30 dezembro, 2014

Será que esta notícia passará em algum telejornal nacional das 20h?...



"O grupo BES, do qual Ricardo Salgado foi líder executivo até julho passado, atribuiu à Fundação Mário Soares, desde 2011 e no âmbito do mecenato, um apoio financeiro total de 570 mil euros.

O último financiamento foi concedido pelo BES em março de 2013, um ano antes de rebentar a crise do grupo, no valor de 300 mil euros."

 
Mais logo, será interessante sondar os telejornais para perceber se esta notícia terá visibilidade ou se, como em outros casos sucede, os "critérios editoriais" vão optar por colocar a informação na gaveta, votando-a ao esquecimento...

Ainda recentemente, as contribuições de Salgado para a campanha de Cavaco nas  últimas presidenciais foram
amplamente divulgadas nos mesmos telejornais, tendo os meios de comunicação social feito
 questão que a informação de tal contribuição chegasse ao conhecimento de todos os portugueses...
 
Veremos qual será o tratamento jornalístico e mediático deste caso Salgado & Soares.
 
 

28 dezembro, 2014

Perplexidades do Ano: A esquizofrenia mediática.

Os mesmos telejornais que, diariamente, nos trazem as estórias da crise, dos cortes e da infindável lista de privações provocadas pela “austeridade”, são os mesmos telejornais que, 30 segundos depois, nos levam aos hotéis de 5 estrelas e os seus menus de Natal e Fim de Ano completamente esgotados

Não sou psicólogo nem psiquiatra, mas, que impacto terá este tipo de bombardeamento mediático sobre as pessoas, nomeadamente, aquelas que são mais “influenciáveis” ao que veem na "caixinha que mudou o mundo"?       


A esquizofrenia mediática...
Metade dos noticiários é passado a condenar a sociedade de consumo e o “capitalismo”, para logo a seguir, nos presentearem com reportagens que mais não são do que um verdadeiro endeusamento das coisas materiais: os últimos gadgets da tecnologia, o último “AiFone” ou a última viagem de sonho (em cuecas) do “rÓnaldo” e da Irina…

 

Todo isto cabe num espaço que, dizem, é de informação… na verdade, cada vez mais, os telejornais são armas de estupidificação massiva.

Esta comunicação social vai ser o fim do que designamos por civilização ocidental.


Continuação de Feliz Natal e Bom ano Novo!


P.S.: E não se pense que a adesão ao materialismo é algo mais característico dos adeptos da "direita" ou da "esquerda"... 
 
 

18 dezembro, 2014

Por que razão continua a comunicação social a proteger a imagem de António Costa!?

Este post do Portugal Profundo, vem acrescentar mais uma novidade ao caso do papel da CM Lisboa nos projetos de expansão do Hospital da Luz do Grupo Espírito Santo…

"O Santo Costa


Duas perguntinhas sobre o assunto tabu das relações da Câmara Municipal de Lisboa com o grupo Espírito Santo:



 
Mais uma vez se insiste: uma das principais formas de censura praticada pelos órgãos de comunicação social portugueses, consiste na seleção manhosa das notícias que vão ser objecto de grande visibilidade e destaque nos media e aquelas que são esquecidas ou “sonegadas” ao grande público…

São vários os casos demonstrativos de ligações privilegiadas entre A. Costa / CML e os Espírito Santo já referidos aqui no blog. Mas a comunicação social continua, deliberadamente, a ocultá-los. Imagine se tivesse sido um Ministro do atual Governo PSD / CDS, a autorizar obras sem a respetiva licença. E que, as mesmas, se tornaram legais em virtude de alterações legislativas aprovadas em data posterior à sua realização.
 
Não seria apenas a demissão desse político a ser exigida mas, certamente, também a intervenção do Ministério Público de forma a apurar eventuais responsabilidades criminais! Seguramente, teríamos dias consecutivos de telejornais a abrir com as “notícias de última hora” em torno das suspeitas levantadas pela investigação jornalística em curso…

Enfim, é mais um exemplo de “Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita...”



