19 dezembro, 2012

Eu ainda sou do tempo...


1) Eu ainda sou do tempo em que se exigia o corte nas pensões mais altas. Era uma vergonha, um escândalo, num país com os níveis de pobreza de Portugal, a existência de pensões superiores a 5.000 €! 

Num País em que 90% das pensões são inferiores a 1.000 €, veio um Governo que criou uma sobre-taxa mensal (temporária) de 3,5% para as pensões acima de 1350 €, enquanto criou taxas de 25% para pensões superiores a 5.000 € e 50% para as superiores a 7.500 €. 

De repente, os cortes que se pediam até por imperativo moral, passaram a ser um ataque aos direitos dos cidadãos e uma inconstitucionalidade….



2) Eu ainda sou do tempo em que se exigia aos Governos que cortassem nas Fundações. Estas, não passavam de sorvedouros de recursos públicos, de esquemas para evasão fiscal, locais para instalar os amigos dos políticos. Veio um Governo que, pela 1ª vez, travou a proliferação dessas fundações, extinguiu algumas e cortou no financiamento de dezenas.

De repente, aquilo que era a obrigação de cortar nas Fundações, deu lugar a duas realidades: que os cortes estavam a afectar organizações que, afinal, eram indispensáveis, ou, que os cortes deveriam ter ido mais longe….



3) Eu ainda sou do tempo em que se exigia uma reforma do poder local e se falava da necessidade de fusão ou extinção de Municípios e Freguesias. Já não fazia sentido termos a organização do território idêntica à do Sec. XIX e sempre se cortavam alguns tachos.

Agregaram-se freguesias, afinal não havia qualquer vantagem. Quem perde são as populações e para além disso, trata-se de algo inconstitucional… (claro que esta reforma deveria tocar nos Municípios, mas alguém imagina o que seria fazê-lo “ à porta” de eleições autárquicas?)

Será que tudo o que foi (ou está a ser) feito, é errado?! Será que estas medidas, embora possam acarretar algumas situações injustiça, numa análise global, não aproximam o País de objectivos que eram vistos como consensuais e de importante implementação?!

Seremos uma sociedade bipolar? Ou será que, não tendo sido um governo de esquerda a fazer qualquer coisa nestas áreas, em vez de se destacarem os aspectos positivos (alguns existirão!) das medidas, a Comunicação Social prefere apenas dar voz aos que se sentem prejudicados pelas medidas e realçar os aspectos negativos?

Já cansa tanta indignação e inconstitucionalidade!