"Donativos ao Banco Alimentar Contra a Fome cairam 15%"
"O Banco Alimentar Contra a Fome recolheu este fim de semana mais de duas mil toneladas de alimentos na campanha realizada em cerca de duas mil superfícies comerciais, números que representam um decréscimo de 15% em comparação com 2013."
Como explicação para a redução de donativos "... a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, explica a descida pelo bom tempo que levou muitas pessoas para a praia, e também pelos festivais de música e eventos desportivos."
Talvez estes fatores tenham exercido a sua influencia, mas - para quem tenha alguma memória - não poderá deixará de notar outro aspeto que muito provavelmente teve a sua influência: por comparação com anteriores edições, o reduzido destaque e a quase inexistente cobertura mediática atribuídas à iniciativa do B.A..
Se a recolha de alimentos caiu 15%, o tempo de antena dedicado aquela relevante iniciativa, caiu, seguramente, uns 80%...
Basta recuar ao início de 2013, para recordar o episódio que determinou a passagem daquela que era, até então, uma das mais relevantes figuras da nossa sociedade civil, em "persona non grata" aos olhos de uma parte significativa da comunicação social e redações.
Nada que "por aqui" não seja já por demais conhecido: a "boa imprensa" está apenas reservada ao restrito círculo dos eleitos...
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A relevância atribuída no espaço mediático aos que se têm dedicado a combater Isabel Jonet e as interpretações das suas palavras, é bem sintomático do clima de “guerrilha ideológica” que tomou conta da cobertura mediática do debate político em Portugal.
Na verdade, vê-se pouca gente interessa a na discussão do conteúdo dessas declarações, o que suscita o nível de “reacção” às mesmas é o seu significado político, designadamente, a circunstância de tais opiniões suportarem uma das linhas mestras do discurso do Governo – o célebre “gastamos, durante anos, acima das nossas possibilidades”.
Vejamos, independentemente das convicções e interpretações pessoais relativamente ao pensamento e às palavras de Isabel Jonet, se abandonarmos esse terreno subjectivo e questionarmos:
- Portugal está melhor ou pior, em virtude das suas acções?
- Se I. Jonet não tem responsabilidade no estado de calamidade a que o País chegou, faz sentido dedicar tanto escrutínio e tanta energia na fiscalização da sua conduta, em detrimento daqueles que, objectivamente, conduziram o país à atual crise?
- E, finalmente, atendendo aos problemas existentes no País, que vantagens para a sociedade portuguesa advirão da depreciação da sua imagem perante a opinião pública? E desvantagens?
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Se há algo que caracteriza o jornalismo atual, é a constante procura por polémicas (principalmente as que comprometem uma determinada opção ideológica...).
Mas, será que alguém pensa nas consequências desse clima de guerrilha mediática e ideológica?