Porque não tem A. Costa, o mesmo tratamento mediático de Cavaco, Barroso ou Moedas?

Numa fase em que a família Espírito Santo é um “activo tóxico” e, consequentemente, qualquer personalidade que lhe seja associada fica com a sua imagem “contaminada”, as únicas personalidades que nos telejornais e na imprensa vão sendo associadas ao clâ do (ex)DDT são Cavaco Silva, pelas contribuições para as campanhas das presidenciais, ou os telefonemas de Ricardo Salgado a Durão Barroso ou a Carlos Moedas, para intercederem em favor do GES junto de Passos Coelho...
 
António Costa, a avaliar pelo que circula na agenda mediática, vive em outro mundo e nunca teve qualquer relação de proximidade com os Espírito Santo! Obviamente, só os políticos "da direita" andam de braço dado com o "grande capital"...


Por que razão continua a comunicação social a proteger a imagem de António Costa!?

Será apenas fruto da inclinação ideológica do jornalismo e redações lusas -  designadamente, o receio de tais notícias beneficiarem eleitoralmente Passos Coelho e a “direita” -, ou, existirão outras forças a cuidar da boa imprensa e da boa imagem mediática do candidato socialista perante os cidadãos portugueses?
 
 
 

15 dezembro, 2014

Durante a semana, temos a peregrinação a Évora, depois reunimo-nos para praticar o Costismo…

 O vigário Seguro não sabia mobilizar os crentes. Com este padre é “outra categoria”, os seus sermões são arrebatadores!...


 

Que brilhante e feliz analogia (Pe. António Vieira é um aprendiz comparado com Pe. Costa). Mas, à boleia desta estimulante associação, imaginemos se, na época dos Descobrimentos, fosse necessário lidar com dezenas de sindicatos como parece que a TAP tem de fazer… alguém acredita que teríamos conseguido chegar à India ou Brasil?!


Mais a sério…

Que país deprimente. Voltamos à prática da política tribal, pela mão dos mesmos políticos que, quando convém, tanto gostam de evocar os modelos desenvolvidos e civilizados das democracias do norte da Europa como exemplo.

 
O PS, em mais de uma ocasião, teve nos seus planos a venda / privatização da TAP. Não é preciso ter memória de elefante para o recordar!

Assistir, como se viu este fim de semana, à demagogia mais reles e barata em torno deste assunto já é suficientemente mau, mas, verificar o papel do nosso jornalismo que, demitindo-se da sua principal missão - informar – se limitou a passar as declarações de Costa e a resposta de PSD e CDS, deixando apenas à dos crentes” em quem acreditar, também é sintomático da “qualidade” da nossa comunicação social e, consequentemente, da nossa democracia.

Fosse o inverso (Passos em vez de Costa), e teríamos os telejornais a abrir denunciando a contradição do político que “dizia uma coisa e agora diz outra” e as imagens para o provar.

A privatização da TAP não é apenas referida no programa de resgate (os socialistas até poderiam alegar que foram forçados a incluir tal medida..) No PEC IV – que o PS continua a apresentar como a solução milagrosa que teria evitado a vinda da Troika – na página 24, existe o parágrafo “Privatizações” que diz o seguinte:


Privatizações

O programa de privatizações no SEE diminui a dívida pública, e, por conseguinte, os encargos a ela associados, o que se repercute positivamente [a privatização socialista é naturalmente boa...] no esforço de consolidação orçamental. Entre 2010 e 2013 prevê-se a obtenção de receitas de privatizações no montante de cerca de 6470 milhões de euros que contribuirão para reduzir a dívida pública, dependendo o montante efectivo de receitas das percentagens de participação que sejam fixadas.

