13 dezembro, 2012

Jornalismo de Intriga


No site da RTP, uma peça assinada pelo jornalista Daniel Belo, afirma:
 
 
Esta ilação resulta, no critério de jornalista, de "... visões muito diferentes de ministros do mesmo governo. Assunção Cristas elogia as políticas ambientais europeias, políticas que o ministro da Economia classificou como fundamentalistas."
 
Numa breve pesquisa (abençoada internet!) é possível recuperar as declarações do Ministro da Economia (ASP): por ex. aqui no JN:
 
"O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, defendeu hoje, em Bruxelas, uma política industrial europeia mais "amiga do investimento", defendendo que a reciprocidade é a palavra-chave, e critica o "fundamentalismo" de algumas regras ambientais." e acrescentou... "Em relação aos instrumentos para a reindustrialização da União Europeia (UE), Santos Pereira desejou que "ao nível das regras ambientais e doutras regras obviamente importantes, a Europa não seja mais papista que o papa em relação a outras regiões do globo""
 
ASP, ao referir a "reciprocidade" e mantendo que as regras ambientais são "obviamente importantes", esteve muito bem ao tocar na ferida:  há muito que a Europa deveria ter tomado medidas para estancar a deslocalização do seu tecido produtivo (uma das principais causas da subida do desemprego na Europa) e não faz sentido nenhum que a Europa tenha as suas portas "escancaradas" a produtos que, no seu processo de fabrico, não cumprem nada do que é exigível no espaço europeu. Desde, os aspectos ambientais, de saúde e segurança no trabalho, e até o respeito pelos direitos humanos (trabalho infantil, escravatura, etc.).
 
Mas o critério jornalistico parece não ver interesse em explorar este lado da questão. A RTP no cumprimento do tal "serviço público" optou por esmiuçar bem as declarações de ambos os ministros e, apesar de ASP salvaguardar a importância das regras ambientais, embora ache que algumas serão fundamentalistas, viu aqui uma divisão no interior do governo, um ministro que desautoriza outro, enfim, uma polémica "das boas"!...
 
A esta hora já algum jornalista estará de microfone em punho a perguntar "Álvaro, como reage à desautorização das suas declarações pela sua colega de governo?"
 
Ficamos assim mais bem informados.