26 fevereiro, 2015

Serão deslizes de Costa ou estará a passar-se algo nas entranhas do PS?...


“A Direita esta a aproveitar-se das declarações de António Costa para…”

É neste tom que a Comunicação Social faz a introdução às declarações de Costa. Como é verdadeiramente delicioso ouvir, reler, aqui fica a frase:  

“Como nós dizemos em Portugal, os amigos são para as ocasiões. E numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses, os investidores disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela que estava há quatro anos". 
 
Ainda assim, dou a mão à palmatória - “até que enfim!” - podemos ver um telejornal passar algo que expõe a retórica e o palavreado dos que que visam atribuir às “políticas de austeridade” a origem de todos os males.
 



Mas, será que um político com a ronha de António Costa, comete deslizes destes?...

Repare, embora esta outra declaração não tenha tido destaque na comunicação social, numa conferência promovida pelo "The Economist", Costa teve outro momento em absoluta contradição com a sua linha de discurso politico:

"Como se tem visto nas últimas semanas, é um erro definir uma estratégia nacional que ignore a incerteza negocial e se bloqueie numa única solução.” “Numa união a 28 não é possível prometer um resultado que depende de negociações com várias instituições, múltiplos governos, de orientações diversas.”


Recordar, aquando da vitória do Syriza, que Costa celebrou esse acontecimento como sendo uma nova era - o "fim da austeridade".


É sabido que Costa não resiste a agradar uma plateia (o que diz algo sobre o que dele se pode esperar como governante…) e o ambiente destes dois eventos – na Póvoa, com a comunidade chinesa, e em Lisboa na conferência do "The Economist" – não era o propício a fazer declarações na linha “esquerda syrizante”, mas, custa-me muito acreditar que, em tão curto espaço de tempo, um político como António Costa possa cometer deslizes destes…


Será indicador que de algo que está a passar-se nas entranhas do PS?...



 

23 fevereiro, 2015

A Reforma do Estado. Se por cá é assim, imagino como será na Grécia…


Ora bem, os nossos municípios (por razões que não interessa agora analisar) têm demonstrado interesse em concessionar a empresas privadas os sistemas de abastecimento de água e recolha de águas residuais.

Para além dos serviços técnicos dos municípios, temos ainda pela parte do Estado a intervenção da Entidade Reguladora do Sector das Águas e Resíduos (ERSAR) e o Tribunal de Contas (TC).

Em Portugal, não se brinca com a “defesa do interesse público!


Nota: pelo meio, suspeito, existirão ainda os habituais escritórios de advogados – os locais, a assessorar o município – e os “tubarões” na capital a assessorar TC e ERSAR…


Vem isto vem a propósito desta singela notícia:

“O Tribunal de Contas (TC) acusa a Entidade Reguladora do Sector das Águas e Resíduos (ERSAR) de negligenciar a defesa do interesse público por não promover junto dos municípios a renegociação dos contratos de concessão de água.”

 

Ora bem, o TC diz que o ERSAR negligenciou a “defesa do interesse público”.

O ERSAR, contesta tal afirmação e refere ter adotado "… todas as medidas que em cada caso se revelam mais adequadas" e, no que à persecução de interesse público diz respeito, faz notar que “… manifestou reservas em termos da concretização de algumas recomendações como a implementação de mecanismos de partilha de benefícios com os utentes e/ou concedentes, materializada nos respectivos contratos ou eliminação de cláusulas contratuais que impliquem a transferência de riscos operacionais, financeiros e de procura para o concedente.” 

A notícia não revela o que municípios dirão sobre ERSAR e TC. Mas, se visados fossem, aposto que diriam que, em termos de “defesa do interesse público, o cidadão pode dormir descansado…


Quanto ao contribuinte - esse, que, com os seus impostos, paga a existência destas e de muitas outras entidades públicas, para, não raras vezes, estas virem pronunciar-se sobre contratos pejados de irregularidades mas em vigor há anos a fio -, perguntar-se-á:

Que raio quererão eles dizer por “defesa do interesse público”?...

