10 abril, 2013

Gloriosa República Socialista Portuguesa


O pedido de ajuda externa que culminou com o Memorando assinado em Maio de 2011 (há menos de 2 anos, portanto), foi o derradeiro sinal que Portugal tinha que “mudar de vida”. O Estado português, tal como está, é insustentável - mas continuamos a discutir sobre a necessidade / desnecessidade, de cortes para baixar o défice para 4% - 5% do PIB, quando este deveria ser ZERO!

Mas Portugal “é o que é” e uma parte significativa da sociedade prefere continuar a viver na realidade paralela socialista (formatada, em larga medida, pelo pensamento socioeconómico e político, que domina as redacções e o jornalismo luso). Continua a acreditar-se que, batendo o pé ou fazendo birrinha, “os credores” continuarão a financiar os direitos e benesses que a sagrada Constituição da República Portuguesa nos reserva.
 
É (e será) impossível sair do marasmo económico em que Portugal se encontra, sem beliscar a "lei fundamental". Esta é a clarificação que não pode mais ser adiada e, por isso, Passos comete um erro em não bater já com a porta e permitir que este logro se arraste.
 
Os cortes alternativos (a conhecer nos próximos dias) terão um impacto mais recessivo sobre a economia que os cortes chumbados pelo TC, porque recaírão sobre os agentes mais fragilizados neste momento económico: as pequenas e médias empresas. Muitas empresas fornecedoras do sector público estavam já no seu limite e, nova contracção do cliente Estado, atirará muitas delas para a falência... O resultado: menos receita para o Estado e mais despesa com subsídio de desemprego. Em suma, a relação - nunca explorada por comentadores e jornalistas -, entre as decisões do TC e a espiral recessiva.

Nos últimos dias, a CRP tornou-se a Bíblia dos situacionistas. Conceitos como despesa Vs receita ou princípios básicos de matemática e aritmética, não rivalizam com a “ciência constitucional”.  Redigida em 1976 - como terá conseguido Portugal existir entre 1143 e 1975?! - e convertida no guia definitivo e indissociável dos caminhos a trilhar no futuro luso, convém recordar qual a origem e orientação na base da concepção desse mesmo guia e onde o mesmo nos conduzirá...
 
 

"A Constituição da III República em boa companhia

Lista dos países (comunistas e não-comunistas) em que o Socialismo está inscrito nas respectivas constituições:
- República Popular do Bangladesh
- República Popular da China
- República Popular Democrática da Coreia (do Norte)
- República de Cuba
- República Cooperativa da Guiana
- República da Índia
- República Democrática Popular do Laos
- República Portuguesa
- República Democrática Socialista do Sri Lanka
- República Unida da Tanzânia
- República Socialista do Vietname.
Fonte: Wikipedia - List of Socialist Countries

E é assim 39 anos depois do 25 de Abril, 38 depois do 25 de Novembro, 31 depois da revisão constitucional de 1982, 27 depois da adesão à CEE, 20 depois da criação da União Europeia, 11 depois da entrada em vigor do Euro.
E depois a culpa é da Troika e da Merkel."
 
... e que futuro resplandecente será esse!