No quadro da programação plurianual das operações de privatização, continuará a promover-se, em geral, a alienação das participações integradas na denominada carteira acessória, contemplando-se, ainda, um conjunto de diversas empresas nas áreas da energia, construção e reparação naval, tecnologias de informação e comunicação, serviço postal, infra-estruturas aeroportuárias, transporte aéreo e transporte ferroviário, bem como a alienação de activos detidos fora do país.

Neste âmbito, proceder-se-á a um esforço adicional, de antecipação do programa de privatização e alienação de participações do Estado, face ao previsto na actualização de Março de 2010 do PEC, através da antecipação para 2012 de algumas das operações previstas ocorrer em 2013."


Como facilmente se conclui, a posição de Costa e dos socialistas, no que diz respeito a privatizações, é radicalmente diferente dos sociais-democratas!
 
 
Na mesma intervenção, para além de ir buscar as caravelas e o “cisma da privatizações”, o futuro PM acusou Passos Coelho de se “refugiar na fantasia”...

Enfim, ocorre-me dizer que os portugueses têm os líderes políticos que merecem.

11 dezembro, 2014

Estratégias de defesa do “Dono Disto Tudo” e do “Animal Feroz”, descubra as diferenças…




A crise das finanças públicas / Grupo ES, teve origem na crise financeira de 2008.



A crise acentuou-se porque as instituições europeias / Banco de Portugal e Governo, não quiseram resolver o problema.



A bancarrota e a vinda da Troika / falência e colapso do GES, ficou a dever-se a Passos Coelho porque chumbou o PEV IV / não autorizou que a CGD emprestasse 2.500 M €.
 
 
 
 
 
Ou descubra as semelhanças…





 

10 dezembro, 2014

Caso BES - Quando todos são responsáveis, ninguém é responsável…


Assistindo, ontem, ao depoimento de José Maria Ricciardi na comissão de inquérito, qualquer “cego” consegue perceber o que se passou no BES e quem foi o vilão deste filme.

O que é extraordinário, é observar a postura do PS na mesma comissão onde – em vez de estar empenhado em escrutinar os factos na origem da derrocada do GES – parece mais interessado em “cavar” responsabilidades a diversas entidades, designadamente, Banco de Portugal e o seu Governador, o Ministério das Finanças e a Ministra, e, por arrasto, o PM.

Se esta comissão de inquérito fosse sobre um gatuno que tivesse assaltado uma casa, os deputados do PS, provavelmente, estariam empenhados em demonstrar que o empreiteiro falhou ao não ter instalado duas em vez de uma fechadura e, não menos importante, a apurar porque razões não estava um agente da PSP junto da janela na altura em que o dito gatuno lá entrou…


Esta estratégia socialista (como habitualmente) tem na comunicação social fortes aliados e, com frequência, na agenda mediática lá vão saindo notícias alinhadas com uma narrativa que visa, perante a opinião pública, diluir responsabilidades (atirar lama, se preferir...) pelos actos que ditaram o colapso do grupo Espírito Santo. Eis alguns casos:

“…muitos clientes foram convencidos a investir capital no BES - dinheiro que perderam pouco depois - por causa de declarações de Cavaco Silva que garantira a estabilidade e a segurança das contas e das operações financeiras daquele banco.”

 
“Passos, Maria Luís, Costa e Cavaco: todos garantiram que não havia custos para contribuintes com resgate do BES”
 
“Novo Banco: «CGD pode perder», os contribuintes também. É a primeira vez que o Governo admite eventuais prejuízos que, no limite, serão prejuízos para os contribuintes”


Caro leitor, a quem serve esta narrativa?
Enfim, parece óbvio que os “Donos Disto Tudo” ainda controlam algumas peças importantes no tabuleiro…