 


Interroguem-se: porque se fala, há anos, na importância de uma "Reforma do Estado" e ela não acontece?!

"A redução da despesa e da carga fiscal, permitiria à generalidade dos cidadãos mais poder de compra e uma melhoria do seu nível de vida, no entanto, isso acarreta um empobrecimento da capital…"


Aqui e na Grécia, foi um modelo económico assente nos empregos sustentados pela burocracia - o “País que vive à mesa do Orçamento de Estado” -, o verdadeiro responsável pela crise. 

 



 

 

22 fevereiro, 2015

Grécia - Com Jornalismo assim, quem precisa de Censura?!


Observei com atenção, desde a noite de 6ª feira ,a cobertura mediática sobre o acordo alcançado na última reunião do Eurogrupo. Em resumo, um cidadão que forme a sua opinião essencialmente pelo que vê nos telejornais, dificilmente reterá algo diferente das seguintes ideias chave:

- O acordo foi uma vitória para o Syriza;

- O Governo português tentou obstaculizar esse acordo. Ou seja, de alguma forma, este acordo constitui uma derrota para Passos Coelho.

 - A posição do Governo português é vergonhosa pois “são mais alemães que os alemães”.


 

Considerando a missão de informar com rigor, serão estas as ideias que melhor traduzem o que se passou ou apenas refletem e confirmam o fascínio do nosso jornalismo pela esquerda radical?


Recordemos a posição inicial – as exigências, será o termo mais adequado - dos gregos e o que foi acordado na noite de 6ªfeira:

Renegociação da dívida vai avançar? Parece que não consta do acordo a realização da “Conferência sobre a dívida”, aliás, parece que os gregos planeiam pagar a totalidade da mesma.

Medidas como o aumento do salário mínimo e a readmissão de funcionários públicos também não saíram dos anúncios. No “mundo real”, os gregos comprometeram-se a “a não recuar nas medidas de austeridade em curso, ou a tomar decisões sobre politicas e reformas estruturais, sem consultar as instituições europeias

Ainda no início da semana, Tsipras garantia que não existiria pedido de extensão do programa “nem com uma pistola encostada à cabeça!”. O pedido de extensão seguiu na 5ª feira seguinte…

 

Ou seja, os atuais representantes gregos recuaram em praticamente tudo! As únicas vitórias do Syriza foram a substituição de palavras como “austeridade” e” troika”, por, “reformas” e “instituições”, respetivamente.


Embaraço, vergonha, indignidade e contos de crianças…

Pessoalmente, sinto vergonha e embaraço, mas de viver num país onde a comunicação social alinha com os delírios da esquerda radical, manipulando e insultando a inteligência dos cidadãos enquanto faz propaganda de uma mensagem completamente desfasada da realidade.

Até uma criança percebe que, se alguém recuou neste acordo, se a posição de alguém foi derrotada, foi a posição assumida pelo Syriza…


Uma mentira mil vezes repetida, transforma-se em verdade…

 Logo que o Syriza tomou posse e anunciou as suas prioridades, Passo Coelho referiu-se a elas desta forma:

"É sabido que o programa do partido que ganhou as eleições é difícil de ser conciliado com aquilo que são as regras europeias. O meu desejo é que seja possível conciliar, porque nós reconhecemos o enorme esforço que os gregos fizeram e esperamos que a Grécia se possa manter como um parceiro europeu da mesma moeda e da União Europeia. É esse o meu voto sincero",

Acrescentou, sobre os compromissos europeus em termos de controlo orçamental que o Governo grego "exerça nas suas competências tudo o que está ao seu alcance para conciliar as necessidades de crescimento que a Grécia tem com a necessidade também de cumprir as regras - que são regras que não foram desenhadas especialmente para a Grécia, são regras que são válidas para todos os países europeus".
Sem essas regras, a Europa desintegra-se", excluindo a via do seu incumprimento: "Isso não existe. Se existisse, não havia nenhum Governo que não seguisse esse caminho. Esse caminho não está disponível para a Grécia, como não está disponível para nenhum outro".

