27 novembro, 2014

Começou a guerra aberta ao Juiz Carlos Alexandre. Será o seu destino idêntico ao de Rui Teixeira (Casa Pia)?



 
"Rui Teixeira prejudicado com Casa Pia

Magistrado não progride na carreira. Última avaliação foi em 2001.


O magistrado Rui Teixeira, que foi juiz de instrução no processo Casa Pia, tem a carreira estagnada. Segundo a SIC, Rui Teixeira foi avaliado pela última vez em 2001, apesar de todos os magistrados judiciais serem avaliados de 4 em 4 anos.

Desde então, Rui Teixeira voltou a ser inspeccionado, recebeu a classificação de muito bom, mas três conselheiros do Conselho Superior da Magistratura, nomeados pelo Partido Socialista, não concordam com a nota que lhe foi atribuída, aponta a SIC.
..."
 


E ainda falam de "infâmias"... Impressiona o "à vontade" com que os chamados “Donos Disto Tudo” (porque ainda o são...), insultam a inteligência das pessoas.  


Os dados estão lançados. Este país anda, há décadas, a vociferar contra o “centrão”, contra a “promiscuidade entre negócios e o poder político”.
 
Os factos e as evidências, falam por si.  BES, PT, EDP, grandes escritórios de advogados e os milhares de milhões em betão, em eólicas, no Parque Escolar, etc.., pagos com dinheiro público no consulado de Sócrates, foram a principal razão do enriquecimento de um grupo restrito de pessoas, enquanto, para a generalidade do povo português, ficou a crise, os cortes e a Troika.

Será que os DDT vão levar a melhor neste processo? Os próximos meses são decisivos para o futuro de Portugal.
 
E a comunicação social, que papel vai desempenhar no desenrolar deste processo?
 
A sua ação, irá servir os cidadãos ou os interesses instalados?



 



26 novembro, 2014

Guião do comentário televisivo para não deixar cair Costa e o “PêeeeéSssseeeeee“…

Embora na imprensa a cobertura do caso Sócrates esteja a ser isenta, i.e., vemos referidos os aspetos que suportam a detenção do ex-pm, assim como, os receios de algum justicialismo e o eventual perigo para os direitos dos cidadãos perante o sistema de justiça, na televisão, espaço onde se fabricam os presidentes e se forjam os vencedores de eleições, os comentadores do costume (Adão e Silva, Marques Lopes, Clara Ferreira Alves, M.S. Tavares, etc.) têm feito um trabalho digno de registo…

Ontem ao ver os telejornais e a fazer zapping pelos canais noticiosos, assisti a uma tremenda preocupação como a "justiça", com o imenso poder dos juízes e nada sobre o que se vai sabendo das práticas de Sócrates…


Repetidamente, vêm-se e ouvem-se, comentadores e opinadores falarem cada vez mais das preocupações com o “fim do estado de direito”, com a mediatização do processo (como se essa responsabilidade não fosse exclusiva dos meios de comunicação para quem trabalham) e nada dizendo sobre o que já se sabe dos alegados crimes de Sócrates.

Assim, ao fim de 48 horas da prisão preventiva do “querido líder”, entre a consternação e algum choque pelo sucedido, já é possível descortinar o fio condutor e as traves mestras - ou ideias a implantar - no comentário político para os tempos que se avizinham. Elenquemos algumas dessas ideias, recordando outros casos de forma a avaliar o critério agora seguido por tão distinguidos comentadores:


1ª ideia a implantar:

“É indecente falar do que, alegadamente, Sócrates andou a fazer pois está em segredo de justiça. Estão a condená-lo na praça pública e isto é uma negação de justiça!”

Caro cidadão, uma coisa é falarmos nos telejornais do roteiro de Duarte Lima em terras do Brasil por onde - alegadamente - “foi despachar
” um assunto com uma sua cliente e várias reportagens nos deram  conta dos pormenores do carro alugado por Lima, da lavagem dos tapetes para eliminar vestígios do crime, etc.. Assim como, no caso de Isaltino, até era divertido falar do seu sobrinho taxista que – alegadamente – tinha em seu nome centenas de milhares de euros na Suiça.

Lembra-se de ver na televisão tantos pruridos com o “segredo de justiça”, nestes casos?


Mas há tanto para investigar e noticiar sem violar o (pobre) segredo de justiça. Por exemplo: já foram investigar quanto faturavam o Grupo Lena e/ou as empresas do Carlos Santo Silva, antes de Sócrates chegar ao poder e quanto passaram a faturar?