Ainda sobre a gestão mediática do assunto, achei curioso o critério editorial da TSF esta manhã. Depois de um dia bastante clarificador sobre as dúvidas que (ainda) pairavam sobre os actos que estiveram na base da derrocada do GES, sintonizei a TSF esta manhã para ouvir as últimas do caso. No entanto, nada ouvi sobre as declarações ontem proferidas no inquérito parlamentar. Um caso que "fez correr tanta tinta" nos últimos meses não teve qualquer atenção
 
Em vez disso optou por chamar à abertura dos seus noticiários, reproduzindo a declaração de um sindicalista, o alegado “desconforto dos inspectores tributários envolvidos na Operação Marquês” e os seus receios por “…no limite, a investigação poder ser contestada porque os inspectores das finanças não têm o chamado vínculo de nomeação ao Estado”.

Receios, logo desfeitos em 5 segundos por um advogado. Mesmo assim, a TSF lá continuou a difundir - ouvi eu - às 9.00h, 9.30h, 10.00h…  o tal “desconforto” e a ideia de que a detenção de Sócrates pode não ter observado um qualquer pormenor administrativo…

O caso BES, hoje, foi remetido para o Fórum TSF, onde se pretendia auscultar a “opinião dos ouvintes” nestes termos...


"Como avalia a forma como estão a decorrer os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao BES e ao Grupo Espírito Santo? Que importância atribui a esta comissão? Estão reunidas as condições para se perceber o que falhou no BES? Sairemos deste processo mais bem preparados para evitar novas fraudes bancárias?" 

Não tive oportunidade de ouvir o que "pensam os portugueses", mas todos sabemos que os portugueses têm em alta consideração as comissões de inquérito…


Quando todos são responsáveis, ninguém é responsável…

Socialistas e comunicação social têm uma agenda comum: tal como tem acontecido com os recentes processos judiciais - onde se tenta evitar passar para a opinião pública a ideia de este governo estar a contribuir para um combate sério à corrupção -, o actual governo também não pode “ficar com os louros” de ter agido corretamente no caso BES e optado – o que não sucedeu com o caso BPN – por uma solução que permitiu proteger os contribuintes em vez de proteger os “poderosos”.


Essa conclusão não pode ser tirada!


Como sucedeu em outras ocasiões, depois do dia de ontem, onde ficou claro ser demasiado forçada a tese de atribuição de responsabilidades pelo sucedido com o GES ao Banco de Portugal e, por arrasto, ao actual Governo, suspeito que o caso vai rapidamente sair dos holofotes da comunicação social. 

Outros assuntos e novas polémicas que sirvam de arma de arremesso a Passos e terão de ser desenterradas. A questão é, o que aí virá?...   


 

07 dezembro, 2014

Saberá alguém a data de aniversário do General Ramalho Eanes?....


 
Sabemos que a redação do Público não gosta, mas temos um Presidente...
 
Sugestão: na próxima poderiam optar por Sua Majestade. 
 
 
 

05 dezembro, 2014

E a prisão de Duarte Lima, que impacto terá no Índice de Percepção de Corrupção Mundial?


Graças à simpática dica do Jim, cheguei a este post de José Mendonça da Cruz, no Cortafitas.

É um ótimo exemplo de “jornalismo a martelo, isto é, como a partir de um conjunto de informação sobre um determinado tema, em vez de: “… relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade.”, o jornalista opta por servir-se dessa mesma informação como mero contexto para implantar uma ideia nos leitores / ouvinte / espectadores, em linha com as suas próprias opiniões e convicções. 