E concluiu, apelidando de "conto de crianças" a ideia de que "é possível que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de os seus parceiros garantirem o financiamento sem contrapartidas". 
Destas declarações, passou a ver-se sistematicamente repetido na agenda mediática com a distorção e o desdém habitual (nada do que PPC diz tem credibilidade ou consistência…), a seguinte ideia: Passos afirma que programa do Syriza é um “conto de crianças”.


Vejamos, entre Passos Coelho e os que defendem que “é o Syriza quem defende os interesses dos portugueses” e considerando o conteúdo do acordo alcançado no Eurogrupo, quem terá razão e quem será que defende uma posição “fora da realidade” ou de "conto de crianças"?...


A comunicação social é a verdadeira oposição. Como é possível que os delírios da esquerda radical e a posição política de uma pequena percentagem de portugueses, seja a que domina a narrativa mediática?!

Pessoalmente, não tenho dúvidas: Esta comunicação social não é um conto de crianças, é um autêntico conto do vigário!
 


 
P.S.: Este post foi escrito no Domingo à tarde e reporta-se ao tratamento informativo que pude observar nos telejornais entre a noite de 6ªfeira e o almoço de Domingo. Só na noite de Domingo, vi um tratamento jornalístico mais equilibrado, onde passaram a ser referidas as cedências e recuos dos gregos...   

20 fevereiro, 2015

“Portugal não é a Grécia.” Não é, mas estivemos a caminho de o ser…


Já cansa o tema Grécia, não é verdade?

Melhor, cansa a forma como o tema é debatido, principalmente, a demagogia e a chantagem emocional presentes em qualquer discussão sobre o tema...
 
Toda esta discussão é assente em equívocos:
Ninguém (à exceção dos gregos, claro) está realmente interessado em “salvar a Grécia”. O que está em causa é a guerra político-partidária entre os que “cavalgam” as políticas anti austeridade e os que tiveram - não por opção, mas por necessidade - de as implementar. Para o comprovar, veja-se a contradição de partidos como o BE na questão da dívida da Madeira Vs dívida da Grécia.


A narrativa dominante na agenda mediática estabelece uma relação causa / efeito entre as “políticas europeias de austeridade” e a crise atual. No entanto, isto é uma falácia. A atual crise é, essencialmente, a primeira manifestação da implosão do modelo social europeu em virtude da globalização.

E aqui podemos começar a debater algo que verdadeiramente importa: duas décadas depois de se ter iniciado uma massiva deslocalização da produção da Europa Ocidental para Leste, para o Oriente, Norte de África, etc., terão os países europeus feito as necessárias reformas para se adaptaram à nova realidade?

Considerando o modelo redistributivo do Estado Social vigente nos países da CE e, designadamente, a pressão demográfica, ainda há quem acredite que estes modelos seriam sustentáveis sem essas reformas? Basta pensar no seguinte: há 30 anos existiam 4 contribuintes para 1 beneficiário, brevemente, poderemos ter uma quase igualdade entre contribuintes e beneficiários!

Uns países, Alemanha à cabeça, prepararam-se e foram implementando reformas. Controlaram a despesa pública e adotaram outras medidas a pensar nesse embate. Há cerca de 10 anos, enquanto alemães congelavam salários e introduziam reformas sociais, outros assumiam mais responsabilidades e despesas futuras sob o lema "há mais vida para além do défice"…


A Grécia não é “um país da zona Euro como outro qualquer ”. A Grécia é o paradigma dos países que se recusaram a enfrentar essa realidade!