2ª ideia a implantar:

“Isto não atinge apenas Sócrates, mas todos os políticos do regime!”.

Os crimes do BPN são crimes claramente identificados com o PSD e com Cavaco Silva. No caso de Sócrates, parece que não são crimes “exclusivos” dos socialistas e do PS, são da “classe política”... 

 Aliás, será também interessante constatar como será a gestão mediática do seguinte aspecto: A colagem de Cavaco ao BPN, porque Dias Loureiro e Oliveira e Costa foram membros do seu governo, é recorrente na agenda mediática. Esse governo data do final dos anos 80 e início dos 90, a fraude do BPN ocorre 10 anos depois, mas é unânime a narrativa da ligação BPN, PSD e Cavaco (notar ainda que a existência do BPN coincidiu com um período de governação socialista: 14 anos em 16, no período que decorreu entre 1995 e 2011).


No “caso Sócrates”, será que os que estiveram ao seu lado – nomeadamente Costa – vão ser objeto do mesmo critério de análise e comentário, i.e., da mesma ligação / contaminação?... Cavaco “está metido no BPN” porque, 10 anos depois, ex-ministros seus cometeram crimes.
 
Basta pensar que as leis que permitiram o repatriamento dos capitais do Sr. Engenheiro, foram todas aprovadas em Conselho de Ministros por ministros sociaslistas…


3ª ideia a implantar:
 
“Este processo é muito mau para a imagem de Portugal lá fora!”.

Quando Berlusconi ou Sarkozy foram detidos e se viram a contas com a Justiça nos seus países, quantos comentadores viram na televisão referir que, Itália e França, eram um “país de corruptos”?!

Ou seria que a ideia transmitida por essas reportagens ia mais no sentido “finalmente a justiça está a actuar como deve num Estado de Direito”. Alguns até lamentavam que em Portugal não fosse assim. Um país onde os políticos eram jugados como qualquer outro cidadão.  


Comunicação Social, a verdadeira oposição…
A menos de um ano de eleições, nunca, como neste momento e, o PS está nas mãos da comunicação social e do jornalismo de causas. Ainda ontem, através dos mesmos telejornais, pude assistir a um episódio só possível pela cumplicidade dos media. Refiro-me à (improvável) cena de ver Ferro Rodrigues, em plena Assembleia da República, na "casa da democracia",  vestir o fato de guardião do Estado de Direito e de defensor da “verdadeira” Justiça…

"A confiança dos cidadãos nas instituições democráticas, certamente diminuiu". Neste quadro, alertou, todos os deputados estão obrigados a "defender o Parlamento e o Estado de Direito".


Imagine o caro leitor se esses mesmos telejornais – tal como fazem em relação ao passado de outros atores políticos – fossem revisitar o que nesta matéria do “respeito pela justiça” é o seu currículo, concretamente, no caso das escutas do processo Casa Pia e o célebre:
 
"Os políticos não são todos iguais". Quem serão os políticos que voltarão a merecer o voto dos portugueses?

 
Dizem que o “regime está podre”, se está!...
 
 

24 novembro, 2014

Sócrates e a profecia do líder capaz de unir “as esquerdas”.


Foi divertido, quando questionados pelos jornalistas sobre a detenção de Sócrates, ver a malta do BE comportar-se como os comentadores da situação: "não comentámos casos de justiça...", “à justiça o que é da justiça…”. 

Basta recordar a reação dos bloquistas em casos como o BPN, o BPP o BES – casos que, na narrativa da esquerda, se identificam com a “direita” – para constatar um critério e reação completamente diferentes: alguma vez de se remeteram a um cauteloso "não comentámos casos de justiça..." ou, no seu estilo justiceiro, reclamaram justiça célere para os “culpados” mesmo antes de julgamento?!

Será que para o Bloco todos os cidadãos são mesmo iguais perante a justiça?!... Aparentemente, não.

Enfim, é mais um sinal da “política tribal portuguesa” onde os princípios se adaptam consoante a cor política dos envolvidos. Como Sócrates (ainda que seja apenas pelo rótulo) se identifica com a “esquerda”, as reações prudentes de BE e PCP – por oposição à habitual chafurdice - são muito interessantes, até porque são estes os partidos que mais poderão beneficiar politicamente da situação, “roubando” votos o PS.  

Será que o pavor de ver a "direita" beneficiar com este caso, será o mote para a união "das esquerdas"? Tudo indica que sim, desde as teorias da cabala do PS (pelas quais Costa nunca irá dar a cara, claro…), à postura do BE e PCP ou a posições mais assumidas como esta do PCTP/MRPP.

