A Comunicação Social portuguesa, tem dado grande destaque ao escândalo de financiamento ilegal do PP espanhol (e o possível envolvimento de Rajoy).
Não, não vou dizer que este interesse, e referências ao assunto, só acontece porque se trata de um partido ligado à direita. Em questões de justiça, de matéria criminal, etc. - ninguém está acima da Lei - e a investigação, e denúncia destes casos, deve ser um dos principais objectivos que o Jornalismo deve persegur.
Dito isto, não posso deixar de constatar que o Jornalismo luso parece demonstrar um interesse muito maior pelo caso que decorre no país vizinho, do que em relação a outro bastante similar (também relacionado com pagamentos olegais oriundos de construtores civis) mas que se passa em Portugal, envolvendo o partido socialista, e que o “i” divulgou há uns dias atrás…
Dito isto, não posso deixar de constatar que o Jornalismo luso parece demonstrar um interesse muito maior pelo caso que decorre no país vizinho, do que em relação a outro bastante similar (também relacionado com pagamentos olegais oriundos de construtores civis) mas que se passa em Portugal, envolvendo o partido socialista, e que o “i” divulgou há uns dias atrás…
Reparem-se nas semelhanças…
No financiamento ilegal do PP: “Na contabilidade secreta, para além dos pagamentos à cúpula do partido, surgem ainda referências a “doações” feitas por empresários, na sua maioria ligados à construção civil. Seria deste dinheiro que entrava na contabilidade paralela do PP que saíam os pagamentos extra aos dirigentes.”
No financiamento ilegal do PS:
No financiamento ilegal do PS:
Foram ainda encontrados outros registos que descrevem “entregas de dinheiro e de bens de consumo a titulares de cargos políticos e funcionários da Câmara Municipal da Amadora”, entre os quais Joaquim Raposo e Clemente da Silva, arquitecto que então dirigia o Departamento de Administração Urbanística da autarquia. O director do Urbanismo teria recebido 12 500 euros em dinheiro em Julho e Dezembro 2013. Já Joaquim Raposo, teria recebido 1250 euros, divididos em três tranches, entre Dezembro de 2000 e Julho de 2001. “Pese embora tais registos”, e embora nenhum dos dois tenha querido prestar declarações sobre essas quantias em sede de inquérito, o DCIAP concluiu não haver “elementos que indiciem terem sido tais quantias efectivamente recebidas” por Raposo ou por Clemente da Silva.”
Constatem-se as diferenças: o que separa os dos casos?
Bem, relativamente ao caso espanhol, decorre a investigação. No caso português e apesar de todos os indícios referidos na peça do “i”, o caso foi arquivado… (aconselha-se a leitura na íntegra da peça do "i". Este arquivamento, só por si, deveria obrigar qualquer jornalista decente a levar este caso e investigação até ao fim)
Relativamente ao tratamento mediático, também se constatam diferenças: enquanto o caso espanhol está a ter grande destaque na agenda mediática nacional (nomeadamente, nos noticiários televisivos), o caso do financiamento ilegal do PS, à excepção da publicação no “i”, foi completamente ignorado.
Depreende-se assim, que este caso relacionado com o partido socialista, o qual nunca vi referido num telejornal ou nos noticiários de maior audiência, será de menor relevância para os cidadãos portugueses que o caso do PP espanhol… não existia, conclui-se, matéria suficiente para uma polémica, são critérios!
Enfim, tanto destaque dado a casos de financiamento ilegal no estrangeiro, quando temos casos tão bons cá dentro, e logo ali ao lado das redacções da capital... Caso para fazer um apelo aos Sr. jornalistas “o que é nacional também é bom”!...