03 julho, 2013

Gerir o timing das notícias


Hoje, o DN na sua edição online, publica esta pequena notícia:

"Clientes de supermercado cuspiram em Vítor Gaspar"
 
"..., o então ministro das Finanças foi ao supermercado com a mulher em Lisboa. Foram sozinhos sem qualquer elemento da PSP. Quando estavam na fila de uma das caixas os ânimos exaltaram-se e foi necessária a intervenção dos seguranças da superfície comercial. À saída não conseguiram evitar as cuspidelas de outros clientes, insultos e tentativas de agressão.
 
Vítor Gaspar terá telefonado a Pedro Passos Coelho assim que chegou a casa dizendo que tinha chegado a hora de acelerar a saída do Governo. O telefonema aconteceu dias antes da reunião do Eurogrupo, a 20 de junho, em que ficou fechada a sétima avalição da troika.
"
Mas o que mais chama a atenção - para além do nível rasca que muitos entre nós (nós, enquanto povo e sociedade) manifestam - é que isto se passou há 2 semanas atrás!

Porque não foi isto noticiado nessa altura?

Que critérios foram tidos em conta para que as redacções "guardassem" este episódio e que "causas" poderia sair prejudicadas caso esta notícia fizesse a abertura dos telejornais?

A opção de não divulgar a notícia, estará de alguma forma relacionada com a circunstância de, por aqueles dias, decorrer uma greve dos professores e estarmos em véspera da (grande!...) greve geral de 27 de Junho?

É se há 10 ou 15 dias atrás, o jornalismo tivesse pegado nesta notícia e a tivesse transformado numa manchete?... É muito interessante especular sobre o impacto que isso poderia ter no desenrolar dos acontecimentos dos últimos 2 -3 dias. 
 
O Governo não caiu na rua... mas talvez tenha caído numa fila de supermercado!

NOTA: Para aqueles, como eu, que ainda tinham algumas dúvidas quanto às razões de demissão de Vítor Gaspar nesta altura, este pequeno episódio é esclarecedor....