"A rocambolesca e provocatória prisão de José Sócrates realizada ontem à noite pela Policia Judiciária constitui um verdadeiro golpe de Estado em curso, desencadeado por intermédio daquela polícia e que visa directamente os partidos à esquerda do PSD."
 
Será Sócrates o "chosen one"? O líder capaz de juntar toda esta gente "de esquerda" sob a mesma bandeira?

Veremos também como a gestão mediática do caso vai ser gerida. Alguns comentadores, já ouvi, começam a avançar como a seguinte ideia: “isto não atinge apenas Sócrates mas todos os políticos do regime!”. Não vá isto beneficiar politicamente algumas forças políticas...
 
 

21 novembro, 2014

Da relação entre “Vistos Gold”, Corrupção e o establishment da capital.


Voltamos ao caso dos “vistos gold” para assinalar algumas curiosidades da cobertura mediática sobre o assunto e sobre um outro aspecto, intimamente ligado com a corrupção em Portugal, mas tabu nos meios de comunicação social.

O primeiro aspecto, já aqui abordado, prende-se com a persistência na difusão da tese (ou “ideia implantada”): "os vistos gold fomentam a corrupção".


Não acham curioso que, entre tantos outros casos de corrupção, exista uma certa desculpabilização dos corruptores envolvidos neste caso e se veja, frequentemente, na comunicação social atirar
 “culpas” para o sistema de atribuição de vistos?
 
Atente-se neste extrato de noticia do DN:

“Fosse para agilizar a emissão de um visto gold ou para a renovação de um passaporte, durante quase um ano a PJ recolheu todo o tipo de pedidos feitos a Manuel Palos, o ex-diretor do SEF e arguido na Operação Labirinto.

As solicitações, ao que o DN apurou, tinham várias origens: há desde políticos a magistrados e outros altos quadros do Estado. A todos, segundo fonte judicial, Palos respondia "à portuguesa", isto é, agilizava. Durante o interrogatório, foi confrontado com um desses pedidos. Tratava-se de apressar vistos para dois investigadores da Fundação Champalimaud.”

"Coitado" do ex-diretor nacional, lendo esta peça jornalística, ele apenas tentava
“agilizar os processos”...

Como aqui no blog já referimos, em vez de espaço de reflexão e informação, a agenda mediática é o palco privilegiado da “guerrilha ideológica”. Neste caso em particular, como parece que os principais responsáveis já vêm do tempo do governo socialista (por ex., este “Sr. que agiliza processos” está à frente do SEF desde 2005, tendo sido nomeado para o cargo por António Costa) a cobertura mediática parece mais interessada - por ser esta a forma mais eficaz de atacar a imagem de psd e cds ("da direita"), junto da opinião pública - em centrar o ataque nos responsáveis políticos que criaram a figura dos vistos gold em vez dos corruptores. Indivíduos que ("para agilizar", note-se) “cobravam 10% por cada visto”!

Enfim, no mínimo é curioso como em alguns casos se “agilizam processos” enquanto noutros se pratica “tráfico de influências”…


Alguém, entre jornalistas e comentadores, estará genuinamente interessado em identificar as causas estruturais que estão na origem da corrupção em Portugal e que carecem de mudança?


Olhemos às entidades apanhadas na malha das investigações…

O Instituto de Registos e Notariado (IRN), tem a sua sede em Lisboa;

 
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tem a sua sede em Lisboa;

 
O Ministério da Administração Interna, , tem a sua sede em Lisboa;

 
A Secretária-geral do Ministério da Justiça, tem a sua sede em Lisboa;

 
O SIS tem a sua sede em Lisboa…

 
 
Até a C.M de Lisboa figura entre as instituições com ligação ao caso!

Hipótese de uma causa estrutural , efetivamente, facilitadora de corrupção:


Se não vivêssemos num país tão (vergonhosamente) centralizado. Se todos os responsáveis pelos organismos acima referidos não frequentassem o mesmo meio social, os mesmos restaurantes, etc.. Se, essas mesmas entidades – nomeadamente, as públicas – estivessem geograficamente distribuídas pelo país, tal dispersão e maior distância entre os diferentes intervenientes, não resultaria numa redução da óbvia promiscuidade e uma significativa atenuação da propensão para fenómenos de corrupção?

