08 abril, 2013

Haraquíri de Passos



“Um Não dito com convicção, é melhor e mais importante que um Sim dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações.”


Mahatma Gandhi
 
Passos, ao optar por um “sim” para evitar complicações, cometeu um erro. Desde que assumiu a liderança do PSD, definiu a dimensão e a despesa do Estado, como “O” problema a resolver - esta era a sua receita.

Cedo a sua “receita” teve de ser adaptada. Com o chumbo do TC aos cortes nos subsídios de férias e Natal da função pública em 2012, viu-se forçado a um aumento generalizado de impostos no OE de 2013, em vez de um ajustamento mais direccionado ao sector público.

Depois da  alteração da sua “receita”, percebeu, aquando da proposta de reforma TSU, que também não poderia usar os seus ingredientes, tal é o fosso entre o seu paladar “liberal” e os aromas do “caminho socialista” a que a sociedade portuguesa tanto se habituou.

A ideia, da redução da TSU para as empresas e aumento para os trabalhadores (com rendimentos superiores a 700 €, recorde-se), era, através da redução dos custos de contexto, uma aposta na atracção de investimento (estrangeiro e nacionais) únca via para fomentar a criação de emprego, ou, ao reduzir os encargos de empresas,  pelo menos evitar a falência de algumas e com isso reduzir o n.º de desempregados e os encargos que o Estado terá de comportar através de despesa social.

No livro português de receitas, este prato chama-se “transferir capital dos trabalhadores para os patrões”. De sabor mais familiar, foi confeccionada mais uma dose de “aumento brutal e generalizado de IRS”, prato tradicional de comida portuguesa. 

Com a sua receita de “redução da dimensão e despesa do Estado” adulterada, com os ingredientes de 2ª e 3ª escolha, o Chef Passos viu ainda ser chumbado o seu método de confecção pelo TC (Tribunal da Confecção), alegando que a sua cozinha ainda é demasiado indegesta para os funcionários públicos Vs os do sector privado…  

 
 
O Chef Passos devia ter dito Não… aquele discurso foi deprimente. A clientela (quer do público quer do privado) continuará a “reclamar do serviço” porque as suas expectativas continuarão a ser completamenete defraudadas. Ele, sem convicção no que está a fazer e a seguir uma receita não é a sua, continuará a tentar explicar que - com estes ingredientes - essas expectativas não são concretizáveis.
 
Isto não faz sentido, o pântano está de volta.