Não foi a austeridade que produziu a crise grega. O Estado grego quando, em 2010, foi negociado o 1º resgate, já contava com uma economia privada muito débil face a um sector público centralizado que era um monstro disfuncional…


By JOHN SFAKIANAKIS, a Greek economist.
The expansion of Greece’s huge government sector took decades to create, but its growth in recent years has been particularly striking. Public employment grew by fivefold from 1970 through 2009 — at an annual growth rate of 4 percent, according to a recent academic study by Zafiris Tzannatos and Iannis Monogios.. Over the same four decades, employment in the private sector increased by only 27 percent — an annual rate of less than 1 percent.

According to the Organization for Economic Co-operation and Development, in some government agencies overstaffing was considered to be around 50 percent. Yet so bloated were the managerial ranks that one in five departments did not have any employees apart from the department head, and less than one in 10 had over 20 employees. Tenure ruled over performance as the factor determining pay.

Wages in the public sector were on average almost one and half times higher than in the private sector. Government spending on public employees’ salaries and social benefits rose by around 6.5 percentage points of G.D.P. from 2000 to 2009, while revenue declined by 5 percentage points during the same period. The solution was to borrow more.”


Mas o que atrás é referido aplica-se aos funcionários públicos contabilizados...
 
"The review was released by Administrative Reform Minister Dimitris Reppas, showing that there were 636,188 civil servants in permanent employment, 49,546 on back-up duty and another 20,242 working in other capacities in a country of 11 million population. The number could be closer to 1 million, other analysts have said, counting workers in agencies such as the railroads, energy and other public sectors that weren’t accounted for."


programa de resgate que pudesse salvar um país com este grau de disfuncionalidade? 

Quando a austeridade chegou, a Grécia já estava num "ponto de não retorno"
A dependência da atividade económica na Grécia em relação ao sector público era brutal, muito maior que a admitida no desenho dos programas da Troika. Esse erro de diagnóstico – que é essencialmente responsabilidade dos gregos - explica o facto de  os cortes no Estado terem, entre outros efeitos, feito disparar o desemprego para 25% (o valor real será bem superior…).
 
Na realidade, significativa parte da economia designada por “privada” era também sustentada pelo Estado. Era este o verdadeiro empregador de muitos trabalhadores do “sector privado”… o que teve um efeito terrível em termos de procura interna, quebra de receita fiscal, aumento de despesa pública, etc.. 

Embora em menor grau, o mesmo erro de diagnóstico sucedeu em Portugal, com o desemprego a disparar (de forma inesperada) para 18%,.. lá, como cá, quantas empresas viviam, quase exclusivamente, das câmaras municipais, das empresas publicas, das relações privilegiadas com este ou aquele organismo público?

Recordar a economia "pseudo-privada", já aqui referida.

Aliás, estes dados de evolução do desemprego, talvez sejam o verdadeiro indicador do peso do sector público em ambos os países. E, também em ambos, esse peso era substancialmente superior ao admitido. Na verdade e fruto do modelo de desenvolvimento seguido nas décadas recentes.


Ironicamente, a crise de 2008, pode ter sido o que salvou Portugal…
Este diagnóstico de “Estado disfuncional” também se aplica a Portugal. Felizmente (há males que vêm por bem...), fatores externos, vieram por um travão no crescimento desmesurado nosso sector público e, involuntariamente, por em causa o modelo de desenvolvimento até aí seguido. A nossa “grecização”, chamemos-lhe assim.


Note, Atenas, conta com cerca de metade da população grega, sendo aí que se concentra a esmagadora parte do seu sector público, onde se concentra o emprego disponível e, portanto, onde está sedeada a atividade económica (ainda) existente. À sua volta existem montes e cabras.


Se olharmos ao trajeto que Portugal veio trilhando nas últimas duas / três décadas, designadamente, o contínuo crescimento do sector público mas, tão ou mais importante, a crescente centralização dessa estrutura em Lisboa. Se pensarmos no efeito âncora que essa desmesurada estrutura pública exerce em termos de absorção de cada vez mais serviços, mais empresas e, logicamente, mais população (oriunda do resto do País onde os sectores produtivos mais tradicionais foram sendo progressivamente abandonados), o que seria de esperar quando o financiamento - em virtude do acumular de uma dívida insustentável, após anos sucessivos de défices públicos em torno dos 10% - cessasse?


