24 novembro, 2014

Sócrates e a profecia do líder capaz de unir “as esquerdas”.


Foi divertido, quando questionados pelos jornalistas sobre a detenção de Sócrates, ver a malta do BE comportar-se como os comentadores da situação: "não comentámos casos de justiça...", “à justiça o que é da justiça…”. 

Basta recordar a reação dos bloquistas em casos como o BPN, o BPP o BES – casos que, na narrativa da esquerda, se identificam com a “direita” – para constatar um critério e reação completamente diferentes: alguma vez de se remeteram a um cauteloso "não comentámos casos de justiça..." ou, no seu estilo justiceiro, reclamaram justiça célere para os “culpados” mesmo antes de julgamento?!

Será que para o Bloco todos os cidadãos são mesmo iguais perante a justiça?!... Aparentemente, não.

Enfim, é mais um sinal da “política tribal portuguesa” onde os princípios se adaptam consoante a cor política dos envolvidos. Como Sócrates (ainda que seja apenas pelo rótulo) se identifica com a “esquerda”, as reações prudentes de BE e PCP – por oposição à habitual chafurdice - são muito interessantes, até porque são estes os partidos que mais poderão beneficiar politicamente da situação, “roubando” votos o PS.  

Será que o pavor de ver a "direita" beneficiar com este caso, será o mote para a união "das esquerdas"? Tudo indica que sim, desde as teorias da cabala do PS (pelas quais Costa nunca irá dar a cara, claro…), à postura do BE e PCP ou a posições mais assumidas como esta do PCTP/MRPP.

"A rocambolesca e provocatória prisão de José Sócrates realizada ontem à noite pela Policia Judiciária constitui um verdadeiro golpe de Estado em curso, desencadeado por intermédio daquela polícia e que visa directamente os partidos à esquerda do PSD."
 
Será Sócrates o "chosen one"? O líder capaz de juntar toda esta gente "de esquerda" sob a mesma bandeira?

Veremos também como a gestão mediática do caso vai ser gerida. Alguns comentadores, já ouvi, começam a avançar como a seguinte ideia: “isto não atinge apenas Sócrates mas todos os políticos do regime!”. Não vá isto beneficiar politicamente algumas forças políticas...