 

Percepção de corrupção na TVi - um modelo de manipulação

 
"No índice de Percepção de Corrupção mundial divulgado hoje Portugal surge no 31º lugar entre 175 países. Eis agora como o texto (voz off) na notícia da tvi24 relata os factos:
 
«O escândalo dos vistos dourados abalou o edifício estatal; deu a imagem de um Estado corrupto. Mas a alegada venda de direitos de residência em Portugal ainda não está reflectida no ranking que mede a corrupção no Mundo. Porque se o fizesse Portugal estaria pior colocado
 
Vejamos:
O autor do texto abre a notícia com factos que, como ele próprio logo admite, nada têm a ver com a verdadeira notícia. Se o fez para situar ou localizar a notícia, fez mal, porque a classificação de Portugal num índice mundial é localização e situação bastante. E quando o facto com que se procura situar ou localizar nada tem a ver com o assunto o artifício resulta ainda pior. Se tivesse sido este o motivo do contorcido texto teríamos que concluir que o autor é burro (além de escrever mau português).
 
Mas talvez o autor não seja burro. Talvez seja distraído. É que, tendo-lhe ocorrido um caso de suspeita de corrupção que nada tem a ver com a notícia, o Índice de 2014, esqueceu-se de outro caso um pouco mais grave que está exactamente no mesmo estádio (indícios, seguidos de prisão preventiva). Ou seja, o facto de a notícia se socorrer de uma inexplicável lembrança (os alhos dos vistos dourados que nada têm a ver com os bugalhos do Índice) torna mais inexplicável o esquecimento em que incorreu do caso de um antigo primeiro-ministro suspeito de corrupção, fraude fiscal e lavagem de dinheiro durante o seu mandato.
 
Ora este estranhíssimo esquecimento poderia fazer supor que o autor do texto se colocou sob as ordens de António Costa para esquecer o elefante na sala, o elefante no país. E, então, teríamos que concluir que não é jornalista, que é só um pau mandado sem brio e faz o que do largo do Rato lhe mandam fazer. Mas talvez não seja isso. Talvez o autor padeça apenas de alguma forma de amnésia selectiva.
 
E será, então, por amnésia selectiva que o autor do texto se esqueceu de escrever que Portugal melhorou um lugar em 2012, mais um em 2013, e mais um no Índice de Percepção de Corrupção de 2014.
 
..."
 
E assim, uma notícia que - objetivamente - permite inferir que, sob a gestão do actual governo, Portugal tem evoluído favoravelmente neste índice nos últimos anos, é transformada numa peça jornalística que vem corroborar a 3ª ideia do “Guião do comentário televisivo para não deixar cair Costa e o “PêeeeéSssseeeeee“…” e a narrativa mediática recente em torno do papel da Justiça.

Isto não é informação, é manipulação pura...

Ouvindo e vendo diversos comentadores nos tempos mais recentes, parece existir uma ideia  importante a passar para a "opinião pública": os portugueses não podem ficar a pensar que, finalmente, o fenómeno da corrupção está a ser atacado de frente. Não, em vez de estarem mais confiantes nesta matéria, devem é ficar mais preocupados!

  
 
Caro cidadão, não pense pela sua cabeça, deixe que os jornalistas o façam por si!

 

 

01 dezembro, 2014

Da presunção de inocência… nas previsões económicas.


Tal como em outros aspectos, o espaço mediático revela ter uma relação complicada com a "presunção de inocência"… Já aqui abordamos situações onde, em função da “proveniência ideológica” de determinada medida ou propósito, o assunto é olhado com grande desconfiança ou com grande bondade.

O que aqui no blog se convencionou designar “Esquerda boazinha Vs Direita maléfica".

Um desses exemplos, é a forma como na agenda mediática está a ser tratada a proposta de Orçamento para 2015. Eis como a jornalista(?) Constança Cunha e Sá coloca a questão nos seus eloquentes e rigorosos espaços de comentário na TVI24:

«Não há nenhuma instituição que acredite nos números do Governo!»

«As medidas adicionais estão garantidas, não temos agora, vamos ter depois num Orçamento Retificativo, o que é absolutamente extraordinário é que o Orçamento ainda não entrou em vigor, não foi sequer discutido na especialidade e não há uma alma, tirando o próprio Governo, que acredite nesta receita. Ninguém acredita neste documento, é uma ficção que o Governo atirou para a Assembleia da República e que as pessoas vão fingir que discutem, sabendo que não estão a discutir nada que corresponda à realidade.».