Outras diferenças (felizmente para o nosso lado…) existem entre os dois países – nível de corrupção, fuga ao fisco, “jobs for the boys”, etc. -, mas, se a crise financeira de 2008, porque veio fechar a torneira de financiamento ao Estado português, não tivesse vindo por um travão a esta espiral de centralização e crescimento do peso do estado, quantos anos mais seriam necessários para atingir um grau de disfuncionalidade semelhante ao da Grécia e, provavelmente, um equivalente “ponto de não retorno”? 



Na região de Lisboa vive cerca de 1/3 da população portuguesa.

“Portugal não é a Grécia!”
Não é, mas estivemos a caminho de o ser…

Esta era "a" questão que gostava de ver debatida em Portugal: o que temos de mudar em termos de modelo de desenvolvimento para não cair na situação grega.


Ainda mais quando parece que muita gente não aprendeu a lição e acha que os problemas e crise pela qual passamos se resolve com mais investimento e despesa pública
 
 

 

16 fevereiro, 2015

Olhemos o lado positivo: pelo menos a esquerda radical vai acabar com a pouca vergonha dos paraísos fiscais…

"a 'lista Falciani'

Governo da Venezuela depositou 12 bilhões de dólares no HSBC

Clientes britânicos, suíços e venezuelanos são os que mais depósitos tinham na Suíça


 
 
"Entre os quase 100.000 clientes que estavam registrados na base de dados do HSBC, mas que tinham sua identidade protegida pelo sigilo bancário, destacam-se três nacionalidades: britânicos, suíços e venezuelanos. Estes detinham 14,8 bilhões de dólares (41 bilhões de reais, pelo câmbio atual). Do total, 85%, ou quase 12 bilhões dólares, concentravam-se em quatro contas pertencentes ao Estado venezuelano, abertas em nome da Tesouraria Nacional e do Banco do Tesouro, um banco comercial criado por Chávez em 2005 e que conta atualmente com uma centena de agências espalhadas pelo país sul-americano.

...
O presidente do Banco do Tesouro e responsável pelas contas era o general Rodolfo Marco Torres, hoje vice-presidente da República para a Área Econômica. O tesoureiro da época, Alejandro Andrade Cedeño, foi quem abriu outra conta em nome do organismo, com quase 700 milhões de dólares. Andrade foi vice-ministro de Finanças e presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (Bandes). Originário do humilde bairro de Coche, na zona sudoeste de Caracas, chegou a ser aceito em clubes sociais exclusivos. Aficionado da equitação, é um dos mecenas do esporte na Venezuela e mantém propriedades na Carolina do Sul e Flórida (EUA). Até o momento, nem Torres nem Andrade reagiram às revelações."
 
 

Pergunte a si mesmo: porque será que, notícias como esta
, passam quase despercebidas nas manchetes dos jornais e nos telejornais dos media portugueses?



O espaço mediático atual, será o espelho fiel da sociedade portuguesa e traduzirá de forma ideologicamente isenta as diferentes correntes e sensibilidades existentes?

Ou será que esse espaço - negligenciando a missão de informar de forma isenta e, não raras vezes até, menosprezando o pensamento e as convicções da maioria -, está mais empenhado num exercício diário de doutrinação da “população” com os seus próprios valores de esquerda?




Caro cidadão, não pense pela sua cabeça, deixe que os jornalistas o façam por si!
 
 
 

12 fevereiro, 2015

Lembram-se da dívida da Madeira? Ou quando a Esquerda reclamava austeridade para aqueles que acumularam dívida…


Já não suporto a ladainha – autêntica cópia da postura do BE sobre o tema - e a chantagem emocional usadas pelo jornalismo tipo TSF sobre a situação da Grécia (uns querem a condenação dos gregos contra "os outros", que os querem salvar).