Pensemos ainda nos casos do BPN, BPP e BES, e a óbvia deficiência de regulação do Banco de Portugal, cujas sedes se encontram todas em… Lisboa!


Se, entre jornalistas e comentadores – fundamentais para a manutenção do estatuto do establishment da capital -, alguém estivesse genuinamente interessado em identificar as causas - nomeadamente, na estrutura administrativa do Estado - que originam a corrupção, já há muito se teria concluído:

O Centralismo, ancorado no poder legislativo e na burocracia, é um facilitador da Corrupção!

“A burocracia e a teia jurídico-legal, são a explicação e o alicerce de muitas destas estruturas pois, para além de meros formalismos legais, muitas não prestam nenhum serviço ou mais valia ao cidadão.”

Sob o argumento de um “maior controlo”, é criada nova legislação num qualquer sector. Essa legislação é o pretexto para a criação de mais um instituto público, uma empresa pública, agência, etc., nascem assim mais uns empregos qualificados e bem pagos... Claro, sempre criados em Lisboa, mas pagos com os impostos dos portugueses do resto do país!

Na prática, criou-se mais burocracia e mais um nível de decisão. Simultaneamente, surge um novo patamar de decisão suscetível de actos de corrupção …
 
Mas, pelas razões aqui regularmente abordadas, este tema é um dos maiores tabus da sociedade portuguesa.
 

 
P.S.: Daqui a aproximadamente 1 ano, talvez tenhamos a oportunidade de ver os comentadores e fazedores de opinião do costume, pronunciarem-se sobre a "reforma" impulsionada pelo governo de A. Costa neste domínio: a criação da nova "Agência para os assuntos da Imigração e Cidadania" - presidida por uma "personalidade de renome" - e um novo requisito legal de atribuição dos "Silver Visa" que, sem dúvida, serão um "passo em frente" no sentido de devolver transparência ao processo de atribuição de vistos! 

19 novembro, 2014

Ensaio sobre Gestão Pública Vs Privada – o exemplo do Douro.

 
Uma das melhores notícias dos últimos tempos, pelo impacto que a mesma tem ao nível da imagem do País, mas que passou relativamente despercebida…  

"O melhor vinho do mundo é português. Do Douro

O melhor vinho do mundo é português. Do Douro
O vinho do Porto Vintage Dow´s 2011, do grupo Symington, foi eleito esta sexta-feira o melhor vinho do ano pela revista norte-americana "Wine Spectator".
 
 
No top 10 dos melhores vinhos do mundo da revista há ainda mais dois vinhos do Douro, no 3.º e 4.º lugares: o Chryseia 2011 Douro DOC Prats & Symington e o Quinta do Vale Meão Douro 2011, ambos com 97 pontos.
..."






 
Entretanto, notícias do mesmo sector, mas sob gestão pública…

(Público, 8 de Novembro)

"Casa do Douro vai morrer e deixa como herança dívida de 167 milhões ao Estado

14 novembro, 2014

A raíz de todo o mal…os Vistos Gold!




Este sistema de vistos gold é uma vergonha! E é obrigatório - em qualquer jornal, rádio e televisão – dizê-lo: este governo psd/cds é o responsável por trazer o cancro da corrupção para o interior da sociedade portuguesa!

Temos de nos indignar com o Portas e o Passos. Não bastava a sua opção deliberada e ideológica, de “empobrecer os portugueses”, como ainda provocaram a degradação da moral e honestidade do bom povo português!

Alguém se lembra, em tão curto espaço de tempo, tantos casos de polícia, tantas detenções relacionadas com corrupção na máquina do estado?! Não me venham dizer que agora “a justiça está a funcionar” e que, de alguma forma, este governo contribuiu para isso!...
 
Tudo permanece igual na Justiça, o fenómeno da corrupção é que foi incentivado pelo Governo de Passos Coelho. Essa é a ideia que os portugueses têm de reter!  


Em inúmeras áreas da vida dos portugueses, não podemos deixar de o dizer na imprensa, na rádio e na televisão, Portugal e os seus cidadãos terão de esperar anos, para recuperar dos estragos e malefícios causados por este governo…


Entretanto, numa notícia de 2013 sem qualquer conexão com esta matéria...


"Lisboa é a cidade menos honesta do mundo.

...Para este estudo os investigadores deixavam cair no chão 12 carteiras no total, espalhadas por locais movimentados das cidades e ficavam depois a observar se os transeuntes ficavam com as carteiras ou as entregavam a alguma autoridade para que pudessem ser devolvidas aos seus donos. Cada carteira continha ainda cerca de 50 euros, fotografias de família e contactos.

