 

19 julho, 2014

A "Lei da Rolha" não será, afinal, uma boa ideia?...



 
"A Ordem dos Médicos, sem deixar de cumprir todas as suas obrigações legais e convidando já o Ministério da Saúde para reatar o diálogo (estando disponível para o fazer ainda em Julho ou mesmo em Agosto) [nota, claramente, sugerida pelo jurista da Ordem... ], tal como tinha previamente anunciado vem apelar formalmente aos médicos, até indicação em contrário, que:

1. Informem directamente os seus doentes da gravidade e impacto negativo da actual política do Ministério da Saúde nos cuidados que lhes são prestados.

2. Continuem a denunciar à OM (em cada Secção Regional) todas as situações de deficiência, insuficiência ou pressão que possam pôr em risco a saúde dos doentes e o seu tratamento de acordo com as boas práticas médicas.

3. Recusem assinar todo e qualquer tipo de contratualização imposta, ainda para 2014 ou para 2015.

4. Cessem a participação em Grupos de Trabalho e recusem imediatamente toda e qualquer colaboração graciosa com o Ministério da Saúde, ACSS, ARS, DGS, Infarmed, Hospitais e ACES, incluindo as comissões de NOCs e Auditorias.

Só unidos [o povo!, unido! jamais...], os Médicos poderão preservar um futuro com Qualidade para medicina em Portugal.
 
Ordem dos Médicos, 18 de Julho de 2014"
 

Muito se falou sobre a "Lei da rolha"...
 
Por esta altura, para salvaguardar a (alguma) boa imagem que a medicina ainda tem, uma rolha à medida do Sr. Bastonário não deveria ser uma prioridade da classe?
 
 
Breve nota sobre a "Lei da Rolha" e/ou sobre a inimputabilidade mediática de algumas figuras:
 

 
Que diz que "Impedir médicos de falarem deve gerar "revolta nacional"", e que, ainda a propósito do mesmo código de ética,  invoca o "regresso à ditadura".
 
 
 
Quem serão os verdadeiros adeptos da "Lei da Rolha"?!
 
 

15 julho, 2014

É obrigatório que os cidadãos se indignem com o atual Governo!


Para além desta capa do JN, foram diversos os órgãos de comunicação social que fizeram questão de difundir esta “falcatrua”…

Governo «esconde» 162 mil desempregados

Desempregados em formação poderiam fazer disparar a taxa de desemprego de 15,1% para os 18,2%


Governo encobre número de desempregados com estágios e formações


"Formação e estágios escondem reais valores do desemprego"


Pois... Basta revisitar (bendito Google…) algumas notícias alusivas ao fim do “Programa Novas Oportunidades” para constatar como é discricionária a análise mediática dos assuntos...

Em 2012, quando várias notícias nos davam conta do encerramento de muitos centros das Novas Oportunidades por iniciativa este governo, alguma capa de jornal referiu que os inscritos nesses cursos eram, na verdade, “desempregados escondidos”?

Claro que não. Nessa altura, entre outras desvantagens, a comunicação social preferia destacar o desinvestimento na educação de adultos…  
Ao pesquisar o que então noticiava, facilmente se constata que o ângulo de análise escolhido pelo jornalismo visa sempre o mesmo objetivo: incitar o "cidadão comum" a indignar-se com o atual governo.   

“Formação de adultos sem respostas depois do fim das Novas Oportunidades…

Na prática, denunciou também a Associação Nacional de Profissionais de Educação e Formação de Adultos (ANPEFA), "não há oferta de educação de adultos desde Agosto de 2012", altura em que os centros Novas Oportunidades foram impedidos de receber novas inscrições. Estes encerraram em Março, deixando, segundo estimativas apresentadas pelo Governo, 55 mil candidatos com processo de formação em curso.
[…]
Entre 2006 e 2010 foram 409 mil os adultos que conseguiram uma certificação escolar através do programas Novas Oportunidades, a maioria dos quais por via dos processos RVCC, em que eram sobretudo valorizadas as competências já aprendidas ao longo da sua vida. Para além destes, conseguiram uma certificação escolar mais 80 mil adultos nos chamados "cursos de Educação e Formação de Adultos" (EFA), que também estão agora reduzidos a uma expressão ínfima…”



Porque será que os mesmos jornalistas que conceberam a capa do JN acima, não se lembraram aquando da subida (acima de todas as expectativas ) da taxa de desemprego em 2012 e 2013, de referir que - parte dessa subida, pelo menos - se devia ao fim das ações de formação das NO?!
 
Porque não fez  o mesmo JN uma capa em letras garrafais a afirmar que, na realidade, a taxa de desemprego divulgada pelo governo socialista entre 2006 e 2011 era falsa, graças às centenas de milhar de formandos "escondidos" nas Novas Oportunidades!?