A contínua repetição na agenda mediática da ideia de vitimização dos gregos, que a pobreza e miséria que sobre eles recaiu se deve aos “grunhos” dos alemães e de todos os que defendem a austeridade. Em suma, estou farto que me façam sentir um pulha só porque penso que a miséria que se abateu sobre a Grécia é, essencialmente, consequência do que andaram a fazer durante décadas e que o perdão da dívida não servirá para nada…


Solução para a dívida da Grécia Vs Solução para dívida da Madeira

Basta recuar ao final de 2011 e ao célebre “buraco” da dívida da Madeira, para constatar a coerência desta malta. Como facilmente se constata numa busca no Google, a coerência das posições de BE, PCP e PS, sobre dívida e austeridade, são desconcertantes…


A dívida da Grécia, dizem, é injusta e imoral. É essencialmente fruto das políticas europeias, designadamente, do próprio programa de ajustamento imposto à Grécia. Logo, existem razões plausíveis para não pagar. Os gregos são as vítimas desta estória.

E qual foi a posição desta malta relativamente à dívida da Madeira?... Basta analisar, em finais de 2011, os termos usados por Louçã para se referir ao assunto:

 “… é preciso que se faça uma auditoria às contas da região “para proteger a Madeira e todos os contribuintes no país inteiro que têm sido obrigados a pagar este descalabro das contas e este facilitismo das contas de Alberto João Jardim, que é o primeiro e único responsável pelo buraco financeiro da Madeira”…”


Note, a dívida é da exclusiva responsabilidade do “descalabro” e do “facilitismo” dos que governaram a Madeira. Não existiu contributo das políticas nacionais ou europeias, para esse desfecho.



Quando se fala da Grécia, está sempre presente uma ideia de obrigação moral dos seus parceiros europeus, perdoando as dívidas, “salvar” os gregos. No caso da Madeira, o tom usado era “ligeiramente” diferente… voltemos a Louçã:

“... “Desconfiamos que no dia em que Pedro Passos Coelho vier fazer um comício ao lado de Alberto João Jardim, por cada minuto do discurso, nós todos vamos pagar 30 milhões de euros, até chegar aos 500 milhões do cheque que ele vai passar a Jardim

Em vez de apelos à solidariedade com a Madeira, a “esquerda” alertava para a circunstância de estar em curso o pagamento do “descalabro” madeirense "à custa de nós todos”



Na Grécia, a austeridade é a culpada da situação económica grega e tem que ter um ponto final. No caso da Madeira, pressionava-se o governo de Passos para aplicar o respetivo plano de austeridade! E, era implícito, esse plano de austeridade tinha de assegurar que seria a Madeira – e não os contribuintes de todo o país – a pagar a crise


“O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, confrontou o primeiro-ministro com o compromisso assumido pelo Governo no anterior debate sobre a Madeira, no qual Passos Coelho se referiu ao plano de austeridade para resolver a dívida do arquipélago.
 
[…] Na intervenção de hoje, o primeiro-ministro garantiu que será "prioritariamente" a região autónoma a fazer "o esforço de correção" orçamental e financeiro e não o país na sua globalidade.”

Só para demonstrar que a posição do PS era (então como agora...) sensivelmente a mesma do BE…

Seguro desafia Passos Coelho a esclarecer quem paga "irresponsabilidade" da dívida da Madeira

Referindo que a dívida da Madeira é de oito mil milhões de euros, António José Seguro disse que "os bebés daqui [região autónoma] já nascem endividados".



A coerência desta gente em termos de doutrina sobre dívida e austeridade, fica bem patente…

Que moral, têm aqueles que acusam os alemães de falta de solidariedade com os gregos, quando a posição que adotaram em relação à resolução dos problemas da dívida dos seus próprios compatriotas, foi a que se vê nos excertos acima?


