Este argumento do "Há mais
de um ano que eu disse que havia outro caminho" ou “"O PS teve razão
no tempo certo", diz Seguro”, são exemplares do chico-espertismo à
portuguesa…
Da memória curta...
Vejamos: os Srs. do partido que se diz socialista, levaram o País à bancarrota, chamaram o FMI e, em Maio de 2011, assinam um memorando que seria sempre uma “bomba social". Fosse PS fosse PSD/CDS a governar, bastava ler os montantes dos cortes previstos para 2012 e 2013 para tirar essa conclusão (mas ler este tipo de documentos é coisa que muitos jornalistas não gostam de fazer, são demasiados números…).
Vejamos: os Srs. do partido que se diz socialista, levaram o País à bancarrota, chamaram o FMI e, em Maio de 2011, assinam um memorando que seria sempre uma “bomba social". Fosse PS fosse PSD/CDS a governar, bastava ler os montantes dos cortes previstos para 2012 e 2013 para tirar essa conclusão (mas ler este tipo de documentos é coisa que muitos jornalistas não gostam de fazer, são demasiados números…).
Apenas 6 (Seis) meses depois de
abandonar o poder, no início de 2012, um extraterrestre que visitasse este belo
País e ouvisse qualquer socialista a falar “contra a austeridade do custe o que
custar”, da necessidade de “renegociar a dívida”, que “o meu caminho é outro, o
do crescimento económico”, etc., só poderia concluir que esses Srs. nada teriam
a ver com o que se passava em Portugal …
O que não deixa de ser estranho é
que, mesmo entre o cidadão comum luso, muitos aparentam não saber que o PS governou,
quase ininterruptamente, entre 1995 e 2011 (com apenas 2,5 anos de intervalo de
Barroso / S. Lopes). O que faz de muitos portugueses verdadeiros
“extraterrestres” na sua própria terra!
Claro que esta percepção não poderia existir sem a indispensável colaboração deste jornalismo militante. Por
exemplo, faz sentido atribuir, a PS e a PSD - como muitas vezes se vê no espaço mediático - responsabilidades iguais
relativamente à governação dos últimos 20 anos, quando os socialistas
governaram mais de 80% do tempo?!
São contra a austeridade e pelo
crescimento económico, como se alguém fosse contra… Portugal investiu (na
verdade gastou…) na última década como nenhum governo fez anteriormente e a economia não cresceu!
De quantos anos precisaríamos para ver o milagre do crescimento anunciado pelos
socialistas? Mais 5, 10, 20 anos?!
E o desemprego? Mesmo com dezenas
de milhares de milhões de Euros, oriundos dos “maléficos” mercados, gastos a
atapetar o País de auto-estradas (onde não passa ninguém) ou para plantar uma
eólica em cada monte (o que fez a factura de electricidade duplicar), o
desemprego continuou a subir. Em 2005 era de 7%, no final de 2011 era de 14%.
Ainda assim vimos socialist…perdão! Comentadores, tentando explicar que a promessa dos 150.000 empregos até foi cumprida!...
Depois, os mercados que, ao contrário
do que passa na comunicação social, tão bem se deram com os governos
socialistas - começaram a desconfiar que Portugal poderia não pagar…
Chegou a factura, quem paga?...
Como alguns, esses sim vinham avisando - mas, durante uma década, foram ignorados pela "elite bem pensante" instalada na capital -, a fonte secou e, com ela, todo o modelo económico montado no consulado Sócrates.
Sem dinheiro para asfalto, betão, barragens, computadores Magalhães, ventoinhas, etc., o desemprego, inevitavelmente, acentuou a sua subida e, para além dos 4.000 M Euros/ano de despesa adicional para os contribuintes pagarem, ficamos ainda com maiores despesas sociais…
NOTA para “jornalista militante perceber”: a supressão dos subsídios de férias e Natal, por ex., “rende” ao Estado metade dessa verba, aproximadamente 2.000 M € (pergunto-me quantos jornalistas da praça não saberão isto… e se eles não sabem, como podem informar os cidadãos?!)
Em resumo, por muita indignação, gritaria e intoxicação, que jornais, telejornais e rádios, é preciso muita memória curta, demagogia e desonestidade, para ocultar que foi neste contexto que, há 1,5 anos, chegam Passos & Gaspar, ao governo…
Sobre renegociação do Memorando.
Há muito se percebeu que a estratégia do Governo incluía uma revisão das condições. Mas a estratégia do Governo, até aí sistematicamente colada à Grécia, recorde-se, passava por provar que era capaz de fazer os ajustamentos a que se comprometeu (ou tentar), permitindo-lhe assim ganhar a confiança e alguma autoridade moral, para negociar essas novas condições.
Dizer que Passos “mudou agora” - soundbyte que será repetido nos mídia nos próximos dias -, é portanto uma garotice, obviamente o 1º Ministro não podia andar a dizê-lo em público. Felizmente, até há provas disso: esta célebre conversa entre Vítor Gaspar e Wolfgang Schauble, ocorrida em Fevereiro de 2012.
Já esta frase: "Há mais de um ano que eu disse que havia outro caminho", essa sim, é fazer dos portugueses parvos e só demonstra a incompetência dos recentes e actuais, representantes do partido socialista.
Então, o PS, que em meados de 2012, assina um documento – que denomina de bom para Portugal - onde se comprometia, quer através de cortes, quer através do aumento de impostos, com as metas de défice que este governo tem agora de cumprir - praticamente no dia seguinte – passou a defender que afinal, aquele documento, levaria Portugal à ruína?!…
E os nossos jornalistas, fundamentais nas escolhas políticas que os portugueses tomam, colaboram com esta chico-espertice...