07 novembro, 2014

Manifesto contra o “chico-espertismo”.

Quando surgiu o célebre Manifesto dos 70 sobre a renegociação da dívida, o PS era a favor. O então e ainda atual, Governo, era contra.

Quando o Governo renegociou as maturidades e taxas do empréstimo da Troika, o PS criticou porque isso não "resolvia o problema” de Portugal, que a medida era tardia. Em qualquer medida anunciada por Passos / Gaspar / M.ª L. Albuquerque sobre controlo do défice ou da dívida, o PS manifesta-se convicta e frontalmente CONTRA!

Note-se que qualquer solução para reduzir os encargos e constrangimentos decorrentes da dívida gigantesca que o país acumulou terá sempre “espinhos” e implicará sacrifícios dos portugueses. O PS sabe-o, qualquer pessoa minimizante informada – especialmente jornalistas – deviam sabê-lo. A única coisa que teria resolvido o “problema da dívida” era não a ter (mais do que) duplicado no consulado socialista de Sócrates… 
 

Agora, pasme-se, o PS vem dizer que não tem uma posição definida sobre a dívida… Não tem!?

Só se poderá concluir, então, que a única convicção profunda do PS parece ser estar contra a posição defendida pelo Governo - qualquer que ela seja! E depois, aproveitando a boleia da “guerrilha mediática”, movida pelos habituais comentadores de serviço e uma significativa maioria do jornalismo hostil ao Governo "de direita", vai arrebanhando uns votos aqui e acolá criando a ilusão que este problema se resolverá sem custos para os portugueses…


Não sei se esta forma de “fazer política” está mais alinhada com os “valores do 25 de Abril” ou com a “ética republicana” – argumentos que, recorrentemente, fazem parte dos discursos dos mesmos ilustres socialistas –, mas, o que gostaria de perguntar é o seguinte: 

Serão estes os políticos que vão colher a preferência dos portugueses?

Serão estes políticos que merecem (voltar a) governar o Pais?


Onde melhor se enquadrará este tipo de política do “contra, apenas porque sim”? Mais próxima das democracias ocidentais - das democracias do norte da Europa (que os mesmos socialistas tanto gostam de invocar) -, ou mais próximas de fenómenos que ainda se passam no continente africano onde, infelizmente, ainda funciona mais ou menos assim: o que a “tribo inimiga” defende, a “minha tribo” tem de defender o contrário.

Mas, o mais pernicioso para sociedade portuguesa ou para o “fortalecimento da democracia” portuguesa (que tantos indignados dizem querer...) nem é, diga-se, o comportamento dos socialistas. Sejamos claros, o papel de um político é captar votos, conquistar o poder. Assim, é “desculpável” que o seu comportamento se adapte a esse objetivo. O que não está bem no nosso país, é constatar que este tipo de conduta – do mais puro oportunismo – compensa!

Mas, só compensa para alguns...
Qualquer declaração de Passos Coelho, de outro membro do governo ou de personalidades que corroborem as suas posições (Isabel Jonet, lembram-se?) que possa ser contraditória com algo que disse há 1, 2 ou 3 anos, dá logo aso a um chorrilho de artigos e uma reportagem no telejornal. Logo, uma torrente de comentários e posições de indignados com o "disparate", a "falta à verdade", etc., toma conta do espaço mediático.
 
Já as posições de socialistas, comunistas e outros que andam à procura da sua entidade, não contam com qualquer escrutínio ou contraditório. O resultado - “à esquerda”, nunca há contradições ou trapalhadas!

Porque compensa o oportunismo e o chico-espertismo em Portugal?... Porque, desde que seja para “malhar na direita”, qualquer estratégia é válida e poderá contar com a cumplicidade e a benevolência da comunicação social.


Como Vasco Lobo Xavier aqui bem diz:
"A única coisa que este país merece, mesmo, é a comunicação social que tem."