Para finalizar, notar que o tratamento mediático destes dois casos – o da Madeira e o da Grécia – é também exemplar num outro plano: a sistemática colagem dos meios de comunicação social, às posições políticas de circunstância da esquerda.
 

 

06 fevereiro, 2015

OLÉ, Podemos! Desconfio que esta será outra notícia a passar ao lado das manchetes e dos telejornais...


Monedero reconoce su deuda con Hacienda por asesorar a Venezuela

  • Presenta una declaración complementaria para regularizar los 425.150 euros que facturó su empresa



Monedero, en la reciente manifestación del partido en Madrid.
 
Hi Five, Podemos!...
 
 
O Syriza, alia-se à extrema-direita para formar governo...
 
O Podemos, tem como principais fundadores empresários que fogem ao Fisco...
 
Será que estes "pormaiores" não tiram o sono a malta tão ideologicamente convicta e militante do BE, PCP e PS mais canhoto?...
 
 
 

03 fevereiro, 2015

Finalmente, é conhecida uma medida concreta de Costa no que toca a “criação de emprego”...


Não posso deixar de estranhar que a mesma comunicação social sempre tão atenta a qualquer vacuidade proferida por António Costa, tenha deixado passar praticamente despercebida a notícia que origina este post. Ou, então, não estranho nada!...


O Orçamento da CM Lisboa para 2015

A estória começa com a 1ª versão do orçamento da câmara lisboeta. Aqui, “en passant”, constatar o habitual duplo critério dos socialistas e dos seus seguidores na comunicação social.

A propósito da apresentação do OE 2015 pelo governo de Passos - mesmo entregue dentro do prazo estabelecido – não deixa de dar lugar a diversas reportagens nos telejornais dando conta aos telespectadores / cidadãos / votantes das “trapalhadas”, da “forma atabalhoada, enfim, da incompetência revelada pelos políticos do atual “governo de direita” para preparar e apresentar um orçamento.    

Vejamos, então, como é que competentes políticos socialistas, como António Costa (sim ele é líder do PS mas continua a acumular com a presidência da CM Lisboa), gerem um processo semelhante…


Incumprimento legal do prazo de entrega… 

Os mesmos que criticaram Passos por ter entregue o OE 2015 no último dia do prazo (vejam lá!), são os mesmos que, tendo como limite de entrega o dia 31 de Outubro, apenas o apresentaram a 10 de Novembro.

Pelo meio a curiosidade de a Lusa ter tido acesso ao documento 2 dias antes…    
 

 E agora, finalmente, a solução de Costa para a “criação de emprego”

Apesar de ter entregue um orçamento 10 dias depois do prazo legal, parece que apenas um mês depois, o documento já precisava de um retificativo


“Na passada quinta-feira, uma alteração ao Orçamento da Câmara de Lisboa (CML) aprovou um aumento de despesas de avenças com pessoal de 6,8 milhões para 8,6 milhões de euros. Uma situação que faz o vereador do PSD António Prôa considerar que se tratou de uma forma de António Costa mascarar as despesas com pessoal na autarquia.”


“O vereador do PSD na Câmara de Lisboa considera que se trata de um “brutal aumento das despesas na rubrica de pessoal em regime de tarefa ou avença”, explicando que está em causa “um aumento de 26% face ao orçamento que a câmara apresentou há pouco mais de um mês”.”


Recordo o slogan "Quero fazer no País o que fiz em Lisboa", está assim encontrada a solução de Costa para criar emprego...

 

Viu alguma “polémica” sobre este assunto nos telejornais? Viu ou ouviu algum órgão de comunicação social pegar no assunto e falar sobre trapalhadas?! Atabalhoamento?! Documentos feitos em cima do joelho?!
 
Claro que não, políticos socialistas são geneticamente imunes a essas coisas…como poderia ser notícia?!


Quem serão os beneficiários daquele acréscimo de 26%? 
 
E,