27 outubro, 2014

Com a corrupção podemos nós bem... perder o subsídiozito, isso é que não!


http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/26/politica/1414353687_757868.html

Mais do que o desempenho ou a estratégia de Aécio Neves, penso que o resultado das eleições brasileiras decorre deste simples facto: por acreditarem que a sua manutenção no poder conservará aberta a "torneira" dos apoios estatais e subsídios, as "massas" disponíveis para votar em Dilma superaram as "massas" que olham para a evolução económica brasileira recente e concluem ser imperativo um travão no modelo socialista.


Entre os que votaram em Dilma, milhões sabem que a economia do país se vem degradando e que as promessas feitas na campanha não serão cumpridas. Ainda assim, por anos de “formatação ideológica” (lógica esquerda amiguinha dos pobres Vs direita dos ricos) votam na força política que, supostamente, os protegerá e que lhes continuará a garantir a esmola. E isto até pode ser verdade, mas apenas no curto prazo. Veja-se o caso da Venezuela ou de qualquer outro país que tenha enveredado pela receita socialista. 
 


Obviamente, em meia dúzia de semanas, a realidade encarregar-se-á de se sobrepor à "fé ideológica" e a desilusão baterá à porta de milhões de brasileiros. Dentro de 2 meses, através dos telejornais, lá estarão milhões nas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo, muito indignados com a corrupção e as promessas não cumpridas dos políticos…

A grande incógnita dos próximos tempos será esta: irá o Brasil entrar num processo de aproximação à Venezuela ou irá a próxima vaga de convulsões sociais ditar a interrupção do ciclo que agora se inicia e termina em 2018?
 
 
 
P.S.: Lembram-se de ver nas televisões as manifestações "generalizadas" da sociedade brasileira contra a corrupção do PT? No fundo, até existe um paralelo entre estas Presidenciais de 2014 no Brasil e as nossas Legislativas de 2009…

“... Nessa altura Sócrates arrecadou 37% dos votos contra 29% de Manuela Ferreira Leite. Apoiado num discurso completamente falso e irrealista, de mais estado social e mais investimento público (num momento em que a torneira do crédito se fechava) enquanto MFL – sobre quem não existiam dúvidas de carácter - alertava para o descalabro que aí vinha se não houvesse uma inversão de política. Os resultados dessas eleições são a prova, a evidência, reveladora das escolhas e preferências dos portugueses, quando confrontados com alguém que lhes aponta a verdade (que normalmente implica um caminho mais difícil) e alguém que lhes vende ilusões…

Como pode ser compatível o desfecho das eleições de 2009, com o tal país das petições e manifestações que, constantemente, reclamam “moralidade” aos seus políticos e onde os seus habitantes se declaram tão intolerantes com comportamentos não éticos?!


Nos jornais e televisões fazem-se anúncios tremendos: “Os portugueses saíram à rua” e lá os vemos, aos milhares, indignados com os “gatunos dos políticos”. Na rádio, televisão e jornais, diz-se que os portugueses estão cansados de serem “enganados” e que são pessoas revoltadas contra as injustiças e as iniquidades. Pois, pelas razões acima indicadas, desde 2009 a propósito de manifestações e petições, pergunto-me que percentagem dos indignados lá estão por uma simples questão ideológica (talvez tribal seja mais adequado…), isto é, manifestam-se por serem “anti-esquerda” ou” anti-direita”, em vez de ali estarem por consistentes razões éticas e pela “moralidade” na vida pública.


Pergunto-me até, quantas daquelas pessoas desmobilizariam e deixariam os cartazes cheios de princípios e valores caídos no chão, ao primeiro aceno de um subsídio extra ou de um empregozito, pois foi precisamente baseado nesta ideia - que era possível continuar a distribuir benesses - que Sócrates ganhou em 2009.”

(post na íntegra)