“À boleia”, de um artigo de Henrique Raposo, prosseguimos com a temática “Dois países”
e/ou
do conflito existente entre dois modelos de sociedade em Portugal
e/ou
da predilecção da comunicação social pelo "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado" em detrimento do enjeitado "Portugal silencioso".
"Quando os nossos magnatas gostavam de fazer coisas
...
"Quando entro na fábrica, sinto o tremer do chão, se as máquinas
estão a trabalhar bem. Quando entro no banco não sinto nada".
Transmitida a
Ricardo Espírito Santo, esta frase de Champalimaud devia estar afixada nos
escritórios dos grandes grupos económicos portugueses, grupos que caíram na ladainha asséptica da terciarização, da
deslocalização, a ladainha da sociedade sem trabalho mecânico e manual
.
Quando pensa no conceito de empresário
português, a maioria das pessoas tem a tendência para invocar os nomes dos
Mello ou dos Espírito Santo. Este automatismo é injusto.
A base da nossa
economia, a nossa tábua de salvação, continua a malha das pequenas empresas. Não
têm apelidos com dois L, não são biografáveis, mas esta gente é o coração
da nossa sociedade. É assim agora, foi assim no passado.
Nos anos 50 e 60,
enquanto Champalimaud fazia fábricas em Moçambique, os pequenos empresários do
norte iniciaram a sua integração europeia, exportando para os mercados
europeus. Como se sabe, foi este caminho europeu que acabou por
triunfar ainda durante o Estado Novo .
E, meio século depois, o orgulho
made in Portugal continua nas mãos destas formiguinhas nortenhas e
europeístas.
"
Recordemos, o maior dos desafios que
se coloca a este País:
"-
sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e
queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa, e que passam
essencialmente pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas
décadas, quando será precisamente esse grupo - que domina
completamente a agenda mediática e
a "opinião pública" - o mais atingido por
essas medidas ?"