25 janeiro, 2013

Dos festejos ao ressabiamento – A agridoce ida aos mercados.


Não deixam de ser curiosos e inconsistentes, os argumentos daqueles que diminuem o sucesso da ida aos mercados dizendo coisas como estas: "só lá fomos contrair mais dívida para pagar no futuro" ou mesmo comentários do calibre de “como podemos estar contentes por ver um toxicodependente voltar a consumir droga?! ”...
Este tipo de raciocínio só pode resultar de má fé ou... desinformação (as usual...)! Meus senhores, Portugal, mesmo que a partir de hoje tivessem défice "0", teria e terá, SEMPRE que ir aos mercados em função da dívida que foi contraída anteriormente! Aqui, poderão consultar o calendário de amortização da dívida portuguesa prevista nos próximos anos.

A situação merecerá festejo?
Atendendo à situação do País e dos portugueses, que permanece muito complicada, Não.
Mas! Portugal estava a meio de uma ponte, a grande questão era saber se iriamos para o "lado grego" (o lado condenado...) ou se atravessaríamos para o "lado irlandês". O êxito da operação, em função grande e diversificada procura, é um forte indício que a dívida portuguesa (ao contrário da grega) poderá ser financiável em condições de mercado.
Assim, considerando que sem este requisito (do financiamento da dívida) não existiria salvação possível e porque se trata da primeira boa notícia desde que Sócrates e a sua pandilha nos meteram nesta situação, só o RESSABIAMENTO daqueles que torcem para que a estratégia de Passos & Gaspar falhe, pode explicar o incómodo e a azia nas criticas lançadas  a quem sente  que este acontecimento merece festejo.
Ainda há 1 ano atrás, recorde-se,Portugal ocupava o 2º lugar no ranking dos países em risco de incumprimento e muitos, nomeadamente aqueles comentadores e jornalistas da “situação”, vaticinavam que apenas meia dúzia de meses nos separavam da Grécia.
Impactos na “vida real” – Sector Privado
Outro aspecto positivo da operação reside na expectativa de que a banca comercial volte a ter acesso aos "tais" mercados. O Memorando da Troika, negociado pelo PS, não previa a necessidade de financiamento do sector empresarial do Estado. Os 78.000 M Euros eram curtos… 
Os bancos nacionais, para além da escassez de recursos continuaram a direccionar o crédito para ao Estado (em vez das empresas e cidadãos), pois este estava completamente falido! Sem esses empréstimos, muitas empresas públicas não teriam dinheiro para pagar salários (Refer, C, RTP, etc…).
O acesso aos mercados pela banca poderá ser desbloqueado e, gradualmente, financiamento poderá chegar às empresas e cidadãos em melhores condições, designadamente, spreads e taxas de juro mais baixas (por ex., enquanto os spreads actualmente em vigor para o crédito à habitação não baixerem, o sector imobiliário dificilmente recuperará...).  
Impactos na “vida real” – Sector Público
Agora, o sucesso desta operação não invalida a necessidade IMPERIOSA do Estado continuar a emagrecer, temos de equilibrar receitas e despesas para não voltarmos a "cair nas mãos" dos credores.
Pensar que isto significa o fim dos sacrifícios, só dará em desilusão. Convém agora que os habituais comentadores e jornalistas manhosos não confundam as coisas...  
Para finalizar, em relação aos comentários citados no início do texto daqueles que vêm como negativa esta ida aos mercados, só me ocorre uma questão:


Por onde andava esta gente (aparentemente) tão adversa ao endividamento público entre 2005 e 2010!?...