07 junho, 2013

O Paradoxo socialista Vs a Realidade

 
Diariamente ouvimos dizer que a política de austeridade não resulta e que existia um “caminho alternativo”. Esse “caminho”, invariavelmente, envolve “medidas de estímulo à economia”, “medidas de crescimento”, bla, bla, bla… Isto é uma falácia que continua a ser propagandeada pelas redacções e o jornalismo militante.

A menos que Seguro, Jerónimo ou a parelha bloquista, dissessem que têm consigo alguém que avança a fundo perdido com 3 - 4 mil milhões de Euros por ano, a “austeridade” é inevitável. Mas é assim que em Portugal se discute a saída da crise, na sequência de bondosos anúncios do “outro caminho”, de menos dor e menos sacrifícios, nunca se ouve uma palavra sobre como, ou de onde, viria o financiamento dessas medidas “salvadores”, ou seja, toda a discussão assenta em pressupostos fictícios, ou, no domínio da fé.

Mas, diariamente, como se dizia, lá está alguém a dizer-nos que havia "outro caminho” e, claro, que os cortes, e os sacrifícios, apenas se devem aos malvados Passos & Gaspar … Isto faz lembrar um célebre paradoxo grego - o paradoxo de Zenão – que, para quem não conheça, consiste no raciocínio seguinte: Aquiles e uma tartaruga, vão disputar uma corrida. Como Aquiles era 10 vezes mais rápido, ele deu um avanço de 100 metros à tartaruga. O argumento de Zenão é que Aquiles nunca alcançará a tartaruga, pois quando completar os 100 metros, a tartaruga já avançou 10 metros, quando Aquiles correr esses 10 metros, a tartaruga já avançou 1 metro… e assim sucessivamente. Aquiles, de acordo com este paradoxo, nunca alcançará a tartaruga, pois sempre que ele se aproximar dela, ela já terá andado mais um pouco.

Este raciocínio é verdadeiro e poderemos ter uma infindável discussão com alguém sobre quem venceria a corrida (até poderíamos substituir Aquiles pelo U. Bolt….). Mas esta argumentação só é válida se assente numa abstracção teórica, obviamente,  na dimensão que habitamos - na REALIDADE - Aquiles alcançará, ultrapassará, a tartaruga a partir dos 111 metros.

Assim decorre em Portugal a discussão em torno do plano de resgate e do “caminho de austeridade da troika”– dizer que “existia outro caminho”, é uma falácia, uma abstracção teórica. Pois, aquele empréstimo e aquele memorando, são “O” caminho – NÃO HÁ DINHEIRO, ACABOU! E às vezes a discussão atinge o patamar do ridículo. Ver como este assunto é tratado na agenda mediática, onde, existem os “bonzinhos” que querem crescimento Vs os “mauzões” que querem a austeridade, leva a discussão para um nível confrangedor (ainda mais, quando aqueles que se afirmam “contra a austeridade”, vão escrever cartas à troika a dizer que as metas do memorando são para cumprir…). 

Porque se insiste em iludir os portugueses? Portugal, inevitavelmente, terá de ajustar a sua despesa à receita que consegue gerar. Aqueles que dizem que é possível fazê-lo sem austeridade mas com “aposta no crescimento” com “investimento público”, na prática, estão a dizer aos portugueses que a tartaruga ficará à frente de Aquiles…  

Mas a agenda mediática, graças à proximidade de opinião das redacções com a esquerda, continuará tomada pelos “vendedores de ilusões". As aberturas de telejornal e as manchetes estão reservadas aos mesmos de sempre e à sua mensagem: que estes “cortes eram desnecessários”, que “existia outro caminho”, etc., Já pensou, por ex., porque será que forças como o BE, que representam menos de 4% da população portuguesa, ocupam mais de metade dos telejornais com a sua visão e ideologia?...

Só quando a “república socialista portuguesa”, voltar para os braços da esquerda é que o clima vai serenar. Não raras vezes, é dito que todo o mal de que o País padece tem origem nos últimos dois anos de governação… como se desde 1995 até 2011 (com o breve intervalo de 2,5 anos) não tivéssemos tido remédio suficiente da receita socialista. Afinal, se durante esse período - em que o financiamento era abundante – o resultado das “políticas de crescimento” foi a bancarrota de 2011, como é possível, num contexto de financiamento exíguo, esse mesmo “caminho” fosse agora redundar em crescimento?! Se isto não é um paradoxo…

É neste jogo de palavras, nestes paradoxos que apenas funcionam nos discursos e na retórica (veja-se o “efeito” Hollande, por ex.), que a “esquerda” vai angariando os seus seguidores:

      - aos que sofrem os cortes ditados pela “direita”, a “esquerda” levará o subsídio;

      - aos que ficam sem emprego por responsabilidade da “direita” (apesar dessa tendência vir desde 2000), a “esquerda” assegura que é a sua aposta no crescimento, resolverá o problema da noite para o dia;

      - aos que apenas vêm a “direita” a actualizar o seu salário em x %, a “esquerda” multiplicará esse aumento no dobro ou triplo;

Enfim, é o que temos e não parece que vá nudar…