Fixem bem: "nada que corresponda à realidade."
 
Nos últimos 3 anos, sistematicamente, as previsões do Governo são apresentadas como sendo fantasiosas e desprovidas de credibilidade. As projeções do Governo são tratadas como se resultassem de um acto de má fé, enquanto a toda e qualquer instituição com diferente projeção, é-lhe atribuída uma aura de credibilidade.

Em resumo, a este governo está reservada uma "presunção de culpabilidade".



Recuemos a Outubro de 2013 e à opinião – esta sim lúcida e de credibilidade imaculada - da mesma Constança Cunha e Sá, sobre a proposta do Governo para o OE 2014. 

«Ninguém dá a cara por este Orçamento!»

 “Constança Cunha e Sá salientou, esta quarta-feira, que é impossível que Portugal regresse aos mercados sem apoio.”


“«…o Governo consegue uma coisa que é iludir o essencial», defendeu. Para Constança Cunha e Sá, iludir o essencial passa por não dizer que, com programa cautelar ou com segundo resgate, a linha de austeridade que tem sido traçada pelo BCE, pela Comissão Europeia e pelo FMI vai continuar. «E por outro lado ilude-se outra coisa muito importante: programa cautelar ou segundo resgate, o que provam de facto, é que o programa de resgate falhou. A política do Governo falhou.”
Como se avaliaria Constança a si própria, se fosse confrontada com as suas previsões de há 1 ano atrás?! 


Mas, não é só a Constança…

O OE 2014 então apresentado, previa que Portugal crescesse 0,8%, um défice de 4% e um recuo da dívida pública para 126,6%. Tal como agora, para a generalidade dos comentadores, o Governo estava “isolado” nas suas previsões, sendo destacadas na comunicação social uma série de instituições e suas projeções:

“O Parlamento aprova na terça-feira o Orçamento para 2014 que prevê o regresso ao crescimento, mas o FMI, a Comissão Europeia, a UTAO e o CFP apontam riscos elevados a estas previsões, enquanto a OCDE espera metade do crescimento.”


Tal como agora, contra a “fantasia e irrealismo” das previsões do Governo de Passos e M.ª Luís Albuquerque, dizia-se

“CES alerta que 2014 pode trazer nova recessão. Instituição presidida por Silva Peneda não poupa nas críticas ao OE para o próximo ano”


“O Conselho Económico e Social (CES) alerta que em 2014 a economia portuguesa arrisca entrar em estagnação ou, num cenário mais pessimista, em recessão, pondo em causa o limite de 4% para o défice público.”


“O CES entende que nas perspectivas para o próximo ano, que apontam para um crescimento real de 0,8%, o Governo não tem em conta os efeitos “adversos” das suas políticas sobre o crescimento económico.”



Portugal, é muito isto...

Aproximamo-nos do final do ano e, apesar da derrapagem na despesa fruto da decisão do T. Constitucional e o colapso do BES – parece que as previsões do Governo se vão concretizar. Essa é a Realidade!

Mas, o que pode a realidade contra a narrativa mediática? Depois da execução dos OE de 2013 e de 2014, as previsões deste Governo são e continuaram a ser, na análise da vasta maioria de comentadores e jornalistas, sempre fantasistas e irrealistas. É essa a principal conclusão que leitores, espectadores e ouvintes, devem reter.


Passos e quem quer que seja o seu ministro(a) das finanças, estão de má fé, enquanto qualquer instituição que apresente previsões mais alinhadas com a narrativa de ocasião da esquerda, são exibidas nas páginas dos jornais e nos ecrans da televisão, como personalidades de inquestionável sabedoria e credibilidade!
 
Enfim, com o nosso jornalismo a dita “presunção de inocência”, quando nasce, não é igual para todos...