03 fevereiro, 2013

Daria um excelente "Escândalo!", se fosse para malhar na Direita...


A Comunicação Social portuguesa, tem dado grande destaque ao escândalo de financiamento ilegal do PP espanhol (e o possível envolvimento de Rajoy).
Não, não vou dizer que este interesse, e referências ao assunto, só acontece porque se trata de um partido ligado à direita. Em questões de justiça, de matéria criminal, etc. - ninguém está acima da Lei - e a investigação, e denúncia destes casos, deve ser um dos principais objectivos que o Jornalismo deve persegur.

Dito isto, não posso deixar de constatar que o Jornalismo luso parece demonstrar um interesse muito maior pelo caso que decorre no país vizinho, do que em relação a outro bastante similar (também relacionado com pagamentos olegais oriundos de construtores civis) mas que se passa em Portugal, envolvendo o partido socialista, e que o “i” divulgou há uns dias atrás…
 

Reparem-se nas semelhanças…

“50 mil euros para o PS.  Entre Dezembro de 1999 e Abril de 2002, terão sido transferidos mais de 50 mil euros para o PS. Guilherme Marques Guimarães, coordenador da secção socialista da Damaia, foi o único a confirmar que aqueles empreiteiros tinham pago despesas do jantar comemorativo do 25 de Abril, em 2002, no valor de 2500 euros.

Foram ainda encontrados outros registos que descrevem “entregas de dinheiro e de bens de consumo a titulares de cargos políticos e funcionários da Câmara Municipal da Amadora”, entre os quais Joaquim Raposo e Clemente da Silva, arquitecto que então dirigia o Departamento de Administração Urbanística da autarquia. O director do Urbanismo teria recebido 12 500 euros em dinheiro em Julho e Dezembro 2013. Já Joaquim Raposo, teria recebido 1250 euros, divididos em três tranches, entre Dezembro de 2000 e Julho de 2001. “Pese embora tais registos”, e embora nenhum dos dois tenha querido prestar declarações sobre essas quantias em sede de inquérito, o DCIAP concluiu não haver “elementos que indiciem terem sido tais quantias efectivamente recebidas” por Raposo ou por Clemente da Silva.”
 

Constatem-se as diferenças: o que separa os dos casos?

Bem, relativamente ao caso espanhol, decorre a investigação. No caso português e apesar de todos os indícios referidos na peça do “i”, o caso foi arquivado… (aconselha-se a leitura na íntegra da peça do "i". Este arquivamento, só por si, deveria obrigar qualquer jornalista decente a levar este caso e investigação até ao fim)

Relativamente ao tratamento mediático, também se constatam diferenças: enquanto o caso espanhol está a ter grande destaque na agenda mediática nacional (nomeadamente, nos noticiários televisivos), o caso do financiamento ilegal do PS, à excepção da publicação no “i”, foi completamente ignorado.
Depreende-se assim, que este caso relacionado com o partido socialista, o qual nunca vi referido num telejornal ou nos noticiários de maior audiência, será de menor relevância para os cidadãos portugueses que o caso do PP espanhol… não existia, conclui-se, matéria suficiente para uma polémica, são critérios!

Enfim, tanto destaque dado a casos de financiamento ilegal no estrangeiro, quando temos casos tão bons cá dentro, e logo ali ao lado das redacções da capital... Caso para fazer um apelo aos Sr. jornalistas “o que é nacional também é bom”!...