Em Helsínquia 11 das 12 carteiras foram entregues, enquanto em Lisboa apenas uma foi devolvida - não por um lisboeta mas por um casal de holandeses que se encontrava de férias.

No total, das 192 carteiras apenas cerca de metade foi devolvida.

O estudo conclui ainda que as condições económicas não têm impacto directo no facto de as pessoas ficarem com o dinheiro ou não. Mumbai, na Índia, alcançou a segunda posição, com os cidadãos a devolverem nove das 12 carteiras. Em comparação, apenas quatro foram entregues em Zurique, na Suíça.

Conheça a lista completa das capitais:

1. Helsínquia, Finlândia: 11 de 12 carteiras

2. Mumbai, Índia: 9 de 12

3. Budapeste, Hungria: 8 de 12

4. Nova Iorque, EUA: 8 de 12

5. Moscovo, Rússia: 7 de 12

6. Amesterdão, Holanda: 7 de 12

7. Berlim, Alemanha: 6 de 12

8. Liubliana, Eslovénia: 6 de 12

9. Londres, Reino Unido: 5 de 12

10. Varsóvia, Polónia: 5 de 12

11. Bucareste, Roménia: 4 de 12

12. Rio de Janeiro, Brasil: 4 de 12

13. Zurique, Suiça: 4 de 12

14. Praga, República Checa: 3 de 12

15. Madrid, Espanha: 2 de 12

16. Lisboa, Portugal: 1 de 12


 
 

13 novembro, 2014

Há imunidades e imunidades…

 
Seria interessante conhecer a posição de princípio da redação do Público sobre o estatuto de imunidade parlamentar.

Se, neste primeiro caso, o Público parece ter-se empenhado em demonstrar junto dos leitores que tal estatuto pode ser usado para "bloquear" e "suspender" o regular funcionamento da Justiça:


"Imunidades dos deputados e governantes da Madeira bloqueiam mais de 60 processos nos tribunais

Nos tribunais da Madeira estão suspensos 61 processos criminais devido à não autorização do levantamento da imunidade de deputados ou por recusa do presidente e membros do governo a deporem, como testemunhas ou arguidos, em audiências de julgamento."


Já eeeemmmm ooutrooooosss caaasooooos, designaaadaaaameeenteeeee com sociaaaliiiiiistaaaaas (a cena do Pires de Lima não me sai da cabeça!), o mesmo Público, limita-se a informar sobre a recusa do Parlamento Europeu de um pedido de levantamento de imunidade.

 

Ao contrário do caso anterior, hoje o Público optou por não lembrar os que o leram, a circunstância de o estatuto de imunidade servir para "bloquear" este ou aquele processo judicial.


Aliás, lendo o Público e outros meios de comunicação social que hoje dão notícia da decisão do PE, todos ficamos a perceber como pode ser importante o estatuto de imunidade parlamentar, nomeadamente, para proteger algumas figuras que são objeto de "tentativas de intimidação e silenciamento".

 
Aguardemos pois, pelo próximo caso de levantamento da imunidade, confiando sempre que a comunicação social nos ajudará a separar o "trigo do joio"...
 
 
Caro cidadão, não pense pela sua cabeça! Deixe que os jornalistas o façam por si...
 


       

08 novembro, 2014

A última indignação contra Merkel e o Jornalismo de Intriga…


A mais recente indignação coletiva contra a Sr.ª Merkel foi, afinal, mais um caso do Jornalismo de Intriga… 

Graças à blogosfera, cheguei a este post e ao resultado da investigação que a autora se propôs fazer em relação às afirmações que a comunicação social atribuiu a Merkel:
 
"... Anteontem não se falava de outra coisa. Fomos mesmo bombardeados com as alegadas afirmações da senhora por órgãos de comunicação social que costumam tentar distanciar-se de outros, enfim, mais useiros e vezeiros nestas matérias. Houve mesmo um ministro que respondeu às alegadas afirmações da senhora. Crato, who else.
 
Nas redes sociais (Twitter e Facebook) foi uma festa. Só comentários indignados, e outros pior ainda. Eu própria comecei por embarcar na coisa.

Mas depois parei para pensar e fui atrás.

Todos citavam a Lusa e
Bloomberg. A Lusa referia a Bloomberg. Na Bloomberg, nada. Órgãos de comunicação social espanhóis? Nada. Imprensa internacional? Nada. Eu conseguia encontrar várias notícias sobre o discurso da senhora, mas referências a Portugal e Espanha? Nada.
 