Conclusão:

Se um governo "de direita" cria cursos de formação, isso éesconder desempregados”. Quando um governo "de esquerda” fomenta cursos de formação, está a apostar na "qualificação dos portugueses".

É assim o (duplo) critério do jornalismo português.

12 julho, 2014

O “elefante no meio da sala” que os profissionais da indignação nos media ignoram…

Recordar, antes, este post:

"O Tabu das assimetrias regionais em Portugal
Num País onde muito se fala sobre solidariedade - especialmente neste período mais recente, em que frequentemente se aponta aos países mais ricos (como a Alemanha) o facto de não ajudarem os mais pobres -, é curioso que o tema das disparidades regionais de riqueza em Portugal sejam quase um tema tabu.

 
Por exemplo, sabia que de acordo com dados do INE, na comparação entre regiões (NUTS III,) a região da Grande Lisboa revela um PIB per capita superior à média do país em mais de 60%?

E que, segundo o mesmo indicador de riqueza, um cidadão residente na capital mais do que triplica o valor do mesmo indicador relativamente a um compatriota da região do Tâmega?"
 
 
Entretanto, ontem na comunicação social (embora a notícia não tenha merecido a atenção dos media "mainstream" sedeados na capital...) era noticiado:

Tâmega e Sousa é quem mais contribui para a balança comercial do país.

"O presidente do Conselho Empresarial do Tâmega e Sousa (CETS) disse hoje à Lusa que a região é a que mais contribui para a balança comercial do país.

Segundo Luís Miguel Ribeiro, aquele território destaca-se por apresentar a melhor
taxa de cobertura entre importações e exportações, superior a 240%.
 
O dirigente representa as empresas da região que lidera os indicadores nacionais de exportação nos setores de calçado, mobiliário, vinho verde e extração e transformação de granitos."


Face a este "Estado da Nação", ninguém na comunicação social se interroga: porque será que aqueles que mais riqueza produzem são, simultaneamente, os mais pobres?!

E não venham com aquelas tretas de "economês" acerca da exportação de produtos "de baixo valor incorporado", do baixo "índice tecnológico", etc.. 
 
Por um lado, os produtos atualmente exportados, já não são os mesmos de há 15 - 20 anos atrás.
 
Por outro - e esta é a questão de fundo - Portugal só regista estas disparidades de rendimento (recordar quadro acima do INE: um cidadão da Grande Lisboa tem o triplo do rendimento do Tâmega), em virtude da apropriação, via saque fiscal, de uma significativa parte dos rendimentos de pessoas e empresas das regiões onde, efetivamente, se produz riqueza, para depois "redistribuir", alimentar, esse monstro que é a estrutura do Estado e cuja organização administrativa se concentra essencialmente em Lisboa.
 
 
Sob o pretexto de "reduzir a despesa", quantas escolas, centros de saúde, tribunais terão sido encerrados no período recente na Região do Tâmega, tendo essa "poupança" servido apenas para continuar a sustentar os empregos dos burocratas do estado central num qualquer serviço entre ministérios, secretarias de estado, direções gerais, secretarias gerais, institutos e empresas públicas, observatórios, comissões, fundações, inspeções gerais, gabinetes de estudos, etc..?
  
 
Interrogam-se porque se fala, há anos, na importância de uma "Reforma do Estado" e ela não acontece?... 
 


07 julho, 2014

Parem de destruir o Serviço Nacional de Saúde!




Uma observação a propósito da indignação da “classe médica” veiculada por sindicatos e respetiva Ordem (por estes dias, convertida no verdadeiro sindicato dos sindicatos):

Se, para a generalidade dos trabalhadores e comuns mortais, é uma questão de bom senso sofrer um corte num “subsídio de assiduidade” (já de si um conceito interessante...) quando se falta ao trabalho, temos de entender a especificidade deste sector e, nomeadamente, alguns “direitos” adquiridos…




Obviamente, este post é provocatório. Acredito que a larga maioria dos médicos são bons profissionais. No entanto, dado o número e a dimensão das fraudes ao SNS com o envolvimento sistemático de médicos - detetadas, curiosamente (ou talvez não...), desde que Paulo Macedo assumiu funções de Ministro - é estranho nunca ouvirmos uma posição da Ordem e / ou dos Sindicatos em relação a esses casos.

Apenas reclamar dos "cortes" do ministério, mas nada fazer para travar as fraudes que ascendem a centenas de milhões de euros, revela preocupação com a população em geral ou apenas com a sua corporação?  

Basta fazer a seguinte experiência: ir ao google e pesquisar: "sns fraude médicos".