Claramente, existem duas visões distintas sobre este tema das “quotas” de licenciados e / ou das qualificações académicas.
Uma visão, mais próxima das declarações de Merkel (e, pode dizer-se, mais “à direita”) que defende a necessidade de observar uma correspondência entre o n.º de licenciados - e da própria “variedade” de licenciaturas que num dado sistema económico, num país, devem existir – em função do aproveitamento que o seu tecido económico pode fazer dessa mão de obra, i.e., a “absorção” desses licenciados.
A outra visão, ideologicamente mais “à esquerda”, que olha a vida académica quase como um fim em si mesmo, onde a produção de conhecimento é sempre uma “mais valia” independentemente de esse “conhecimento” ter aplicação ou retorno (económico ou outro) para a sociedade / sistema económico em causa.
Um e outro são defensáveis. O problema, está na sustentabilidade do sistema de ensino que cada sociedade opta. Centremo-nos no caso português: teremos capacidade económica para formar os milhares de licenciados em direito, em sociologia, nas letras ou, por ex., mais professores quando o desemprego entre estes licenciados atinge (infelizmente) os níveis conhecidos?...
Até podemos achar que sim e continuar a financiar este (cada vez maior) conjunto de pessoas ao longo de décadas através de bolsas de “investigação”, de “doutoramento”, etc. Mas, poderemos garantir essa política de forma ilimitada e universal?
A outra visão, ideologicamente mais “à esquerda”, que olha a vida académica quase como um fim em si mesmo, onde a produção de conhecimento é sempre uma “mais valia” independentemente de esse “conhecimento” ter aplicação ou retorno (económico ou outro) para a sociedade / sistema económico em causa.
Um e outro são defensáveis. O problema, está na sustentabilidade do sistema de ensino que cada sociedade opta. Centremo-nos no caso português: teremos capacidade económica para formar os milhares de licenciados em direito, em sociologia, nas letras ou, por ex., mais professores quando o desemprego entre estes licenciados atinge (infelizmente) os níveis conhecidos?...
Até podemos achar que sim e continuar a financiar este (cada vez maior) conjunto de pessoas ao longo de décadas através de bolsas de “investigação”, de “doutoramento”, etc. Mas, poderemos garantir essa política de forma ilimitada e universal?
Deixem-me salientar aqui um aspeto para reflexão: um dos traços que caracterizava os países de leste - sociedades que Merkel conheceu bem e onde vigoraram sistemas comunistas e socialistas -, era a “excelência” do seu sistema de ensino, designadamente, as elevadíssimas taxas de alfabetização e formação superior dos seus cidadãos. Um modelo, portanto, próximo do modelo defendido pela “esquerda”.
No sentido de avaliar os prós e contras destas duas visões, não seria interessante sondar aos médicos, os engenheiros e toda a variedade de doutorados, oriundos e formados nesses países que, especialmente durante os anos 90 e porque o modelo económico desses países implodiu, se viram forçados a vir trabalhar para Portugal nas obras de construção civil, nos cabeleireiros e em outras profissões “qualificadas”, qual será a sua opinião sobre este assunto?
Nunca fiz a sondagem, mas tenho o palpite que esses tenderão a concordar mais com a Merkel do que com a opinião da nossas “elites” e o pensamento mediaticamente dominante…
No sentido de avaliar os prós e contras destas duas visões, não seria interessante sondar aos médicos, os engenheiros e toda a variedade de doutorados, oriundos e formados nesses países que, especialmente durante os anos 90 e porque o modelo económico desses países implodiu, se viram forçados a vir trabalhar para Portugal nas obras de construção civil, nos cabeleireiros e em outras profissões “qualificadas”, qual será a sua opinião sobre este assunto?
Nunca fiz a sondagem, mas tenho o palpite que esses tenderão a concordar mais com a Merkel do que com a opinião da nossas “elites” e o pensamento mediaticamente dominante…