Recorro ao Twitter e ao Facebook. Pergunto. Alguém sabe? Pessoas a viver na Alemanha? Nada. No Luxemburgo. Em Espanha. Em França. Ninguém conseguia encontrar nada.

E eu queria contexto. 
 
E finalmente chega-me o contexto e o enquadramento de que eu precisava, e que me devia ter sido dado pelos órgãos de comunicação social. E chegou-me através da Helena Ferro de Gouveia que deixou um comentário num post que a Helena Araújo escreveu no Facebook.
 
O que a senhora disse foi (adaptado da tradução da Helena Ferro de Gouveia):
 
“Eu peço a todos vocês para tornarem claro nos vossos discursos em escolas e perante jovens: a formação profissional é um excelente pré-requisito para levar uma vida de prosperidade. Não tem necessariamente que se ter tirado um curso superior. Isto é muito, muito importante. Faremos tudo o que estiver no nosso poder, também a OCDE, que nos fornece muitos números úteis que afirmam que não é uma “descida” social, que o filho ou a filha de um trabalhador qualificado complete uma formação como trabalhador qualificado novamente e, de seguida, se torne num bom técnico. Internacionalmente reconhece-se que não é uma “descida” e que isto não significa que o sistema de educação tenha fracassado. Temos que abandonar a ideia de que o ensino superior é o Nonplusultra para uma carreira bem sucedida. De outra forma não poderemos provar a países como Espanha e Portugal, que têm demasiados licenciados e procuram hoje vias de formação profissional, que isso é bom”.

Ora, isto é muito diferente de "Merkel diz que Portugal tem demasiados licenciados". Isto é um "temos, nós próprios, de tomar consciência disto, porque senão não temos moral para dizê-lo aos portugueses e aos espanhóis".
 
..."

Enfim, nada de novo para quem vai lendo este blog... Merkel está, ideologicamente, do "lado errado" e, como outros, é objeto de uma espécie de linchamento mediáticoQualquer um de nós pode ser alvo deste processo sujo: retirar do contexto uma frase mais polémica que, facilmente pode ser deturpada e usada numa campanha deste género.
 
Os media nunca se retratarão do tratamento parcial e manipulador que reservaram a este caso (e a outros...). Daqui para a frente - como se de verdades inquestionáveis se tratasse -, ouviremos em discussões públicas afirmações do género "A Merkel acha que temos de ser analfabetos.", "A Merkel não quer licenciados em Portugal, quer escravos!", etc... 
 
Mais uma "verdade fabricada" e uma ideia implantada. Caso idêntico, é a célebre frase / desejo atribuído a Passos Coelho que "queria que os portugueses emigrassem". Quem se der ao trabalho de ir ler o que ele disse, facilmente constatará que não foi nada disso.   


Entretanto, nos comentário do mesmo post, mas sobre outra recente polémica que fez "correr muita tinta", pude constatar mais esta pérola do nosso jornalismo de intriga. É incrível como o rigor e isenção são negligenciados de forma a gerar estas ondas de indignação que, quase diariamente, percorrem as redes sociais...

 

(texto da autoria de "Marco")
 
Já que os jornais desistiram de investigar e informar com rigor, decidi perder aqui 10 minutos a ler a notícia com atenção e a escarafunchar o site das finanças.
Então é assim: saiu hoje uma notícia que as finanças iam vender a casa de família de uma senhora que tem dívidas sobre o IUC duns carros abatidos há uma porrada de anos, e que já lhe penhoraram o salário e mais não sei o quê. Está aqui no Económico, por exemplo: http://economico.sapo.pt/…/fisco-vende-hoje-casa-de-familia…
 
(já agora, tendo em consideração a similitude entre os vários jornais, isto tem todo o aspecto de ter sido copiado de um take da Lusa ou algo do género - ou então copiaram uns pelos outros, o que também é cada vez mais normal)
1. Inventar um nome fictício para uma pessoa que é identificada em 2 minutos no site das finanças é simplesmente estúpido. Não vou divulgar o nome da senhora, porque não sou jornalista, mas é trivial e croquetes de encontrar;
2. É incrível como é que passam cinco anos e ela não se dá conta que tem IUC por pagar. Quanto mais não fosse, ao entregar o IRS, saltava logo. Mas pronto, dou de barato, porque que quem recebe o salário mínimo, na maioria das vezes, está isento de entregar a declaração de IRS. Siga;
3. A casa não foi posta à venda hoje. Em primeiro lugar, porque hoje era o último dia para entrega de propostas (as finanças não vendem, leiloam) e em segundo porque o processo até está suspenso ao abrigo do n.º 4 do Art.º 264.º do Código do Procedimento e do Processo Tributário. Tudo informações que estão no site das finanças (e que os jornais não encontraram ou não lhes interessou encontrar);
 
4. Já que falamos no último dia para entrega de propostas (que era ontem), a senhora alega que recebeu a notícia há um mês. Peta. Pura peta. A abertura do leilão foi no dia 28 de Janeiro (fonte: adivinhem? site das finanças). Há 10 meses, portanto. E é garantido que a senhora, como fiel depositária do bem a leilão, foi notificada;
5. A senhora também diz que ganha o salário mínimo e que há cinco meses que tem o salário penhorado. Uma destas duas coisas é pura mentira. As penhoras de rendimento incidem, no máximo, sobre 1/3 do mesmo que seja superior ao salário mínimo. Portanto, uma pessoa cujo único rendimento seja o salário mínimo está sujeita a uma penhora de... zero. Há três cenários: ou a senhora tem outros rendimentos (pensão de viuvez, talvez?), ou não ganha o salário mínimo, ou não tem penhora nenhuma;
6. A notícia diz ainda que a casa do sobrinho está no mesmo terreno e que vai ser vendida também. O site das finanças diz-nos que o imóvel tem 90m² e que o terreno tem 100m². A menos que a casa do sobrinho seja alguma casota de cão, algo aqui não bate certo. A realidade é que a casa do sobrinho fica do lado esquerdo da fotografia (vê-se a sombra do telhado) e tem para aí o triplo do tamanho (facilmente visível no Google Maps). E, não, não vai ser leiloada (nem vendida) em conjunto;
 
7. Já disse isto, mas volto a dizer: o leilão está suspenso, por ter sido pago 20% do valor em dívida. Claro que os jornalistas se "esqueceram" de referir o facto. Quer dizer, a senhora dá a entrevista, "coitadinha de mim que me vão vender a casa", é publicada neste pressuposto e agora deixa-me cá ir pagar 20% da dívida. Aliás, como é que, com ordenados penhorados e entregas "de 50 ou 100 euros, conforme pode", ainda não estavam 20% (380€) pagos?
Mais do que o caso da senhora, que é dramático mas com mais buracos do que um Emmental, o que está aqui em causa é a péssima qualidade do jornalismo cá do burgo. Miserável.

É isso mesmo - miserável - define bem o jornalismo que temos...
 
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...



 

07 novembro, 2014

Manifesto contra o “chico-espertismo”.

Quando surgiu o célebre Manifesto dos 70 sobre a renegociação da dívida, o PS era a favor. O então e ainda atual, Governo, era contra.

Quando o Governo renegociou as maturidades e taxas do empréstimo da Troika, o PS criticou porque isso não "resolvia o problema” de Portugal, que a medida era tardia. Em qualquer medida anunciada por Passos / Gaspar / M.ª L. Albuquerque sobre controlo do défice ou da dívida, o PS manifesta-se convicta e frontalmente CONTRA!

Note-se que qualquer solução para reduzir os encargos e constrangimentos decorrentes da dívida gigantesca que o país acumulou terá sempre “espinhos” e implicará sacrifícios dos portugueses. O PS sabe-o, qualquer pessoa minimizante informada – especialmente jornalistas – deviam sabê-lo. A única coisa que teria resolvido o “problema da dívida” era não a ter (mais do que) duplicado no consulado socialista de Sócrates… 
 

Agora, pasme-se, o PS vem dizer que não tem uma posição definida sobre a dívida… Não tem!?

Só se poderá concluir, então, que a única convicção profunda do PS parece ser estar contra a posição defendida pelo Governo - qualquer que ela seja! E depois, aproveitando a boleia da “guerrilha mediática”, movida pelos habituais comentadores de serviço e uma significativa maioria do jornalismo hostil ao Governo "de direita", vai arrebanhando uns votos aqui e acolá criando a ilusão que este problema se resolverá sem custos para os portugueses…


Não sei se esta forma de “fazer política” está mais alinhada com os “valores do 25 de Abril” ou com a “ética republicana” – argumentos que, recorrentemente, fazem parte dos discursos dos mesmos ilustres socialistas –, mas, o que gostaria de perguntar é o seguinte: 

Serão estes os políticos que vão colher a preferência dos portugueses?

Serão estes políticos que merecem (voltar a) governar o Pais?


Onde melhor se enquadrará este tipo de política do “contra, apenas porque sim”? Mais próxima das democracias ocidentais - das democracias do norte da Europa (que os mesmos socialistas tanto gostam de invocar) -, ou mais próximas de fenómenos que ainda se passam no continente africano onde, infelizmente, ainda funciona mais ou menos assim: o que a “tribo inimiga” defende, a “minha tribo” tem de defender o contrário.

Mas, o mais pernicioso para sociedade portuguesa ou para o “fortalecimento da democracia” portuguesa (que tantos indignados dizem querer...) nem é, diga-se, o comportamento dos socialistas. Sejamos claros, o papel de um político é captar votos, conquistar o poder. Assim, é “desculpável” que o seu comportamento se adapte a esse objetivo. O que não está bem no nosso país, é constatar que este tipo de conduta – do mais puro oportunismo – compensa!

Mas, só compensa para alguns...
Qualquer declaração de Passos Coelho, de outro membro do governo ou de personalidades que corroborem as suas posições (Isabel Jonet, lembram-se?) que possa ser contraditória com algo que disse há 1, 2 ou 3 anos, dá logo aso a um chorrilho de artigos e uma reportagem no telejornal. Logo, uma torrente de comentários e posições de indignados com o "disparate", a "falta à verdade", etc., toma conta do espaço mediático.
 
Já as posições de socialistas, comunistas e outros que andam à procura da sua entidade, não contam com qualquer escrutínio ou contraditório. O resultado - “à esquerda”, nunca há contradições ou trapalhadas!

Porque compensa o oportunismo e o chico-espertismo em Portugal?... Porque, desde que seja para “malhar na direita”, qualquer estratégia é válida e poderá contar com a cumplicidade e a benevolência da comunicação social.


Como Vasco Lobo Xavier aqui bem diz:
"A única coisa que este país merece, mesmo, é a comunicação social que tem."



 

05 novembro, 2014

As “barbaridades e os disparates” que a tonta da Merkel se atreve a dizer!...



Claramente, existem duas visões distintas sobre este tema das “quotas” de licenciados e / ou das qualificações académicas.
 
Uma visão, mais próxima das declarações de Merkel (e, pode dizer-se, mais “à direita”) que defende a necessidade de observar uma  correspondência entre o n.º de licenciados - e da própria “variedade” de licenciaturas que num dado sistema económico, num país, devem existir – em função do aproveitamento que o seu tecido económico pode fazer dessa mão de obra, i.e., a “absorção” desses licenciados.

A outra visão, ideologicamente mais “à esquerda”, que olha a vida académica quase como um fim em si mesmo, onde a produção de conhecimento é sempre uma “mais valia” independentemente de esse “conhecimento” ter aplicação ou retorno (económico ou outro) para a sociedade / sistema económico em causa.

Um e outro são defensáveis. O problema, está na sustentabilidade do sistema de ensino que cada sociedade opta. Centremo-nos no caso português: teremos capacidade económica para formar os milhares de licenciados em direito, em sociologia, nas letras ou, por ex., mais professores quando o desemprego entre estes licenciados atinge (infelizmente) os níveis conhecidos?...


Até podemos achar que sim e continuar a financiar este (cada vez maior) conjunto de pessoas ao longo de décadas através de bolsas de “investigação”, de “doutoramento”, etc. Mas, poderemos garantir essa política de forma ilimitada e universal?
 
Deixem-me salientar aqui um aspeto para reflexão:  um dos traços que caracterizava os países de leste - sociedades que Merkel conheceu bem e onde vigoraram sistemas comunistas e socialistas -, era a “excelência” do seu sistema de ensino, designadamente, as elevadíssimas taxas de alfabetização e formação superior dos seus cidadãos. Um modelo, portanto, próximo do modelo defendido pela “esquerda”.


No sentido de avaliar os prós e contras destas duas visões, não seria interessante sondar aos médicos, os engenheiros e toda a variedade de doutorados, oriundos e formados nesses países que, especialmente durante os anos 90 e porque o modelo económico desses países implodiu, se viram forçados a vir trabalhar para Portugal nas obras de construção civil, nos cabeleireiros e em outras profissões “qualificadas”, qual será a sua opinião sobre este assunto?


Nunca fiz a sondagem, mas tenho o palpite que esses tenderão a concordar mais com a Merkel do que com a opinião da nossas “elites” e o pensamento mediaticamente dominante…